Uma
grande conquista está em risco!
Nossa Constituição, promulgada em 1988, já estabelecia
que toda propriedade rural ou urbana deve cumprir função social. Ou seja, não
pode ser utilizada como instrumento de opressão ou submissão de qualquer
pessoa. Mas, o que vemos há séculos no país, são os inumeráveis casos de
grandes proprietários rurais que reduzem trabalhadores à condição de escravos
no campo ou de empresários que se beneficiam dessa aviltante forma de
exploração em oficinas de costura e canteiros de obras nas cidades. Trabalho
escravo é crime previsto no artigo 149 do Código Penal.
Desde a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 57A/1999, o Brasil se tornou uma
referência mundial e exemplo sempre citado quando se fala em luta contra o
trabalho escravo. Aqui instituímos alguns instrumentos e diretrizes que estão
sendo elogiados e seguidos no mundo inteiro.
Por exemplo, estabelecemos um conceito de “trabalho escravo” que
denuncia toda e qualquer forma de atingir a dignidade do trabalhador, como
cidadão. Criamos um sistema integrado que funciona na fiscalização e atua
verdadeiramente na repressão a esse tipo de crime (já falamos de vários casos,
aqui no Informativo). O Governo brasileiro criou a “lista suja”, mecanismo que
impede que os que foram pegos usando trabalho escravo possam ser financiados
por bancos públicos e desmascarando esses criminosos.
Mais importante ainda foi a alteração do Art. 243 da
Constituição, em 2014. A partir dessa medida, em propriedades urbanas ou rurais
onde for constatada a exploração de trabalho escravo, haverá a expropriação e
destinação do imóvel para reforma agrária e programas de habitação popular, sem
qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo das demais sanções
previstas em lei.
Mas, como caracterizar o trabalho escravo? Segundo o
nosso Código Penal, são consideradas condições análogas ao trabalho escravo: o
trabalho forçado, a servidão por dívida, as condições degradantes e, a jornada
abusiva.
Mas tudo isso pode ser “implodido” pelo nosso Congresso!
Está tramitando, no Senado Federal, o Projeto de Lei do Senado 432/2013. O PLS
não tem um autor definido, tendo sido proposto pela “comissão”, mas seria um
grande retrocesso em nossas lutas, porque pretende impedir a expropriação das
propriedades alterando o conceito de “trabalho escravo”. Pela proposta, a
escravidão contemporânea ocorreria somente nos casos de trabalho forçado e de
servidão por dívida.
Um golpe anunciado e que está em andamento. É preciso
impedir a aprovação desse PLS!
• A “guerra” no campo ultrapassa limites. A sanha dos grandes ruralistas brasileiros não tem
limites. Não basta invadir terras públicas, grilar imensos territórios e
expulsar os homens da terra para ampliar suas fortunas. Também os nossos povos
originários, nossos indígenas, são vítimas quase diárias dessa ganância dos
grandes senhores.
Mato Grosso do Sul tem sido palco de muita violência
contra indígenas, verdadeiros donos da terra, e de ações criminosas comandadas
por esses “coronéis” modernos. Na madrugada de sábado (19), o cacique e mais
dois Guarani Ñandeva foram feridos em um ataque de pistoleiros.
Pistoleiros atacaram a comunidade do tekoha Potrero
Guasu, município de Paranhos (MS). O cacique Elpídeo Pires foi alvejado na
perna esquerda, Meterio Morales no braço e Celso Benites recebeu três tiros nas
costas.
Celso Benites conseguiu furar o cerco de capangas e
pistoleiros para se dirigir ao hospital de Paranhos. Parte da comunidade se
refugiou numa área de 30 hectares adquirida pela Fundação Nacional do índio
(Funai) dentro dos 4.025 hectares reivindicados pelos Ñandeva. No acampamento,
que ocupa uma área tradicional da antiga Fazenda Ouro Verde, outro grupo de
indígenas se nega a deixar o local. O tekoha Potrero Guasu foi declarado como
indígena em 2000. Os indígenas ocupam, conforme o MPF/MS, apenas 6,5% do total
de hectares declarados.
De acordo com relatórios da Funai, os Guarani Ñandeva
foram expulsos por colonos do território tradicional de Potrero Guasu a partir
da década de 1930. Nos anos 1970, os indígenas foram colocados na Reserva
Pirajuí. A irrevogável decisão dos mais velhos de retorno ao tekoha e a
situação de confinamento na reserva motivaram o início da luta dos Guarani
Ñandeva por Potrero. Em 2012, depois de retomada, os Ñandeva também foram
atacados.
