O líder histórico da Revolução Cubana
marcou para sempre a história de seu país e da América Latina, transformando a
ilha em símbolo de dignidade e de resistência.
Salim Lamrani*
1. Procedente de uma família de sete
filhos, Fidel Castro nasceu no dia 13 de agosto de 1926 em Birán, na atual
província de Holguín, da união entre Ángel Castro Argiz, rico proprietário de
terras espanhol oriundo da Galícia, e Lina Ruz González, cubana.
2. Aos sete anos, ele se muda para a
cidade de Santiago de Cuba e vive na casa de uma professora encarregada de
educá-lo. Ela o abandona à própria sorte. “Conheci a fome”, lembraria Fidel
Castro e “minha família tinha sido enganada”. Um ano depois, ele entra no
colégio religioso dos Irmãos de la Salle, em janeiro de 1935, como interno.
Deixa a instituição para ir para o colégio Dolores, aos 11 anos, em janeiro de
1938, depois de se rebelar contra o autoritarismo de um professor. Segue sua
escolaridade com os jesuítas no Colégio de Belém em Havana, de 1942 a 1945.
Depois de uma graduação brilhante, seu professor, o padre Armando Llorente,
escreve no anuário da instituição: “Distinguiu-se em todas as matérias
relacionadas às letras. Excepcional e congregante, foi um verdadeiro atleta,
defendendo sempre com valor e orgulho a bandeira do colégio. Soube ganhar a
admiração e o carinho de todos. Cursará a carreira de Direito e não duvidamos
de que encherá de páginas brilhantes o livro de sua vida.”
3. Apesar de se exiliar em Miami, em
1961, por causa das tensões entre o governo revolucionário e a Igreja Católica
cubana, o padre Llorente sempre guardou uma lembrança nostálgica de seu antigo
aluno. “Me dizem: ‘o senhor sempre fala bem de Fidel’. Eu falo do Fidel que eu
conheci. Inclusive, [ele] uma vez salvou a minha vida e essas coisas não podem
ser esquecidas nunca”. Fidel Castro se jogou na água para salvar seu professor,
levado pela correnteza.
4. Em 1945, Fidel Castro entra na
Universidade de Havana, onde cursa a graduação de Direito. Eleito delegado da
Faculdade de Direito, participa ativamente das manifestações contra a corrupção
do governo do presidente Ramón Grau San Martín. Não vacila, tampouco, em
denunciar publicamente gangues vinculadas às autoridades políticas. Max Lesnik,
então secretário-geral da Juventude Ortodoxa e colega de Fidel Castro,
lembra-se desse episódio: “O comitê 30 de setembro [criado para lutar contra as
gangues] fez o acordo de apresentar a denúncia contra o governo e os gângsteres
no plenário da Federação Estudantil [Universitária]. No salão, mais de 300
alunos de diversas faculdades se apresentaram para escutar Fidel quando alguém
[...] gritou: ‘Aquele que falar o que não deve, falará pela última vez’. Estava
claro que a ameaça era contra o orador da vez. Fidel se levantou de sua cadeira
e, com passo lento e firme, se encaminhou ao centro do amplo salão, [...] e
começou a ler uma lista oficial com os nomes e todos e de cada um dos membros
das gangues e dos dirigentes da FEU que haviam sido premiados com suculentas
‘garrafas’ [cargos] nos distintos ministérios da administração pública.”
5. Em 1947, aos 22 anos, Fidel Castro
participa, com Juan Bosch, futuro presidente da República Dominicana, de uma
tentativa de desembarque da [expedição de] Cayo Confites para derrubar o
ditador Rafael Trujilo, então apoiado pelos Estados Unidos.
6. Um anos depois, em 1948, participa do
Bogotazo, revolta popular desatada pelo assassinato de Jorge Eliécer Gaitán,
líder político progressista, candidato às eleições presidenciais da Colômbia.
7. Graduado em Direito em 1950, Fidel
Castro atua como advogado até 1952 e defende as pessoas humildes, antes de se
lançar na política.
