CNBB:
impeachment de Dilma é golpe
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou nesta quinta-feira
(12) que o país passa atualmente por uma crise "ética e moral" na
política, mas que não há indícios que justifiquem um pedido de impeachment da
presidente Dilma Rousseff, que poderia "enfraquecer" as instituições
do governo. Bispos da entidade se reúnem nesta tarde com a presidente, a
convite dela.
"Existem regras para se
entrar com um pedido inicial de impeachment. Creio que não chegamos a esse
nível", disse o secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner.
"A reação que nós sentimos também é que as manifestações de rua são de
discordância, muitas vezes ideológicas, o que é normal e necessária e
democrática, mas propor um impeachment seria enfraquecer um pouco as
instituições."
"Pelo que a gente tem como
informação do Supremo Tribunal Federal, não há nenhum indício de algum ato que
possa justificar qualquer denúncia quanto à presidente da República",
disse o presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis.
"Segundo o STF, a
presidente só poderia ser indiciada depois de uma investigação, um processo,
caso houvesse algum delito, alguma denúncia contra algum fato cometido por ela
durante o seu mandato", afirmou Damasceno.
Para a entidade, a organização
de manifestações públicas, como as marcadas para este fim de semana em várias
cidades do país, são resultado do escândalo de corrupção na Petrobras somado às
medidas de ajuste fiscal adotadas pelo governo, inflação alta e a crise entre o
Executivo e o Legislativo, que causaram um "mal-estar" na sociedade.
"Vemos denúncias novas a
cada dia e vamos ficando, de certo modo, assustados. Isso vai gerando um
mal-estar em toda a população, diante da crise ética e da moral do nosso
país", disse o presidente da CNBB. "Sabemos que a corrupção sempre
existiu, continua existindo, e não só no Brasil, mas em toda parte, mas é
fundamental que a Justiça realmente puna os condenados e os corruptores."
Em nota, a CNBB disse que as
denúncias de corrupção devem ser “rigorosamente apuradas” e os corruptos e
corruptores, punidos. "Enquanto a moralidade pública for olhada com
desprezo ou considerada empecilho à busca do poder e do dinheiro, estaremos
longe de uma solução para a crise vivida no Brasil", diz a nota. No texto,
a entidade também pede o fim do fisiologismo político e uma reforma política.
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