segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

PARA NÃO ESQUECER – 23 DE NOVEMBRO DE 1990 * MORRE CAIO PRADO JÚNIOR

PARA NÃO ESQUECER – 23 DE NOVEMBRO DE 1990
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MORRE CAIO PRADO JÚNIOR
(Ernesto Germano Parés)
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Caio Prado Júnior nasceu em São Paulo, no dia 11 de fevereiro de 1907. Foi um historiador, geógrafo, escritor, filósofo, político e editor brasileiro. Considerado por muitos como um “precursor”, suas obras inauguraram, no Brasil, uma tradição historiográfica identificada com o marxismo, buscando outra visão que não a tradicional e oficial, para as diferenças da sociedade colonial brasileira.
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Caio Prado vem de uma família de políticos e da sociedade nobre paulista, vários parentes seus exerceram papel de destaque na vida político-econômica de São Paulo. Formou-se em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco em 1928, onde mais tarde seria livre-docente de Economia Política.
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O caminho que o levou à posição que ocupa entre os intelectuais marxistas brasileiros é complexo e longo. Atuou firmemente ao longo das décadas de 1930 e 1940, tendo participado das articulações para a Revolução de 1930 que levou Vargas ao poder. Decepcionado com a inconsistência política e ideológica da República Nova, aproximou-se do marxismo e filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro, em 1931.
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No início da sua militância, em 1933, publicou seu primeiro livro, “Evolução Política do Brasil”, onde procurava dar uma nova interpretação da história política brasileira. Logo depois foi enviado à União Soviética e visitou outros países comunistas da época. Em sua volta, 1934, publicou o livro “URSS – um novo mundo”, mas toda a edição foi apreendida pela polícia de Getúlio. Sua resposta imediata foi se filiar à Aliança Nacional Libertadora, em São Paulo, tendo se tornado seu presidente.
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Ainda em 1934, participou da fundação da Associação dos Geógrafos Brasileiros - AGB, primeira entidade científica de caráter nacional!
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Apenas em 1942 volta a publicar seus livros. E a volta é marcante, com o clássico “Formação do Brasil Contemporâneo – Colônia”, o trabalho que se tornou divisor de águas da historiografia brasileira. Sua intenção ao lançar o livro é que fosse o primeiro de uma coleção sobre a evolução histórica brasileira, mas os outros volumes projetados nunca passaram para o papel!
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O que devemos registrar desse trabalho é que, ao lado de “Casa-Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, e de “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, forma uma trilogia que não pode faltar a qualquer pessoa que deseja conhecer a história e a política do Brasil, suas estruturas sociais e as relações econômicas existentes.
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Em 1945, Caio Prado foi eleito Deputado Estadual de São Paulo como suplente do PCB, e em 1947 foi eleito Deputado da Assembleia Constituinte do Estado. Mas o mandato durou pouco porque um decreto do então presidente Dutra cassou a inscrição do Partido e colocou-o na ilegalidade. Todos os parlamentares eleitos perderam seus mandatos.
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Longe de descansar, Caio Prado passa a se dedicar mais ao mercado editorial, ficando à frente da Editora Brasiliense após a morte de Monteiro Lobato, em 1948. Passou também a ser o diretor da Gráfica Urupês, pertencente à editora, e da Revista Brasiliense. Em 1954, participou do concurso para a cátedra de livre docência de economia política na Faculdade de Direito da USP com a tese “Diretrizes para uma política econômica brasileira”. O título de livre-docente foi conferido ao pensador, mas, por questões políticas, ele não pôde assumir o cargo. A tentativa de ingresso na carreira acadêmica continuou por parte de Prado, mas ele nunca conseguiu por ser filiado ao PCB.
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O golpe militar de 1964, fechou a Revista Brasiliense e Caio Prado exilou-se no Chile. Quando voltou ao país, já em 1970, o escritor reconhecido como um dos maiores pensadores brasileiros foi preso e condenado por subversão. Foi condenado a seis anos e meio de prisão, a máxima que era concedida pelo crime de “pensar”! Recorreu ao Supremo Tribunal Federal e conseguiu o “habeas corpus” em 1971.
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Caio Prado Júnior faleceu em São Paulo, aos 83 anos de idade, em 23 de novembro de 1990.
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Principais obras de Caio Prado Júnior:
1933: Evolução política do Brasil
1934: URSS - um novo mundo
1942: Formação do Brasil Contemporâneo
1945: História Econômica do Brasil
1952: Dialética do Conhecimento (dois volumes)
1953: Evolução Política do Brasil e Outros Estudos
1954: Diretrizes para uma Política Econômica Brasileira
1957: Esboço de Fundamentos da Teoria Econômica
1959: Introdução à Lógica Dialética (Notas Introdutórias)
1962: O Mundo do Socialismo
1966: A Revolução Brasileira
1971: Estruturalismo de Lévi-Strauss - O Marxismo de Louis Althusser
1972: História e Desenvolvimento
1979: A Questão Agrária no Brasil
1980: O que é Liberdade (Coleção Primeiro Passos)
1981: O que é Filosofia (Coleção Primeiros Passos)
1983: A Cidade de São Paulo
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VIVA CAIO PRADO JÚNIOR, PENSADOR, ESCRITOR E RESISTENTE!
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VAMOS CONHECER MELHOR A SUA OBRA?
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Nas fotografias: 01) Caio Prado Júnior; 02) três livros dos que sobraram na minha estante depois de emprestar muitos; 03) preciosidade na estante (o segundo volume está emprestado)
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