Número
500!
Companheiros.
No dia 6 de Outubro de 2003 foi enviado para um pequeno
grupo de companheiros o primeiro número do nosso Informativo Semanal com este
nome. Antes eu já havia produzido dois outros materiais, também semanais, com
informações sobre a conjuntura, mas só em 2003 a idéia começou a tomar uma
dimensão mais geral.
Naquele número já notificávamos os efeitos de uma crise
que se anunciava dentro do sistema capitalista. Em uma matéria única,
mostrávamos que os chamados “gigantes” da indústria estadunidense estavam em
crise e que jogavam sobre os trabalhadores todo o peso dos desmandos
neoliberais. Mostramos as demissões de trabalhadores na Ford e na Chrysler,
empresas de ponta da economia estadunidense, e os efeitos da crise mundial
sobre os trabalhadores em cada parte do planeta.
Curiosamente, no mesmo número noticiávamos pela
primeira vez a formação de um grupo de países “em desenvolvimento”, o G22,
liderado por Brasil e Índia, para defenderem os seus interesses agrícolas
contra os subsídios que os países ricos dão aos seus produtores. Aquela reunião
comandada pelo novo governo brasileiro derrubou e decretou o fim da reunião
ministerial da OMC, em Cancún. A partir daquele momento houve uma mudança no
jogo de forças da economia mundial, até o surgimento do BRIC (Brasil, Rússia,
Índia e China), grupo que hoje é parte do centro de decisões.
Curiosamente, naquele mesmo número 01 do nosso
Informativo comentávamos que o governo estadunidense estava preocupado com sua
imagem no mundo. Uma pequena estudante estadunidense, entrevista por um canal
de TV em Nova Iorque, havia feito uma pergunta ao então presidente W. Bush:
“por que nos odeiam tanto?”. O tema se tornou tão preocupante que o governo
convocou um seminário, realizado em Washington, e Bush criou um comitê especial
de assessores da Casa Branca para analisar “por que cresce no mundo o antagonismo
aos EUA”.
Dez anos depois, creio que os assuntos ainda são
atuais. A crise do sistema se agravou e se estendeu pelo planeta, enquanto as
ações estadunidenses contra a humanidade vão mostrando cada vez mais o motivo
de serem tão odiados.
Um abraço a todos os companheiros que semanalmente
acompanham o nosso Informativo.
• Livro conta
assassinatos de trabalhadores rurais. O livro “Camponeses Mortos e Desaparecidos:
Excluídos da Justiça de Transição”, lançado no dia 24 de maio pela Secretaria
de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), pretende auxiliar a
Comissão Nacional da Verdade no reconhecimento oficial de 1.196 casos de assassinatos
e desaparecidos no campo de 1961 a 1988, em função das diversas formas de
repressão política e social. Esse período foi estabelecido na Lei 9.140/1995,
que reconhece que pessoas foram perseguidas e assassinadas pela ditadura
militar (1964-1985).
Para o secretário de Política Agrária da CONTAG, Zenildo Pereira Xavier,
esta obra é importante porque esclarece muitos casos. “Muitos companheiros(as),
ao longo da ditadura militar, perderam suas vidas na luta pela distribuição de
terra e democratização do país. Além de contar uma história, esse livro aponta
fatos que até hoje acontecem porque os trabalhadores e as trabalhadoras rurais
persistem em combater o latifúndio.”
Apesar de o livro apresentar um número expressivo de vítimas, apenas 51
casos foram analisados pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos
Políticos e, desses, 29 tiveram a causa da morte relacionada à questão
Política. O dirigente da CONTAG entende que o Estado brasileiro deve investigar
todos os casos identificados na pesquisa realizada pela SDH/PR. “É preciso
fazer justiça a todos os trabalhadores e lideranças assassinadas e suas
famílias”. (FONTE: Imprensa CONTAG -
Verônica Tozzi - com informações da Agência Brasil)
• Vergonha
brasileira.
A Anistia Internacional confirmou na
terça-feira (04) que gás lacrimogêneo produzido no Brasil tem sido usado pela
polícia turca para dispersar manifestantes nos protestos dos últimos dias. A
organização condenou o uso do gás contra os manifestantes.