Em agosto do ano passado, a 5ª Turma do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região cassou uma liminar que impedia há 14 anos a
continuidade da demarcação de Potrero Guasu, que fica a 460 km ao sul de Campo
Grande.
Mas os ataques dos grandes fazendeiros aos indígenas
não se limitam às agressões físicas e tem proporções muito maiores. A fazendeira e deputada
estadual Mara Caseiros (PTdoB) acaba de criar uma CPI, subscrita por outros
deputados, como parte da estratégia para intimidar e reduzir a resistência dos
povos indígenas.
A Assembleia Legislativa do Estado do Mato Grosso do
Sul aprovou a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
investigar o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), órgão ligado a Arquidiocese
de Campo Grande e a Igreja Católica do Brasil.
Claro que isso tem um nome e uma razão de ser. A CPI é
parte de uma nova ofensiva dos ruralistas sobre os povos indígenas na região.
Parte dos fazendeiros e seus jagunços no estado têm atuado através de milícias
armadas que, em menos de um mês, desferiu mais de dez ataques paramilitares
contra o povo Guarani Kaiowá dos tekohá Nanderu Marangatu, Guyra Kamby’i,
Pyelito Kue e Potreiro Guasu.
Em nota, o Cimi diz a CPI criada “faz parte da
estratégia de ataques ruralistas aos povos indígenas e seus aliados”.
A organização lembra ainda que nos “últimos 12 anos, ao
menos 585 indígenas cometeram suicídio e outros 390 foram assassinados no Mato
Grosso do Sul. O estado tem 23 milhões de bovinos que ocupam aproximadamente 23
milhões de hectares de terra. Enquanto isso, com os procedimentos de demarcação
paralisados, os cerca de 45 mil Guarani Kaiowá continuam espremidos em apenas
30 mil hectares de suas terras tradicionais”.
• Sobre o Ministro Gilmar Mendes. Não resisti e vou transcrever na íntegra a nota do
Colégio de Presidentes dos Conselhos Seccionais da Ordem dos Advogados do
Brasil.
“O Colégio de Presidentes dos Conselhos Seccionais da
Ordem dos Advogados do Brasil vem lamentar a postura grosseira, arbitrária e
incorreta do Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, quando abandonou
o plenário diante de esclarecimento prestado, de forma legítima, educada e
cortês, pelo advogado e dirigente da Ordem dos Advogados que, naquele momento e
naquele julgamento, representava a voz da advocacia brasileira.
Repudia o Colégio de Presidentes os ataques grosseiros
e gratuitos, desprovidos de qualquer prova, evidência ou base factual, que o
Ministro Gilmar Mendes fez à Ordem dos Advogados em seu voto sobre o investimento
empresarial em campanhas eleitorais, voto vista levado ao plenário somente um
ano e meio depois do pedido de vista.
Ressalta o Colégio de Presidentes que comportamentos
como o adotado pelo Ministro Gilmar Mendes são incompatíveis com o que se exige
de um Magistrado, ferindo a lei orgânica da magistratura, e estão na contramão
dos tempos de liberdade e transparência. Não mais o tempo do poder absoluto dos
juízes. Não mais a postura intolerante, símbolo de um Judiciário arcaico, que
os ventos da democracia varreram. Os tempos são outros e a voz altiva da
advocacia brasileira, que nunca se calou, não será sequer tisnada pela ação de
um Magistrado que não se fez digno de seu ofício.
Enfatizamos que o ato de desrespeito às prerrogativas
profissionais do advogado foi também um ato de agressão à cidadania brasileira
e merece a mais dura e veemente condenação; o ato de abandono do plenário, por
grotesco e deselegante, esse se revelou mais um espasmo autoritário de juízes
que simbolizam um Poder Judiciário e desconectado da democracia, perfil que
nossa população, definitivamente, não tolera mais”.
• Uma lição de solidariedade. Sem-tetos de São Paulo acolhem famílias de refugiados em uma ocupação
no bairro da Liberdade. São cerca de 60 famílias de refugiados, 20 delas da
Síria, vivendo em um prédio de onze andares que pertencia à Telesp, antiga
operadora de telefonia de São Paulo.
O prédio estava abandonado há 15 anos, mas em boas
condições e com os serviços de eletricidade funcionando perfeitamente. Os
próprios sem-tetos fizeram uma “vaquinha” para consertar um dos elevadores. Na
fachada do prédio colocaram uma bandeira vermelha com o nome da ocupação:
“Terra Livre”.
