domingo, 26 de março de 2023

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares

 

Adiada a viagem à China?

Na sexta-feira (24) surgiu a notícia de que o presidente Lula estava com um quadro clínico de pneumonia leve e que poderia adiar sua viagem à China. Ele foi ao hospital Sírio-Libanês de Brasília na noite de quinta-feira (23), após retornar de uma viagem ao Rio de Janeiro, porque estava tossindo muito e se sentindo mal, com sintomas de gripe, além de pressão alta. A suspeita de pneumonia foi confirmada pelos médicos e Lula foi descansar no Palácio da Alvorada.

“Se estiver bem, sim [está mantida a viagem à China no domingo]. A programação está mantida”, disse o médico de Lula, o endocrinologista, Roberto Kalil, que esteve no local e afirmou aos jornalistas que o quadro do presidente é “superestável”.

Todas as agendas do presidente desta sexta foram canceladas, entre elas uma com ministros no Palácio do Planalto, outra de ‘emergência’ com a coordenação política do governo, que Lula havia convocado para discutir a crise instalada no Congresso Nacional entres os presidentes das duas casas, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do Senado, e Arthur Lira (PP-AL).

O principal compromisso de Lula em sua viagem à China está marcado apenas para terça-feira (28). É quando ele deve encontrar o presidente chinês Xi Jinping. O tempo entre o diagnóstico de pneumonia e a data do encontro foi visto com alívio pelos auxiliares do presidente e por ele próprio, já que dá quatro dias para que ele se recupere.

A importância dessa viagem! Jornais e revistas no mundo inteiro estão vendo com muita atenção a viagem de Lula à China. A grande novidade levantada pela imprensa internacional é que “o Brasil voltou ao Mundo”, ou seja, estão assegurando que o Brasil voltou a fazer parte do panorama internacional, abandonado durante vários anos!

A China é, há uma década, o principal parceiro do Brasil no mundo, superando a tradicional liderança exercida (ou imposta) por Washington há muito tempo. É o principal importador da soja brasileira, e também compra muito minério de ferro e petróleo.  Em 2020, por exemplo, o mercado chinês recebeu quase 35% de tudo que o Brasil exportou para o mundo.

Desde que assumiu a presidência do Brasil pela terceira vez, em 1º de janeiro, Lula viajou para Argentina, Uruguai e EUA. Em cada viagem, ele se reuniu não apenas com líderes dos países visitados, mas também com políticos e empresários.

Há mais viagens na agenda do presidente brasileiro. Agora em abril, Portugal. A partir de maio, África (a data e os países que serão visitados estão sendo intensamente negociados, mas a agenda segue indefinida).

Um dos compromissos mais sólidos de Lula é justamente devolver o Brasil ao cenário internacional, buscando o mesmo espaço que começou a ser conquistado pelo então presidente FHC em seus dois mandatos (1995-2002) e se consolidou com ele.

Desde a deposição da presidenta Dilma Rousseff, em decorrência de um golpe institucional em 2016, esse espaço foi diminuindo até desaparecer no governo do sacripanta!

De uma grande importância para nós, brasileiros. O primeiro escalão do governo brasileiro está de malas prontas para embarcar rumo à República Popular da China. A missão diplomática, que ocorrerá nos últimos seis dias de março, será engrossada por parlamentares e empresários de diversos setores - um reflexo da dimensão comercial já existente e ainda em potencial na relação entre o Brasil e a potência asiática.

Os mais de 20 acordos que serão firmados em Pequim devem intensificar o já portentoso fluxo comercial entre os dois países. A China é a maior parceira comercial brasileira desde 2009. No ano passado, a balança entre os países superou a cifra de U$ 150 bilhões, além de ser a principal fonte de investimentos em todos os países da América do Sul.

A missão brasileira tem sido vista como um contraponto à falta de resultados concretos da visita aos EUA, no início de fevereiro. Apesar do clima amistoso entre Lula e Biden, com quem foram compartilhados discursos em defesa da democracia, houve poucos avanços em parcerias efetivas.

Um dos principais acordos de cooperação bilateral já confirmados pelas diplomacias de Brasil e China prevê a construção e o lançamento em órbita de um novo satélite sino-brasileiro. A partilha de custos em projetos da Reunião da Comissão Sino-brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban) ocorre há mais de três décadas e teve como marco o lançamento do primeiro satélite, em 1999.

