terça-feira, 2 de agosto de 2022

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares, nº 976

 


 

 

 


Defesa da democracia.

Um grupo de empresários aderiu a uma carta em tom duro em defesa da democracia brasileira e ao sistema eleitoral na terça-feira (26). O manifesto, que vem sendo gestado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e circula desde a semana passada, ganhou assinaturas de peso no mundo empresarial, financeiro, artístico e desportivo. Entre os nomes que assinaram o texto estão o de Roberto Setúbal e Cândido Bracher (Itaú Unibanco), representantes da indústria como Walter Schalka (Suzano) e de empresas de bens de consumo como Pedro Passos e Guilherme Leal (Natura). Assinaram a carta também Eduardo Vassimon (Votorantim), Horácio Lafer Piva (Klabin), Pedro Malan (ex-ministro da Fazenda do governo Fernando Henrique Cardoso), o economista José Roberto Mendonça de Barros e o cineasta João Moreira Salles. Artistas e músicos (Chico Buarque e outros) e esportistas (Casagrande e outros) também estão assinando o manifesto.

O texto que ganhou adesão do empresariado não faz menção expressa ao presidente Jair Bolsonaro, mas afirma que o País está “passando por um momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições”. Ao citar “desvarios autoritários” que puseram em risco a democracia dos Estados Unidos, a carta diz: “Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão.”.

O manifesto é inspirado pela Carta aos Brasileiros de 1977, um texto de repúdio ao regime militar, redigida pelo jurista Goffredo Silva Telles, e lida também na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

E a Carta diz: “Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral. Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em um país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades de forma sustentável”.

Recado aos militares? Em visita ao Brasil durante a semana, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, reuniu-se com militares brasileiros e pediu que eles respeitem o sistema democrático, disse à agência de notícias Reuters uma autoridade da pasta sob condição de anonimato.

Austin, general reformado escolhido por Joe Biden para comandar o aparato militar estadunidense, veio ao país para participar do encontro multilateral sobre defesa e segurança das Américas, que tem o Brasil como sede para o biênio 2021/2022. Os encontros ocorrem em Brasília.

O ministro da Defesa do Brasil, Paulo Sérgio Nogueira falou em audiência no Senado sobre segurança e a transparência do processo eleitoral e disse que TSE é o protagonista das eleições. É claro que atraiu várias críticas de seus companheiros de farda que estão pedindo “sua cabeça”!

Os impactos da insanidade. Muito interessante a matéria do jornalista Luiz Felipe F. C. de Farias, no Correio da Cidadania. Em um extenso artigo, com muitas informações precisas, ele sustenta que os efeitos do demente que nos governa “é mais do que apenas um período passageiro que pode ser encerrado assim que Lula vencer as eleições presidenciais, mas sim que causou uma profunda transformação na acumulação de capital e na sociedade de classes no Brasil”.

O autor mostra todas as mudanças na política e na economia do país, a partir da Constituição de 1988, e traz argumentos fortes que devem servir para refletirmos no que fazer a partir da derrota do ex-capitão.

Diz ele que “Dentre as transformações na estrutura da sociedade de classes no Brasil nas últimas quatro décadas, destaca-se o processo de desindustrialização. Segundo carta do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) publicada em junho de 2021, entre 1980 e 2020, a participação da indústria de transformação no PIB brasileiro regrediu de forma constante, enquanto o grau de industrialização da economia mundial aumentou”.

Entre as muitas mudanças feitas e que pedem nossa atenção ele cita: 1) cadeias produtivas pouco densas e com capacidade limitada para promover relações sociais cada vez mais complexas, diversificadas e dinâmicas; 2) baixa geração de empregos formais e horizontes estreitos para a extensão da cidadania assalariada às massas trabalhadoras; 3) a apropriação voraz de terras com desenvolvimentos degradantes nos territórios sob sua influência; 4) mobilização direta ou indireta da violência paramilitar como instrumento de controle social.

E ele deixa um alerta: “Nessas bases, foram formados centros de poder em áreas urbanas de médio porte do interior do Brasil, que demandam novos canais de representação, ainda incapazes de exercer hegemonia em escala nacional, mas com crescente capacidade de influenciar decisões de poder. público e até mesmo em parte significativa da produção cultural do país”.

Zelensky acusa Lula! Acredite quem quiser... O governo da Ucrânia incluiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma lista oficial chamada “Palestrantes que promovem narrativas consonantes com a propaganda russa”. Agora o Lula é o único brasileiro a figurar no rol do governo ucraniano.

