Cartada perigosa!
Ao votar na proposta defendida pelos EUA e pela UE, na
ONU, a respeito do conflito na Ucrânia, o Brasil optou por uma perigosa cartada.
A sessão extraordinária da Assembleia Geral da ONU
aconteceu na quinta-feira (23) e foi marcada pela polêmica posição a favor da
resolução apresentada pela Alemanha que condena a Rússia pela invasão da Ucrânia,
a um ano do início do conflito na região.
É preciso ter claro que um dos riscos assumidos pelo Brasil
foi ter se afastado do resto dos membros do Brics, já que China, Índia e África
do Sul preferiram a abstenção, e a Rússia, por razões óbvias, votou contra.
A principal controvérsia com relação à posição
brasileira tem relação com a iniciativa do país de impulsionar a criação de um
grupo de países capaz de buscar uma solução negociada para a guerra que
satisfaça tanto a Rússia quanto a Ucrânia.
Mas vale destacar que ao manifestar o seu voto
favorável o Brasil se posicionou de forma destoante a alguns pontos da
resolução proposta pelo governo alemão. Por exemplo, o Brasil expressou em seu
voto que “ressalta a necessidade de alcançar a paz”, um dos princípios
presentes na resolução, e acrescenta: “elogiamos os facilitadores pelas
negociações inclusivas. A nosso ver, o elemento mais importante da resolução é
o apelo à comunidade internacional para redobrar seus esforços diplomáticos
para alcançar uma paz justa e duradoura na Ucrânia”.
Ao destacar que “todas as medidas possíveis devem ser
adotadas para minimizar o sofrimento da população civil”, o Brasil se
diferencia da resolução, cujo texto busca enfatizar somente as vítimas da
Ucrânia.
Ademais, a resolução alemã fala em exigir o “fim das hostilidades
por parte da Rússia”, enquanto o voto brasileiro prefere dizer que “o Brasil
considera o pedido de cessação das hostilidades como um apelo a ambos os lados
para interromper a violência sem pré-condições”.
Veja adiante o documento divulgado pela China nesta sexta-feira
(24)!
Lula vai encontrar Xi Jinping. A
próxima viagem de Lula da Silva, em 28 de março, será à China onde se encontrará
com o presidente Xi Jinping. Com ele, devem viajar, pelo menos, três ministros:
o chanceler Mauro Vieira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra
da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, o que demonstra que, em pauta, estará
incremento das relações comerciais e da cooperação tecnológica entre os dois
países.
Quem também integrará a delegação que viajará à China é
a ex-presidente Dilma Rousseff. Seu nome já foi aprovado pelos demais membros
do Brics (organismo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)
para assumir o comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).
Empresa chinesa quer se estabelecer no Brasil. Empresa
chinesa de carros elétricos cogita ocupar uma fábrica desativada pela Ford, em
janeiro de 2021.
A fábrica em questão fica na Bahia e foi desativada pela
Ford, trazendo à região grande dificuldade econômica, uma vez que acabou com
4,8 mil empregos formais.
A montadora estadunidense, que também incluía bases nos
municípios de Taubaté (SP) e Horizonte (CE), foi desativada e a ideia dos
chineses é utilizar o espaço e o maquinário para produzir carros elétricos,
segundo a revista Veja.
Camaçari é a quarta cidade mais populosa da Bahia e um
importante polo industrial no Nordeste. A saída da Ford teve impacto brutal
sobre a arrecadação tributária, a circulação de dinheiro e a atividade
econômica do município, portanto, caso o governo Lula consiga levar a
negociação adiante, será uma grande conquista para gestão sem nem mesmo chegar
ao meio ano de mandato.
Bolsa Família! O governo Lula (PT) quer pagar um benefício extra às
famílias que têm maior número de membros no novo Bolsa Família. A proposta que
vem sendo estudada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social é
pagar de R$ 20 a R$ 50 reais a mais para cada membro de famílias com idades
entre 7 e 18 anos, além dos R$ 150 por criança de zero a seis anos e mais o
benefício de R$ 600 por família.
Se for confirmado o valor de R$ 50, uma família com três
filhos, sendo dois na faixa etária para receber R$ 50 e outro na faixa de R$
150 poderá receber até R$ 850, por exemplo. O desenho do novo programa, deve
ser concluído na próxima semana, segundo a Folha de São Paulo.
Em contraponto, o governo quer critérios mais rígidos
para as famílias unipessoais, compostas por um único integrante, já que o
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ofereceu o Auxílio Brasil independentemente
do número de pessoas que compõem uma família. Isso fez milhares de pessoas se
cadastrassem para receber o benefício mesmo pertencendo a mesma família. Já o
valor do pagamento do Bolsa Família dependia do número de filhos e faixa de
renda de cada pessoa.