O Programa de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS) também já foi alvo de desconfiança de Washington, que teria passado a dificultar a importação de peças e componentes estratégicos dos Estados Unidos. Os brasileiros alegam que o sexto satélite da parceria continuará seguindo uma lógica não-militar.

Dilma é eleita nova chefe do Banco do BRICS. Na sexta-feira (24), a Assembleia de Governadores do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) - conhecido como Banco do BRICS - elegeu, por unanimidade, a ex-presidente da República do Brasil como sua nova chefe.

O conselho de governadores é formado pelos ministros da Fazenda dos países fundadores (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), mais os representantes dos quatro novos integrantes (Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Uruguai). As autoridades se reuniram por videoconferência para votação.

Em um comunicado divulgado após a reunião, a instituição financeira confirmou a eleição de Dilma e apresentou em linhas gerais o que seu cargo compreende.

O banco também relembrou o cargo da presidência da República ocupado por Dilma, afirmando que a economista "promoveu internacionalmente o respeito à soberania de todas as nações e a defesa do multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, dos direitos humanos e da paz".

O texto também acrescenta que “sob seu governo, o Brasil esteve presente em todos os fóruns internacionais de proteção do clima e do meio ambiente, culminando com participação decisiva na consecução do Acordo de Paris”.

O peso das favelas. Se as favelas brasileiras formassem um estado, seria o terceiro maior do Brasil em população. É o que aponta a pesquisa Data Favela 2023. Segundo os dados, o número de favelas dobrou na última década, totalizando 13.151 mapeadas pelo país. E não foi só isso, a renda movimentada pela população destas comunidades também aumentou e quebrou a barreira dos R$ 200 bilhões – mais de R$ 12 bilhões a mais em relação ao último ano.

Segundo a pesquisa, atualmente, são estimados 5,8 milhões de domicílios em favelas com 17,9 milhões de moradores. Desse total, 5,2 milhões já empreendem, 6 milhões sonham ter um negócio próprio, e sete em cada 10 pretendem abrir o empreendimento dentro da favela. Apesar dos números expressivos, apenas 37% dos empreendimentos são formalizados e possuem um CNPJ.

“A favela é a concentração geográfica das desigualdades sociais e muitas vezes o morador não encontra no emprego formal a oportunidade para desenvolver toda sua potencialidade. O morador da favela só vai conseguir ganhar mais do que dois salários mínimos se empreender dentro da favela. Assim, pode usar o seu potencial e fazer com que o dinheiro das favelas fique dentro das próprias favelas”, diz Renato Meirelles, fundador do Data Favela. Em relação ao aumento no número da população em comunidades, Meirelles explica que o fato se deve ao custo de vida elevado nas cidades e a busca por uma moradia mais barata nos últimos anos.

A pesquisa ainda traz dados sobre a intenção de consumo nos próximos 12 meses. Em relação a moradia, 6,5 milhões de pessoas pretendem comprar um imóvel, e 7,9 milhões têm intenção de comprar móveis para casa. Os dados reforçam que o principal sonho dos moradores de favela (34%) é ter uma casa própria – sendo que as mulheres (38%) são as que mais almejam a segurança da casa própria, enquanto 29% dos homens possuem esse desejo. Na sequência aparecem como principal sonho ter um negócio próprio (13%) e ter saúde (10%).

A “farra do boi”! Não só de joias e motociatas viveu a corrupção no governo do sacripanta! Nem mesmo o escândalo das próteses penianas e compras de Viagra para os oficiais são os limites da “farra do boi”.

Avião da Força Aérea Brasileira sendo usado para traficar cocaína? Isso ainda é pouco diante do que estamos agora descobrindo. O Tribunal de Contas da União está investigando gastos exacerbados realizados pelas forças nos EUA entre 2018 e 2022. Caso da FAB aparece como exemplo para se analisar os R$ 19,048 bilhões gastos por escritórios do Exército, Marinha e Aeronáutica. De acordo com o órgão, militares resistem a dar informações.

Segundo informações contidas em relatório de auditoria preliminar do Tribunal de Contas da União (TCU), a Força Aérea Brasileira (FAB), gastou – entre 2018 e 2022 – R$ 134 milhões para comprar 56 tipos de itens de uma mesma companhia na Flórida (EUA).

A empresa, que não teve seu nome divulgado, foi contratada pela FAB para fornecer desde equipamentos de computação até livros e bolas de futebol aos militares, segundo o UOL.

