sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

PARA NÃO ESQUECER – 09 DE FEVEREIRO DE 1912 * NASCIA APOLÔNIO DE CARVALHO – HERÓI DE TRÊS PÁTRIAS

 

PARA NÃO ESQUECER – 09 DE FEVEREIRO DE 1912
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NASCIA APOLÔNIO DE CARVALHO – HERÓI DE TRÊS PÁTRIAS
(Ernesto Germano Parés)
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Apolônio de Carvalho, conhecido como “Herói de Três Pátrias”, nasceu em Corumbá (MS). Filho de um soldado sergipano e de mãe gaúcha foi uma figura marcante na história e permanece como uma das minhas referências como pessoa e militante.
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Conforme depoimento dele à revista Teoria e Debate, em 1989, seu primeiro conhecimento da esquerda e da realidade brasileira foi quando ainda era militar, em 1933. Ali ele afirma que “Em fins de 1933 eu já era oficial, achava que era necessário mudar a sociedade brasileira”.
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Em nossa história podemos litar poucas pessoas como ele. Poucos viveram com tanta intensidade a “paixão” que o impeliu a engajar-se na luta pelos ideais socialistas e contra os regimes de opressão. Poucos como ele podemos apontar como tendo passado por tantos episódios da história brasileira e mundial. Desde sua militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e na ANL (Aliança Nacional Libertadora), na sua participação na Guerra Civil Espanhola e, mais tarde, na Resistência Francesa lutando contra o fascismo. Passou pela luta clandestina contra o período militar no Brasil, como membro do PCBR, e foi militante do Partido dos Trabalhadores, desde o momento da fundação do partido até sua morte.
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Em 1935, a Intentona Comunista, que tinha como principal líder, Luís Carlos Prestes, capitão do Exército Brasileiro, começava a ser arquitetada. Apolônio começou, então, a se engajar na organização comunista Aliança Nacional Libertadora (ANL), e por isso, em 1936, foi destituído e expulso do Exército.
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Saindo da prisão, um ano depois, ingressou no Partido Comunista Brasileiro. Mas não permanece por muito tempo em território nacional: ele é chamado para participar, com outros 20 brasileiros, das Brigadas Internacionais, ao lado da República durante a Guerra Civil Espanhola, contra o ditador fascista Francisco Franco.
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Em 1939, com a vitória dos fascistas, Apolônio consegue fugir pela fronteira e se une à Resistência Francesa para lutar contra os nazistas.
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Poucos conhecem parte de sua história, mas Apolônio foi comandante da Resistência, sendo responsável pela defesa de Paris. Lá conheceu Renée France Laugery, uma jovem de 17 anos, militante comunista da Resistência, que se tornaria sua companheira para o resto da vida. Em janeiro de 1944, Apolônio e Renée se instalam em Nîmes, onde em fevereiro, organiza o ataque à prisão daquela cidade, libertando 23 militantes da Resistência. Em maio, mudam-se para Toulouse. Em agosto, Apolônio comanda a liberação de Carmaux, Albi e Toulouse. Em novembro, nasce o primeiro filho do casal, René-Louis.[3][4] Por sua coragem, Apolônio é considerado um herói na França, onde foi condecorado com a Legião de Honra recebendo a medalha do próprio Charles de Gaulle.
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Com o fim da guerra, embarca para o Rio de Janeiro. Mas ele continuava procurado no Brasil e, com Renée, vive na clandestinidade, militando entre Rio e São Paulo até 1953, quando ele parte para um curso na União Soviética que dura cerca de quatro anos. Em 1955, Renée o encontra em Moscou e, em 1957, a família está de volta ao Brasil, vivendo na semi-legalidade, situação que se estende até o golpe militar de 1964.
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Em 1964 ele diverge das posições do PCB e, com outros militantes da esquerda (Jacob Gorender e Mário Alves), funda o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), em 1969. Em 1970 ele era preso e violentamente torturado pelo regime militar. Em junho daquele ano, Apolônio e outros 39 presos políticos brasileiros foram banidos para a Argélia, trocados em decorrência do sequestro do embaixador da Alemanha.
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Ficou exilado na Argélia e depois na França, voltando ao Brasil apenas com a anistia, em 1979. Em 1980, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi o afiliado número um da organização política.
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Sua trajetória inspirou o livro de Jorge Amado “Subterrâneos da liberdade”. Na obra, Apolinário participou dos três movimentos revolucionários que Apolônio esteve presente — a Intentona Comunista, Guerra Civil espanhola e a Resistência Francesa. O título de “Herói de Três Pátrias” foi dado pelo escritor baiano, demonstrando admiração pela luta e vida do militante internacionalista.
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Como eu disse no início, Apolônio de Carvalho é uma referência para mim. Em 1980 havíamos fundado o PT aqui no Rio de Janeiro e fundando os núcleos de base do partido. Na época, o Diretório Provisório do RJ estabeleceu que, para o reconhecimento, a fundação do núcleo deveria ter a presença de um membro da direção, o que não seria problema para mim pois fazia parte. Mas achei que seria bom que os companheiros do núcleo, em sua maior parte, na época, metalúrgicos, conhecessem essa figura ímpar da nossa história. E convidei Apolônio para ir à minha casa.
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Ele chegou antes do horário da reunião e ficamos conversando na sala. Minha companheira foi preparar um café enquanto chegavam os nossos militantes. Apolônio abriu a reunião, falando da importância do Partido e do papel dos núcleos de base. Alguns companheiros ficaram impressionados conhecê-lo.
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Mais tarde, pouco antes das eleições de 1982, ele veio à minha casa e debatemos a questão das candidaturas. Convidei poucos companheiros e fizemos a reunião na varanda. Ele bebia um café e eu pinga.
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Apolônio de Carvalho faleceu no Rio de Janeiro, no dia 23 de setembro de 2005. Não tenho vergonha de dizer que chorei feito criança pelo companheiro que nos deixava, mas guardo na memória sua imagem, sentado na sala da minha casa e bebendo um cafezinho.
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VIVA APOLÔNIO DE CARVALHO, HERÓI DE TRÊS PÁTRIAS!
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VAMOS GUARDAR E DEFENDER A HISTÓRIA DE TODOS OS QUE LUTARAM PELO POVO TRABALHADOR!
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OBS. Na foto 03, Apolônio e Renée
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