Novo mínimo já muda muito! O
consumo nos lares brasileiros acumula alta de 1,07% em janeiro, na comparação
com o mesmo mês de 2022. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados
(Abras), em relação a dezembro, houve queda de 14,81%. Nessa análise, todos os
indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), e o levantamento inclui todos os formatos operados pelos supermercados.
De acordo com a Abras, tradicionalmente, o mês de
janeiro registra o menor consumo na comparação com o mês imediatamente anterior,
por causa do aumento do consumo nas festas de fim de ano. No entanto, a série
histórica da Abras, principalmente o período que abrange os últimos dois anos,
mostra que janeiro de 2023 teve a menor variação de queda no consumo na
comparação com dezembro. Para a Abras, isso indica que o consumo está centrado
nos lares, mesmo com a abertura de bares, restaurantes e setor hoteleiro.
A associação estima que, no primeiro trimestre,
determinados fatores sustentem o consumo nos lares: o reajuste do salário mínimo
(7,42%) para mais de 60 milhões de pessoas; a manutenção do pagamento de R$ 600
do Auxílio Brasil (Bolsa Família); o vale-gás, no valor de 100% da média
nacional do botijão de gás de cozinha de 13 quilos (a cada dois meses).
Economia vai se recuperando. Embora
modesto e aquém do valor demandado pelas centrais sindicais, o aumento de R$18
do salário mínimo anunciado pelo governo Lula para maio deverá injetar em torno
de R$ 9,5 bilhões adicionais na economia brasileira, o que vai aquecer o consumo
e minorar os efeitos da crise econômica legada pelo governo Bolsonaro.
A estimativa é do Instituto Locomotiva, que levou em
conta o conjunto dos beneficiários do INSS, assalariados, autônomos e pequenos
produtores que recebem rendimento equivalente ao salário mínimo. Em 2023,
totalizam cerca de 60,3 milhões de trabalhadores e trabalhadoras.
O valor do reajuste equivale a quase todo o consumo
mensal de vestuário no Brasil. O salário mínimo tem uma relevância
extraordinária para a sociedade brasileira, em especial para a classe
trabalhadora, em seu conjunto. A valorização do piso tem um efeito cascata
imediato que se traduz em ganhos ou aumentos reais para as demais faixas salariais,
resultando numa valorização geral dos salários.
Quando foi aplicada nos governos Lula e Dilma, a
política de valorização do salário mínimo revelou-se um poderoso instrumento na
luta por melhor distribuição da renda nacional e contra as desigualdades
sociais, que em nosso país são chocantes.
Bolívia vai industrializar o lítio, em
parceria com a China. O lítio, por ser o mais leve dos metais conhecidos, tem
ampla aplicação na indústria e é fundamental na fabricação de baterias
elétricas para equipamentos eletrônicos e automóveis. Por sua leveza, é também
usado para marcapassos.
Agora recebemos a notícia de que a Bolívia retomou seu
plano de industrialização do lítio, a partir de uma parceria com China, firmada
há poucas semanas, com a promessa de ampliar a capacidade de produção anual do
composto químico.
O atual presidente boliviano, Luis Arce, assinou um
convênio com o consórcio CBC - integrado
pelas companhias chinesas Contemporary Amperex Technology Limited
(CATL), Brunp e China Molybdenum Company Limited (CMOC) - para instalar duas
plantas de produção de carbonato de lítio nos salares bolivianos de Coipasa e
Uyuni.
Com investimento de mais de US$ 1 bilhão (quase R$ 5,2
bilhões), cada planta teria capacidade de produzir 25 mil toneladas por ano de
carbonato de lítio. Para se ter uma ideia, mesmo batendo recorde, em 2022 a produção
anual boliviana do composto foi de apenas 600 toneladas, ou 40 vezes menos do
que a estimativa de cada fábrica, segundo dados divulgados recentemente pela
estatal Yacimientos de Lítio Bolivianos (YLB).
Vale lembrar que o lítio boliviano já esteve no centro
de diversas empasses internacionais e até tentativas de golpe de Estado. Em
2019, o ex-presidente boliviano Evo Morales afirmou que o golpe contra seu
governo, em novembro daquele ano, foi um “golpe pelo lítio”. Durante a última
campanha eleitoral, o atual presidente boliviano, Luis Arce, reafirmou a fala
de Evo: “o golpe não foi contra os indígenas, mas pelo lítio. Foi desenhado por
transnacionais interessadas em sua privatização e na do gás”.