Os desembolsos foram realizados a partir da representação da força em Washington. O escritório fez uma sequência de pagamentos quase diários à empresa ao longo de cinco anos, o chamou a atenção de órgãos de fiscalização, relata a mídia. Ainda tem muito para aparecer!!!!!!

Nicarágua aponta EUA como criminoso de guerra. O governo da Nicarágua, por meio de um comunicado no 20º aniversário da invasão militar do Iraque, condenou as ações dos EUA contra as nações do mundo e as qualificou como crimes contra a humanidade.

A declaração, assinada pelo presidente Daniel Ortega e pela vice-presidente Rosario Murillo, lembrou que a invasão do Iraque em 20 de março de 2003 foi desencadeada pelo governo dos EUA com base em mentiras e embustes, que destruiu um país que avançava no desenvolvimento científico e na prosperidade. para seus habitantes.

Sublinharam que “nesta comemoração de sangue, suor e lágrimas, mas também de resistência heroica, juntamo-nos aos povos livres do mundo, para denunciar, rejeitar e condenar a audácia dos maiores assassinos da história recente da humanidade”

Venezuela aprova projeto contra corrupção! A Assembleia Nacional (AN) da Venezuela aprovou na terça-feira um projeto de acordo de apoio à luta contra a corrupção promovida pelo Governo do Presidente Nicolás Maduro.

Durante a sessão ordinária, o Projeto de Acordo de Apoio à Investigação e Combate à Corrupção empreendido pelo Governo da República Bolivariana da Venezuela, apresentado pelo Deputado Diosdado Cabello, foi aprovado por maioria qualificada.

Em seu discurso, o parlamentar disse que "esta não é uma batalha nova, é uma batalha histórica, uma batalha que estamos travando desde a Revolução Bolivariana. Devemos sempre lembrar nosso comandante Hugo Chávez, em quantas ocasiões nos chamou livrar-se dos anti-valores".

Além disso, destacou que o presidente Maduro está na vanguarda desta batalha desde o início.

O deputado afirmou que o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), os deputados do bloco da pátria, se comprometem a lutar contra os atos de corrupção em qualquer instância e “quem cair nessa situação deve assumir sua responsabilidade”.

“A Revolução Bolivariana não descansará na luta contra os corruptos, sejam eles quais forem, sejam eles quem forem e sejam quem forem”, disse o parlamentar e primeiro vice-presidente do PSUV.

Argentina volta ao Unasur. O presidente da Argentina, Alberto Fernández, informou nesta terça-feira que seu país retornará à União de Nações Sul-Americanas (Unasur) durante reunião com o Grupo Puebla e o Conselho Latino-Americano de Justiça e Democracia (Clajud).

O presidente insistiu que na “América Latina estamos todos no mesmo barco, e a construção da unidade deve deixar de lado o uso político, porque isso nos condena a mais adiamentos”.

Ao analisar a necessidade de “construir um bloco regional como mecanismo de autodefesa porque ninguém se salva sozinho”, o chefe de Estado valorizou que a presença do Brasil também fortaleceria a estrutura.

“Se Brasil e Argentina estiverem dentro, a Unasul terá outra potência e teremos que avançar para que todos os países irmãos retornem aos trilhos”, destacou Alberto Fernández.

Por sua vez, o ex-presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, Evo Morales, declarou que “a diversidade cultural é nossa riqueza, é nossa identidade para enfrentar as adversidades”.

Reforma trabalhista na Colômbia traz vantagens. O governo de Gustavo Petro enfrenta seu primeiro duro embate legislativo, com o início do debate sobre o projeto de reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Constitucionais da Câmara dos Deputados, na terça-feira (22).

O projeto foi protocolado dias atrás, em 16 de março, mas seu debate entre a opinião pública do país já está presente há semanas, visto que o governo e partidos da base aliada têm realizado uma forte campanha nos meios públicos e nas redes sociais para difundir as principais medidas contidas no texto.

Entre os aspectos mais destacados do texto original que tramita atualmente no Legislativo colombiano estão a redução da jornada de trabalho para oito horas e estabilidade para trabalhadores do setor público.

Outros pontos importantes incluídos na reforma são a redução da brecha salarial de gênero e ampliação dos direitos incluídos na licença maternidade e aumento do período de licença paternidade, além de sanções para casos de discriminação racial ou contra população LGBTQIA+.