8. Fidel Castro nunca militou no Partido
Socialista Popular (PSP), partido comunista da Cuba pré-revolucionária. Era
membro do Partido do Povo Cubano, também chamado Partido Ortodoxo, fundado em
1947 por Eduardo Chibás. O programa do Partido Ortodoxo de Chibás é
progressista e se baseia em vários pilares: soberania nacional, independência
econômica pela diversificação da produção agrícola, supressão do latifúndio,
desenvolvimento da indústria, nacionalização dos serviços públicos, luta contra
a corrupção e justiça social por meio da defesa dos trabalhadores. Fidel Castro
reivindica seu pertencimento ao pensamento “martiano” (de José Martí),
chibasista (de Chibás) e anti-imperialista. Orador de grande talento, se
apresenta às eleições parlamentárias como candidato do Partido do Povo Cubano
em 1952.
9. No dia 10 de março de 1952, a três
meses das eleições presidenciais, o general Fulgencio Batista rompe a ordem
constitucional e derruba o governo de Carlos Prío Socarrás. Consegue o apoio
imediato dos Estados Unidos, que reconhecem oficialmente a nova ditadura
militar.
10. O advogado Fidel Castro apresenta
uma denúncia contra Batista por romper a ordem constitucional: “Se existem
tribunais, Batista deve ser castigado, e se Batista não é castigado [...], como
poderá depois este tribunal julgar um cidadão qualquer por motim ou rebeldia
contra esse regime ilegal, produto da traição impune?”. O Tribunal Supremo, sob
as ordens do novo regime, recusa a demanda.
11. No dia 26 de julho de 1953, Fidel
Castro se coloca à frente de uma expedição de 131 homens e ataca o quartel
Moncada na cidade de Santiago, segunda maior fortaleza militar do país, assim
como o quartel Carlos Manuel de Céspedes, na cidade de Bayamo. O objetivo era
tomar o controle da cidade – berço histórico de todas as revoluções – e lançar
um chamado pela rebelião em todo o país para derrubar o ditador Batista.
12. A operação é um fracasso e 55
combatentes são assassinados depois de brutalmente torturados pelos militares.
De fato, apenas seis deles morreram em combate. Alguns conseguiram escapar
graças ao apoio da população.
13. Fidel Castro, capturado alguns dias
depois, deve a vida ao sargento Pedro Sarría, que se negou a seguir as ordens
de seus superiores e executar o líder de Moncada. “Não disparem! Não disparem!
Não se deve matar as ideias!”, exclamou para seus soldados.
14. Durante sua histórica alegação,
intitulada “A História me Absolverá”, Fidel Castro, encarregado de sua própria
defesa, denuncia os crimes de Batista e a miséria na qual se encontra o povo
cubano, e apresenta seu programa para uma Cuba livre, baseado na soberania
nacional, na independência econômica e na justiça social.
15. Condenado a 15 anos de prisão, Fidel
Castro é liberado em 1955, depois da anistia que o regime de Batista lhe
concedeu. Funda o Movimento 26 de Julho (M 26-7) e declara seu projeto de
seguir lutando contra a ditadura antes de se exilar no México.
16. Fidel Castro organiza ali a
expedição do Granma com um médico chamado Ernesto Guevara. Não foi muito
trabalhoso para Fidel Castro convencer o jovem argentino, que recordava: “O
conheci em uma dessas frias noites do México e lembro-me de que nossa primeira
discussão foi sobre política internacional. Poucas horas depois, na mesma noite
— de madrugada — eu era um de seus futuros expedicionários.”
17. Em agosto de 1955, Fidel Castro
publica o Primeiro Manifesto do Movimento 26 de Julho, que retoma os pontos
essenciais de “A História me Absolverá”. Trata de reforma agrária, da proibição
do latifúndio, de reformas econômicas e sociais a favor dos deserdados, da
industrialização da nação, da construção de habitações, da diminuição dos
aluguéis, da nacionalização dos serviços públicos de telefone, gás e
eletricidade, de educação e da cultura para todos, da reforma fiscal e da
reorganização da administração pública para lutar contra a corrupção.
18. Em outubro de 1955, para reunir os
fundos necessários para a expedição, Fidel Castro realiza uma turnê pelos
Estados Unidos e se reúne com os exilados cubanos. O FBI vigia de perto os
clubes patrióticos M 26-7 fundados em diferentes cidades.
19. No dia 2 de dezembro de 1956, Fidel
Castro embarca no porto de Tuxpán, no México, a bordo do barco Granma, com
capacidade para 25 pessoas. Os revolucionários são 82 no total e navegam rumo a
Cuba com o objetivo de desatar um guerra de guerrilhas nas montanhas de Sierra
Maestra.
