a
intervenção estrangeira na Síria
Duas
notícias, cuja fonte é a agência síria Dampress,
podem talvez carecer de confirmação mais exata - ainda não disponível -
nomeadamente quanto ao número de militares franceses presos em território
sírio. Mas fazem todo o sentido, sabendo-se que a “revolta” síria é comandada,
apoiada, armada e justificada pela máquina militar e midiática das grandes
potências. E como está sendo repetida na Síria a intervenção conjunta
França-Estados Unidos já ensaiada na ocupação da Líbia.
Militares
franceses detidos
O rumor circulava nos últimos dias nas redes sociais,
e agora é o sítio da agência de notícias síria Dampress
que anuncia. A detenção teria se dado na última segunda-feira, 20 de fevereiro:
“Os serviços especiais sírios prenderam, em
Zabadani, um batalhão francês de transmissões com um efetivo de 120 soldados”.
A agência de notícias acrescenta que “isto explica a nova mudança de tom de
Paris, que adota agora um perfil baixo com receio de que este caso afete a
campanha eleitoral de Nicolas Sarkozy. Alain Juppé ficou responsável pela
negociação com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov, de uma tentativa de solução
e da libertação dos 120 soldados franceses.”
Segundo a mesma fonte, “Sarkozy enviou um arsenal
militar aos opositores de Assad, mas as informações recolhidas pelos serviços
de informações franceses confirmam que a maior parte desse material caiu nas
mãos do exército sírio.”
Aviões não
tripulados
Segundo fontes militares norte-americanas
contatadas pela cadeia de televisão NBC, aviões não tripulados comandados à
distância (drones) estariam operando na Síria. Esses aviões serviriam para
recolher informações acerca das operações do exército do país visando fazer
frente aos ataques da “oposição” síria.
Além disso, o exército estadunidense estaria
colaborando na intercepção de comunicações do exército sírio com idêntica
finalidade. http://noalaguerraimperialista-madrid.blogspot.com/
Hillary
Clinton faz chamamento à guerra civil
A secretária de Estado dos Estados Unidos,
Hillary Clinton, fez neste domingo (26) um chamamento à guerra civil na Síria,
ao sugerir que a população das duas maiores cidades da Síria, Damasco e Aleppo,
se junte à luta dos bandos armados contra o governo do presidente Bashar Assad
em Homs, a terceira maior cidade do país.
Usando gestos histriônicos e linguagem caricata, a
responsável pela política exterior do imperialismo norte-americano afirmou que
"um massacre horrível" está em curso em Homs e pediu o apoio do resto
da população síria à oposição.
Em entrevista à BBC, a secretária de Estado
americana admitiu que uma intervenção estrangeira na Síria não é possível no
momento e hipocritamente disse que seu chamamento é justamente “para evitar a
guerra civil”.
A secretária de Estado norte-americana também
voltou a criticar a Rússia e a China por seus vetos a uma resolução contra a
Síria no Conselho de Segurança da ONU.
"Eles são livres para negociar a qualquer
momento para tentar terminar com isso, mas o que posso ver é que suas
negociações servem apenas para reforçar as tendências e as ações já existentes
de Assad. As ações desses países são muito preocupantes, porque eles poderiam
ser parte da solução", afirmou.
Para ela, se esses países não estivessem apoiando o
governo sírio, Assad estaria mais pressionado a deixar o poder.
"Se eles tivessem se juntado a nós no Conselho
de Segurança, acho que teríamos mandado uma mensagem muito forte a Assad de que
ele precisaria começar a planejar sua saída, e as pessoas em seu entorno, que
já estão se protegendo, começariam a fazer o mesmo", afirmou.
As declarações da secretária de Estado no mesmo dia
em que milhões de sírios, atendendo ao apelo do governo, comparecem às urnas
para referendar a nova Constituição, revela que os imperialistas estadunidenses
acusaram o golpe. Assad, acusado de ditador, fez uma jogada política
inteligente para legitimar seu regime, ao passo que os Estados Unidos, que se
apresentam como paladinos da democracia, deixam patente seu desprezo para com a
vontade popular e os sinais de evolução política na Síria.
Assad acenou não só com a aprovação de uma
Constituição democrática, como também está levando adiante um plano de reformas
integrais que contemplam reivindicações da própria oposição.
A titular do Departamento de Estado - que pretende
superar em truculência e unilateralismo a chefe da diplomacia de Bush,
Condoleezza Rice, patrocinadora do massacre ao Líbano, mas também derrotada
pelas armas do Hezbolá (Líbano) – demonstrou todo o seu nervosismo com as
posições de Rússia e China, que em boa hora decidiram retificar o erro crasso
que cometeram ao facilitar o ataque à Líbia, quando aprovaram no Conselho de
Segurança da ONU uma resolução a favor do uso da força contra o país
norte-africano em caso de “violação” da “Zona de exclusão aérea”.
Washington percebe que a oposição desses dois
grandes atores globais aos seus planos agressivos no Oriente Médio é um sinal a
mais do isolamento estadunidense, que permanece falando sozinho na companhia
apenas de alguns aliados da União Europeia e de regimes fantoches da região,
como a Arábia Saudita e o Catar.
Na última sexta-feira (24) sob o pomposo nome de
encontro dos países “amigos” da Síria, realizou-se um convescote na Tunísia,
onde esses “muy amigos” revelaram-se como verdadeiros inimigos, voltando a
bater na tecla surrada da derrubada de Assad e do apoio incondicional aos
bandos armados que aterrorizam a população síria.
O governo sírio está dando sinais de que não fecha
a porta ao diálogo, não ignora as críticas nem as deficiências do regime. Dá um
passo construtivo ao realizar o referendo constitucional e opor em prática o
plano de reformas integrais. A intolerância vem do imperialismo, em seu afã de
controlar a região do Oriente Médio, essencial no quadro de sua estratégia para
exercer o domínio mundial. O problema, para os imperialistas, é que a realidade
muda velozmente. Há fenômenos novos na resistência e luta dos povos, há
protagonistas regionais, como o Irã, que se opõem aos Estados Unidos e Israel,
seu incondicional aliado e cabeça de ponte. E há potências no Conselho de
Segurança que não se mostram dispostas a dar luz verde às ações agressivas de
Washington.
A crise síria e as pressões sobre o Irã por parte
das potências imperialistas estão afigurando-se como os principais temas da
agenda de conflitos internacionais. Em torno desses temas vão deslindando-se os
alinhamentos de forças e logo se verá quem é quem. As forças progressistas e
anti-imperialistas no mundo não são indiferentes ao posicionamento do Brasil.
A luta de fundo é sempre a mesma. De um lado o
imperialismo, de outro os povos, em busca de soberania e autodeterminação.
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