A proposta do governo também busca regularizar os trabalhadores de plataformas digitais e garantir o direito a greve tanto para trabalhadores sindicalizados quanto para não sindicalizados.

Durante a apresentação do projeto ao Congresso, o presidente Petro afirmou que “quando transformarmos este projeto em lei, a Colômbia começará a se industrializar e se modernizar, com aumento real dos salários e dos direitos, e o mais importante, com os trabalhadores sentido os efeitos desse crescimento”.

O desafio do governo para aprovar a reforma não se reduz apenas à disputa contra uma oposição que, liderada pelo senador e ex-presidente Álvaro Uribe, ataca o projeto de Petro com um argumento bastante usual entre as direitas latino-americanas: “este projeto é desastroso para o país e nos leva ao caminho de nos tornarmos uma Venezuela”, disse o caudilho da extrema direita local, em suas redes sociais.

A direita contra Cristina! A vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, afirmou na terça-feira que os ataques e perseguições contra ela por parte do “partido judicial” se devem ao fato de setores progressistas buscarem a igualdade nas sociedades e lutarem por justiça social.

“Não nos perseguem porque somos populistas, nem de esquerda, nem de direita, nem de baixo, nem de cima”, disse a dirigente argentina durante sua participação no encontro Voluntad Popular y Democracia, organizado pelo Grupo de Puebla em Buenos Aires.

“Eles nos perseguem porque igualamos as sociedades, pela justiça social, pelo direito dos trabalhadores de participar ativamente do produto bruto do que produzem”, acrescentou Fernández de Kirchner, que foi presidente da Argentina de 2007 a 2015, e que uma decisão judicial que o proíbe de aspirar a uma nova candidatura eleitoral.

Fernández de Kircher disse que, embora corra o risco de ser presa, sua principal missão é reconstruir um estado democrático no país sob o lema da Constituição.

Argentinos marcham lembrando o golpe militar. Organizações de direitos humanos, centrais sindicais e grupos sociais e políticos se mobilizaram na sexta-feira nas principais cidades da Argentina para comemorar o Dia Nacional da Memória, pela Verdade e Justiça, no 47º aniversário do início da última ditadura no país sul-americano.

Em Buenos Aires, a marcha convocada pelas Avós da Praça de Maio e Mães da Praça de Maio iniciou às 14h00 (hora local) da Avenida de Maio.

Outra marcha organizada pela Coordinadora Encuentro Memoria, Verdad y Justicia começou a partir do Congresso do país às 12:00.

Além de lembrar os mais de 30 mil cidadãos que foram detidos, torturados, assassinados e desaparecidos à força durante a última ditadura, os mobilizados exigem a continuidade dos processos judiciais contra os responsáveis ​​pelos crimes contra a humanidade perpetrados naqueles anos.

Nossa América se une (1). O tradicional evento de celebração do Dia do Mar, no qual a Bolívia reivindica uma saída marítima para o país como a que possuía até sua derrota na Guerra do Pacífico (1879-1883), o principal tema acabou sendo outro: a exploração do lítio.

Em discurso realizado na manhã desta quinta-feira (23/03), o presidente do país, Luis Arce, afirmou que os projetos do seu governo contam com a possibilidade de se criar uma “OPEP do lítio”, com poderes de controlar o preço mundial desse mineral, como faz a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) com o chamado “ouro negro”.

“Nosso lítio deve possibilitar o avanço no caminho da nossa plena independência. Gravitar no mercado de maneira soberana, com preços que beneficiem as nossas economias [dos países latinos], e uma das formas para isso é a que me planteou o presidente Andrés Manuel López Obrador, que é a de criar uma espécie de ‘OPEP do lítio’”, revelou o mandatário boliviano.

Segundo Arce, os planos para a criação dessa possível organização devem incluir em breve convites para que Argentina, Peru e Chile sejam parte da iniciativa.

Nossa América se une (2). O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, viajou à Venezuela na tarde de quinta-feira (23) e se reuniu com o mandatário Nicolás Maduro. Em sua quarta visita ao país desde que tomou posse, Petro discutiu com seu homólogo venezuelano a convocação de um encontro de países amazônicos, proposta que já foi respaldada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Criada em 1995, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) é formada por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Ela deve ser reativada após sinalizações positivas de Brasília, Bogotá e Caracas.

A realização de uma cúpula da OTCA foi citada por Lula antes mesmo de ele ser empossado. Quando o petista esteve no Egito, em novembro do ano passado, para participar da COP27, ele mencionou suas intenções de retomar o diálogo com países vizinhos para combater o desmatamento na floresta Amazônica.