“Canhões de água e gás lacrimogêneo não deveriam ser usados contra
manifestantes pacíficos. Estamos particularmente preocupados com o uso de gás
lacrimogêneo em ambientes confinados, que representa um grande risco para a
saúde”, disse o diretor da Anistia Internacional para Europa e Ásia Central,
John Dalhuisen, em comunicado divulgado na segunda-feira (03).
A empresa Condor Tecnologias Não Letais, sediada na Baixada Fluminense,
confirmou que fornece gás lacrimogêneo para a polícia turca e que é a única
fornecedora brasileira desse tipo de armamento para a Turquia.
No final de 2011, ativistas já haviam relatado que gás lacrimogêneo
brasileiro estava sendo usado contra manifestantes no Bahrein, provocando
inclusive vítimas fatais. A Condor negou que vendesse o produto ao país, apesar
de “fornecer produtos para mais de 35 países, inclusive países árabes”. No
entanto, “por obrigações contratuais de confidencialidade, a empresa não pode
informar detalhes de seus fornecimentos”. De acordo com a empresa, naquela
ocasião, o equipamento foi provavelmente usado por tropas de outros países árabes
que são clientes da empresa brasileira e ajudaram o governo baremita.
A atuação da polícia turca contra manifestantes foi
criticada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos,
que pediu às autoridades daquele país que investiguem abusos cometidos pelos
agentes.
• É uma vergonha!
(Matéria em Agência Brasil) Existe profissão de homem e de mulher? A maioria
dos estudantes do 3º ano das escolas públicas da cidade de São Paulo respondeu
que sim. O resultado faz parte de um trabalho feito pela organização Ação
Educativa com cerca de 500 alunos, em que 80% deles responderam afirmativamente
à questão, mostrando que os valores de gênero norteiam as escolhas
profissionais dos jovens.
A assessora do Programa Juventude da Ação Educativa,
Raquel Souza, que faz parte do projeto, diz que os motivos das respostas
variam. Alguns estudantes acham que mulheres têm características que favorecem
o desempenho delas em profissões de cuidado, já os homens estariam mais aptos
ao raciocínio e a atividades que demandam vigor físico. “Mesmo que as coisas
tenham mudado muito nas relações de gênero e mesmo que as mulheres ocupem
posições de poder, ainda há um estereótipo em relação a qual lugar as mulheres
deveriam ou estariam mais aptas a ocupar”, diz Raquel.
• Golpistas paraguaios a serviço dos EUA. Em um número anterior do nosso Informativo já falamos
do envolvimento dos golpistas paraguaios com narcotraficantes, inclusive
brasileiros, e suas perigosas relações com o contrabando na região. Mas agora
eles estão também fazendo o “jogo sujo” da CIA que se esforça para
desestabilizar os governos populares em nosso continente.
O Senado do Paraguai acaba
de aprovar uma declaração de solidariedade a deputados venezuelanos de direita
que comandaram os protestos contra a posse do presidente eleito, Nicolás
Maduro, e reivindicou que o governo peça a intervenção da OEA (Organização dos
Estados Americanos) na Venezuela. Na declaração, o Senado paraguaio expressa
“sua solidariedade com os membros da Unidade Democrática Venezuelana”.
• No Chile, lei para anistiar assassinos. (Matéria em Opera Mundi) Era mais um monótono final da tarde de terça-feira (04/06) em Valparaíso
e o Congresso Nacional chileno já estava vazio quando os deputados governistas
Jorge Ulloa e Mario Bertolino protocolaram silenciosamente um projeto de lei
que prevê a aplicação da Lei de Anistia a todos os civis e militares condenados
por crimes de violação aos direitos humanos ocorridos durante a ditadura de
Augusto Pinochet (1973-1990).
A descoberta desse projeto por parte da imprensa local e internacional,
porém, causou um barulho muito maior do que os seus autores talvez esperassem.
A iniciativa, que deverá ser analisada pela Comissão de Constituição e
Justiça, defende a plena vigência da Lei de Anistia, decretada por Pinochet em
1978 e que estabelece a prescrição imediata aos abusos cometidos durante o seu
governo. Apesar de essa medida nunca ter sido revogada, a maioria dos juízes
chilenos tem se baseado em tratados internacionais assinados pelo país para
condenar violadores dos direitos humanos.
