Como a esquerda mundial vê
a guerra entre Rússia e Ucrânia?
Enquanto alguns partidos de esquerda são mais
críticos aos atos da Otan e às ações dos EUA, outros condenam firmemente a
operação militar da Rússia no território vizinho
28 de fev de 2022 às 16:10
A ação militar russa na Ucrânia dividiu a esquerda mundial. Enquanto
algumas agremiações e grupos veem a ofensiva russa como inaceitável, condenando
os atos de Moscou contra um país soberano, outros partidos ao redor do mundo se
colocam críticos à expansão da Otan rumo ao leste e acreditam que a ação se
justifica.
Neste texto, compilamos o posicionamento de partidos de esquerda,
centro-esquerda, ou aqueles ditos progressistas, da América do Sul, Europa e
Ásia.
Partido
Comunista de Cuba
O Partido Comunista de Cuba declarou neste
sábado (26/02) que “a Rússia tem o direito de se defender” de uma “ameaça
direta à sua segurança nacional”.
“Foi um erro ignorar durante décadas as bem fundamentadas demandas por
garantias de segurança por parte da Federação Russa e supor que o país
permaneceria indefeso diante de uma ameaça direta à sua segurança nacional”,
defendeu um comunicado da chancelaria cubana, afirmando ainda que “não é
possível alcançar a paz cercando ou encurralando os Estados”.
A ilha socialista afirma que advoga pela “segurança e soberania de
todos” e que a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan),
que seria determinada pelos Estados Unidos, conduziu a um cenário entre a
Rússia e a Ucrânia que poderia ter sido evitado e cujos impactos são
imprevisíveis.
“São bem conhecidos os movimentos militares realizados pelos EUA e pela
Otan nos últimos meses em direção às regiões adjacentes à Federação Russa,
precedidos pela entrega de armas modernas à Ucrânia, que juntos constituem um
cerco militar progressivo”, diz o texto, acrescentando que é preciso lembrar da
“grande agressão contra a Iugoslávia" encabeçada pelo país norte-americano
e pela aliança militar, que somou um “alto custo em vidas”.
A nota, publicada pelo Ministério das Relações Exteriores e replicada no
site do jornal oficial do Partido Comunista de Cuba e pelo site da própria
sigla, aponta que o país latino-americano apoia “vigorosamente” as normas
internacionais sobre uso de força e que defende o Direito Internacional,
estando comprometido com a defesa da paz.
“Lamentamos profundamente a perda de vidas de civis inocentes na
Ucrânia”, declarou a chancelaria cubana, afirmando ainda que a história irá
responsabilizar o governo norte-americano pelas consequências de “uma doutrina
militar cada vez mais ofensiva fora das fronteiras da Otan”.
Frente
de Todos (Argentina)
A Frente de Todos não divulgou comunicado oficial sobre a situação na
Ucrânia, mas compartilhou no Twitter o posicionamento do presidente do país Alberto Fernández, que é membro da coalizão de
esquerda.
"Lamento profundamente a escalada da guerra que conhecemos pela
situação gerada na Ucrânia. O diálogo e o respeito à soberania, integridade
territorial, segurança dos Estados e direitos humanos garantem soluções justas
e duradouras para os conflitos", declarou o mandatário.
Fernández disse ainda que a pandemia causou morte e sofrimento na
humanidade, o que cria um "imperativo moral para que as partes se
comprometam com a solução pacífica da controvérsia, agindo com a maior
prudência e responsabilidade para garantir a paz mundial".
Ele apela também para que as partes envolvidas não usem a força militar,
voltem à mesa de diálogo e que a Rússia ponha fim à sua ofensiva.
Partido
Socialista Unido da Venezuela (PSUV)
Também na quinta-feira (24/02), o Partido Socialista Unido da Venezuela
(PSUV), que está no governo do país latino-americano com o presidente Nicolás
Maduro, replicou em seu site uma nota, assinada
pela chancelaria venezuelana, manifestando “preocupação com o agravamento da
crise na Ucrânia” e lamentando o que chamou de violação dos Acordos de Minsk
pela Otan e pelos EUA.