Petro e Maduro também já haviam falado sobre a importância da Organização durante suas participações na Conferência Climática do ano passado.

Brasil, Colômbia e Venezuela possuem, juntos, mais de 70% da floresta Amazônica. Para analistas, a agenda de cooperação ambiental na região deve dominar os debates de integração regional, principalmente porque pela primeira vez os três países são governados ao mesmo tempo por presidentes de esquerda.

Dois bilhões de pessoas sem água! Durante a semana, no dia 22 (Dia Mundial da Água) escrevi um artigo sobre o tema. No dia seguinte leio uma surpreendente revelação feita pela ONU. Uma declaração conjunta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta que cerca de 2 bilhões de pessoas carecem de água potável no mundo, pouco mais de três décadas após a declaração do dia 22 de março como o Dia Mundial da Água.

A declaração também afirma que "3,6 bilhões - quase metade da população mundial - usam serviços de saneamento que não tratam dejetos humanos".

A Conferência da Água da ONU, a primeira cúpula desse tipo em quase meio século, começou na quarta-feira em Nova York com um apelo à ação urgente para proteger os recursos hídricos e torná-los acessíveis a todos. Com água adequada e saneamento.

Maior banco alemão preocupa o sistema. Março pode se tornar um dos meses mais sombrios para o mercado bancário mundial depois da quebra do Silicion Valley Bank (SVB) e da crise do Credit Suisse. O Deutsche Bank AG, maior banco da Alemanha, é o novo foco de preocupação do setor depois que suas ações registraram o pior patamar dos últimos três anos.

O resultado foi fruto de um comunicado do banco alemão dizendo que planeja amortizar cerca de 1,3 bilhão de euros de dívida subordinada em 24 de maio, antes de seu vencimento em 2028. A direção do Deutsche Bank a decisão cumpre com “todas as normas regulatórias necessárias” e que arcará com 100% do seu valor nominal das suas obrigações, “com juros acumulados até à data de amortização”.

A baixa de 15% registrada nas ações do banco na sexta-feira (24) igualou o recorde negativo de março de 2020, quando o país vivia os primeiros dias da pandemia de coronavírus. O índice DAX da Bolsa de Frankfurt sofreu as consequências da crise bancária e fechou em queda de 1,86%.

A preocupação é que a crise do Deutsche Bank escale ao mesmo nível do suíço Credit Suisse, que obrigou o governo do país alpino a intervir não só com ajuda financeira, mas também negociando para que outro banco, o UBS, adquirisse a entidade em problemas.

Salvação para o Credit Suisse? O UBS, maior banco da Suíça, concordou em adquirir o Credit Suisse, entidade que sofreu perdas significativas esta semana em consequência da crise financeira desencadeada pela quebra do Silicon Valley Bank, dos Estados Unidos.

A informação foi confirmada pelo Banco Nacional da Suíça [o banco central do país alpino], que atuou em nome do governo suíço para buscar uma “solução que garantisse a estabilidade financeira e protegesse a economia suíça nesta situação excepcional”.

O comunicado em conjunto emitido por ambos os bancos admite que foi o Estado suíço que entrou em campo para se chegar a uma solução para o caso: afirma que os dois bancos possuem acesso irrestrito às facilidades outorgadas pelo órgão regulador e podem obter um empréstimo com status de credor preferencial em caso de falência, no valor de 100 bilhões de francos suíços.

Por sua parte, o Banco Nacional da Suíça enfatizou que a ajuda garantirá que o UBS e o Credit Suisse “terão a liquidez necessária, e que continuarão trabalhando em estreita colaboração com o governo federal suíço e a Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro, para garantir a estabilidade do sistema financeiro”.

O sistema bancário não é confiável! As autoridades dos EUA e da Europa não pararam de repetir nos últimos dias que o sistema bancário é sólido e que não é preciso se preocupar porque estão preparados para evitar que ele tenha problemas. Por várias razões, estão mentindo de forma descarada!

Bancos em todo o mundo estão falidos por definição. É materialmente impossível para eles devolverem aos seus clientes o dinheiro que depositaram em suas contas pela simples razão de que não o possuem. Se os bancos não quebram é porque conseguem fazer com que seus clientes acreditem que podem confiar neles e não ir rapidamente sacar seu dinheiro. Quando a perdem, como aconteceu recentemente com vários bancos nos EUA, com o Credit Suisse ou agora o Deutsche Bank AG, quebram imediatamente.