Diferente de seus vizinhos Chile e Argentina, o lítio na
Bolívia é nacionalizado. Isso aconteceu em 2008, quando o interesse na
exploração do metal era muito menor que o atual. Os três países formam o
Triângulo do Lítio e respondem por cerca de 60% das reservas identificadas do
mineral, segundo relatório da US Geological Survey de janeiro deste ano.
O Brasil, por sua vez, possui 730 mil toneladas do recurso,
8% das reservas globais. A exploração vinha sendo feita fundamentalmente pela
Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e a AMG Brasil, filial da Amg Advanced Metallurgical,
dos Países Baixos.
Pouco antes do término do seu mandato, o sacripanta que
governava o Brasil assinou o decreto 11.120 possibilitando a entrada de transnacionais
na exploração e comercialização do lítio e de todos seus derivados.
A primeira beneficiada foi a canadense Sigma Lithium que
já é 100% proprietária da Grota do Cirilo, no Vale do rio Jequitinhonha (MG), o
maior depósito de lítio de rocha dura das Américas. A empresa prevê embarcar em
abril deste ano 15 mil toneladas de concentrado de lítio para a China, segundo
jornal Valor Econômico.
México decreta nacionalização do lítio! O
presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, assinou no sábado (18) um
decreto que declara o lítio como propriedade da Nação, assegurando que a
exploração do recurso mineral será de competência exclusiva do Estado.
A partir dessa medida, os cerca de 235 mil hectares de
reservas de lítio mexicanas [boa parte deles pertencentes ao estado de Sonora,
no Norte do país] passam a ser propriedade estatal.
A cerimônia de assinatura do decreto aconteceu justamente
em Sonora, onde se encontra a maioria das jazidas de lítio que o México possui.
Em seu discurso após firmar o documento, Obrador
declarou que “o petróleo e o lítio são propriedade da nação, de todos os mexicanos”.
A OTAN na América Latina (01)! Um importantíssimo
artigo do professor venezuelano e analista internacional Sergio Rodríguez
Gelfenstein foi reproduzido pelo site Rebelión.
Já na abertura da matéria ele nos revela que “A verdade
é que desde o fim do mundo bipolar, os Estados Unidos, sentindo-se donos do
mundo, usaram a OTAN para se expandir pelo planeta. Prova disso é a assinatura
do Tratado AUKUS (Austrália, Reino Unido e EUA), a criação do Quadrilateral
Security Dialogue (QUAD) formado por Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos,
e o Five Eyes Intelligence Alliance (Estados Unidos). EUA, Reino Unido, Canadá,
Nova Zelândia e Austrália) como instrumentos da expansão militar da OTAN na
Ásia e Oceania”.
Para nossa surpresa, ele diz que “O mesmo ocorre na América
Latina e no Caribe, onde os EUA iniciam um agressivo plano de expansão em todas
as latitudes e longitudes da região. Em três parcelas, queremos fornecer
algumas informações que nos permitam confirmar a afirmação anterior”.
A seguir, com muita precisão, ele nos revela que “No
final do ano passado, os EUA haviam instalado 12 bases militares no Panamá, 12
em Porto Rico, 9 na Colômbia, 8 no Peru, 3 em Honduras, 2 no Paraguai, e há
instalações desse tipo em Aruba, na Costa Rica, El Salvador, Cuba (Guantánamo)
e Peru, entre outros países, ao mesmo tempo que orienta sua busca pela
cobertura total da superfície terrestre e marítima da região”.
A OTAN na América Latina (02)! Segundo
o analista, nas águas territoriais argentinas e nas Ilhas Malvinas, usurpadas pelo
Reino Unido, existe uma presença da OTAN integrada num sistema constituído por
bases nas ilhas de Ascensão, Santa Elena e Tristán da Acuña que “guarda” todo o
Atlântico do norte para a área da Antártida.
E ele nos lembra, ainda no artigo, que, nos últimos
anos, e especialmente após a chegada da general Laura Richardson ao quartel-general
do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, em outubro de 2021, os níveis de
intervenção agressiva de Washington na região aumentaram ostensivamente. Isso
coincidiu com a chegada ao poder de Joe Biden que implementou uma política
ativa de substituição do papel tradicional (e natural) do Departamento de
Estado na atividade diplomática que passou a ser ocupada pelo Pentágono, pelo
Conselho de Segurança Nacional e até pela CIA. É crescente o número de
funcionários dessas instâncias que ocupam cargos de embaixador na América
Latina e no Caribe.
