Olá,
Não tenho como saber exatamente quando você conheceu o Intercept. É provável que tenha sido quando a maioria dos brasileiros ficou sabendo da nossa existência: durante a Vaza Jato.
Por isso, gostaria de contar rapidamente um capítulo importante da nossa história. Importante mesmo, porque esse é o capítulo da nossa virada, que nos permitiu chegar até aqui e fazer as reportagens de maior impacto: da Vaza Jato à investigação da morte de Marielle e Anderson; de toda nossa cobertura sobre violência ao Cara da Casa de Vidro.
Em 2018, o Intercept era um site com alcance muito restrito. Por volta do meio do ano percebemos que o processo eleitoral seria diferente do que estávamos acostumados e muito provavelmente seria o ápice da crise institucional que se desenrolava desde o fim do segundo turno de 2014. Nesse sentido, um ano muito parecido com o atual.
Queríamos fazer coisas grandiosas naquela cobertura, mas não tínhamos recursos. Nossa atuação era limitada por aquilo que recebíamos do site nos Estados Unidos ao qual somos ligados: o The Intercept. Foi aí que tivemos a ideia de lançar uma campanha de arrecadação de fundos. Tínhamos pouco tempo, mas resolvemos tentar.
Acho que aquela foi a decisão mais acertada que já tomamos. Em 2018, em apenas 30 dias, realizamos a maior campanha de financiamento coletivo de jornalismo do Brasil até aquele momento. Nossa meta era arrecadar R$ 90 mil, mas levantamos mais de R$ 120 mil. Em torno daquela iniciativa juntaram-se figuras incríveis, como, por exemplo, Xico Sá e Elisa Lucinda, que nos apoiaram no começo; Laerte e Chico Buarque, que nos ajudaram com recompensas.
Depois da campanha, percebemos que era possível fazer mais não apenas na cobertura eleitoral, mas ao longo de todo o ano. Bolsonaro havia acabado de ser eleito, tínhamos muitas pautas urgentes para tocar. E aí, logo antes da posse, lançamos uma campanha permanente com uma mensagem bem objetiva: o Intercept quer contribuir com investigação e crítica nesse momento caótico e perigoso que estamos vivendo.
A resposta do nosso público foi excepcional e rapidamente vimos a arrecadação crescer. Também rapidamente fomos capazes de aplicar esses recursos e levar nosso jornalismo para outro patamar. Foi a partir de 2019 que começamos a publicar nossas reportagens mais importantes.
O resto você já sabe: fomos amplamente premiados, ajudamos a fazer justiça interrompendo o ciclo do conluio entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol e provocamos muitos impactos com nossas investigações.
Chegamos a 2022 com essa bagagem, mas com todo nosso trabalho ameaçado pela falta de recursos. A crise econômica que abala o país há anos coloca nossos planos em risco real de não se concretizarem. Você certamente sabe o que significa hoje a vida sob crescentes inflação e desemprego.
Não escrevo tudo isso para disseminar mais desalento, mas para lembrar que sim, é possível. Já fizemos isso outras vezes e tenho certeza de que dá para fazer de novo, mesmo sob condições tão adversas. Dá para nos unirmos, para coletivamente construirmos uma iniciativa que tenha relevância na atual conjuntura, que exponha e investigue as figuras da extrema direita e que leve informação de verdade para a população. Esse é o trabalho que o Intercept realiza há seis anos e que precisa continuar fazendo, você sabe bem disso.
Se muita gente ajuda com pouco é possível reunir muitos recursos. Por isso, se você hoje tem alguma possibilidade de nos ajudar, peço que o faça agora. Em nome do nosso trabalho, mas também porque nesse momento muitas das pessoas que nos ajudavam já não podem mais fazê-lo. É tempo de crise, mas também é tempo de unir forças. O jornalismo do Intercept está na linha de frente e não vai sair de lá. Você pode nos apoiar nesse combate? VOU AJUDAR HOJE →
Um abraço, |
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