Mas há uma diferença, agora! Ao contrário de crises anteriores, parte da atual crise bancária está ligada ao esforço estadunidense em ajudar a Ucrânia. São milhões de dólares gastos com armas e munições para sustentar o regime de Zelensky. E esse dinheiro tem que sair de algum lugar. Se repararmos bem, as crises estão atingindo exatamente os países que mais estão investindo da crise ucraniana e seguindo as determinações da OTAN!

Vejamos um exemplo bem claro. O surgimento da minicrise bancária nos EUA nos traz algumas reflexões. O colapso do Silicon Valley Bank (SBV), um dos principais credores de empresas de tecnologia dos EUA, o 16º Banco no ranking mundial dos EUA e o primeiro grande banco a quebrar após a grande crise financeira de 2008, que desencadeou uma clássica corrida bancária nos chama a atenção. Por que um banco que envolve as principais empresas de alta tecnologia quando especialistas e militares estadunidenses dizem que os EUA estão perdendo a “guerra tecnológica” para a China?

A resposta do governo dos EUA foi imediata, o banco sofreu intervenção e apenas os depositantes foram salvos e não os investidores e acionistas, mas depois houve o fechamento repentino do Signature Bank of New York, que fez com que o presidente Biden, saísse na segunda-feira, dia 13, para dizer que os EUA farão “o que for preciso” para reforçar o sistema bancário e que “todos os americanos devem se sentir confiantes de que seus depósitos estarão lá quando precisarem deles”.

A ameaça russo-chinesa! Com a agitação civil em toda a Europa e o colapso dos bancos nos EUA e na Suíça, o fim da hegemonia ocidental pode estar próximo.

O jornalista e autor Jon Jeter e o autor, historiador e pesquisador Dr. Gerald Horne, em entrevista com o site Sputnik, falam sobre as oportunidades e os riscos de um novo mundo multipolar.

As relações cada vez mais estreitas entre a Rússia e a China anunciam uma nova “ordem mundial”, além de aumentar o risco de os EUA terem a chance de um confronto militar entre as potências nucleares.

A cúpula histórica do líder chinês, Xi Jinping, com o presidente russo, Vladimir Putin, inflamou a retórica de Washington, Londres e Bruxelas.

Jon Jeter observou como o ex-primeiro-ministro australiano Paul Keating criticou o acordo AUKUS para adquirir submarinos nucleares de ataque dos EUA e do Reino Unido para um possível confronto militar com a China.

Jon Jeter também ressaltou os protestos na França, em sua segunda semana, contra as tentativas do presidente Emmanuel Macron de forçar um aumento na idade de aposentadoria sem voto parlamentar.

Por sua vez, o Dr. Gerald Horne afirmou que a cúpula entre Xi Jinping e Putin, e a ampla estrutura internacional da China para a paz na Ucrânia, significam que uma “nova ordem mundial” está muito próxima.

Portugal vive crise no setor de habitação. Em Portugal, há pouca oferta de casas e apartamentos para venda e aluguel, e o preço dos que estão disponíveis no mercado imobiliário está cada vez mais alto. O impacto na vida das pessoas é enorme.

Há casos de jovens que trabalham, mas não têm capacidade financeira para pagar o aluguel e continuam na casa dos pais. Há lisboetas que foram viver longe da capital portuguesa buscando um aluguel acessível, enquanto muitos imigrantes, inclusive brasileiros, estão procurando alternativas em cidades pequenas e longe dos principais centros urbanos.

Segundo dados do Ministério do Trabalho português, no ano passado, receberam remunerações inferiores a 1.000 euros mais de 50% dos trabalhadores. No caso dos jovens com menos de 30 anos, essa porcentagem subiu para 65%.

Como o aumento dos salários não acompanha a inflação, fica sempre muito difícil alugar um imóvel com baixa remuneração. Atualmente, em Lisboa, o aluguel de um apartamento com um quarto e em condições razoáveis para habitação fica em torno de 800 euros, o equivalente a cerca de 4.500 reais.

Manifestações aumentam na França. A França registrou um aumento na participação nas manifestações contra a reforma das aposentadorias na quinta-feira (23), nono dia de greves e protestos. De acordo com o Ministério do Interior, mais de um milhão de pessoas participaram de passeatas em todo o país, das quais 119 mil em Paris – um recorde desde o início da mobilização, em janeiro.

