Jacob Chamberlain
Enquanto o Congresso decide, essa semana
se vai reinstituir um auxílio desemprego de emergência para milhões de
americanos ou se aprovará as negociações de uma lei agrícola que cortaria
bilhões dos programas de vale-refeição, o renomado ativista e intelectual Noam
Chomsky resumiu, em uma entrevista, a política interna americana com apenas
duas palavras: ‘pura selvageria.’
“A recusa de proporcionar um padrão de
vida mínimo para as pessoas que se encontram nessa monstruosidade – isso é pura
selvageria.”, disse Chomsky durante uma entrevista com a HuffPost Live. “Não há
outro jeito de dizer.”
O Washington Post relatou que as atuais
negociações da lei agrícola estão pedindo, para a próxima década, a eliminação
de 9 bilhões de dólares no fundo para o vale-refeição pelo Programa de
Assistência Suplementar Nutricional (SNAP), “de acordo com diversos assessores
que estão familiarizados com as negociações e que não são autorizados a falar
publicamente sobre os detalhes.”
As mudanças iriam diminuir as
assistências para, no mínimo, 800.000 famílias, com cortes de até $90 por mês.
“Essa é a última semana de feira do mês.”, disse a senadora Kirsten Gillibrand
para o Washington Post.
Os Republicanos haviam originalmente
pedido cortes de 40 bilhões de dólares e os Democratas, cortes de quatro
bilhões. A negociação, que tem uma conclusão esperada para a próxima semana, só
é apresentada dois meses depois que os legisladores americanos permitiram um
estímulo separado para que a SNAP chegasse ao fim, cortando uma parcela
universal de 5 bilhões de dólares no financiamento que arrancou a assistência
alimentícia de 47 milhões de beneficiários do vale-refeição, sendo 49% deles
crianças.
Enquanto isso, mês passado, o Congresso acabou
com o auxílio desemprego emergencial de longo prazo para 1,3 milhão de
americanos, um “salvador de vidas” para muitos que estavam, há muito tempo, à
procura de emprego e dependiam desses benefícios para sobreviver.
Na terça-feira passada, o Senado, sem
muito compromisso, passou deu trânsito para a votação de uma lei que reinstaura
o auxílio desemprego. Mas, mesmo que essa lei seja aprovada no Senado, irá
enfrentar forte oposição quando chegar à casa dos representantes republicanos.
“Desigualdade tem sido um sério problema
por muito tempo,” disse Chomsky. “A desigualdade, agora, está em um nível nunca
antes visto, pelo menos, desde 1920... ou até mais antigamente. Isso é muito
grave.”
Qualquer crescimento econômico, nos
últimos anos, foi para beneficiar os 2% mais ricos da população. Chomsky
afirmou ainda que grande parte da população está vivendo abaixo da linha da
pobreza, enquanto que no topo da sociedade, os lucros estão crescendo para os
ricos.
Contudo, os bloqueios impostos para os
programas de serviço público, que muitos dizem ser essenciais para os
necessitados nos Estados Unidos, não tem “nada a ver com maçãs podres no
Congresso,” disse Chomsky ao HuffPost Live. “São problemas profundamente
estruturais que têm conexão com o assalto neoliberal à população, não só
americana, mas em escala mundial, que tem ocorrido na geração passada. Algumas
áreas conseguiram escapar, mas ele se espalhou.”
Chomsky disse também: Anos atrás era costume
dizer que os Estados Unidos é um país de um partido – o partido do negócio –
com duas facções, Democratas e Republicanos. Isso não é mais verdade. Ainda é
um país de um partido – o partido do negócio – mas só com uma facção. Os
chamados Novos Democratas, que são a força dominante no partido Democrático,
são o que eram os Republicanos Moderados décadas atrás. E o resto do Partido
Republicano tem só flutuado para fora espectro.
www.cartamaior.com.br 14/01/2014
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