Olá,
Mais de dois anos depois, a Vaza Jato, maior investigação jornalística da história recente do país, ainda gera frutos. Mais importante: ainda motiva que seja feita justiça.
Você já deve saber que o STJ condenou Deltan Dallagnol, ex-procurador federal, a indenizar Lula por conta do famoso powerpoint que apresentou na entrevista coletiva sobre a denúncia que levou o ex-presidente à prisão. Essa denúncia foi objeto de uma das primeiras matérias que publicamos na Vaza Jato.
Os chats do Telegram mostram como o procurador sabia da fragilidade de um ponto central da acusação que seria assinada por ele e seus colegas: o MPF estava convencido que Lula ter recebido de presente um apartamento triplex na praia do Guarujá após favorecer a empreiteira OAS em contratos com a Petrobras. O vínculo com a petroleira era importante porque era a justificativa para manter o caso em Curitiba e, claro, contar com o apoio de Sergio Moro durante o processo.
O powerpoint é parte central dessa farsa e da encenação que a força-tarefa montou para sustentar sua denúncia. Razão pela qual, sem dúvida, o STJ faz justiça ao mandar o ex-procurador indenizar o ex-presidente.
Essa condenação se desdobra em outros fatos interessantes. Dallagnol chorou bastante nas redes sociais e disse que muitas pessoas enviaram doações espontaneamente para ajudá-lo a pagar. Uma matéria do UOL de quinta-feira passada afirma que o valor arrecadado chega a R$ 500 mil. Muita grana, não?
O ex-procurador é habilidoso para arrecadar dinheiro. Fizemos algumas matérias da Vaza Jato sobre os ganhos de Dallagnol com palestras, livros, diárias. Apenas em 2016 ele faturou R$ 219 mil. Em 2018, esse valor foi ainda maior. Segundo ele próprio afirmou em um chat: “Se tudo der certo nas palestras, vai entrar ainda uns 100k limpos até o fim do ano. Total líquido das palestras e livros daria uns 400k". Isso porque nós não conseguimos descobrir todo o valor recebido por ele. Deltan fez um encontro sigiloso com a XP Investimentos, por exemplo, e foi bem remunerado por isso. Nos chats do Telegram, ele garantiu a outro procurador: "Achamos que há risco sim, mas que o risco tá bem pago rs”.
Como se nota, a Lava Jato, na verdade, se consolidou como um esquema de corrupção no Judiciário brasileiro capaz de garantir ganhos políticos e econômicos robustos para seus agentes. Com a justificativa de "combater a corrupção", procuradores e juízes lucraram com palestras, consultorias, viagens e publicações. Quem fiscaliza a corrupção daqueles que combatem a corrupção?
É para isso que o Intercept existe. Para fiscalizar os poderosos, expor esquemas e incomodar personagens como Dallagnol e Moro. Aqui eles não encontram o clima amistoso que tanto lhes foi oferecido pela mídia corporativa.
No entanto, diferentemente deles, não contamos com grandes doadores ou empresários dispostos a nos financiarem. É impressionante que Dallagnol consiga arrecadar em poucos dias R$ 500 mil em doações, não?
A nossa força vem de pequenas doações que em sua maioria variam entre R$ 30 e R$ 100. Esses recursos são essenciais para fazermos esse tipo de jornalismo que gera impacto, justiça e mexe de fato com o poder que controla esse país. Por isso, quero te pedir para, por favor, nos ajudar com a quantia que puder. Faltam 3 dias para o mês acabar e estamos muito, muito longe da nossa meta. Se eles podem fazer R$ 500 mil em menos de 2 dias, nós também podemos bater a meta, certo? Fortaleça o trabalho do Intercept hoje. NÓS TAMBÉM PODEMOS →
Um abraço, |
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