20. A travessia se transforma em
pesadelo por causa das condições climáticas. Um expedicionário cai ao mar. Juan
Almeida, membro do grupo e futuro comandante da Revolução, lembra-se do
episódio: “Fidel nos disse o seguinte: ‘Daqui não nos vamos até que o
salvemos’. Isso comoveu as pessoas e animou a combatividade. Pensamos: ‘com
esse homem não há abandonados’. O salvamos, correndo o risco de perder a
expedição.”
21. Depois de uma travessia de sete
dias, em vez dos cinco previstos, no dia 2 de dezembro de 1956 a tropa
desembarca “no pior pântano jamais visto”, segundo Raúl Castro. Os tiros da
aviação cubana a dispersam e 2 mil soldados de Batista, que esperavam os revolucionários,
a perseguem.
22. Alguns dias depois, em Cinco Palmas,
Fidel Castro volta a se encontrar com seu irmão Raúl e com outros 10
expedicionários. “Agora sim ganhamos a guerra”, declara o líder do M 26-7 a
seus homens. Começa a guerra de guerrilhas que duraria 25 meses.
23. Em fevereiro de 1957, a entrevista
com Fidel Castro realizada por Herbert Matthews, do New York Times, permite que
a opinião pública estadunidense e mundial descubra a existência de uma
guerrilha em Cuba. Batista confessaria mais tarde, em suas memórias, que graças
a esse golpe jornalístico, “Castro começava a ser um personagem lendário”.
Matthews suavizou, entretanto, a importância de sua entrevista. “Nenhuma
publicidade, por mais sensacional que fosse, poderia ter tido efeito se Fidel
Castro não fosse precisamente o homem que eu descrevi.”
24. Apesar das declarações oficiais de
neutralidade no conflito cubano, os Estados Unidos concedem seu apoio político,
econômico e militar a Batista e se opõem a Fidel Castro até os últimos
instantes. No dia 23 de dezembro de 1958, a uma semana do triunfo da Revolução,
enquanto o Exército de Fulgencio Batista se encontra em plena debandada, apesar
de sua superioridade em armas e homens, acontece a 392ª reunião do Conselho de
Segurança Nacional [dos Estados Unidos], com a presença do presidente [Dwight
D.] Eisenhower. Allen Dulles, então diretor da CIA, expressa claramente a
posição dos Estados Unidos. “Temos de impedir a vitória de Castro.”
25. Apesar do apoio dos Estados Unidos,
de seus 20 mil soldados e da superioridade material, Batista não pôde vencer
uma guerrilha composta de 300 homens armados durante a ofensiva final do verão
de 1958, que mobilizou mais de 10 mil pessoas. Essa “vitória estratégica”
revela, então, a genialidade militar de Fidel Castro, que havia antecipado e
derrotado a operação Fim de Fidel lançada por Batista.
26. No dia 1 de janeiro de 1959, cinco
anos, cinco meses e cinco dias depois do ataque ao quartel Moncada, em 26 de
julho de 1953, triunfou a Revolução Cubana.
27. Durante a formação do governo
revolucionário, em janeiro de 1959, Fidel Castro é nomeado ministro das Forças
Armadas. Não ocupa a Presidência, ocupada pelo juiz Manuel Urrutia, nem o posto
de primeiro-ministro, entregue ao advogado José Miró Cardona.
28. Em fevereiro de 1959, o
primeiro-ministro Cardona, que se opõe às reformas econômicas e sociais que
considera demasiadamente radicais (projeto de reforma agrária), apresenta sua
demissão. Manuel Urrutia chama Fidel Castro para ocupar o cargo.
29. Em julho de 1959, frente à oposição
do presidente Urrutia, que recusa novas reformas, Fidel Castro renuncia a seu
cargo de primeiro-ministro. Imensas manifestações populares têm início em Cuba,
exigindo a saída de Urrutia e o retorno de Fidel Castro. O novo presidente da
República, Osvaldo Dorticós, volta a nomeá-lo primeiro-ministro.
30. Os Estados Unidos se mostram
imediatamente hostis à Fidel Castro ao acolher com braços abertos os
dignitários do antigo regime, incluindo vários criminosos de guerra que tinham
roubado as reservas do Tesouro cubano, levando 424 milhões de dólares.
