Olá,
Você provavelmente já passou por isso: pesquisa o nome de uma cidade turística, um móvel que está querendo comprar ou uma comida e, minutos depois, dezenas de anúncios enchem os feeds das suas redes sociais e pulam dos sites de notícias mostrando exatamente aquilo que você buscou. Isso não acontece por coincidência, e tem nome: "marketing de vigilância", um modelo invasivo baseado na coleta em massa de dados dos usuários.
Desde o ano passado, vem crescendo nos Estados Unidos o debate sobre regulamentação do uso de dados pessoais para fim de exibição de anúncios. Por lá, um dos maiores obstáculos para a implementação de uma lei geral ainda inédita vem sendo o lobby de grandes veículos de notícias — vários reconhecidos pela defesa da privacidade e da transparência —, como a CNN, o New York Times, a MSNBC, a revista Time, o Washington Post, a Vox, a Fox News e dezenas de outras empresas de mídia.
Na matéria do Lee Fang que publicamos na semana passada, o jornalista lembra que, apesar de a publicidade ser o principal destino da coleta de dados, as aplicações podem ser ainda mais escusas: "agências de segurança têm utilizado o oceano de dados de usuários, inclusive para identificar manifestantes e grupos ativistas. Além disso, poderosos agentes políticos têm contratado corretoras de dados para influenciar eleitores de forma mais certeira. A corretora de dados Acxiom, outra empresa de tecnologia que faz parceria com muitos sites de notícias, forneceu dados ao FBI, e discutiu projetos para venda de dados de usuários ao Pentágono".
Apesar de vários desses sites, jornais e revistas terem vastas coberturas críticas às big techs como Google e Facebook/Meta, os defensores do modelo dizem que mídias digitais não podem existir sem anúncios que fazem esse tipo de coleta de dados — desconsiderando os abusos que esses próprios jornais conhecem bem.
No Intercept, tanto na versão americana quanto na brasileira, nos recusamos a vender espaço para anúncios que espionam você, usando seus dados para, no mínimo, promover publicidade invasiva e, no limite, sabe-se lá quais outras finalidades condenáveis.
Não apenas cobrimos vigilância e privacidade: aplicamos na prática nossa visão sobre esse tema, não usando rastreadores invasivos de dados e muito menos vendendo suas informações a empresas de propaganda digital.
Mas para seguir trabalhando e fazendo o jornalismo de que você gosta porque responsabiliza empresas, governantes e poderosos, precisamos que você entre em cena. Não contar com publicidade nos dá a vantagem da liberdade para investigar e a integridade de não rifar a privacidade dos nossos leitores. Mas temos a ampla desvantagem da restrição das fontes de receita. Em outras palavras: é muito mais difícil ter dinheiro sem vender anúncios.
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