segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Cármen Lúcia dá 24h para Aras se manifestar sobre live de Bolsonaro

 


Cármen Lúcia dá 24h para Aras se manifestar sobre live de Bolsonaro

"Os fatos narrados nestes autos são graves", cobrou a ministra; processo movido pelo PT acusa o presidente de usar a TV Brasil para campanha antecipada

 
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Após 13 dias de silêncio, o procurador-geral da República, Augusto Aras, foi alvo de cobrança da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (16). A magistrada deu 24h para o PGR se manifestar sobre processo contra o presidente Jair Bolsonaro.

“Os fatos narrados nestes autos são graves, de interesse exponencial da República. O manifesto interesse público e superior da nação impõem a observância de prioridade no andamento processual do caso”, disse a ministra em despacho obtido pelo O Globo.

A magistrada pediu no último dia 4 uma posição do procurador sobre notícia-crime apresentada pelo PT contra Bolsonaro por uso indevido da TV Brasil. A ação se deve ao fato de que o presidente usou a emissora pública para transmitir live que disseminou fake news contra sistema eleitoral brasileiro.

Uma emissora pública, como é o caso da TV Brasil, por lei, deve ter caráter informativo e educativo. O espaço, no entanto, foi utilizado de forma a amplificar para mais pessoas as distorções e mentiras do presidente sobre as eleições.

“Sem nenhum pudor de ordem moral, o representado conspurcou seu honroso cargo de presidente da República para utilizar indevidamente bem público e um assessor também pago com recursos do tesouro nacional para fazer autopromoção e difundir mentiras sobre o processo eleitoral, por mais de 2 horas, ao vivo em rede pública de TV”, diz um trecho da notícia-crime dos deputados petistas, que aponta suposta prática de improbidade, crime eleitoral e abuso de poder econômico e político por parte de Bolsonaro.

Campanha antecipada e abuso de poder

Em entrevista à Fórum, o advogado Renato Ribeiro de Almeida, professor de direito eleitoral e coordenador acadêmico da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), disse que o uso da TV Brasil para a transmissão da live do presidente configura campanha eleitoral antecipada e abuso de poder.

“Uma TV pública não pode se prestar a isso. De forma alguma. Ela tem o pressuposto de informar a população, de mostrar diversas opiniões, e não de dar palanque a uma live do presidente que não apresenta nada de concreto, faz simplesmente um discurso retórico, requenta coisas anteriormente ditas. Isso é, sim, campanha antecipada, abuso de poder político e merece devida reprimenda, acionando o Ministério Público Eleitoral para que a Justiça Eleitoral tome as medidas cabíveis”, atesta.

Cobranças a Aras

Aras foi cobrado pelo ministro Dias Toffoli na última quinta-feira (12) a se manifestar em outra ação movida contra Bolsonaro. Toffoli deu 5 dias para o procurador dar parecer sobre ação que pede que o presidente apresente provas sobre suposta fraude eleitoral em 2018.

A interpelação em questão, movida pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), diz que a narrativa de Bolsonaro, sem provas, sobre fraude eleitoral, coloca “em risco a estabilidade democrática do país e desqualificam a atuação das autoridades durante as eleições de 2018, inclusive desta colenda Corte Suprema, do Tribunal Superior Eleitoral e tantas outras instituições, de modo a fragilizar o Sistema Eleitoral Brasileiro”.

A pressão contra o PGR não vem apenas do STF. Um grupo de subprocuradores-gerais aposentados – que inclui o ex-PGR Cláudio Fonteles – acionou o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra Aras. O documento o acusa de possível prevaricação com o objetivo de proteger Bolsonaro.

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Lucas Rocha

Lucas Rocha é formado em jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ e cursa mestrado em Políticas Públicas na FLACSO Brasil. Carioca, apaixonado por carnaval e latino-americanista convicto, é repórter da sucursal do Rio de Janeiro da Revista Fórum e apresentador do programa Fórum América Latina

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