A acusação foi publicada no site do chamado Centro de Combate à Desinformação no Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia.

A entidade foi criada pelo presidente Vladimir Zelensky no ano passado, em meio à escalada de tensões entre Rússia e Ucrânia que culminou na operação militar especial russa no país vizinho.

Segundo o governo ucraniano, o ex-presidente brasileiro figura ali porque disse que Zelensky é tão culpado quanto o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pelo conflito.

A declaração foi dada durante uma entrevista à revista Time, em junho, de cuja edição Lula foi capa. Diz ele que “Eu não conheço o presidente da Ucrânia. Agora, o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo. Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no Parlamento britânico, no Parlamento alemão, no Parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação”. E completa dizendo que “Às vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe?”

Para onde está indo o nosso ouro? Nos livros de história aprendemos que, durante o período em que o país foi colônia de Portugal, todo o nosso ouro foi parar nos cofres dos bancos ingleses, por conta da dívida portuguesa com aquele país. Mas, e atualmente? Para onde está indo o ouro que, com autorização do governo criminoso, está sendo explorado em reservas indígenas no Amazonas?

Não se assustem, mas recentes pesquisas e estudos demonstram que todos nós podemos estar usando ouro extraído ilegalmente de terras indígenas. Celulares e computadores das marcas Apple e Microsoft, bem como os superservidores do Google e da Amazon, têm filamentos de ouro em sua composição. Parte desse metal saiu de garimpos ilegais na Amazônia, passou pela mão de atravessadores e organizações até chegar nos dispositivos das quatro empresas mais valiosas do mundo, revela uma investigação da Repórter Brasil. 

Documentos agora conhecidos confirmam que essas gigantes da tecnologia compraram, em 2020 e 2021, o metal de diversas refinadoras, entre elas a italiana Chimet, investigada pela Polícia Federal por ser destino do minério extraído de garimpos clandestinos da Terra Indígena Kayapó, e a brasileira Marsam, cuja fornecedora é acusada pelo Ministério Público Federal de provocar danos ambientais por conta da aquisição de ouro ilegal. A extração mineral em terras indígenas brasileiras é inconstitucional, apesar dos esforços do governo Jair Bolsonaro (PL) para legalizá-la.  

Em meio à maior floresta tropical do mundo, o rastro de destruição dessa exploração clandestina é crescente e imensurável. Enquanto o desmatamento e a contaminação dos rios são visíveis, o garimpo pode estar matando pessoas por mercúrio (um metal tóxico) e vem atraindo o crime organizado. Ataques armados de garimpeiros a indígenas têm sido revelados pela imprensa nos últimos anos, como o que aconteceu em maio de 2021 em uma comunidade Yanomami.

A matéria completa está em Opera Mundi e merece ser lida!

Um encontro de grande significado. Luiz Inácio Lula da Silva, e a vice-presidente eleita da Colômbia, Francia Márquez, se reuniram na terça-feira (26) na cidade de São Paulo, onde discutiram questões da situação latino-americana e mundial, as eleições e as perspectivas do futuro governo chefiado pelo recém-eleito presidente Gustavo Petro.

O encontro aconteceu na sede da Fundação Perseu Abramo, laboratório de ideias do Partido dos Trabalhadores (PT), liderado por Lula da Silva, onde se refletiu a forte empatia dos dois líderes.

“Queremos estabelecer um diálogo fraterno com líderes políticos e sociais sobre questões de paz, igualdade, mudança climática e justiça racial na região”, disse Márquez.

Durante o encontro, a líder colombiana se reuniu com organizações afrodescendentes, feministas e ativistas na luta contra o racismo; mostrando especial interesse por políticas afirmativas, programas de transferência de renda, combate à violência contra menores e proteção à mulher no Brasil.

Um “diálogo construtivo”! A vice-presidente eleita da Colômbia, Francia Márquez, declarou que o encontro teve um “diálogo construtivo”, com interesses na melhoria da população latino-americana.

Após o encontro, Márquez agradeceu o petista, afirmando que a reunião, além de construtiva, foi “fraterna” no desejo de Lula em “apoiar para alcançar a paz e o bem-estar do povo colombiano”.

A visita de Márquez ao Brasil faz parte de uma viagem a diversos países da América Latina, que também incluirá Chile, Argentina e Bolívia, na véspera da sua tomada de posse como vice-presidente, em 7 de agosto.