• Colômbia pretende entrar na OTAN. Este é um momento muito difícil para a América Latina
e mostra que as táticas estadunidenses contra os países da região estão sendo
levadas a cabo com muita astúcia. Entre os poucos países da região que ainda se
submetem aos desígnios de Washington, a Colômbia continua sendo o capacho mais
submisso e agora se prepara para trazer para a região a aliança militar que
serve como braço de ação da política estadunidense.
No sábado (31), o presidente colombiano, Juan Manuel
Santos, anunciou que seu país assinará um acordo de cooperação com a OTAN e
está preparando sua entrada na organização.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou
que com esta atitude, a Colômbia “quer colocar dinamite na medula das
conquistas na união da América Latina, do Caribe, da América do Sul”.
“Justamente quando a região procura uma maior unidade
através da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), é
preocupante que estejam sendo tomadas iniciativas para buscar dividir e
debilitar o processo”, afirmou, por sua vez, o presidente da Nicarágua Daniel
Ortega.
O mandatário boliviano, Evo Morales, também se
pronunciou e pediu pronta ação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para
evitar que tal cooperação prospere: “Não podemos permitir que a Otan interceda
na América Latina. Ter a Otan é uma ameaça para o nosso continente”, advertiu.
• Quem tem o dinheiro?
Muito interessante o relatório lido pelo senhor Branko Milanovic, economista do Banco
Mundial. Segundo o informe que ele apresentou para a revista “Global Policy”, ele demonstra a enorme desigualdade de
rendimentos existente no mundo moderno e diz que apenas 8% da população do
planeta, os mais ricos, ficam com 50% de toda a renda produzida no mundo.
O
relatório mostra que, em 2011, a renda anual (PIB per cápita, em dólares)
variou de 231 dólares, na República Democrática do Congo, a 171.465 dólares, em
Mônaco. O segundo país mais pobre do planeta é Burundi, com uma renda anual de
271 dólares.
• 19 milhões de desempregados na Eurozona. Os dados são oficiais e divulgados pelo centro de estatísticas
europeu mostrando que o desemprego cresceu significativamente no início deste
ano se comparado ao primeiro trimestre de 2012. O desemprego na zona do euro
alcançou a impressionante cifra de 19 milhões de pessoas, segundo o Eurostat.
Em todo o continente europeu
o número de desempregados já chegou a 26,58 milhões de pessoas, mostrando a
gravidade da atual crise.
• Ainda a recessão econômica na
Eurozona. O
escritório de estatísticas da Comissão Europeia, Eurostat, confirmou que a
economia da Eurozona caiu 0,2% durante o primeiro trimestre do ano. O país mais
afetado foi o Chipre, com uma recessão de -1,3%. Segundo o Eurostat, 8 dos 17
países do bloco estão em recessão: Espanha, França, Itália, Chipre, Holanda,
Portugal, Eslovênia e Finlândia. De acordo com os dados divulgados, a França caiu
-0,2%, a Espanha caiu -0,5% e a Itália -0,5%. As maiores quedas foram no Chipre
(-1,3%), Estônia (-1%) e República Checa (-0,8%).
• PIB português
encolhe 4%.
A economia de Portugal continua a reduzir de tamanho. Dados divulgados pelo INE
(Instituto Nacional de Estatísticas) na quarta-feira (05), dia em que o governo
de Pedro Passos Coelho completou dois anos de mandato, revelam que o PIB de
Portugal caiu em 4% de janeiro a março deste ano na comparação com o mesmo
período do ano passado, que já era recessivo.
Esse é o nono trimestre
consecutivo em que a riqueza nacional do país sofre redução. Em 2011, a
recessão chegou a 1,6% e, em 2012, houve queda de 3,2%. Juntamente com o PIB, o
INE divulgou que a procura interna (consumo das famílias e das empresas) caiu
6,4% e o emprego teve queda de 5,2%.