“A estratégia dos EUA visa fortalecer sua presença na
região. Em perspectiva, o Atlântico Sul ganhou particular importância por sua proximidade
com a Antártida, regulada por um tratado que expirou em 1941, a Amazônia,
principal reserva de oxigênio e biodiversidade do planeta, e a tríplice
fronteira onde está localizado o aquífero Guarani, o maior reservatório de água
do mundo”.
Nota do Ernesto: o aquífero Guarani é o segundo maior
reservatório de água do mundo. Em primeiro lugar está o aquífero Alter Chão, na
Amazônia!
Resistência no Peru. Organizações
sociais e sindicatos de trabalhadores da região peruana de Arequipa participaram
na segunda-feira de uma nova jornada de protestos para exigir a renúncia da
presidente designada Dina Boluarte.
Os grupos reunidos na Frente de Defesa do Cone Norte de
Arequipa (Fredicon) explicaram que a mobilização foi acertada em reunião com
representantes de outros sindicatos e sindicatos da cidade peruana.
Além dos sindicatos de trabalhadores, associações de
estudantes, comerciantes e sindicatos da construção civil da região de Arequipa
também participaram do dia de protestos.
Segundo os organizadores do protesto, os participantes
se deslocaram por várias ruas da cidade até chegar ao centro histórico de
Arequipa.
Além de exigir a renúncia da presidente designada Dina
Boluarte, também pediram a cessação do atual Congresso e o avanço das eleições
gerais para este 2023.
Os protestos contra a presidente Dina Boluarte se
repetirão em outras regiões do sul do Peru que estão em greve desde a última sexta-feira.
Presidente do México reitera apoio a Pedro
Castillo. O presidente do México,
Andrés Manuel López Obrador, afirmou em coletiva de imprensa na sexta-feira (24)
que continua apoiando o ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, destituído no
dia último dia 7 de dezembro, e que se encontra preso atualmente, acusado de
atentar contra a democracia.
Obrador qualificou como injustas e ilegais tanto a
destituição de Castillo quanto a sua prisão e processamento por parte do Poder
Judiciário do país andino, e reiterou que o México continuará exigindo a
libertação do ex-presidente.
Obrador lembrou que a esposa, filhos e alguns outros
parentes de Castillo se encontram no México, onde receberam asilo político. “Vamos
continuar apoiando a senhora esposa do presidente Pedro Castillo, por isso ela
veio para cá, e eu a abracei e expressei minha solidariedade ao povo do Peru,
especialmente aos humildes, aos pobres, aos indígenas, aos humilhados”,
explicou.
Outro ponto controverso da coletiva do mandatário
mexicano foi quando qualificou a atual presidente peruana, Dina Boluarte, como
“espúria”, e acrescentou que “vi pesquisas em que ela tem apenas 15% de aceitação.
Ou seja, 85% a desaprovam. E o Congresso [peruano] tem avaliação ainda pior,
com 90% de rejeição”.
A golpista reage! A
presidente do Peru, Dina Boluarte, ordenou na sexta-feira (24) a retirada
definitiva do embaixador do seu país no México e, desta forma, as relações
entre as duas nações ficam formalmente ao nível dos gestores empresariais.
A decisão foi tomada como repúdio às declarações feitas
também na sexta pelo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, em seu
habitual programa matinal, onde reiterou seu apoio ao povo peruano e ao
ex-presidente Pedro Castillo, que em 7 de dezembro foi destituído como
presidente constitucional pelo Congresso, que por sua vez nomeou Boluarte -que
era a vice-presidente - como a novo chefe de Estado.
Em dezembro passado, o governo peruano já havia
expulsado do país Pablo Monroy, que se desempenhava como embaixador do México
em Lima.
Segundo a imprensa peruana, o diplomata foi declarado
“persona non grata” no país sul-americano, por ter ajudado a ex-primeira-dama
Lilia Paredes, esposa de Pedro Castillo, a conseguir asilo na embaixada mexicana,
junto com os dois filhos do casal.
Desde o golpe contra Castillo, os movimentos sociais
permanecem nas ruas em repúdio ao seu governo e exigindo eleições gerais, o
fechamento do Congresso e a libertação de Castillo, que está preso acusado do
suposto crime de rebelião. Os protestos que começaram em 7 de dezembro já causaram
um saldo de mais de 60 mortes e dezenas de feridos e prisões, devido às fortes repressões.
China apresenta documento sobre o conflito! Ao
contrário da resolução anti-russa aprovada na ONU, a China divulgou sua
aguardada posição com relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia/OTAN. Nele,
fica clara a necessidade de se ouvir e respeitar também os interesses legítimos
de Moscou.