Lula, por sua vez, afirmou que conversou com Márquez “sobre América do Sul e o combate à fome e o racismo” nos países, além de desejar “boa sorte” ao governo recém-eleito de Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia.

Qual o significado de uma vitória de Lula? O jornalista e sociólogo espanhol Ignacio Ramonet afirmou, em entrevista ao programa 20 MINUTOS desta terça-feira (26), que uma eventual vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva em outubro relançaria um projeto unitário para a América Latina, reforçado pelo fato de que, pela primeira vez, Argentina, Brasil e México seriam governados simultaneamente pela esquerda.

Segundo Ramonet, a América Latina tem maturidade e experiência política suficientes para superar o modelo neocolonial e romper com a polarização atual entre Estados Unidos, de um lado, e China e Rússia, de outro. “A União Latino-Americana ou uma América Latina bolivariana deve definir uma política exterior que defenda seus próprios interesses, sem se alinhar”, defende.

Em termos mundiais, “é muito possível” que a guerra na Ucrânia represente um prólogo para o enfrentamento principal, entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sob liderança estadunidense e a aliança sino-russa. A geopolítica mundial se reconfigura sob a ameaça de que o planeta se reorganize em termos de uma nova Guerra Fria. “Os Estados Unidos estão instrumentalizando a Otan, tentando evitar a dinâmica de um mundo multipolar para reconcentrar o que chamamos de Ocidente”, considera o sociólogo.

A matéria e a entrevista estão no site Opera Mundi. Gostaríamos apenas de completar dizendo que temos também governos progressistas na Venezuela, na Colômbia, na Nicarágua, no Chile e em Honduras.

Renda cai novamente. A taxa de desemprego fechou o trimestre encerrado em junho em 9,3%, mantendo a trajetória de queda dos últimos meses. Foi o menor índice para o período desde 2015. Mas, ao mesmo tempo, a renda cai e a informalidade é recorde (40%). Segundo o IBGE, o número de trabalhadores informais atingiu o recorde da série histórica: 39,3 milhões.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (29), o país tem agora 10,080 milhões de desempregados, 1,869 milhão a menos no trimestre (-15,6%) e menos 4,571 milhões em 12 meses (-32%). Os ocupados somam 98,269 milhões, número recorde, com altas de 3,1% e 9,9%, respectivamente.

O emprego com carteira cresce, mas o sem carteira aumenta em ritmo duas vezes maior. Em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve alta de 11,6% no número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado (mais 3,685 milhões). Já os sem carteira subiram 23% (acréscimo de 2,438 milhões). O trabalho por conta própria perdeu ritmo e teve alta de 4,3% no mesmo período (1,071 milhão a mais). No entanto, o número é o maior da série histórica: 25,714 milhões.

Povo panamenho nas ruas! “Se esta não é a cidade, onde está a cidade, a cidade está nas ruas, forjando a unidade”, cantaram os participantes de uma marcha realizada nesta quinta-feira (28) no Panamá.

Indígenas, camponeses, professores e estudantes marcharam por 10 horas até a sede da Presidência, em São Felipe, na Cidade do Panamá, para exigir o cumprimento dos acordos alcançados na mesa única de diálogo que se realiza em Penonomé, província de Coclé.

O ato ocorreu a partir das 6h30 (8h30, em Brasília), saindo de uma ponte sobre o rio Pacora, que tem sido palco de protestos nas últimas semanas.

Ao chegarem em São Felipe, os manifestantes entregaram uma carta ao vice-ministro da Presidência, Carlos Garcia, em apoio às reivindicações das organizações Aliança Povo Unido pela Vida e Aliança Nacional pelos Direitos do Povo Organizado. Além disso, o documento pede que as negociações entre governo e representantes na mesa de diálogo sejam agilizadas.

A mesa única de diálogo, que nasceu como resposta do governo à onda de protestos sociais que tomaram conta do país durante o mês de julho, completa uma semana de estar em sessão com atores de organizações sociais e representantes do Executivo.

Os representantes do movimento popular e do governo do Panamá estabeleceram no último domingo (24) os primeiros acordos na mesa única de diálogo após os protestos que começaram em 6 de julho.

As partes concordaram em reduzir o custo da cesta básica em 30% por meio da aplicação de tetos de preços, subsídios ao consumo da produção nacional, bem como a redução de tarifas.