“O descarrilamento desses acordos violou o Direito Internacional e gerou
fortes ameaças contra a Federação Russa, sua integridade territorial e
soberania, além de impedir as boas relações entre os países vizinhos”, diz o
comunicado, pedindo ainda um “retorno ao caminho do entendimento
diplomático”.
A nota da Venezuela também citou os mecanismos de negociação da Carta
das Nações Unidas pela preservação da paz e da vida.
Movimento
ao Socialismo (MAS, Bolívia)
O presidente do Movimento ao Socialismo (MAS), o ex-mandatário do país
Evo Morales vem se posicionando por meio das redes sociais diante da escalada
de tensão no leste europeu. O MAS é o partido que está no governo atualmente,
com Lucho Arche.
Na quinta-feira, Morales disse no Twitter que a guerra “nunca é a
solução'' e que a “Bolívia é pacifista e anti-imperialista”.
“Condenamos o intervencionismo dos EUA para confrontar dois países como
a Rússia e a Ucrânia”, declarou Evo. Para ele, “a Europa não pode se tornar o
teatro de operações dos EUA contra países soberanos”.
Já neste domingo (27/02), o ex-presidente declarou que “as guerras são
um negócio para o capitalismo, a indústria bélica e as empresas interessadas em
recursos estratégicos”, sendo promovidas pelo que classifica como política
expansionista da Otan.
Ele defende ainda que a aliança militar deve ser processada e
“desaparecer”, “por promover invasões e guerras” que deixam “milhares de
mortos”, “por saquear recursos de países e defender os interesses do sistema
capitalista que concentra riqueza em poucas mãos”.
Peru
Livre
O partido governista peruano, o Peru Livre, que se coloca como uma sigla
de tradição marxista-leninista-mariateguista, também não divulgou
posicionamento oficial sobre o conflito no continente europeu. No entanto, o
fundador e porta-voz da agremiação, Vladimir Cerrón, fez uma série de publicações em seu Twitter em apoio às ações da Rússia.
O secretário-geral do Peru Livre defendeu que a crise na Ucrânia é uma
consequência da “manutenção da estrutura militar da Otan”, que, para ele, “nada
mais é do que a máquina de guerra da América do Norte e da Europa”, cuja
existência era válida na época da Guerra Fria e que agora “continua a
colonizar”.
De acordo com o político, a Aliança Militar tem pretensão de controle
mundial, construindo um aparelho “sinistro que põe em risco a paz mundial”,
destacando que a organização está presente até mesmo no Peru, com 10 bases
militares, “violando a independência nacional”.
“O regime neonazista fantoche dos EUA baniu o partido comunista
ucraniano, proibiu qualquer forma de transmissão socialista e dissolveu
ilegalmente o grupo parlamentar comunista; enquanto ele considera as milícias
pró-nazistas de extrema direita da Segunda Guerra Mundial como heróis”, opinou
Cerrón.
A decisão da Rússia de lançar uma operação militar ao território vizinho,
de acordo com ele, é uma “medida justa diante do genocídio que sofre [a
população] há mais de oito anos pelo exército mercenário ucraniano reforçado
com seus assessores da Otan”.
Segundo Cerrón, a Rússia tomou “medidas necessárias para as negociações
diplomáticas e a única resposta dos EUA e da UE tem sido sanções econômicas e
ameaças de tornar a Ucrânia neonazista membro da Otan”.
Ele conclui dizendo o século XXI “será caracterizado pelo
multilateralismo e pelo fim do mundo unipolar pró-EUA”, afirmando que Rússia,
China, e “novas potências” como África do Sul ou Índia estão “moldando um novo
cenário mundial onde o Peru terá que assumir um papel na América Latina”.
Convergência
Social (Chile)
A Convergência Social, da qual o presidente eleito do Chile Gabriel
Boric, que assume em 11 de março, faz parte, publicou um posicionamento oficial
da sigla na última quinta-feira (24/02), rechaçando “soluções bélicas” da
situação entre Rússia e Ucrânia e manifestando solidariedade ao povo ucraniano.
A nota fala ainda em uma "convicção" na desmilitarização mundial,
incluindo o fim de alianças militares “conduzidas por grandes potências”.
