247 – O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), afirmou na noite desta segunda-feira 16, durante
entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que a "porteira para a
corrupção" na Petrobras foi aberta durante a era do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso.
O deputado lembrou que, na época, a estatal "passou a obedecer a um
regulamento próprio", e não mais a lei de licitações. "A Petrobras
passou a obedecer a um regulamento próprio, que permitia a licitação por
carta-convite por empresas cadastradas previamente na própria
Petrobras", disse.
Ao jornal El País, Eduardo Cunha já havia apontado a responsabilidade
do ex-presidente Fernando Henrique na corrupção na Petrobras (
leia mais).
"É claro que é uma desculpa até palatável, pois a Petrobras precisa
competir no mercado internacional, mas ao mesmo tempo abriu a porteira
para a corrupção, pois o diretor podia escolher quem ele convidava e
permitir que as empresas combinassem a quem se beneficiava, as empresas
podiam combinar o seu preço", continuou Cunha.
O decreto 2.745, que regulamentou o regime diferenciado simplificado
de contratações da Petrobras, foi publicado em 1998, no primeiro mandato
de FHC.
Também nesta segunda-feira 16, em entrevista ao programa “Diálogos”,
da GloboNews, Cunha voltou a classificar o pedido de impeachment da
presidente Dilma Rousseff como "ilegalidade" e "golpismo", embora
continue a criticar sua gestão.
“Discussão de processo de impeachment neste momento, com as
circunstâncias que estão colocadas, beira a ilegalidade, a
inconstitucionalidade, para não dizer o golpismo. Ela foi eleita
legitimamente. Não há o que contestar. Se aqueles que votaram nela se
arrependeram do voto, vão ter esperar quatro anos para consertar. Ela
tem todo o direito de governar”, disse.
Segundo ele, Dilma errou ao não perceber quer perderam a “hegemonia”
política: “Ela saiu desse processo eleitoral e não teve a percepção de
que não teve hegemonia política. Não teve hegemonia eleitoral. Teve
vitória eleitoral. Começou o segundo mandato em crise política achando
que a simples nomeação para cargos públicos seria suficiente. Sabia que
tinha que fazer ajuste fiscal, começou a propor, mas sem discutir antes
as medidas, não só com aqueles que compõem a sua base, mas com a
sociedade como um todo”.
Ele também afirmou que o pedido de investigação na operação Lava-Jato
não tem base em qualquer indício. Para Cunha, a corrupção referente à
Petrobras está no Executivo, e não no Legislativo.
Mais tarde, em entrevista ao "Roda Viva", da TV Cultura, ele disse
que o PT o escolheu como adversário. “O PT me escolheu como adversário,
não fui eu que escolhi o PT como adversário. Também não escolhi a
presidente Dilma como adversária. Estamos no meio de uma crise política e
temos que resolver uma crise política”, afirmou.
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