Uma nova Constituição para o Peru. Organizações políticas lideradas pelo partido de esquerda Novo Peru convocaram uma marcha nacional “por uma Assembleia Constituinte e uma nova Constituição”, na quarta-feira (27), às 15h (17h, em Brasília), antes do primeiro aniversário da posse do presidente Pedro Castillo.

Entre as demandas dos manifestantes ao governo peruano está o início da segunda reforma agrária, promessa de campanha que beneficiaria principalmente os 2,2 milhões de pequenos agricultores que existem no país sul-americano.

De acordo com a convocação, divulgada nas redes sociais, a marcha nacional traz como lema a seguinte frase: “Nem golpe nem continuidade!”

Os trabalhadores organizados na Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP) anunciaram que também participam da marcha e se somam com reivindicações contra a terceirização de mão de obra.

Dirigentes da CGTP argumentaram que “os trabalhadores rejeitam as tentativas de um setor do Congresso que pretende revogar o Decreto Supremo, que limita a terceirização do trabalho nas atividades principais das empresas, regulamentando-a para evitar a exploração do trabalho”.

O Congresso do Peru elegeu na terça-feira (26) um novo Conselho de Administração para a legislatura 2022-2023, tendo como presidente a integrante da bancada da Aliança para o Progresso, Lady Camones Soriano.

Gustavo Petro quer “segurar” os militares. É fato conhecido que os militares colombianos sempre foram os pilares dos governos de direita no país. Agora, Gustavo Petro, presidente eleito, quer estabelecer uma nova relação com eles.

A crise de legitimidade da Força Pública é uma prioridade dentro do programa de governo de Petro, que escolheu Iván Velázquez, promotor anticorrupção, como ministro da Defesa de seu próximo governo, que descobriu a parapolítica na Colômbia e investigou o Cartel de Medellín, e já assistiu às Forças Armadas antes e também as criticou recentemente.

Com esta nomeação, Petro tocou a fibra mais sensível do Uribismo e atingiu as Forças Militares, que já se sentiam magoadas porque um antigo guerrilheiro, que viam como inimigo, é o seu novo comandante. Pela primeira vez, a esquerda terá autoridade sobre as Forças Armadas e o fará com o homem que investigou as alianças de empresários, políticos e militares com grupos paramilitares, com um civil, fora da milícia.

O novo presidente apelou para um ministro de sua total confiança. Eles se conhecem desde os anos 2000, quando investigaram ligações entre políticos e paramilitares: Petro do Congresso e Velásquez como coordenador da unidade especial de parapolítica da Suprema Corte. Milton Rengifo, que trabalhava na equipe de Petro na época, diz que conheceu Velásquez através dos arquivos de suas investigações sobre parapolítica em Medellín na década de 1990, e depois pessoalmente quando ele estava na Suprema Corte. A investigação de Velásquez, para a qual Petro contribuiu com suas queixas no Congresso, levou à condenação de mais de 60 políticos, incluindo o primo do ex-presidente Álvaro Uribe, Mario Uribe.

Mas, justamente por isso, a nomeação de Petro coloca à frente da pasta da Defesa alguém que é considerado inimigo declarado do Uribismo, e quebra a ponte que Petro construiu com aquele setor ao se reunir com Uribe. “A nomeação é um desafio para a oposição e mostra a ausência de garantias democráticas. Entregar o Ministério da Defesa a um anti-uribista coloca nossas vidas em perigo”, disse a senadora Paloma Valencia ao La Silla.

Aproximação com a Venezuela. O próximo ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Álvaro Leyva, já nomeado pelo presidente eleito, Gustavo Petro, visitou a Venezuela na quinta-feira (28) e se reuniu com o chanceler venezuelano, Carlos Faria.

O encontro marca a primeira vista de uma autoridade colombiana ao país vizinho desde que as relações entre Caracas e Bogotá foram rompidas, em 2019.

Os ministros assinaram um acordo que prevê “a nomeação de embaixadores em Caracas e Bogotá” e a retomada de relações após a posse de Petro, no dia 7 de agosto.

Em nota, a chancelaria da Venezuela afirmou que a reunião entre Leyva e Faria ocorreu “em função de restabelecer as relações diplomáticas entre ambos os países irmãos”.

Venezuela e Colômbia possuem temas pendentes e acumulados durante os anos em que Iván Duque esteve à frente da presidência colombiana e aderiu à campanha de "pressão máxima" contra o país vizinho.