Já o futuro presidente de esquerda chileno disse em seu Twitter que “a
Rússia optou pela guerra como meio de resolver conflitos”, acrescentando que
“condenamos a invasão da Ucrânia, a violação de sua soberania e o uso ilegítimo
da força''.
“Nossa solidariedade será com as vítimas e nossos humildes esforços com
a paz", concluiu.
Partido
Comunista do Chile (PCCh)
Já o PC chileno publicou uma nota condenando
“os atos de guerra na resolução de conflitos”, afirmando que cada país deve
assumir sua responsabilidade: Rússia primeiro, declara o comunicado, mas também
os EUA e a Otan, “que, com as suas provocações, desejos expansionistas,
interesses económicos e geopolíticos, juntamente com a sua política de
armamento na Ucrânia, levaram ao desrespeito do tratado de Minsk”.
Para a sigla, este cenário “abriu o perigo de guerra” e que é preciso
recuperar a paz. “A escalada ou envolvimento e confronto de potências com
capacidades nucleares podem ter consequências trágicas para a humanidade. É por
isso que nosso apelo é para que todos os esforços sejam feitos para a paz e uma
solução política para os conflitos”, diz a nota.
Em seu Twitter, Daniel Jadue, prefeito de Recoleta e ex-presidenciável
comunista, afirmou que não se trata de “bem e mal”, e sim sobre a vida das
pessoas.
“É urgente condenar sem dupla leitura o uso da força para resolver os
conflitos e a coerência dos líderes mundiais”, declarou o membro do PC.
Partido
dos Trabalhadores (PT, Brasil)
O Partido dos Trabalhadores (PT), no Brasil, publicou na sexta-feira
(24/02) uma nota assinada pela presidente da sigla Gleisi Hoffman e pelo Secretário das
Relações Exteriores Romênio Pereira afirmando que “sempre defendeu” que as
relações entre os países resguardem o respeito pela “autodeterminação dos
povos” e o “diálogo democrático”.
“A resolução de conflitos de interesses na política internacional deve
ser buscada sempre por meio do diálogo e não da força, seja militar, econômica
ou de qualquer outra forma”, diz o comunicado, defendendo que a solução da
crise entre Rússia e Ucrânia aconteça de forma pacífica com a mediação de
fóruns multilaterais.
Partido
Comunista Brasileiro (PCB)
O PC brasileiro defendeu em nota datada do dia 25 de fevereiro o “fim da
Otan e da guerra”, “pela paz e o socialismo na Ucrânia, na Rússia e em todo o
mundo”, afirmando que “a única solução para esse conflito” seria a “luta
independente da classe trabalhadora mundial contra o imperialismo dos EUA, da
Otan e do sistema capitalista”.
"Nenhuma burguesia de nenhuma nação trará aos explorados e
oprimidos do mundo a paz. Acima de tudo, apontamos para a necessidade da classe
trabalhadora ucraniana organizar-se para liquidar de uma vez o regime
neofascista e estabelecer no país um Poder Popular, tomando em suas próprias
mãos a iniciativa na luta por uma Ucrânia autodeterminada e socialista, avessa
a todo tipo de intervenção burguesa estrangeira!", diz a nota.
Frente
Ampla (Uruguai)
A Frente Ampla, grupo de esquerda do Uruguai, divulgou nesta sexta-feira
(24/02) uma nota expressando “preocupação” com o conflito e com as “gravíssimas
consequências” que poderão impactar, segundo o comunicado, a comunidade
internacional como um todo.
A sigla uruguaia afirma que “reitera seu compromisso com a paz, a
independência e a soberania como chaves para a coexistência dos povos”,
apelando para a moderação, o respeito recíproco, o diálogo e à diplomacia.
Também cita os princípios da Carta das Nações Unidas.
Partido
Socialista (PS, Portugal)
O Partido Socialista de Portugal divulgou nota na
quinta-feira (24/02) condenando “toda e qualquer violação do direito
internacional” e afirmando que qualquer “visão alternativa ou mal-entendido”
deve ser solucionado por via diplomática.
