quarta-feira, 8 de junho de 2022

Dois desaparecidos na Amazônia Governo e Exército lavaram as mãos

 

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🚫 Dois desaparecidos na Amazônia

Governo e Exército lavaram as mãos

O jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, e o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira  - Foto@domphillips no Twitter e Bruno Jorge/ Funai

Já passa de 30 horas o desaparecimento do meu amigo e jornalista Dom Phillips. O Dom escreve para o The Guardian e estava no Vale do Javari, na Amazônia, a trabalho. Ele prepara um livro sobre a floresta. Dom é um cara fantástico e que ama o Brasil.

Junto com o Dom estava o indigenista brasileiro e funcionário da Funai Bruno Araújo.

Ambos sumiram quando faziam um trajeto de barco que deveria levar cerca de duas horas. O Ministério Público Federal investiga ameaças recebidas pelo indigenista há semanas. Duas procuradoras estiveram há 15 dias em Atalaia do Norte para apurar as denúncias. Foi justamente por ali que ambos desapareceram.

Eu conversei com muitas pessoas no dia de hoje e todas que conhecem a região estão preocupadas. Não é um lugar tão remoto e nem tão isolado para justificar perda de contato por tanto tempo.

Fontes ouvidas pelo jornal O Globo dizem que ambos faziam, desde a semana passada, uma expedição de vigilância no rio Itaquaí. Com eles estava uma escolta de seis seguranças armados, membros da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

Durante a operação, eles teriam apreendido equipamentos de pescadores ilegais. No sábado, segundo os relatos, os pescadores retornaram armados e em maior número ao acampamento onde o inglês, o brasileiros e os seguranças estavam, e recuperaram os pertences.

Segundo uma pessoa da Funai que tem medo de se identificar, Dom Phillips teria filmado toda a ação dos pescadores armados. No domingo, Pereira e Phillips saíram sozinhos em uma embarcação. Sem esperar pela escolta, decidiram seguir até Atalaia do Norte, um trajeto que em condições normais não costuma demorar mais de duas horas.

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Hoje tivemos duas respostas absurdas do Governo Brasileiro. A primeira, da Funai, onde Bruno trabalha. Ao comentar o assunto, o órgão fez questão de frisar que ele “não estava na região em missão institucional, dado que se encontra de licença para tratar de interesses particulares". Ou seja: para a Funai, as ameaças de morte que seu funcionário tem contra si devem TIRAR FÉRIAS quando ele próprio está de férias. Os bandidos, pela lógica da Funai, só devem atacar em horário comercial.

A segunda resposta veio do Ministério da Defesa e do Exército. Eles basicamente lavaram as mãos e perderam um dia precioso esperar algum burocrata inerte levantar a bunda da cadeira.

O governo Bolsonaro nunca escondeu que deseja ver jornalistas e ativistas mortos. Isso fica cada vez mais claro. Mas seguiremos pressionando. Queremos saber onde estão Bruno e Dom.

Imagem
Arte: Cris Vector

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