O ainda presidente foi um dos principais apoiadores do ex-deputado Juan Guaidó que se autoproclamou “presidente” da Venezuela e organizou diversas tentativas de golpes e invasões contra o país.

Cuba e China! O embaixador cubano na China, Carlos Miguel Pereira, e o diretor executivo do Grupo Caissa Turismo, Chen Xiaobing, assinaram na quarta-feira (27), no país asiático, um acordo de entendimento, com o objetivo de promover o desenvolvimento bilateral do setor do turismo.

De sua conta oficial no Facebook, o representante do governo cubano na China afirmou que com a assinatura do memorando, ambas as nações esperam “promover a cooperação estratégica em termos de promoção, organização e gestão de viajantes para a ilha e para a China, sob várias modalidades”.

Da mesma forma, destacou que o maior interesse é desenvolver o turismo cultural, de saúde e de patrimônio histórico, bem como o multidestino caribenho.

Por outro lado, o embaixador cubano informou que Xiaobing lhe garantiu o interesse da empresa chinesa em ser a primeira a organizar viagens turísticas à ilha, quando cessarem as restrições de viagens na China.

A ilha caribenha visa dobrar o número de visitantes da China no curto prazo, por isso oferece inúmeras atrações como turismo cultural, náutico, saúde, natureza, entre outras modalidades associadas ao setor.

Zona do euro tem inflação recorde. Os efeitos de um conflito insuflado pela Casa Branca e mantido pela União Europeia já mostra os resultados e quem sofre é o povo, como sempre.

A taxa de inflação anual da zona do euro acelerou em julho em relação a junho e registrou um novo recorde de 8,9%, segundo dados preliminares publicados nesta sexta-feira (29/07) pelo Departamento de Estatísticas da União Europeia (Eurostat).

A inflação na zona do euro vem quebrando seguidos recordes nos últimos meses, devido especialmente ao impacto da guerra na Ucrânia nos preços da energia e dos alimentos. A inflação anual na zona do euro foi de 5,9% em fevereiro, 7,4% em março e abril, 8,1% em maio e 8,6% em junho.

O preço da energia foi o principal fator da inflação anual em julho na zona do euro, embora a inflação anual desse componente isolado tenha desacelerado para 39,6%, depois de atingir 42% em junho.

O preço de alimentos, bebidas alcóolicas e tabaco registrou inflação anual de 9,8% em julho, contra 8,9% em junho, e a inflação dos produtos industriais não energéticos foi de 4,5%, contra 4,3% do mês anterior.

Os países bálticos registraram os maiores aumentos de preços, com a Estônia à frente (22,7%), seguida pela Letônia (21%) e Lituânia (20,8%).

Também registraram dois dígitos de inflação Eslováquia (12,8%), Eslovênia (11,7%), Holanda (11,6%), Grécia (11,5%), Espanha (10,8%), Chipre (10,6%) e Bélgica (10,4%).

O que pode acontecer? Com a inflação persistente orientando as decisões econômicas nas economias mais ricas, as ameaças de uma paralisação econômica global e novas crises de dívida e balanço de pagamentos estão se tornando mais pronunciadas. A alta inflação em um contexto de altos níveis de endividamento (de governos, empresas e pessoas físicas) torna a situação atual muito diferente de outros momentos históricos de alta inflação. Devido às ferramentas envolvidas, controlar a alta de preços e conter os riscos de uma crise financeira são considerados objetivos parcialmente contraditórios para a política econômica. Os países dependentes endividados, elos fracos em um momento em que se aprofundam os riscos de crises da dívida.

O retorno da inflação pegou os banqueiros centrais de surpresa, que primeiro a trataram como um fenômeno transitório e demoraram a ajustar suas políticas. Durante décadas, os responsáveis ​​pela política monetária acostumaram-se a movimentar as taxas de juros e a expansão monetária de acordo com as necessidades do ciclo econômico e as preocupações dos bancos e fundos de investimento, sem se preocupar com o impacto dessas decisões no nível de preços. Desde os anos de Alan Greespan (que sucedeu Volcker à frente do Fed em 1987), manter as taxas de juros baixas tornou-se uma ferramenta privilegiada para estimular a economia, só foi abandonado por breves períodos quando os banqueiros centrais viram sinais de “superaquecimento” na economia e alguma sugestão – nunca cumprida – de que os níveis de inflação podem subir. Mas cada vez mais, as decisões sobre taxas eram tomadas de acordo com níveis de “exuberância irracional” (Greenspan dixit) que podem gerar riscos sistêmicos.