“Assim, condena veementemente o ataque militar russo contra a Ucrânia e
apela à retirada imediata das forças militares russas” do território ucraniano,
diz a sigla portuguesa.
O PS aponta ainda para o direito internacional, os Acordos de Minsk,
estabelecidos entre Rússia e Ucrânia em 2014 e 2015, e a retomada da via
diplomática como uma solução para um futuro “pacífico e próspero para toda a
região”. “Apoiamos fortemente a soberania e a integridade territorial da
Ucrânia”, declara o comunicado, acrescentando ainda uma manifestação de solidariedade
para o povo ucraniano e “em particular para a comunidade ucraniana presente no
nosso país''.
“Continuaremos a lutar por uma posição clara e consistente a nível da
UE, bem como por sanções com repercussões económicas para os responsáveis por
esta agressão”, conclui a agremiação.
Partido
Comunista Português (PCP)
O Partido Comunista português publicou nota nesta quinta
expressando preocupação pela situação no leste europeu, “envolvendo operações
militares de grande envergadura da Rússia na Ucrânia, muito para além da região
do Donbass”, região separatista em território ucraniano.
O comunicado fala ainda na necessidade de uma “urgente desescalada do
conflito, à instauração de um cessar-fogo e à abertura de uma via negocial”,
mencionado a Carta da ONU e a Ata da Conferência de Helsinque, assinado por 35
países, em sua maioria europeus, nos anos 1970, que fala sobre segurança e
cooperação no continente.
“O PCP salienta que o agravamento da situação é indissociável da
perigosa estratégia de tensão e confrontação promovida pelos EUA, a Otan e a UE
contra a Rússia”, declara a sigla, mencionando a expansão da aliança militar
sobre o leste europeu e a “instrumentalização da Ucrânia, desde o “golpe de
estado de 2014 com o recurso a grupos fascistas”.
Segundo o partido, que mantém um espaço em seu site dedicado a explicar a situação ucraniana, este cenário levou à imposição de um regime xenófobo e belicista no
território ucraniano. A agremiação comunista destaca ainda que a Rússia é um
país capitalista, com posicionamento determinado pelos interesses de suas
elites, que se opõe aos defendidos pelo PCP.
A nota aponta ainda para as declarações proferidas por Putin na última
segunda-feira (21/02) em que critica “erros” na Ucrânia que teriam sidos
cometidos pela União Soviética. Para o partido, a fala do mandatário russo é
uma “grosseira deformação da notável solução” que o antigo bloco socialista
teria encontrado para a questão das nacionalidades, com “respeito pelos povos e
suas culturas''.
“A solução não é a guerra, é a paz e a cooperação. Em defesa dos
interesses e das aspirações do povo português e dos povos de toda a Europa”, acrescenta
a nota, se opondo “à agressão imperialista da Rússia”.
@mod_russia/Twitter
As diferentes visões sobre o conflito Rússia-Ucrânia: como a esquerda
mundial se posiciona
Bloco
de Esquerda (Portugal)
Já o Bloco de Esquerda divulgou um comunicado na quarta-feira (23/02) se opondo ao que
chamou de “guerra imperialista da Rússia”.
O texto é dividido em cinco pontos em que a
agremiação defende, em primeiro lugar, que “o reforço da máquina de guerra da
Otan” põe em perigo a paz na Europa. Diz também que o território russo deve
respeitar a integridade territorial do vizinho ucraniano.
O partido esquerdista também fala em “aventura
militar de Putin” perante a “anexação do Donbass”, em referência ao
reconhecimento da independência das regiões separatistas ucranianas de Donetsk
e Lugansk anunciado pelo mandatário russo na última segunda-feira
(21/02).
“A atuação de Putin só encontra acolhimento
significativo em conhecidas personalidades da extrema-direita europeia”, diz a
nota do Bloco, defendendo que Portugal deve oferecer “solidariedade política e
diplomática à Ucrânia para a preservação do seu território”.
Por fim, a sigla diz que a imposição
norte-americana de armamento e de bases da Otan nas fronteiras da Rússia
desemboca numa escalada de tensão "à maneira da Guerra Fria” e que o
governo português deve atuar pela neutralidade na Ucrânia.