A ocupação é relativamente recente. Mas em apenas 40
dias já abriga as 60 famílias de imigrantes. Há sírios, egípcios e palestinos,
todos refugiados que vieram para o Brasil. Quando eles chegam, organizações da
sociedade civil como Caritas encontram um lugar para eles, mas não podem ficar
mais do que 90 ou 120 dias. Depois disso precisam sair. Agora os refugiados
ocupam os três últimos andares do prédio, enquanto os sem-tetos brasileiros
estão nos seis primeiros.
O Brasil é um dos países que mais está aceitando
refugiados, segundo informes da Agência da ONU para refugiados (Acnur). Eles
são atraídos pela presença de uma comunidade sírio-libanesa desde o século
passado, mas também pela facilidade de se conseguir asilo. Em 2013, o Comitê
Nacional para os Refugiados (Conare) adotou uma resolução para desburocratizar
a emissão de vistos para cidadãos sírios e outros estrangeiros afetados pela
guerra. As facilidades expirariam no fim do mês de setembro, mas o governo as
prorrogou.
• Outro golpe em andamento! No Congresso Nacional, os parlamentares apresentam proposta de jornada
de trabalho flexível ou variável. A proposta prevê que a jornada de trabalho em
regime de tempo parcial poderá ser flexível, se isso for previsto em acordo ou convenção
coletiva de trabalho.
Tramita na Câmara dos Deputados o PL 2820/2015, dos
deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Goulart (PSD-SP), que altera o Decreto-Lei
nº 5.452, de 1º de maio de 1943, que aprova a Consolidação das Leis do Trabalho
- CLT, para dispor sobre a jornada flexível de trabalho.
A proposição prevê que a jornada de trabalho em regime
de tempo parcial poderá ser flexível, se houver previsão em acordo ou convenção
coletiva de trabalho.
A remuneração será proporcional às horas trabalhadas,
podendo ser negociado seu valor entre o empregador e o sindicato, desde que o
salário mensal não some valor inferior ao salário mínimo. E a jornada flexível
de trabalho deverá ser aplicada preferencialmente para os trabalhadores
estudantes e para os trabalhadores com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos de idade.
• Um risco para a América
Latina? Quem acompanha
diariamente os noticiários sobre a nossa América Latina e não acredita na
grande mídia, sabe que há um processo em andamento contra a virada dos últimos
20 ou 25 anos em nossa região!
Washington está colocando em prática uma incansável, implacável, impiedosa e cruel guerra contra
os presidentes dos países latino-americanos que não rezam pela sua cartilha e
que não cumprem com suas receitas para o continente. Em especial Venezuela,
Equador, Bolívia, Brasil, Nicarágua e Argentina são os alvos prioritários.
Os sucessivos ataques contra Nicolás Maduro, Rafael
Correa, Evo Morales, Daniel Ortega, Dilma Rousseff e Cristina Fernandes de
Kirchner vão aumentando a cada semana e parece não ter limites sobre onde pode
chegar.
A experiência dos chamados governos progressistas em
Nossa América parece estar entrando em um momento crucial e alguns autores já
denominam como “fim de um ciclo”.
Acreditamos que está na hora de abrirmos um belo debate
sobre o assunto, seja pelo aspecto histórico ou pelo político, para analisar as
implicações dessas análises.
Nas últimas semanas, analistas e comentaristas chamados
de “progressistas” estão fazendo eco aos discursos dos conservadores e
neoliberais para dizer que estamos chegando ao fim de um ciclo e que o refluxo
do movimento social é uma possibilidade real na América Latina. Fazem uma
crítica aos governos que romperam com o neoliberalismo em nossa região, mas
nenhuma crítica aos que continuaram aplicando essas políticas e sangrando o
povo para o banquete na mesa dos muito ricos.
Como em uma apresentação muito bem orquestrada, algumas
ONGs tidas como “sérias” passaram a atirar seguidamente contra Evo Morales,
Rafael Correa, Nicolás Maduro e outros. Tudo com o objetivo de criar uma
descrença ou uma dúvida sobre a integridade desses líderes e justificar as
campanhas de Washington pela derrubada de seus governos.
As mentiras e os adjetivos infundados são muitos.
Usados sem limites pelos “analistas” da nossa grande imprensa, são rotulados de
hipócritas, déspotas, corruptos e muito mais, para justificar a política
montada por Obama.
A grande verdade é que esses países com governos
nacionalistas e progressistas estão incomodando (e muito) os vizinhos
“bem-comportados” porque estão demonstrando que há uma outra realidade fora do
neoliberalismo e das receitas de Washington. O exemplo não pode frutificar e a
árvore precisa ser cortada agora. É disso que cuidam os grandes ideólogos
estadunidenses, agora com o apoio de alguns analistas tidos como sérios.
