terça-feira, 26 de outubro de 2021

Estudo: erro na dose da vacina AstraZeneca traz nova descoberta para a ciência

 


Estudo: erro na dose da vacina AstraZeneca traz nova descoberta para a ciência

Durante os estudos clínicos da vacina Covishield (AstraZeneca/Oxford), um erro de dosagem foi cometido e alguns voluntários receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19 em menor concentração. Curiosamente, este grupo obteve melhor eficácia do imunizante. Procurando entender o porquê desse resultado, pesquisadores da Northwestern Medicine, nos Estados Unidos, replicaram o experimento em roedores.

No ensaio da AstraZeneca, os voluntários que receberam a primeira dose completa tomaram o reforço (segunda dose) cerca de três a quatro semanas após a primeira aplicação, enquanto aqueles que receberam a dose mais baixa tiveram um intervalo de pré-reforço muito mais prolongado. Essa questão também foi replicada nos testes em animais.

Diferentes concentrações nas doses da vacina podem gerar melhor resposta imunológica (Imagem: Reprodução/Francescosgura/Envato)
Diferentes concentrações nas doses da vacina podem gerar melhor resposta imunológica (Imagem: Reprodução/Francescosgura/Envato)

No estudo norte-americano, foi possível observar que aplicar a primeira dose reduzida e uma segunda mais concentrada também gerou maior proteção nos roedores imunizados. Dessa forma, os cientistas concluíram que há "uma vantagem inesperada do fracionamento das doses principais da vacina, garantindo uma reavaliação dos protocolos de teste do imunizante para SARS-CoV-2 e outros patógenos". Além disso, o maior tempo entre as doses ajudou na melhora da resposta imunológica.

Estudo com vacina em camundongos

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Segundo os autores do estudo, publicado na revista Science Immunology, a dose inicial menos concentrada da vacina contra a covid-19 e a segunda dose completa produziram mais anticorpos e células T nos camundongos, o que permitiu o desenvolvimento de respostas imunológicas mais robustas contra o coronavírus SARS-CoV-2.

Vale destacar que o estudo da Northwestern não usou a vacina AstraZeneca/Oxford. No lugar do imunizante, foi testada uma fórmula que também adota um vetor viral, mas o adenovírus tipo 5 (Ad5) — a tecnologia é a mesma usada pela Sputnik V e pela fórmula da CanSino. Agora, os pesquisadores planejam verificar se o mesmo se repete com as vacinas de mRNA (RNA mensageiro), como a fórmula da Pfizer/BioNTech e da Moderna.

Tempo e concentração

O maior intervalo entre as doses "permite que o sistema imunológico descanse e amadureça de forma que a resposta imunológica possa então se expandir de forma mais robusta após uma vacinação de reforço”, explica o pesquisador Pablo Penaloza Macmaster. “Quanto mais você esperar antes de dar o reforço, melhor será a resposta imunológica secundária”, completa.

Além disso, o uso de concentrações diferentes nas doses pode se tornar um novo protocolo dos estudos clínicos. Normalmente, estes ensaios usam o método conhecido como escalonamento de dose, no qual uma pessoa recebe uma dose mais baixa e é reforçada com a mesma dose mais baixa. Em paralelo, uma segunda pessoa recebe uma dose mais alta e é reforçada com a mesma dose mais alta. Para os autores, este esquema de testes também pode ser revisto.

Publicado na revista Science Immunology, o estudo completo pode ser conferido aqui.

Fonte: Canaltech

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