Casa da América Latina é lançada em Vitória
Entidade chega ao Espírito Santo com representatividade e apoio
de cidadãos e organizações capixabas
A noite do dia 31 de janeiro marcou a fundação da
Casa da América Latina no Espírito Santo. A entidade, que será uma subsede da
Casa da América Latina, de alcance nacional, surge com 66 fundadores,
participantes de diversas organizações capixabas. O evento contou com a
presença de Valmira Guida, secretária-geral da Casa da América Latina, sediada
no Rio de Janeiro, e de Carlos Eugênio “Clemente”, único comandante vivo da
Ação Libertadora Nacional (ALN), movimento de resistência à ditadura militar no
Brasil liderado por Carlos Marighela.
Não por acaso, o Sindicato dos Estivadores do Estado
do Espírito Santo (Setemees) foi escolhido para sediar a assembleia de
constituição da Casa no Espírito Santo. Ali foi realizado o último discurso Marighella, antes de ser
assassinado pela ditadura militar a qual combatia em um momento em que os
regimes autoritários imperavam em muitos países do continente.
A Casa da América Latina subsede Espírito Santo,
terá como objetivo, assim como a entidade nacional, promover a amizade e a
solidariedade entre os povos do continente na busca da integração soberana e
construção de sociedades justas e fraternas. O subsecretário de Estado da Cultura,
Joelson Fernandes, esteve presente e afirmou que o governo está trabalhando
para disponibilizar um edifício do Estado inutilizado no Centro de Vitória que
seria cedido para sediar a Casa da América Latina no Espírito Santo.
Após fala dos convidados especiais e intervenções
dos demais presentes, foi realizada a leitura do estatuto da entidade e a
eleição da diretoria e dos conselhos da entidade capixaba, que terá um mandato
provisório de um ano e seis meses.
Uma das responsáveis pela mobilização inicial no
estado, Fernanda Tardin foi eleita presidente, tendo Cláudio Machado como
vice-presidente. Ainda foram eleitos outros dez membros da diretoria, a
Comissão Fiscal e os conselheiros. O número de suplentes foi aumentado devido
ao grande número de presentes interessados em participar da composição inicial
da organização.
A fundação da nova organização representa um sonho
antigo dos capixabas. “Desde os anos noventa que se tenta iniciar um processo
deste no Espírito Santo e finalmente conseguimos. Foi um momento de forte
emoção nos presentes. Arrancamos com grande respaldo e com uma potente mistura
entre militantes históricos com vasta experiência de luta e uma grande
quantidade de jovens que representam força e renovação na construção deste
espaço coletivo”, declarou a nova presidente.
A
entidade, que ainda espera a definição do local
para sua sede, já recebeu doação de materiais de educação e formação,
doados
pela direção nacional da Casa da América Latina, pelo Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pelo Sindicato Estadual dos/das
Profissionais de Educação - Núcleo Campos dos Goytacazes (RJ), que
estiveram presentes no evento.
“O momento inicial será de capacitação dos membros e
de troca de experiências com os membros da Casa da América Latina do Rio de
Janeiro, que possuem mais de cinco anos de experiência neste trabalho coletivo.
O primeiro mandato será para estruturação do espaço físico e elaboração de
projetos, mas também de realização de eventos e debates relacionados com temas
e causas importantes para o continente”, afirmou Tardin.
EM DEFESA DA INTEGRAÇÃO CONTINENTAL
Em sua fala, Valmira Guida contou a experiência da
Casa da América Latina no Rio de Janeiro e a importância de constituir este
tipo de espaço para trazer alguns temas pouco conhecidos no Brasil. Ela destacou
que a Casa foi fundada em momento de grande impulso da ideia de integração
continental, especialmente difundida pelo governo bolivariano de Hugo Chávez na
Venezuela, mas também por Evo Morales, Rafael Correa, Lula e outros líderes da
região.
Ela lembrou também de Abreu e Lima, um pernambucano
pouco conhecido no Brasil, mas que foi aliado de Bolívar e um dos mais
importantes generais a lutar pela liberação da América Hispânica, além de ser um
dos primeiros brasileiros a falar dos ideais socialistas. Para Guida, o papel
da Casa deve ser também o de resgatar esses importantes personagens da história
do continente. “A Casa da América Latina deve fomentar o sentimento
internacionalista. Só fortalecendo a integração continental poderemos nos
apropriar de toda a riqueza do continente”, afirmou.
Clemente destacou que historicamente o Brasil esteve
orientado para a Europa, especialmente à cultura francesa e à economia inglesa,
e depois também aos Estados Unidos. Ele
conta que quando jovem queria aprender francês e inglês e ir estudar na Europa.
Porém, a Revolução Cubana e a figura de Ernesto Che Guevara criaram uma nova
imagem de rebeldia, desta vez própria do continente. "Quando largou o poder, o Che adquiriu a estatura de um dos maiores
seres humanos do século. Hoje eu procuro os que querem largar o poder, e não os
que querem permanecer nele. Admiro os que ousem largar o poder", provocou
Clemente.
Fernanda Tardin afirmou que em seu primeiro encontro
a diretoria entendeu que será apenas representante e coordenadora do grupo que
acaba de surgir e deve se ampliar ao longo da atuação da entidade no estado.
Serão formados coletivos para trabalhar junto a cada diretoria, fortalecendo a
participação ampla dos capixabas interessados em compor a Casa da América
Latina.
“Nossa cidade é nossa primeira realidade, mas só
podemos transformar a realidade se tivermos uma visão geral de nosso continente.
Podemos realizar atividades de formação, exibição de filmes, cursos de línguas
e de música latino-americana, intercâmbios culturais, acordos bilaterais com
povos da América Latina, entre outras atividades, tudo depende do envolvimento
da sociedade capixaba, especialmente da juventude”, concluiu Fernanda Tardin.
Contato:
Fernanda Tardin (Presidente) – 99933-9196
Nenhum comentário:
Postar um comentário