31. Não obstante, desde o princípio,
Fidel Castro declara sua vontade de manter boas relações com Washington.
Entretanto, durante sua primeira visita aos Estados Unidos, em abril de 1959, o
presidente Eisenhower se nega a recebê-lo e prefere ir jogar golfe. John F.
Kennedy lamentaria o ocorrido: “Fidel Castro é parte do legado de Bolívar.
Deveríamos ter dado ao fogoso e jovem rebelde uma mais calorosa acolhida em sua
hora de triunfo”.
32. A partir de outubro de 1959, pilotos
procedentes dos Estados Unidos bombardeiam Cuba e voltam para a Flórida sem
serem perturbados pelas autoridades. No dia 21 de outubro de 1959, lançam uma
bomba sobre Havana que provoca duas mortes e fere 45 pessoas. O responsável
pelo crime, Pedro Luis Díaz Lanza, volta a Miami sem ser perturbado pela
justiça e Washington se nega a extraditá-lo para Cuba.
33. Fidel Castro se aproxima de Moscou
somente em fevereiro de 1960 e apenas adquire armas soviéticas depois de os
Estados Unidos rejeitarem fornecer o arsenal necessário para a sua defesa.
Washington também pressiona o Canadá e as nações europeias solicitadas por Cuba
com a finalidade de obrigar o país a se dirigir ao bloco socialista e assim
justificar sua política hostil em relação a Havana.
34. Em março de 1960, a administração
Eisenhower toma a decisão formal de depor Fidel Castro. No total, o líder da
Revolução Cubana sofreria nada menos que 637 tentativas de assassinato.
35. Em março de 1960, a sabotagem,
comandada pela CIA, do barco francês La Coubre, carregado de armas no porto de
Havana, provoca mais de cem mortes. Em seu discurso em homenagem às vítimas,
Fidel Castro lança o lema: “Pátria ou morte”, inspirado no [lema] da Revolução
Francesa, “Liberdade, igualdade, fraternidade ou morte.”
36. No dia 16 de abril de 1961, depois
dos bombardeios dos principais aeroportos do país pela CIA, prelúdio da invasão
da Baía dos Porcos, Fidel Castro declara o caráter “socialista” da Revolução.
37. Durante a invasão da Baía dos Porcos
por 1400 exilados financiados pela CIA, Fidel Castro faz parte da primeira
linha de combate. Infringe uma severa derrota aos Estados Unidos e esmaga os
invasores em 66 horas. Sua popularidade chega ao topo em todo o mundo.
38. Durante a crise dos mísseis, em
outubro de 1962, o general soviético Alexey Dementiev estava ao lado de Fidel
Castro. Conta suas lembranças: “Passei junto a Fidel Castro os momentos mais
impressionantes de minha vida. Estive a maior parte do tempo a seu lado. Houve
um instante em que considerávamos próximo o ataque militar dos Estados Unidos e
Fidel tomou a decisão de colocar todos os meios em [estado] de alerta. Em
poucas horas, o povo estava em posição de combate. Era impressionante a fé de
Fidel em seu povo, e de seu povo, e de nós, os soviéticos, nele. Fidel é, sem
discussão, um dos gênios políticos e militares deste século.”
39. Em outubro de 1965, cria-se o
Partido Comunista de Cuba (PCC), substituindo o Partido Unido da Revolução
Socialista (PURS), surgido em 1962 (que substituiu as Organizações
Revolucionárias Integradas — ORI —, criadas em 1961). Fidel Castro é nomeado
primeiro-secretário.
40. Em 1975, Fidel Castro é eleito pela
primeira vez para a Presidência da República depois da adoção da nova
Constituição. Seria reeleito até 2006.