A participação em todo o país cresceu em relação ao oitavo dia de manifestações, em 15 de março, quando 480 mil pessoas saíram às ruas da França, segundo o ministério.

O recorde de manifestantes também foi batido em diversas cidades neste que foi o primeiro dia de mobilização após a aprovação do projeto de lei que, entre outras medidas, aumenta a idade a aposentadoria de 62 para 64 anos. O projeto foi adotado sem votação na Assembleia Nacional.

A decisão, anunciada na quinta-feira passada e confirmada na segunda com o repúdio de duas moções de censura contra o governo, deixou os opositores à reforma ainda mais revoltados. Desde então, centenas de pessoas, a maioria jovens, participam de protestos espontâneos, marcados pela queima de latas de lixo e denúncias de violência policial.

De acordo com a contagem da empresa de comunicação Occurrence, 83.000 pessoas se manifestaram em Paris. Já a Confederação Geral do Trabalho (CGT), maior sindicato da França, contabilizou 800 mil manifestantes na capital e 3,5 milhões em todo o país.

472 prisões em todo o país! A violência que marcou as manifestações contra a reforma das aposentadorias é a principal manchete dos jornais franceses na sexta-feira (24). O número de manifestantes aumentou em todo o país, assim como a radicalização de parte deles.

Em Paris, depois de um início pacífico, a manifestação descambou para a violência no final da tarde, no bairro da Ópera, onde 1.500 black blocs, de acordo com o ministro do Interior, Gérald Darmanin, incendiaram lixeiras e alvejaram policiais com pedradas e coquetéis molotov. As mesmas cenas de guerrilha urbana foram vistas em Rennes, Lyon e Bordeaux, que teve a porta da prefeitura, uma relíquia do século 18, incendiada. Em todo o país, a polícia deteve 472 manifestantes; 441 policiais e militares ficaram feridos.

Vinte e quatro horas depois de o presidente Emmanuel Macron dar uma entrevista à televisão, que deveria ter sido usada para apaziguar os ânimos, o que se viu foram centenas de incêndios em todo o país, e policiais em uniforme de Robocop, descreve o Le Monde.

Longe de perder adesão, o movimento social republicano leva novos manifestantes às ruas. A revolta não se limita mais ao conteúdo da reforma da Previdência, analisa o editorial do Libération, e visa agora o presidente da República. Jornalistas que cobriram os protestos em todo o país, inclusive da RFI, constataram uma aversão à personalidade de Macron, por sua escolha em adotar a reforma à força. "A entrevista desastrosa do presidente", prossegue o editorial, "vista por 10 milhões de franceses, agravou o clima social no país por afirmações belicosas e comparações duvidosas".

França pede adiamento da primeira viagem do rei Charles III. A visita de Estado do rei Charles III à França, prevista para iniciar neste domingo (26) até quarta-feira (29/03), está adiada, “dado o anúncio de um novo dia nacional de ação contra a reforma da Previdência” em 28 de março, anunciou o palácio do Eliseu francês nesta sexta-feira (24). O adiamento ocorreu a pedido do presidente Emmanuel Macron.

A decisão foi tomada “após uma conversa telefônica entre o presidente da República e o rei nesta manhã, de maneira a podermos receber Sua Majestade o Rei Charles III em condições que correspondam à nossa relação de amizade”, descreve um comunicado da presidência francesa. O texto esclarece que a a visita será remarcada “o mais rápido possível”.

O Palácio de Buckingham respondeu que “o rei Charles e Camilla estão ansiosos para ir à França assim que as datas puderem ser encontradas”. Na sequência, em meio à sua participação na Cúpula da União Europeia em Bruxelas, nesta sexta, Macron declarou que “ficaria chato propor para a rainha e o rei uma visita à França no meio das manifestações”.

Xi Jinping reafirma aliança com Rússia. O presidente da China, Xi Jinping, chegou na segunda-feira (20) a Moscou, capital da Rússia, em uma visita oficial para encontrar seu homólogo russo Vladimir Putin.

“Estou muito satisfeito com o convite do presidente Vladimir Putin para retornar à terra de nosso vizinho próximo com uma visita oficial. Em nome do governo e do povo chinês, dirijo sinceras saudações e os melhores votos ao governo e ao povo da Rússia” disse Xi.