Em resumo, Pequim estabelece 12 pontos que as partes envolvidas
poderiam seguir para retomar as negociações e encerrar as hostilidades: a) respeito
à soberania de todos os países (o documento defende que a soberania, a
independência e a integridade territorial de todos os países sejam “efetivamente
defendidas”); b) abandono a mentalidade da Guerra Fria (“a segurança de uma
região não deve ser alcançada pelo fortalecimento ou expansão de blocos
militares”, afirma o documento); c) cessar as hostilidades (todas as partes devem
apoiar a Rússia e a Ucrânia a trabalhar na mesma direção e retomar o diálogo
direto o mais rápido possível); d) retomar as negociações de paz (o diálogo e a
negociação são “a única solução viável para a crise na Ucrânia”, sublinha a China,
que garante que continuará a desempenhar um “papel construtivo nesta matéria”;
e) resolver a crise humanitária (as operações humanitárias “devem seguir os
princípios de neutralidade e imparcialidade, e as questões humanitárias não
devem ser politizadas”); f) proteger a população civil e os prisioneiros de
guerra (a China apoia a troca de prisioneiros de guerra entre a Rússia e a
Ucrânia e pede a todas as partes que criem condições mais favoráveis para isso); g) manter a segurança das usinas nucleares (Pequim
se opõe a ataques armados contra usinas nucleares e pede a todas as partes que “respeitem
o direito internacional, incluindo a Convenção sobre Segurança Nuclear”); h) reduzir
os riscos estratégicos (o documento defende a prevenção da proliferação nuclear
e a prevenção de crises nucleares); i) facilitar as exportações de grãos (as
partes devem implementar "totalmente, efetivamente e de forma
equilibrada" a Iniciativa dos Grãos do Mar Negro, assinada pela Rússia,
Turquia, Ucrânia e ONU); j) o fim das sanções unilaterais (o governo chinês
sustenta que as sanções unilaterais não podem resolver o problema, apenas criam
novos problemas); k) manutenção das cadeias de suprimentos estáveis (“todas as
partes devem defender seriamente o sistema econômico mundial existente e se
opor ao uso da economia mundial como uma ferramenta ou arma para fins políticos”);
", disse o documento e: l) promover a reconstrução pós-conflito (Pequim
insta a comunidade internacional a tomar medidas para apoiar a reconstrução
pós-conflito).
Mais soldados estadunidenses na Europa. Com
mais de 20 mil soldados estadunidenses adicionais baseados na Europa, pode
haver tempos difíceis pela frente, afirmou o chefe do Pentágono, Lloyd Austin.
“Os EUA instalaram ou transferiram mais de 20 mil militares
adicionais para a Europa e redistribuíram as primeiras forças permanentes dos
EUA no flanco leste da OTAN”, afirmou Austin.
Ele também ressaltou que a medida foi uma resposta à “ameaça
mais urgente à segurança da Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial”.
“Pode haver tempos difíceis pela frente”, concluiu o
chefe do Pentágono para justificar a implantação dos militares americanos na
Europa.
Nos últimos anos, a Rússia tem denunciado uma atividade
sem precedentes da OTAN ao longo de suas fronteiras ocidentais.
Qual a “jogada” da Alemanha? Muitos
analistas se perguntam o motivo de tanta subserviência da Alemanha cumprindo
fielmente o desejo dos EUA.
Pesquisadores apontaram o que está por trás do
interesse da Alemanha na África, enquanto Berlim e seus parceiros europeus se
esforçam para tentar combater a presença russa e chinesa no continente africano.
Considerável parte dos ministros de Relações Exteriores
de países da União Europeia (UE) reconhece que as relações da Europa com a
África poderiam, e deveriam, ser melhores.
Em janeiro, a ministra para Cooperação Econômica e Desenvolvimento
da Alemanha, Svenja Schulze, tornou público esse sentimento ao propor uma nova
estratégia para a África. Ela observou, na época, que Berlim e UE há tempos não
figuram em uma parceria importante com os países africanos.
Enquanto isso, é notório o envolvimento de China, Turquia
e Rússia com diversos Estados do continente, por meio de parcerias econômicas,
industriais, militares e, sobretudo, no âmbito da infraestrutura.
A maioria dos países da Europa entende que o continente
africano terá um grande “peso geopolítico” no século XXI, tornando-se uma das
regiões mais importantes do mundo por sua ampla gama de recursos.
Países de todas as partes olham com atenção para os desenvolvimentos
políticos na África, de olho em insumos para abastecer suas indústrias,
mercados e outras potencialidades. Para o Ocidente, o continente africano é
encarado como uma arena de competição por parcerias e riquezas.