41. Em 1988, a mais de 20 mil
quilômetros de distância, Fidel Castro dirige de Havana a batalha de Cuito
Cuanavale em Angola, na qual as tropas cubanas e angolanas infringem uma
retumbante derrota às forças armadas sul-africanas que invadiram Angola e que
ocupavam a Namíbia. O historiadora Piero Gleijeses, professor da Universidade
John Hopkins, de Washington, escreve a respeito: “Apesar de todos os esforços
de Washington [aliado ao regime do apartheid] para impedir-lhe, Cuba mudou o
rumo da história da África Austral [...]. A proeza dos cubanos no campo de
batalha e seu virtuosismo à mesa de negociações foram decisivos para obrigar a
África do Sul a aceitar a independência da Namíbia. Sua exitosa defesa de Cuito
foi o prelúdio de uma campanha que obrigou a SADF [Força de Defesa
Sul-Africana, as então Forças Armadas oficiais da África do Sul, por sua sigla
em inglês] a sair de Angola. Essa vitória repercutiu para além da Namíbia.”
42. Observador lúcido da Perestroika,
Fidel Castro declara ao povo em um discurso premonitório do dia 26 de julho de
1989, que, no caso do desaparecimento da União Soviética, Cuba deveria resistir
e prosseguir na via do socialismo. “Se amanhã ou qualquer outro dia despertássemos
com a notícia de que se criou uma grande guerra civil na URSS, ou até se
despertássemos com a notícia de que a URSS se desintegrou [...], Cuba e a
Revolução Cubana seguiriam lutando e seguiriam resistindo.”
43. Em 1994, em pleno Período Especial,
conhece Hugo Chávez, com quem estabelece uma forte amizade, que duraria até a
morte dele, em 2013. Segundo Fidel Castro, o presidente venezuelano foi o
“melhor amigo que o povo cubano teve”. Ambos estabelecem uma colaboração
estratégica com a criação, em 2005, da Aliança Bolivariana para os Povos de
Nossa América, que agrupa atualmente oito países da América Latina e do Caribe.
44. Em 1998, Fidel Castro recebe a
visita do papa João Paulo II em Havana. Ele pede que “o mundo se abra para Cuba
e que Cuba se abra para o mundo”.
45. Em 2002, o ex-presidente dos Estados
Unidos James Carter realiza uma visita histórica a Cuba. Faz uma intervenção ao
vivo pela televisão: “Não vim aqui interferir nos assuntos internos de Cuba,
mas estender uma mão de amizade ao povo cubano e oferecer uma visão de futuro
aos nossos países e às Américas. [...] Quero que cheguemos a ser amigos e nos
respeitemos uns aos outros [...]. Devido ao fato de os Estados Unidos serem a
nação mais poderosa, somos nós que devemos dar o primeiro passo.”
46. Em julho de 2006, depois de uma
grave doença intestinal, Fidel Castro renuncia ao poder. Conforme a
Constituição, é sucedido pelo vice-presidente, Raúl Castro.
47. Em fevereiro de 2008, Fidel Castro
renuncia definitivamente a qualquer mandato executivo. Consagra-se, então, à
redação de suas memórias e publica regularmente artigos sob o título
“reflexões.”
48. Arthur Schlesinger Jr., historiador
e assessor especial do presidente Kennedy, evocou a questão do culto à pessoa
[de Fidel] depois de uma permanência em Cuba em 2001. “Fidel Castro não
incentiva o culto à [sua] pessoa. É difícil encontrar um cartaz ou até um
cartão postal de Castro em qualquer lugar de Havana. O ícone da Revolução de
Fidel, visível em todos os lugares, é Che Guevara.”
49. Gabriel García Márquez, escritor
colombiano e Prêmio Nobel de literatura, é amigo íntimo de Fidel Castro.
Esboçou um retrato dele e ressalta “a confiança absoluta que desperta no
contato direto. Seu poder é de sedução. Busca os problemas onde eles estão. Sua
paciência é invencível. Sua disciplina é de ferro. A força de sua imaginação o
empurra até os limites do imprevisto.”
50. O triunfo da Revolução Cubana no dia
1 de janeiro de 1959, dirigida por Fidel Castro, é o acontecimento mais
relevante da História da América Latina do século XX. Fidel Castro continuará
sendo uma das figuras mais controversas do século XX. Entretanto, até seus mais
ferrenhos detratores reconhecem que fez de Cuba uma nação soberana e
independente, respeitada no cenário internacional, com inegáveis conquistas
sociais nos campos da educação, saúde, cultura, esporte e solidariedade
internacional. Ficará para sempre como o símbolo da dignidade nacional que
sempre se colocou do lado do oprimidos e que deu seu apoio a todos os povos que
lutavam por sua emancipação.
*Doutor em Estudos Ibéricos e
Latino-americanos
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