• FMI admite erros na
Grécia. O FMI (Fundo Monetário Internacional) admitiu na quarta-feira (05) ter
cometido “erros notáveis” no planejamento de concessão de empréstimos para
minimizar a crise econômica na Grécia. A instituição também diz ter subestimado
os efeitos negativos das políticas de austeridade no país.
As informações estão contidas em um documento “estritamente
confidencial” ao qual The Wall Street Journal teve acesso. Durante os
últimos três anos, afirmou-se que a dívida grega era sustentável, mas, segundo
o documento, as incertezas que rondavam os planos da troika (que, além do FMI,
também inclui Comissão Europeia e Banco Central Europeu) eram “significativas”.
“Houve notáveis erros. A confiança dos mercados não foi restaurada, o
sistema bancário perdeu 30% dos depósitos e a economia enfrentou uma recessão
muito mais profunda que o previsto, com um desemprego excepcionalmente alto”,
indica o FMI.
• Europa contra a
“Troika”.
As manifestações convocadas por várias entidades europeias, no sábado (01/06),
contra as medidas da “Troika” (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI)
mostraram a força da reação popular contra a situação em que a região está
sendo lançada pelas medidas de “austeridade” que só estão levando desemprego e
pobreza para os trabalhadores.
Na Alemanha, cerca de 20.000
pessoas se reuiniram em Frankfurt (onde está a sede do Banco Central Europeu)
para uma manifestação contra as receitas neoliberais. O protesto foi convocado
pelo movimento Blockupy (versão alemã do “Occupy Wall Street”) e terminou com
violenta repressão policial. Ainda assim, os manifestantes comemoraram o êxito
do protesto pois conseguiram fechar todo o centro da cidade, bloqueando a
entrada do BCE e também de centenas de grandes instituições financeiras,
empresas e corporações.
Na Alemanha, todos os
protestos foram coordenados e estiveram somados ao movimento “Povos unidos
contra a Troika”, que mobilizou Portugal, Espanha, França, Bélgica, Grécia,
Irlanda, Reino Unido e Croácia.
Em Portugal o movimento foi
coordenado pelo movimento “Que se lixe a Troika” e conseguiu mobilizar milhares
de pessoas em Lisboa e em outras cidades.
• Nos EUA, os bancos
continuam lucrando muito. O departamento de Finanças do
governo dos EUA divulgou na última semana um relatório que aponta o
desenvolvimento da atividade bancária no país. Nos primeiros três meses
de 2013, os bancos estadunidenses lucraram 40,3 bilhões de dólares. O valor
constitui um novo recorde: maior lucro trimestral da história das instituições
financeiras.
“Os bancos voltaram. Há quatro anos o sistema bancário
estava olhando para um abismo. E agora lucram largamente”, afirma o economista
Mark Zandi, especialista no sistema bancário, em entrevista ao jornal Washington Post.
Os valores divulgados revelam a retomada do poder dos
bancos nos EUA. Por exemplo, no primeiro semestre de 2009, após a turbulência
financeira ocasionada pela crise imobiliária em 2008, o lucro das instituições
bancárias chegou ao número de dois bilhões de dólares. Comparado ao primeiro
trimestre deste ano, o crescimento chega a cerca de 2000%.
Do outro lado da realidade
estadunidense está a classe média. Mesmo com leve baixa do desemprego registrada
no começo deste ano, o número de pessoas sem ocupação profissional é muito
maior atualmente do que antes da crise econômica. Os índices sociais também
continuam baixos, sem nenhum indicativo de melhora para os próximos anos.
• Protestos nos EUA terminam com
150 presos. A polícia
do estado da Carolina do Norte prendeu mais de 150 pessoas que participavam de
um protesto na terça-feira (04). O movimento havia sido convocado para repudiar
os novos cortes nos gastos sociais aprovados pelo Partido Republicano que
governa o estado.
A “Associação Nacional para Defesa da Gente de Cor”
(NAACP – sigla em inglês) havia convocado o protesto e milhares de pessoas se
concentraram nas proximidades do edifício onde funciona a Assembléia
Legislativa local para denunciar o “programa regressivo que esquece os pobres”.
Os prisioneiros estão sendo acusados de promoção da “desordem pública” e de
“desacatarem autoridades”. E ainda dizem que lá é o “país da liberdade”, não é?