Nesse cenário, a cooperação entre países africanos e
potências como China e Rússia — como evidenciada nos exercícios navais em
conjunto com a África do Sul e nas recentes visitas do chanceler russo, Sergei
Lavrov, à região — é considerada um grande problema por parte dos governos
europeus e norte-americano.
Conforme explicou Kai Michael Kenkel, a Alemanha também
está interessada nos recursos que existem no continente. Para ele, é natural
que Berlim precise repensar sua aproximação com países que serão fundamentais
para garantir recursos minerais e energéticos no futuro, pois esse é o caminho
que as grandes potências estão traçando.
A Europa “ferve”. A
Europa vive um inverno quente. Em fevereiro, os protestos sindicais se multiplicaram,
principalmente na Grã-Bretanha, França, Espanha e Portugal. E em outros países
cresce o descontentamento por problemas não resolvidos, como a imigração, cada
vez mais restritiva.
Por outro lado, o conflito Rússia-Ucrânia, completando
um ano, continua gerando repercussões econômicas negativas e continua sendo a
pedra no sapato de um continente que olha com preocupação para suas sombrias
perspectivas econômicas. Todas as previsões indicam que, mesmo que consiga
escapar da recessão, o crescimento europeu este ano será próximo de zero,
haverá mais empobrecimento dos salários reais e o já enfraquecido estado de
bem-estar sofrerá novos ataques.
Há várias semanas, a França é palco de algumas das
mobilizações cidadãs mais espetaculares dos últimos anos. Desde 19 de janeiro,
dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra a nova proposta
do sistema previdenciário, que prevê o aumento do trabalho obrigatório de 62
para 64 anos, por meio de aumentos parciais até 2030. O principal custo da
Também em Espanha e Portugal a procura social aumentou
no segundo fim de semana de fevereiro. No mesmo sábado, dia 11, mais de 250 mil
pessoas marcharam em Lisboa (que tem uma população de pouco mais de meio milhão
de pessoas) convocadas pelos sindicatos de professores, exigindo melhorias
fundamentais no modelo educacional e na política salarial.
Na quarta-feira, 1º de fevereiro, cerca de 300.000
professores de 23.000 escolas na Grã-Bretanha entraram em greve convocada pela
União Nacional de Educação (NEU). Segundo dados do governo, naquele dia 51,7%
das escolas financiadas pelo estado fecharam parcial ou totalmente. As greves
também paralisaram as 150 universidades do país, devido ao protesto de 70 mil
professores do Sindicato das Universidades e Faculdades. Fontes sindicais calculam
que naquele dia mais de 500 mil trabalhadores aderiram à medida de força.
Na segunda-feira seguinte, 6 de fevereiro, começou uma
das greves mais participativas desde que o sistema público de saúde britânico
existe, liderada conjuntamente por dezenas de milhares de enfermeiras e
paramédicos. A demanda fundamental: aumentos salariais para combater a alta inflação
de dois dígitos que bateu recordes nos últimos 40 anos. Vários meios de
comunicação do continente definiram este segundo dia como o maior da história
de 75 anos do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Entre terça-feira, dia 7, e
sexta-feira, dia 10, pararam novamente os setores de enfermagem, depois os
fisioterapeutas e por fim o pessoal das ambulâncias.
Está se “borrando”? O
jornal britânico 'The Times' publicou um artigo no qual relatava a ordem e a situação
no bunker do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, e em seu escritório na
Bankova Street.
De acordo com o jornal, seu jornalista visitou Kiev e discutiu
o bunker com funcionários ucranianos familiarizados com o regime de trabalho do
abrigo. Entre as fontes de informação estão o assessor do presidente europeu,
Aleksandr Rodnianski, e o ministro da Política Agrícola, Nikolai Solski.
“Em todas as ruas ao redor do complexo [escritório de
Zelensky] existem postos de controle com guardas armados, e o acesso só é
permitido a quem estiver com os documentos e passaportes adequados”, diz a matéria
jornalística.
Dizem que os soldados pedem aos cidadãos senhas
secretas, que são alteradas todos os dias. "Muitas vezes, frases sem
sentido que seriam difíceis de pronunciar pelos russos", especifica o
artigo.
No prédio não há luzes acesas e as cortinas estão
fechadas, indica.
Um oficial ucraniano disse ao jornal que uma noite ele
decidiu sair do esconderijo e jantar em um restaurante. Ele enviou uma foto a
um deputado ucraniano anônimo, a quem respondeu com palavrões. Mais tarde, o
deputado também se deslocou ao estabelecimento e encomendou um hambúrguer e
comida para os restantes ocupantes do bunker.