Segundo o presidente da China, o desenvolvimento das relações sino-russas não só traz benefícios consideráveis para os povos dos dois países, mas também dá uma contribuição significativa para o progresso do mundo em geral.

Proteção ao direito internacional. Ao chegar ao aeroporto de Vnukovo, em Moscou, o líder chinês publicou sua declaração por escrito.

“Estou muito satisfeito com o convite do presidente Vladimir Putin para retornar à terra de nosso vizinho próximo com uma visita oficial. Em nome do governo e do povo chinês, dirijo sinceras saudações e os melhores votos ao governo e ao povo da Rússia”.

“A China e a Rússia são bons vizinhos e parceiros confiáveis, conectados por montanhas e rios [...] Durante estes dez anos, os laços biliterais foram fortalecidos e desenvolvidos com base no não alinhamento, não confrontação e não direcionalidade contra terceiros, criando um novo modelo de relações intergovernamentais no espírito de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação mutuamente benéfica”.

Segundo ele, o desenvolvimento das relações sino-russas não só traz benefícios consideráveis para os povos dos dois países, mas também dá uma contribuição significativa para o progresso do mundo em geral.

“Em um mundo muito intranquilo, a China está pronta para defender resolutamente com a Rússia um sistema internacional centrado na ONU, proteger uma ordem mundial baseada no direito internacional e nas normas fundamentais das relações internacionais, com base nos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, seguir um multilateralismo genuíno, promover a multipolaridade no mundo e a democratização das relações internacionais, favorecer o desenvolvimento da governança global em uma direção mais justa e racional”.

Putin fala das relações russo-chinesas. O presidente russo observou que a visita do líder chinês à Rússia é uma grande oportunidade para ele ver um bom velho amigo.

“Sinto-me feliz por me dirigir ao povo amigo chinês, na véspera da visita de Estado do presidente da China Xi Jinping, a partir das páginas de uma das maiores e mais prestigiadas publicações mundiais”.

De acordo com Putin, este evento significativo reafirma a natureza especial da parceria russo-chinesa, que sempre se baseou na confiança mútua e no respeito pela soberania e pelos interesses uns dos outros.

Em seu artigo, o líder russo observou que muitas coisas mudam no mundo durante última década, “e muitas vezes não foi para melhor, mas permaneceu o principal – a sólida amizade russo-chinesa, que está sendo consistentemente reforçada para o benefício e no interesse dos nossos países e povos”.

Ele observou que as relações entre a Rússia e a China atingiram o nível mais alto de sua história e continuam a se fortalecer, o progresso é impressionante.

O dólar e a guerra! Excelente o artigo de Pablo Gandolfo em Rebelión, com o título de “A guerra sustenta o dólar e o dólar sustenta a guerra!”

Em uma rápida síntese, o artigo diz que os EUA apostam na reindustrialização às custas da Europa. Enquanto isso, o dólar e os militares devem manter o país flutuando acima da lei da gravidade. Será possível? A crise financeira desencadeada em três bancos estadunidenses e a revolta do povo francês em defesa de seus direitos são capítulos nacionais de uma mesma batalha geoeconômica global.

A potência mundial dos EUA desde o fim da Segunda Guerra foi sustentada em uma tríade: sua capacidade industrial, o dólar e seu aparato militar. Em 1945 sua indústria estava intacta enquanto na Europa e no Japão começava a reconstrução. O mesmo vale para seu aparato militar, que sofreu menos estragos que seus rivais e parceiros-concorrentes. Indústria dominante em escala mundial, permitia manter um aparato militar avassalador, e a moeda emergente daquele sistema tinha força para se impor a outros países.

Desde então e ao longo dessas décadas, as indústrias do Japão, da Alemanha e, posteriormente, de outros países europeus, vêm ampliando sua participação no mercado mundial em detrimento da indústria estadunidense. Isso lhes foi permitido no contexto da Guerra Fria, porque os EUA precisavam desse sucesso econômico contra a União Soviética e porque aqueles que os lideravam eram —e são— dois derrotados, militarmente ocupados.

Ao final do artigo ele diz: “Há algo de irresponsável em prenunciar assuntos tão complexos, mas parece difícil não assumir que estamos acelerando em direção a um ponto de ruptura. É por isso que Joe Biden precisa enviar um orçamento de defesa recorde de US$ 842 bilhões ao Congresso”. E assegura que “O dólar sustenta o aparato militar”.

 

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