Assange e Snowden expõem novas falhas na espionagem dos EUA
9/12/2013 10:00
Por Redação, com agências internacionais - de Londres e Moscou
Por Redação, com agências internacionais - de Londres e Moscou
Asilados em países com os quais os EUA mantêm relações diplomáticas, mas não podem interferir no sistema jurídico ou político para exigir que sejam presos, o ex-espião norte-americano Edward Snowden e o editor do site WikiLeaks, Julian Assange, seguem na missão de expor, publicamente, novas falhas na espionagem de agências governamentais. Para Assange, provocar a debilitação do serviço de inteligência dos Estados Unidos foi uma grande vitória para as denúncias do portal que vazou documentos diplomáticos sensíveis que mostravam articulações controversas. A declaração foi citada pela emissora persa HispanTV, nesta segunda-feira.
– Se um pequeno editor é capaz de acertar um golpe contra o Pentágono (o Departamento de Defesa norte-americano), então fortes grupos políticos, de diferentes países, não deveriam ter motivos para temer os Estados Unidos como tinham antes. Se os Estados criam as suas agências de inteligência para controlar as pessoas, elas também têm direito de fazer o mesmo – enfatizou Assange, em entrevista ao diário esloveno Delo.
Segundo Assange, apesar do grande orçamento e dos recursos tecnológicos com os que contam as agências de inteligência dos Estados Unidos, existem evidências concretas sobre a incompetência deste sistema. Para o jornalista australiano, os funcionários dos centros de inteligência e vigilância “não são, em absoluto, como James Bond”, e sua maioria é composta por “empregados de escritório que sonham com as suas próximas férias”.
Assange comparou esses órgãos governamentais a “insetos sórdidos e repulsivos que começam a correr de pânico quando levantam a pedra sob a qual se escondiam da luz do dia”, e disse que a prosperidade dos seus funcionários só é alcançada na sombra. Em referencia à sua decisão de candidatar-se ao Parlamento da Austrália, fracassada por não conseguir votos suficientes nas eleições do passado 7 de Setembro, Assange destacou que deve aparecer no Senado como “um espião e trabalhar pelo bem das pessoas.”
Assange está asilado na Embaixada do Equador no Reino Unido, para evitar a extradição à Suécia, sob a acusação de delitos sexuais que nega veementemente, e possivelmente aos Estados Unidos, onde pode enfrentar julgamento por espionagem e ser imputado com graves penas, inclusive a de morte.
Novos limites
Enquanto Assange conversava com jornalistas, em Londres, oito gigantes norte-americanas da Internet se uniram em uma campanha por novos limites sobre como os governos coletam informações de usuários, em reação às preocupações acerca da crescente vigilância eletrônica, nesta manhã. As companhias – Google, Microsoft, Apple, Facebook, Twitter, LinkedIn, Yahoo e AOL – divulgaram uma carta aberta ao presidente dos EUA, Barack Obama, e ao Congresso norte-americano pedindo que promovam reformas e restrições a atividades de vigilância.
Documentos vazados pelo ex-técnico de inteligência Edward Snowden revelaram que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) invadiu e provavelmente teve algumas dessas companhia como alvo de espionagem, o que levou Microsoft, Google e Yahoo a aumentar a criptografia de seus dados. Na carta, as companhias dizem compreender a necessidade dos governos protegerem a segurança de seus cidadãos, mas acreditam que as leis e práticas atuais precisam de reformas.
A campanha das empresas pela reforma na vigilância dos governos detalha cinco preocupações principais, incluindo a limitação ao poder dos governos em coletar informações de usuários, transparência sobre solicitações governamentais e a prevenção a conflitos entre governos. Obama disse na semana passada ter a intenção de propor uma reforma da NSA para assegurar aos cidadãos norte-americanos que a privacidade deles não está sendo violado pela agência.
“A segurança dos dados de usuários é crítica, razão pela qual nós investimos tanto em criptografia e lutamos por transparência acerca de solicitações por informações pelo governo”, diz um trecho da carta replicado pelo presidente-executivo do Google, Larry Page, em sua página na Internet. ”Isso é afetado pela aparente coleta de dados no atacado, de maneira secreta e sem supervisão independente, conduzidas por muitos governos ao redor do mundo. É tempo de uma reforma e pedimos ao governo dos EUA que lidere este caminho”.
Em uma medida para acalmar usuários insatisfeitos, a Microsoft afirmou na semana passada que vai contestar judicialmente qualquer tentativa por parte de agências de inteligência dos EUA de acessar dados de clientes empresariais estrangeiros sob o julgo de leis de vigilância dos EUA.
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