Qual será o futuro da Europa? As forças de direita e de extrema-direita dominam o
discurso sobre a Ucrânia. Tal como nos anos 30, a apologia do fascismo é feita
em nome da democracia e a apologia da guerra é feita em nome da paz.
Um novo-velho fantasma paira sobre a Europa: a guerra.
O continente mais violento do mundo em número de mortes causadas por guerras
nos últimos 100 anos (para não ir mais longe e incluir as mortes sofridas pela
Europa durante as guerras religiosas e as mortes infligidas pelos europeus aos povos
submetidos ao colonialismo) se dirige para uma nova guerra.
Quase 80 anos após a Segunda Guerra Mundial, o conflito
mais violento de todos os tempos, que matou entre 70 e 85 milhões de pessoas, a
próxima guerra pode ser ainda mais mortal. Todos os conflitos anteriores
começaram aparentemente sem uma razão convincente e deveriam durar um curto
período de tempo. No início desses conflitos, a maioria da população abastada
continuava com sua vida normal: compras e teatro, leitura de jornais, férias e
conversa fiada sobre política.
Acumulam-se os sinais de que um perigo maior pode estar
no horizonte. Ao nível da opinião pública e do discurso político dominante, a
presença deste perigo manifesta-se em dois sintomas contrastantes. Por um lado,
as forças políticas conservadoras não apenas controlam as iniciativas
ideológicas, mas também gozam de uma recepção privilegiada na mídia. Eles são
inimigos polarizadores da complexidade e da argumentação calma, usando palavras
extremamente agressivas e fazendo apelos inflamatórios ao ódio.
China e Rússia defendem mundo multipolar. A China
continua empenhada em desenvolver as relações com a Rússia, apesar da situação
mundial em constante mudança, disse Wang Yi, diretor do Gabinete da Comissão
Central das Relações Exteriores da China.
Wang Yi declarou durante a reunião com o ministro das
Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que espera chegar a novos acordos
durante as suas conversações em Moscou.
“Estou pronto junto com você, meu caro amigo, para
realizar uma troca de opiniões sobre questões de interesse mútuo e espero
chegar a novos acordos”, disse o alto representante da China.
“Graças à direção estratégica do presidente Xi Jinping
e do presidente Putin, as relações sino-russas de parceria abrangente e
cooperação estratégica na nova época mantêm uma alta dinâmica de desenvolvimento.
Apesar da volatilidade da situação internacional, a China e Rússia mantêm uma
determinação estratégica e avançam de forma firme e confiante em direção a um
mundo multipolar, permanecendo comprometidas com a multipolaridade”, ressaltou
Wang Yi durante a reunião com Lavrov nesta quarta-feira (22).
Ele acrescentou que Pequim e Moscou estão
constantemente explorando o potencial de cooperação multifacetada entre os dois
países.
Investigação rigorosa, já! O
Ministério das Relações Exteriores da China emitiu um comunicado na segunda-feira
(20) no qual instou a União Europeia a realizar uma “investigação rigorosa e
minuciosa” da explosão do gasoduto Nord Stream, ocorrida em junho de 2022.
A mensagem chinesa foi lida pelo diplomata Wang Wenbin,
porta-voz do Ministério, e citou como fonte dos anseios de Pequim o artigo
recentemente publicado pelo jornalista norte-americano Seymour Hersh, o qual
afirma que a sabotagem ao gasoduto foi realizada em ação conjunta de militares
dos Estados Unidos e da Noruega, com a cobertura dos exercícios Baltops 22 da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
“As explosões causaram um duro golpe no mercado mundial
de energia e no meio ambiente global […], é claro que uma investigação
objetiva, imparcial e profissional do incidente é necessária”, exigiu o Ministério
das Relações Exteriores do país asiático.
Wang também afirmou que o Nord Stream “costumava ser
considerado a tábua de salvação da energia da Europa”, razão pela qual considera
que “dada a gravidade da sabotagem da infraestrutura transnacional vital e as
graves consequências dela resultantes, a comunidade internacional tem todo o
direito de exigir uma investigação completa”.
O palhaço quer atenção! Joe
Biden chegou a Kiev para se encontrar com o presidente ucraniano! E anunciou um
novo pacote de ajuda militar que incluirá, entre outras coisas, munição de
artilharia, sistemas antitanque e radares de vigilância aérea no valor de 500
milhões de dólares.
Gostando de chamar a atenção, ele chegou à Ucrânia em
uma visita não anunciada, segundo informação da mídia local. Pouco depois, o
próprio Zelenski confirmou a visita.