Partido
Trabalhista (Labour, Reino Unido)
O Partido Trabalhista do Reino Unido, de
centro-esquerda, divulgou um posicionamento assinado pelo
líder da oposição no Parlamento britânico Keir Starmer na última quinta-feira
(24/02).
O político defende, no comunicado, que o governo de
seu país deve fornecer “armas, equipamentos e assistência financeira” ao povo
ucraniano, assim como apoio humanitário, além de aplicar as sanções “mais duras
possíveis” contra a Rússia.
Ele sinalizou que as penalidades significam excluir
a Rússia de “mecanismos financeiros como o SWIFT e proibir o comércio de dívida
soberana russa” e parabenizou o primeiro-ministro Boris Johnson pelo conjunto
de sanções que aplicou contra o país do leste europeu.
Ele também falou em “tranquilizar nossos aliados da
Otan” e destacou que as consequências da ofensiva russa serão horríveis e
trágicas para a Ucrânia, mas também para o povo russo, “que foi mergulhado no
caos por uma elite violenta que roubou sua riqueza, roubou sua chance de
democracia e roubou seu futuro”.
Starmer afirmou ainda que o Reino Unido também deve
se preparar para dificuldades econômicas, porque “libertaremos a Europa da
dependência do gás e do petróleo russos”.
“Devemos apoiar o povo ucraniano em sua luta e
devemos garantir que Putin falhe. Putin acabará aprendendo a mesma lição que os
tiranos da Europa aprenderam no século passado”, disse o parlamentar.
França
Insubmissa
“A invasão militar da Ucrânia pela Rússia é um ato
de guerra extremamente grave que condenamos nos termos mais fortes”, declarou o partido francês de esquerda França
Insubmissa, que apresenta Jean-Luc Mélenchon como candidato para as eleições
presidenciais deste ano no país europeu.
Para a sigla, a França deve fazer “todo o possível
para diminuir a escalada e retornar à paz”, afirmando ser urgente proteger os
civis e exigir um cessar-fogo imediato.
“Esta é a condição para a retomada do diálogo que
pedimos no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, que é o
quadro adequado e legítimo para resolver esta grave crise”, defende o partido.
SPD
(Alemanha)
Olaf Scholz, chanceler da Alemanha e um dos líderes
do SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha), afirmou neste sábado (26/02) que
"a guerra de Putin é um ponto de virada" para a Europa e para o
mundo.
O governo federal anunciou ainda o fornecimento de
armas ao país, afirmando que a Alemanha cumpre o “dever de assistência da
Otan”, “com reforço das forças armadas alemãs para apoiar a Lituânia, o
compromisso na Romênia, Eslováquia, Mar do Norte, Mar Báltico e Mar
Mediterrâneo, bem como para a defesa aérea na Europa Oriental”.
O governo social-democrata alemão disse que
pretende “investir fortemente em equipamentos de última geração” e que
“disponibilizaria mais 100 bilhões de euros para isso no ano em curso''. Diz
também que pelo menos 2% do produto interno bruto serão investidos anualmente
em defesa no futuro.
Die
Linke (Alemanha)
O partido alemão Die Linke (que significa A
Esquerda, em português), divulgou nota, assinada pelas lideranças Susanne Hennig-Wellsow
e Janine Wissler, e pelos parlamentares Amira Mohamed Ali e Dietmar Bartsch, em
que condena a agressão de Putin na Ucrânia.
“Nada pode justificar esta guerra de agressão, que
é contrária ao direito internacional. A Rússia deve cessar imediatamente as
hostilidades, concordar com um cessar-fogo e retornar à mesa de negociações”,
defende a agremiação, afirmando se tratar da “situação mais perigosa para a paz
na Europa em décadas”.
O Die Linke defende ainda a realização de uma
conferência especial da ONU envolvendo Rússia, Ucrânia e todos os países vizinhos
“Os países vizinhos não devem ser deixados sozinhos
no acolhimento de refugiados. Apelamos a todas as pessoas para que participem
nos numerosos comícios pela paz, cessar-fogo e desarmamento!”, conclui o
comunicado.
