Olá,
Todos sabem que encarar uma eleição contra um candidato à reeleição é dificílimo. No jargão político costuma-se dizer que o governante entra na eleição com o "poder da máquina". Sabemos o que isso significa: a assistência social que é dever do Estado e sua capacidade de investimento são usadas a favor de quem senta na cadeira de mandatário.
Esse é o cenário ao qual estamos acostumados. Mas 2022 já não seria "só" assim, porque um outro fator entrou em campo. O Orçamento Secreto é algo que não pode ser desconsiderado no pleito deste ano. Milhões de reais foram destinados para municípios no interior do país via emenda parlamentar nos últimos dois anos com o objetivo de garantir apoio dos congressistas ao governo de extrema direita. Mas, claro que não só isso. Não é exagero imaginar que parte desse dinheiro, se desviado, será utilizada para turbinar campanhas eleitorais. E, claro, a parte "investida" nos municípios é essencial para que políticos do naipe de Arthur Lira e Ciro Nogueira se elejam e ajudem a eleger seus parceiros.
Ou seja: nesta eleição, já enfrentaríamos o "poder da máquina" turbinada pelo Orçamento Secreto. E, como se fosse pouco, ainda veio a PEC Kamikaze.
Não pretendo entrar no mérito da PEC ou falar sobre sua tramitação e aprovação. Não resta dúvida de que no país da fome, do desemprego e dos muitos traumas depois de uma pandemia devastadora, a população precisa, sim, de políticas de assistência social. Isso é indiscutível.
O que quero chamar atenção é que com a PEC Kamikaze, Bolsonaro e seus generais receberam um cofre aberto com R$ 41 bilhões para turbinar sua campanha à reeleição. Trata-se de uma manobra evidentemente inconstitucional com o objetivo de recompor a imagem de um governo inábil, envolvido em dezenas de casos de corrupção e diretamente responsável pela pior crise da Nova República.
O TSE tem um nome pomposo para compra de votos: captação ilícita de sufrágio. Pois, aparentemente, em 2022 essa prática não é mais ilícita. Foi legalizada em tempo recorde. Bolsonaro jogará dinheiro pro alto faltando três meses para a eleição. Está claro que essa não será apenas a eleição mais importante da nossa história, será também a disputa mais desequilibrada que já vimos.
De um lado, bilhões oriundos dos cofres públicos turbinando a campanha daqueles que fizeram de tudo para destruir o país; do outro, todos que lutam para manter o que restou do Brasil de pé e para reconstruir o mais urgente: ações contra a fome, a miséria e o desemprego.
A balança, sem dúvida, pesa para o lado deles. O que fazer diante disso?
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