Colapso econômico? De acordo com o portal 19FortyFive, o colapso econômico na Europa e no Ocidente em geral pode provocar o fim do apoio a Kiev.

O portal destaca que, apesar de os EUA e da Europa estarem altamente focados no conflito com a Rússia e manterem um “apoio fiel” à Ucrânia, a população ocidental e europeia em particular está demonstrando sinais de insatisfação e cobrando dos seus governos um maior empenhamento nos problemas internos e interesses nacionais, já que está sentindo um resultado catastrófico na economia.

Caso o descontentamento da população no Ocidente venha a aumentar ainda mais, o apoio incondicional a Kiev pode “se evaporar” rapidamente, destaca o portal.

Além disso, ressalta que o conflito na Ucrânia não terminará por razões militares, mas sim por fatores possivelmente econômicos, energéticos ou em resultado da pressão da população dos países ocidentais.

E o dólar balança! Pela primeira vez em doze anos, os investimentos da China relativos à detenção de títulos dos EUA são reduzidos ao seu nível mais baixo: 980,8 bilhões de dólares. Em meio à forte inflação que assola os EUA, Pequim não é a única a perder o interesse nos títulos daquele país.

De acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, a China retirou seus investimentos da economia estadunidense, deixando-os no nível mais baixo desde 2010. Isso representa uma queda de quase 23 bilhões de dólares em relação a abril e quase 100 bilhões de dólares, ou 9%, do ano anterior.

Pequim vem reduzindo seus investimentos há mais de um ano: sanções maciças contra a Rússia parecem ter minado a confiança na principal moeda de reserva. No entanto, muitos meios de comunicação sugerem que vários outros gatilhos o precederam, como a guerra comercial desencadeada por Washington e depois a guerra tecnológica. A China é o segundo maior detentor de dívida dos EUA. A maior parte da dívida nacional dos EUA continua a pertencer ao Japão. Tóquio o mantém no nível mais baixo dos últimos dois anos: cerca de 1.212 bilhões de dólares.

Está acabando do fôlego? O último pacote de sanções da União Europeia demonstrou que o bloco esgotou as suas capacidades de impor restrições contra a Rússia, afirmou sob anonimato um diplomata francês ao diário Le Monde.

A União Europeia aprovou o sétimo pacote de sanções contra a Rússia, que na sua essência não implica imposição de qualquer medida séria. Em vez disso, é destinado a harmonizar as políticas do bloco com o posicionamento dos seus aliados, escreve a edição francesa. Ao contrário dos seis pacotes de sanções anteriores, o último não contém nenhuma medida séria.

“Chegamos ao fim do que podíamos fazer”, afirmou ao Le Monde a sua fonte do Ministério das Relações Exteriores francês.

Assim, 27 países-membros da União Europeia não planejam recusar o gás russo, já que não conseguem superar mesmo os problemas atuais de fornecimento. Ao mesmo tempo, mesmo a Polônia e os Países Bálticos não estão prontos para colocar à mesa de negociações tal proposta, principalmente porque tal passo salientaria o fato de haver discórdia dentro do bloco.

Irã e Rússia. Irã e Rússia estão trabalhando juntos para criar um sistema de pagamento alternativo à americana SWIFT (Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais) a fim de facilitar a cooperação econômica bilateral diante das sanções ilegais que Washington impõe aos dois países.

“Naturalmente, dois países que querem desdolarizar suas transações devem ter um sistema especial semelhante ao SWIFT”, acrescentou o vice-ministro das Relações Exteriores do Irã para a Diplomacia Econômica, Mehdi Safari.

O diplomata iraniano revelou que os dois países propuseram uma versão do sistema criado pela nação do norte e ressaltou que falta muito para chegar a um bom acordo baseado em transações cambiais entre Rússia e Irã.

Índia vai comprar mais gás russo. A Bloomberg informou que as grandes refinarias indianas estão se focando cada vez mais nas pequenas e médias empresas que comercializam petróleo, a fim de alavancar as compras de combustível russo a um preço mais vantajoso.

Estas companhias internacionais menores teriam um papel de intermediários e incluem as empresas Wellbred e Montfort, segundo funcionários citados pela Bloomberg.

No entanto, nem a refinaria estatal indiana Oil Corp, nem as empresas confirmaram estas informações.