• Governo estadunidense ouve milhões de conversas telefônicas. Reportagem publicada na quinta-feira (06) pelo jornal
inglês The Guardian mostrou
que a administração Obama está espionando a população do país com a justificativa
da “guerra ao terror” e amparado no "Patriot
Act", controversa lei aprovada em 2001
que suprime as liberdades civis.
Segundo o Guardian,
a NSA (sigla em inglês de Agência de Segurança Nacional) dos EUA
criou um banco de dados com ligações telefônicas e mensagens de voz de milhões
de cidadãos, coletados de pessoas que utilizam o serviço da operadora Verizon –
uma das mais populares no país. O jornal obteve cópia de uma ação judicial
sigilosa da NSA.
A ordem da administração
Obama para espionagem foi dada no dia 25 de abril deste ano, autorizando as
autoridades policiais a terem acesso ilimitado ao local, duração e conteúdo de
uma ligação, assim como mensagens de voz. A medida não se restringe ao
território estadunidense: todos os usuários da operadora Verizon no exterior
podem ter tido seus registros telefônicos interceptados pelo governo.
Horas após o anúncio feito
pelo Guardian, a Casa Branca reconheceu que monitorou milhões de clientes
de telefonia fixa e móvel da operadora Verizon. O governo, em nota oficial, se
justifica dizendo que é “uma ferramenta muito importante para proteger o país
de ameaças terroristas”.
• Até na internet! Algumas das empresas mais conhecidas e importantes da
internet foram obrigadas a ceder dados de clientes para o governo dos EUA, de
acordo com novo documento revelado pela imprensa internacional. Entre as
companhias que tiveram seus sistemas acessados pela NSA (sigla em inglês de
Agência de Segurança Nacional) estão Google, Facebook, Microsoft, Yahoo, Skype
e YouTube.
De acordo com documento divulgado pelo The Guardian, uma
apresentação de Power Point com 41 slides, os grampos eram realizados
“diretamente dos servidores” das maiores empresas dos EUA e incluíam e-mails, arquivos
anexados, vídeos e conversas online.
A obtenção compulsória dos dados foi iniciada na
Microsoft, em 2007, ainda sob o governo de George W. Bush. Sob a gestão de
Barack Obama, no entanto, a prática foi intensificada e passou a atingir um
número maior de companhias.
• Vigiando
operadoras telefônicas e companhias de cartões de crédito. O escândalo de grampos e
investigações secretas do governo dos EUA sobre sua própria população chegou ao
seu terceiro episódio na sexta-feira (07): além de agentes de inteligência
terem acesso irrestrito a registros de
chamadas da operadora Verizon e aos dados de clientes das principais empresas de internet no mundo,
eles também obtêm informações das duas maiores companhias telefônicas do país,
AT&T e Sprint, e de fabricantes de cartões de crédito.
De acordo com o jornal The
Wall Street Journal, que cita fontes ligadas à NSA (Agência Nacional de Segurança
dos EUA), essa divisão tem acordos com a AT&T e Sprint similares ao da
Verizon, revelado nesta semana pelo jornal britânico The Guardian.
Segundo o Wall Street
Journal, o acordo com as três maiores operadoras de telefone do país afeta
a maioria dos estadunidenses e significa que “cada vez que se faz uma chamada,
a NSA consegue um registro da localização, o número contatado, a hora da
chamada e a duração da conversa”. Tudo isso no mesmo dia em que o presidente
dos EUA, Barack Obama, veio a público para garantir que as conversas dos
cidadãos estadunidenses comuns não estavam sendo monitoradas.
A AT&T, maior companhia telefônica do país, tem
107,3 milhões de clientes de celular e 31,2 milhões de telefone fixo; a Verizon
tem 98,9 milhões de telefonia móvel e 22,2 milhões de fixo; a Sprint tem 55
milhões de clientes no total.
• Obama defende
programas de espionagem. O presidente Barack Obama
assegurou na sexta-feira (07) que os programas de espionagem de telefonemas e
de dados dos usuários de grandes empresas da internet contam com um
“amplo apoio bipartidário” no Congresso e são continuamente supervisionados.
