quinta-feira, 28 de julho de 2022

Precisamos continuar na cola deles

 


Quinta-feira, 28 de julho de 2022
Precisamos continuar na cola deles

Olá,

Estou no Intercept desde julho de 2018, o que significa que, só no site, cobri duas eleições: as gerais de 2018 e as municipais de 2020. Sem contar as anteriores, e foram muitas, já que sou repórter desde 2008. Com toda essa bagagem, posso dizer sem titubear: as eleições 2022 são as mais desafiadoras, conturbadas e importantes que o Brasil vai viver — e que os jornalistas vão cobrir — em muitas décadas. E nós já começamos.

Eu tinha apenas três anos, mas, depois de conversar com parentes e colegas jornalistas mais velhos, arrisco dizer que nem as primeiras eleições pós-ditadura foram tão tensas e decisivas quanto a deste ano (discorda? e-mails para a redação). 

Para começar, nos últimos anos ganhou terreno um elemento que, tantas décadas atrás, só poderia ser imaginado por autores de ficção científica: exércitos digitais, com milhares de cidadãos comuns, são municiados em grupos de WhatsApp e orquestrados para discutir na internet com outros eleitores usando discursos "pré-fabricados" (e muitas vezes mentirosos) em balões de ensaio bolsonaristas.

QUERO O INTERCEPT DE OLHO NAS ELEIÇÕES →  

Basta pensar: se você ouvisse esse enredo antes de 2010, provavelmente acharia um delírio digno de literatura ou cinema futurista. Mas ontem, na reportagem "Levantamento inédito mostra como cidadãos comuns se transformam em robôs de Bolsonaro em grupos de WhatsApp", que escrevi a partir de conversas com Renato Ribeiro, que estuda essas redes há um ano e meio, ficou claro que essa máquina de propaganda ideológica fraudulenta não só existe como está funcionando a todo vapor. 

Testes em massa em grupos de Zap, robôs e comentários falsos (assim como as fake news e os assustadores deepfakes, vídeos que usam computação gráfica para criar imagens de pessoas dizendo coisas que nunca disseram) não são fenômenos exatamente novos — assim como eu, você estava em 2018 e viu o que todo esse arsenal digital causou. É que, quatro anos depois, eles parecem estar mais convincentes, elaborados e, o pior: numerosos.

Revelações como essa, que informam sobre riscos inéditos — ou muito recentes — à nossa democracia, você não vai encontrar em qualquer jornal. Não espere isso dos canais de TV e emissoras de rádio aliados ao bolsonarismo, ou de publicações chapa-branca que recebem dinheiro de publicidade do governo.

Faltam apenas três dias para julho acabar e ainda precisamos de R$ 70 mil para fechar as contas do mês. Para que continuemos mexendo a fundo onde outros não têm coragem, interesse ou expertise para mexer, precisamos do seu apoio. Se você acredita no jornalismo investigativo destemido e sem rabo preso do Intercept, por favor, apoie nosso trabalho hoje.

CONTINUEM EXPONDO A MÁQUINA →  

Um abraço,

Nayara Felizardo
Repórter
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