Nos últimos meses, a Índia, terceiro maior consumidor de petróleo do mundo, intensificou as compras de petróleo russo, importando um recorde de um milhão de barris de petróleo russo por dia em julho, segundo dados da empresa de soluções analíticas Kpler, citada pela Bloomberg.

Isso nós já sabíamos. A mídia ocidental esconde deliberadamente a verdade sobre os avanços da Rússia na Ucrânia, afirmou o colunista britânico Rod Liddle em um artigo no Times. Segundo Liddle, a mídia ocidental está tentando exagerar as capacidades de combate do Exército ucraniano.

“Os grandes avanços dos russos são cobertos de forma muito mais modesta”, salientou Liddle.

O colunista verificou uma tendência: quanto mais êxitos a Rússia obtém na Ucrânia, mais a mídia ocidental chama atenção para as “atrocidades” imaginárias dos militares.

Liddle acrescentou que a visão do Ocidente está muito longe de ser imparcial, sendo formada pela vontade de apresentar o que se deseja como realidade.

A partir de 24 de fevereiro, a Rússia tem conduzido uma operação especial de desnazificação e desmilitarização da Ucrânia que, segundo o presidente russo Vladimir Putin, visa defender as pessoas que ao longo de oito anos têm sofrido intimidações e genocídio por parte das autoridades de Kiev. De acordo com Putin, o objetivo final da operação é libertar Donbass e criar condições que garantam a segurança da Rússia.

As forças aliadas já libertaram por completo a República Popular de Lugansk e uma grande parte da República Popular de Donetsk, incluindo tais cidades como Volnovakha, Mariupol e Svyatogorsk.

Sem vontade de lutar. O espírito de combate das tropas ucranianas está diminuindo com o recrutamento “nas ruas” de quem não quer participar dos combates e a recusa dos que querem, escreve o jornal The New York Times.

Os ucranianos estão cada vez menos contentes com o fato de a convocação militar, especialmente nas ruas, ter sido secreta e arbitrária, diz a edição norte-americana. Mesmo que os militares, responsáveis pelo recrutamento, afirmem que só estão recrutando os que querem, a população se queixa cada vez mais de que o Exército “viola as leis do próprio governo, às vezes recrutando quem não quer, ao mesmo tempo que recusa os que desejam” combater.

Segundo um servidor da Defesa Territorial ucraniana, há inúmeras pessoas, com “muita motivação e capacidades”, que querem se juntar às tropas, mas são rejeitadas.

Enquanto é inegável o fato de o recrutamento dos que não querem estar na linha de frente faz com que o espírito de combate nas tropas ucranianas caia, entre aqueles que alertam sobre a situação alarmante há também comandantes ucranianos. O The New York Times salienta que nas zonas perto da fronteira com a Rússia, incluindo em Carcóvia, há quem se recuse a servir nas tropas ucranianas por apoiar a Rússia. A edição cita as palavras de um oficial ucraniano: “Não quero servir! A Ucrânia nem sequer é um país real!”

Séria acusação. O deputado do Conselho Nacional austríaco (Nationalrat), Martin Graf, discursou sobre os efeitos da crise ucraniana, exigindo que as autoridades daquele país congelassem os ativos dos oligarcas ucranianos e afirmando que foram as ações deles que em muitos aspectos provocaram o conflito militar com efeitos gravíssimos para todo o mundo.

No seu discurso publicado no Facebook (plataforma pertencente à empresa extremista Meta, banida no território da Rússia), o deputado austríaco – e terceiro presidente do Parlamento da Áustria de 2008 a 2013, em particular, salientou até que ponto tinham aumentado os preços dos alimentos, habitação e combustível para os seus conterrâneos e para os europeus em geral.

Segundo o político austríaco, entre outras coisas, os oligarcas ucranianos patrocinam grupos armados ilegais e nacionalistas. No fim das contas, acredita Graf, eles acabaram perdendo a noção da realidade, levando a Ucrânia para a guerra.

Deputada ucraniana revela “golpe do século”. De acordo com a deputada ucraniana Yulia Timoshenko, a empresa estatal de gás Naftogaz está supostamente executando um esquema maciço de desvio de fundos, buscando obter bilhões de dólares do governo, embora a Ucrânia não precise de gás adicional para o inverno.

A deputada também declarou que os legisladores estavam prestes a aprovar diversos projetos de lei para conceder à Naftogaz um financiamento adicional para compra de gás antes do inverno.

