segunda-feira, 18 de julho de 2022

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seg., 18 de jul. às 11:01

Segunda-feira, 18 de julho de 2022
Algo realmente de valor

Olá,

Todos sabem que encarar uma eleição contra um candidato à reeleição é dificílimo. No jargão político costuma-se dizer que o governante entra na eleição com o "poder da máquina". Sabemos o que isso significa: a assistência social que é dever do Estado e sua capacidade de investimento são usadas a favor de quem senta na cadeira de mandatário.

Esse é o cenário ao qual estamos acostumados. Mas 2022 já não seria "só" assim, porque um outro fator entrou em campo. O Orçamento Secreto é algo que não pode ser desconsiderado no pleito deste ano. Milhões de reais foram destinados para municípios no interior do país via emenda parlamentar nos últimos dois anos com o objetivo de garantir apoio dos congressistas ao governo de extrema direita. Mas, claro que não só isso. Não é exagero imaginar que parte desse dinheiro, se desviado, será utilizada para turbinar campanhas eleitorais. E, claro, a parte "investida" nos municípios é essencial para que políticos do naipe de Arthur Lira e Ciro Nogueira se elejam e ajudem a eleger seus parceiros. 

Ou seja: nesta eleição, já enfrentaríamos o "poder da máquina" turbinada pelo Orçamento Secreto. E, como se fosse pouco, ainda veio a PEC Kamikaze. 

Não pretendo entrar no mérito da PEC ou falar sobre sua tramitação e aprovação. Não resta dúvida de que no país da fome, do desemprego e dos muitos traumas depois de uma pandemia devastadora, a população precisa, sim, de políticas de assistência social. Isso é indiscutível. 

O que quero chamar atenção é que com a PEC Kamikaze, Bolsonaro e seus generais receberam um cofre aberto com R$ 41 bilhões para turbinar sua campanha à reeleição. Trata-se de uma manobra evidentemente inconstitucional com o objetivo de recompor a imagem de um governo inábil, envolvido em dezenas de casos de corrupção e diretamente responsável pela pior crise da Nova República.  

O TSE tem um nome pomposo para compra de votos: captação ilícita de sufrágio. Pois, aparentemente, em 2022 essa prática não é mais ilícita. Foi legalizada em tempo recorde. Bolsonaro jogará dinheiro pro alto faltando três meses para a eleição. Está claro que essa não será apenas a eleição mais importante da nossa história, será também a disputa mais desequilibrada que já vimos. 

De um lado, bilhões oriundos dos cofres públicos turbinando a campanha daqueles que fizeram de tudo para destruir o país; do outro, todos que lutam para manter o que restou do Brasil de pé e para reconstruir o mais urgente: ações contra a fome, a miséria e o desemprego. 

A balança, sem dúvida, pesa para o lado deles. O que fazer diante disso?

Há seis anos, o Intercept faz jornalismo totalmente independente e que bate de frente com o poder. Sem cobrar nada do público para isso, sem recorrer a patrocinadores e sem fazer alianças duvidosas. É com esse histórico que chegamos a 2022 para cobrir as eleições, e mais do que isso: para reportar com coragem e publicar matérias que façam a diferença, que nos ajudem a equilibrar essa balança. 

Só conseguimos realizar nosso trabalho porque somos apoiados por mais de 14 mil brasileiros que acreditam na nossa missão e sabem da importância do jornalismo do Intercept para o Brasil atual. Tenho certeza de que você também sabe disso e que realmente vê valor no que fazemos. Então, te pergunto, o que falta para você se juntar a nós?

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Mariana Castro
Diretora de Novos Negócios
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