Biden afirmou que Washington imporá medidas restritivas
adicionais em relação à operação militar da Rússia na Ucrânia. “No final desta
semana, anunciaremos sanções adicionais contra as elites e corporações que
tentam contornar ou proteger a máquina de guerra da Rússia”, disse o comunicado
da Casa Branca.
A visita de Biden a Kiev é um evento histórico que
significa que o confronto continuará, disse à Sputnik o professor da Academia
Russa de Ciências, Alexandr Gusev. A viagem do presidente dos EUA demonstra que
o Ocidente coletivo se tornou parte do conflito, disse o especialista.
Por sua vez, o cientista político Gueorgui Fyodorov chamou
a viagem de Biden a Kiev de um passo de Hollywood.
“Esta é uma jogada de Hollywood do chefão [Joe Biden].
Você tem que entender que o ressentimento amadureceu na elite de Kiev porque
eles ficaram presos e não há apoio suficiente. Agora Zelensky tem tudo para
fortalecer sua posição”, disse o especialista.
Estadunidenses contra o envio de armas. Movimentos
sociais, grupos pacifistas e outros grupos se reuniram no domingo em Washington
D.C. e exigiram que o governo daquele país ponha fim ao financiamento militar à
Ucrânia e destine esses recursos para resolver problemas sociais internos.
Os participantes da marcha “Fúria contra a máquina de
guerra” se reuniram no início da manhã no Lincoln Memorial e de lá, a partir
das 12h30, horário local, partiram para a Casa Branca.
Os manifestantes garantiram que o governo dos EUA
continua provocando a crise na Ucrânia enviando armas e grandes fundos para
aquela nação.
Recordaram que a Casa Branca induziu instabilidade
política naquele país europeu ao apoiar o golpe ali ocorrido em 2014 e depois sabotar
o cumprimento dos acordos de Minsk.
Por outro lado, exigiam a dissolução da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (NATO), a redução do orçamento do Pentágono, a
eliminação da Agência Central de Inteligência (CIA) e a libertação de Julian Assange,
entre outros pedidos.
Os que se mobilizaram no domingo em Washington e outras
localidades também criticaram o fato de que nas últimas duas décadas os EUA
travaram e apoiaram guerras em nações como Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria,
Palestina e Iêmen.
As metas de Biden. Excelente
o artigo de Ariela Ruiz Caro publicado no site Rebelión. Ela é economista pela Universidade Humboldt de
Berlim com mestrado em Processos de Integração Econômica pela Universidade de
Buenos Aires. É consultora internacional em temas de comércio, integração e
recursos naturais na CEPAL, Sistema Econômico Latino-Americano (SELA),
Instituto para a Integração da América Latina e Caribe (INTAL), entre outros.
Foi funcionária da Comunidade Andina entre 1985 e 1994 e assessora da Comissão
de Representantes Permanentes do MERCOSUL entre 2006 e 2008. É colunista do
Programa Américas.
Escreve ela que “A Associação das Américas para a
Prosperidade Econômica (APEP), iniciativa proposta pelo presidente Biden durante
a IX Cúpula das Américas realizada em Los Angeles em junho do ano passado, se
arrumou e começou a receber simpatizantes”.
Em sua primeira reunião oficial, no dia 27 de janeiro,
os países que assinaram Tratados de Livre Comércio (ALCs) com os EUA (Canadá,
Chile, Colômbia, Costa Rica, Peru, República Dominicana, México, Panamá) e os
que aspiram tê-los (Barbados, Equador e Uruguai) estiveram presentes.
Escreve ela que “Esta iniciativa apresentada pelo
governo dos EUA como "nova e histórica" para promover a recuperação
econômica e o crescimento do continente americano nada tem
de histórico ou de novidade. Assim como as iniciativas
inconsequentes para a região desenhadas durante o governo
de Donald Trump (América Cresce e o Marco Estratégico para o Hemisfério Ocidental),
[...], por trás de um vaso cheio de boas intenções, este remake– usando uma
linguagem mais diplomática do que seu antecessor – tem o mesmo objetivo:
afugentar a presença chinesa em sua agora imponente frente, outrora quintal, e
convocá-los a cooperar com sua agenda política global. O problema é que os EUA não
têm recursos suficientes para conter a avalanche de investimentos chineses
voltados para infraestrutura, telecomunicações, redes digitais e recursos
naturais, entre outros.
No longo artigo, com muitos dados e indicações, Ariela
conclui que “EUA somam adesões para afugentar presença da China na região” e
que a meta de Biden é “Ultrapassar a China e limitar a Rússia”! Será que ele
consegue?
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