PSOE
(Espanha)
O premiê espanhol Pedro Sánchez, membro do Partido
Socialista Obrero Español (PSOE), declarou que os fatos no
continente europeu são “muito graves e muito simples ao mesmo tempo”, apontando
que “uma potência nuclear violou a legalidade internacional e iniciou a invasão
de um país vizinho”.
A nota assinada por Sánchez diz que a crise vai
afetar outros países além dos dois envolvidos no conflito e apela para a
retirada de tropas russas da Ucrânia.
“A Espanha partilha interesses com a União
Europeia, mas sobretudo partilhamos valores. E esses valores estão na base da
nossa Constituição, da Constituição espanhola, e são também valores e
princípios amplamente partilhados pelos cidadãos espanhóis: os valores da paz,
do respeito pelo direito internacional, da solidariedade e também da cooperação
humanitária com os povos afetados”, expressa o comunicado.
O PSOE defende o pacote de sanções aprovados pela
União Europeia contra a Rússia e fala em ajuda financeira à Ucrânia
Unidas
Podemos (Espanha)
Já o partido espanhol Unidas Podemos diz em nota da quarta-feira (23/02) que “o reconhecimento
unilateral da independência” de Donetsk e Lugansk pelo governo russo, que
ocorreu no dia 21 de fevereiro, teria enterrado os Acordos de Minsk, algo sobre
o qual Moscou disse na última semana estar “morto” há tempos devido a provocações
de Kiev na região separatista.
A própria Unidas Podemos reconhece este cenário:
“desde 2014 os acordos de paz de Minsk não deixaram de ser violados com
constantes violações do cessar-fogo, somadas à recusa do Governo da Ucrânia em
reconhecer o estatuto autônomo das regiões de Donbass incluídas no referido
tratado”.
Diz, no entanto, que “nenhum conflito com
identidades nacionais em disputa pode ser resolvido dessa maneira. É necessário
voltar à mesa de negociações e aos acordos de Minsk”.
“Devemos também lembrar que, no centro deste
conflito, está a política de expansionismo da Otan à Europa de Leste”, declara
o partido, afirmando que tal situação impediu que a Rússia criasse uma
estratégia de paz e segurança.
“Como já dissemos, falar da Otan é falar da fase da
Guerra Fria que já foi superada. No cenário atual, todos os atores envolvidos
sabem que a incorporação da Ucrânia à organização não é viável nem solução”,
acrescenta a nota, pedindo cessar-fogo, desmilitarização da área e o fim da
expansão da aliança militar.
O comunicado conclui ainda que quem paga pelas
sanções internacionais “é sempre a população: da Ucrânia, da Rússia e da
Europa”.
Partido
Comunista da Federação Russa
O Partido Comunista da Federação Russa (PCFR),
maior oposição ao presidente Vladimir Putin no Parlamento, se posicionou na sexta-feira (25/02) a
favor da ação militar na Ucrânia, e disse que somente a “desmilitarização e
desnazificação [ucraniana] pode garantir segurança duradoura”.
“Impelir os provocadores de Kiev à paz e conter a
agressividade da OTAN tornou-se o imperativo da época. Somente a
desmilitarização e desnazificação da Ucrânia pode garantir segurança duradoura
para os povos da Rússia, Ucrânia e de toda a Europa”, diz o texto.
O PCFR diz ainda que um dos objetivos dos EUA e da
Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) é “escravizar a Ucrânia.” Para
os comunistas, os ucranianos "não podem ser vítimas do capital mundial e
dos clãs oligarcas".
“Os planos dos EUA e de seus satélites da OTAN de
escravizar a Ucrânia não devem ser realizados. Estes planos agressivos criam
ameaças críticas para a segurança da Rússia. Ao mesmo tempo, eles contradizem
de forma flagrante os interesses do povo ucraniano", afirma a agremiação.
Outros partidos russos, como o Rússia Justa
(centro-esquerda), também manifestaram apoio à ação militar em solo ucraniano.