Obama disse na Califórnia que essas estratégias "ajudam a prevenir ataques
terroristas” e foram revisadas por sua equipe de assessores, pelo Congresso e
pelo Poder Judiciário.
Segundo o presidente, “não se pode ter 100% de
privacidade e 100% de segurança”. Em sua opinião, o governo conseguiu manter “o
equilíbrio adequado” no acesso à vida dos cidadãos.
• Na Filadélfia,
governo fecha escolas e manda construir prisão! A matéria está em Opera
Mundi e parece uma piada, mas é a pura realidade. A Prefeitura da Filadélfia, nos EUA, anunciou em março
que 23 escolas públicas da cidade irão encerrar suas atividades. A medida faz
parte de um pacote de cortes de gastos públicos que prevê, entre outras coisas,
o desligamento de 3 mil funcionários ligados às áreas de educação e cultura.
Mas, em compensação, a imprensa estadunidense revelou na quarta-feira (05) que
a cidade investe na construção de uma penitenciária estadual estimada em 400
milhões de dólares.
O diretor das escolas
públicas da Filadélfia, William R. Hite Jr, considera o corte uma “catástrofe à
comunidade pobre” e aponta o paradoxo da situação. “Pedi para que o governo
estadual nos ajudasse a manter as escolas funcionando, mas não fui atendido.
Eles preferem investir em uma penitenciária”, afirma William Hite em entrevista
à imprensa dos EUA.
O fechamento das escolas
atinge em cheio a comunidade negra e as camadas populares da Filadélfia. Segundo
informações oficiais, 81% dos estudantes negros da cidade, 11% dos latinos e
93% de baixa renda serão afetados com a medida. Em contrapartida, apenas 4% dos
alunos brancos serão prejudicados.
No entanto, segundo o portal Dispatches from the
Underclass LikeLike , a nova penitenciária terá cerca de 800 lugares a mais que
o antigo local e, além disso, o prédio anterior não será demolido - passará
apenas por uma reforma.
No fundo, faz sentido a medida do governo. Se o governo
fecha escolas, provavelmente essas crianças vão ter mais tempo nas ruas. Tendo
mais tempo nas ruas, provavelmente algumas podem cometer delitos. Se vão
cometer delitos, bom mesmo é ter mais prisões! Faz sentido, não é?
• Começa julgamento
de Bradley Manning. O soldado estadunidense Bradley
Manning, que vazou centenas de milhares de documentos diplomáticos
confidenciais dos EUA ao Wikileaks, começou a ser julgado na segunda-feira (03)
por um tribunal militar no Forte George Meade, Estado de Maryland. Está
previsto que o julgamento, presidido pela juíza militar Denise Lind, dure até
23 de agosto.
Centenas de pessoas se
concentraram nas proximidades do forte para protestar contra o julgamento e defender
o soldado que é considerado um herói pelos manifestantes e defensores da
liberdade de expressão. Muitos cartazes dos manifestantes pedem a premiação de
Manning ao Prêmio Nobel da Paz.
Entre o material que ele
entregou para divulgação estão vídeos de ataques aéreos com vítimas civis, mais
de 250 mil correspondências diplomáticas de conteúdo sigiloso de quase todas as
representações diplomáticas estadunidenses o Departamento de Estado e
relatórios militares das guerras do Iraque e do Afeganistão
Manning está preso há três
anos e já se declarou culpado de dez das 22 acusações contra ele, todas consideradas
mais leves. A principal acusação desse julgamento é a de “conluio com o
inimigo”, violação ao artigo 104 do Código Unificado da Justiça Militar
(principal legislação da justiça militar dos EUA), o que lhe poderá valer uma
condenação de prisão perpétua.
Um grupo de artistas, jornalistas e ativistas iniciou
uma campanha na internet em apoio ao soldado norte-americano Bradley Manning,
que está sendo julgado por repassar centenas de milhares de documentos diplomáticos
dos Estados Unidos ao site Wikileaks. A campanha “Eu sou Bradley Manning” é
realizada pelo mesmo grupo que afirma já ter reunido mais de 61 mil assinaturas
para candidatar o nome do militar ao Prêmio Nobel da Paz.
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