Segundo Timoshenko, um destes projetos concederia à empresa uma “compensação” no valor de US$ 4,08 bilhões (R$ 21,5 bilhões) para a compra de mais seis bilhões de metros cúbicos de gás natural no exterior.

Apesar das declarações da deputada, nem a empresa Naftogaz nem o gabinete presidencial da Ucrânia comentaram a situação.

Sim, é crime de guerra. Em qualquer tribunal sério neste planeta isso é um grave crime de guerra e os autores deveriam estar na prisão.

Na tarde de sexta-feira (29), o exército ucraniano atacou um centro de detenção no povoado de Elenovka, na República Popular de Donetsk (RPD), onde eram mantidos prisioneiros de guerra ucranianos, morreram 50 pessoas, disse Ministério da Defesa da Rússia.

Para o crime, os ucranianos utilizaram o sistema de lançamento múltiplo de foguetes HIMARS, fornecido pelos EUA. E, pelas informações disponíveis, o ataque autorizado por Kiev matou e mutilou a maioria dos 193 prisioneiros de guerra ucranianos. De acordo com os dados atualizados na manhã de sábado (30), em resultado do ataque de mísseis morreram 50 ucranianos, disse o representante oficial da Defesa russa, tenente-general Igor Konashenkov.

Tirando o corpo fora? Quase imediatamente depois da notícia começar a circular, os EUA já trataram de “tirar o corpo fora” e tentar se eximir de qualquer culpa.

Um exemplo humilhante da política estadunidense está na declaração oficial da Casa Branca dizendo que, mesmo que as forças ucranianas estejam por trás do ataque ao centro de detenção de Elenovka que abrigava prisioneiros de guerra ucranianos em Donbass, “eles não tinham intenção de o fazer”, disse na sexta-feira (29) um representante sênior do Departamento de Defesa dos EUA.

Muito estranho, não é? A notícia tinha acabado de chegar à mídia internacional e os EUA já estavam inventando uma desculpa? E a “cara de pau” é tão flagrante que um oficial dos EUA declarou, na sexta-feira, que “embora o Exército russo tenha mostrado algumas peças de munição para sistemas de lançamento múltiplo de foguetes HIMARS fornecidos pelos EUA que, de acordo com Moscou, foram usados para bombardear a instalação de detenção, isso não significa necessariamente que a Ucrânia é a culpada”.

Ah! Então tá, então! Atingido pela disparada da inflação desde novembro de 2021, os EUA estão com problemas econômicos ainda mais intensos em 2022 pelas sanções contra a Rússia. A distorção das redes logísticas e o aumento de preços do petróleo e da energia resultantes das sanções aumentaram ainda mais os preços nos EUA, provocando temores de uma recessão. A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, no entanto, descartou a ideia de que a economia dos EUA provavelmente venha a entrar em recessão em 2022, optando por descrever os problemas como “desaceleração do crescimento” em sua entrevista à NBC.

Yellen defendeu que a retração que a economia estadunidense vive atualmente, bem como o crescimento negativo projetado para o final do ano, são apenas naturais tendo em conta o crescimento explosivo que a economia sofreu em 2021.

Mais cedo, Yellen admitiu que estava errada sobre a natureza da inflação, que é considerada uma das razões por trás da recessão. Em março de 2021, ela afirmou que a inflação era temporária e não seria exacerbada por outra rodada de estímulos financeiros liderados pelos Democratas.

Salvando a pele do partido? O presidente dos EUA deve anunciar que não vai concorrer à reeleição a fim de ajudar o Partido Democrata nas eleições de meio de mandato, previstas para novembro, afirmou Steven Isenberg, chefe do gabinete do ex-prefeito de Nova York, John Lindsay.

Na semana passada, uma pesquisa organizada pela Universidade Quinnipiac revelou que 71% dos estadunideneses afirmaram não querer que o atual presidente Joe Biden concorresse à reeleição em 2024. Só 24% se expressaram a favor da sua reeleição.

Em artigo para o The Washington Post, Isenberg explica por que Biden deve tomar “de imediato” a decisão de ficar só com um mandato presidencial a fim de “salvar as eleições de meio de mandato”.

Segundo Isenberg, caso o 46º presidente dos EUA não anuncie a falta de intenção de ser reeleito, pode fortalecer a chamada “campanha silenciosa” dos próprios democratas contra Biden.

Para provar o seu ponto de vista, o autor do artigo refere-se à popularidade do presidente, revelada pelas pesquisas de opinião, que tem reduzido de forma significativa.

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