Segundo o líder do partido, Sergei Mironov, a operação “não é contra o povo da
Ucrânia”, mas contra “Bandera, que tomou o poder [em referência Stepan Bandera,
que colaborou com os nazistas na Segunda Guerra e cujo nome é hoje usado por
grupos ultranacionalistas ucranianos]. Isso é ajuda a um povo fraterno, mas, em
primeiro lugar, é pela proteção da Rússia, já que o fortalecimento de Bandera
na Ucrânia inevitavelmente ameaça a segurança de nosso país.”
Partido
Comunista da China
O Partido Comunista da China divulgou neste domingo
(27/02), por meio de seu jornal People's Daily, um “posicionamento básico” do país em relação
à crise ucraniana elaborado pelo chanceler Wang Yi.
Em primeiro lugar, diz o comunicado, a China “permanece
respeitando e salvaguardando firmemente a soberania e a integridade territorial
de todos os países”, cumprindo os propósitos e princípios da Carta das Nações
Unidas, que normatizam uma “promoção da paz entre as nações”.
A nota aponta que o país asiático defende o
conceito de “segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável'', apoiando
e encorajando esforços diplomáticos “conducentes à resolução pacífica” da
crise.
Wang Yi pontua ainda, no texto, que a situação na
Ucrânia, que tem sido acompanhada pela China, é algo que “não queremos ver”,
acrescentando que o Conselho de Segurança da ONU deve “desempenhar um papel
construtivo na resolução da questão ucraniana e que a paz e a estabilidade
regional, bem como a segurança de todos os países, devem ser as prioridades”.
Em um outro comunicado divulgado na
sexta-feira (25/02), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua
Chunying, afirmou que o país se opõe a qualquer ato que incite à guerra,
defendendo ainda que a China em uma atitude responsável tenta dissuadir as
partes a não aumentarem as tensões.
Os Estados Unidos, diz Hua, vêm fazendo justamente
o contrário. "No período passado, os EUA enviaram pelo menos US$ 1,5
bilhão em mais de mil toneladas de armas e munições para a Ucrânia",
completou.
Partido
Comunista da Ucrânia, Turquia, Palestina e de outros 31 países
Uma declaração
conjunta assinada por partidos comunistas de 34 países
diferentes dos continentes americano, africano, asiático e europeu, afirma que
a situação na Ucrânia é um "conflito imperialista" com “consequências
da trágica” para os povos da antiga União Soviética. “Tanto as forças burguesas
quanto as oportunistas estão completamente expostas”, declara a nota.
O comunicado comunista defende que os
acontecimentos no leste europeu ocorrem “no quadro do capitalismo monopolista”,
ligados a intervenções dos EUA, Otan e UE, em uma “acirrada competição com a
Rússia capitalista pelo controle dos mercados, matérias-primas e redes de
transporte do país”.
“Denunciamos a atividade das forças fascistas e
nacionalistas na Ucrânia, o anticomunismo e a perseguição aos comunistas, a
discriminação contra a população de língua russa, os ataques armados do governo
ucraniano contra o povo de Donbass”, diz o texto.
A decisão da Rússia, prossegue a coalizão
comunista, de reconhecer a independência da região separatista de Donetsk e
Lugansk e de defender uma intervenção militar, “está ocorrendo sob o pretexto
da ‘autodefesa’”, da desmilitarização e “desfascistização” ucraniana e “não foi
feita para proteger o povo da região ou a paz, mas para promover os interesses
dos monopólios russos no território ucraniano e sua feroz competição com os
monopólios ocidentais”.
“Expressamos nossa solidariedade aos comunistas e
aos povos da Rússia e da Ucrânia e estamos ao lado deles para fortalecer a luta
contra o nacionalismo, que é fomentado por cada burguesia”, esclarece o
comunicando, apelando para que “povos dos países cujos governos estão
envolvidos nos acontecimentos, especialmente por meio da Otan e da UE, mas
também da Rússia” lutem "contra a propaganda das forças burguesas que
atraem o povo para o moedor de carne da guerra imperialista usando vários
pretextos espúrios”.
As agremiações comunistas exigem ainda o
“fechamento de bases militares, o retorno para casa das tropas enviadas em
missões no exterior" e o fortalecimento da "luta pelo desengajamento
dos países dos planos e alianças imperialistas como a Otan e a UE”.
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