• Estudantes denunciam a corrupção no Paraguai. Milhares de estudantes paraguaios foram para as ruas
na sexta-feira (25) em um protesto pacífico contra a corrupção no sistema
educacional do país. Os jovens paraguaios ocuparam a Reitoria da Universidade
Nacional de Assunção (UNA), a principal entidade paraguaia, para demonstrar o
repúdio às políticas implantadas depois do golpe contra Fernando Lugo e a retomada
das medidas neoliberais.
Os manifestantes permaneceram diante do prédio a UNA,
no campus universitário de San Lorenzo, na capital do país. Eles denunciam, em
especial, o reitor da UNA, Froilán Peralta, que está desaparecido desde o
início dos protestos e das denúncias contra ele.
A Justiça paraguaia abriu um processo contra o reitor
por corrupção e contratações irregulares de familiares e amigos na
Universidade.
“Temos um reitor que, em um ano de mandato, está
transformando os fundos da educação em salários para pessoas ligadas a ele.
Isso está provocando uma grande indignação, pois todas as demais faculdades
vinculadas à UNA estão passando por graves problemas e infraestrutura, falta de
professores e equipamentos”, dizem os estudantes.
• Mais um torturador argentino é preso. Carlos Fernando Gori, médico argentino de 74 anos, foi
preso em Alicante (Espanha), no sábado (19). Ele é procurado em seu país por
crimes de lesa humanidade durante a ditadura militar.
O juiz da Audiência Nacional de Espanha, Eloy Velasco,
ordenou a prisão de Gori por homicídios, agravados pela prática de torturas,
privação da liberdade e associação ilícita. Ele tinha um pedido internacional
de prisão por haver ajudado na prisão ilegal e tortura de presos políticos na
cidade de Mar del Plata, quando era o cheve do departamento de Saúde do regimento
de submarinos, em 1976.
Ele trabalhava em Alicante, desde 2002, em uma empresa
de medicina. Em seu perfil no Facebook ele dizia que se formara em Medicina
Hiperbárica (uso de oxigênio acima da pressão atmosférica). A Justiça espanhola
vai agora decidir sobre a sua extradição.
O processo contra Gori é conhecido, na Argentina, como
“O processo da Base Naval”, onde 14 membros da Marinha e do Exército estão
sendo julgados por crimes contra 123 pessoas, durante a ditadura militar. A chamada
“Força Tarefa Número 6” operou nos centros clandestinos que funcionaram na Base
Naval e na Escola de Suboficiais de Infantaria da Marinha.
• Quem controla o dinheiro do mundo? Muito rica a matéria publicada pelo Instituto
Humanitas Unisinos. Trata-se de uma entrevista concedida por François Morin o
jornalista Vittorio De Filippis.
Francesas, europeias ou estadunidenses, todas as
autoridades bancárias asseguram: se o mundo viver uma nova crise financeira,
comparável à de 2007-08, nem os Estados, nem os contribuintes vão pagar as consequências.
É possível acreditar?
O economista François Morin, professor emérito da
Universidade de Toulouse e membro do conselho do Banco Central francês, tem uma
resposta categórica: não. Em L’Hydre Mondial (A Hidra mundial), um livro publicado
em maio, e no qual ele menciona dados inéditos, Morin mostra como 28 bancos de
porte mundial constituem um oligopólio totalmente distanciado do interesse
público.
Diz ele na entrevista: “O processo é perfeitamente
claro. Depois da liberalização da esfera financeira iniciada nos anos 1970
(taxas de câmbio e de juros definidas pelo mercado e não mais pelos Estados, e
liberalização de movimento do capital), os mercados monetários e financeiros
tornaram-se globais em meados dos anos 1990.
Os maiores bancos tiveram então de adaptar a sua
dimensão a esse novo espaço de intercâmbio, por meio de fusões e
reestruturações. Reuniram-se as condições para o surgimento de um oligopólio em
escala global. O processo assumiu rapidamente escala internacional e tornou-se
gigantesco: o balanço total dos 28 bancos do oligopólio (50,341 trilhões de
dólares) é superior, em 2012, à dívida pública global (48,957 trilhões de dólares)!
Desde 2012, descobriu-se também que esses bancos muito
grandes se entenderam entre si de forma fraudulenta a partir de meados dos anos
2000. A partir desse momento, esse oligopólio transformou-se numa hidra
devastadora para a economia mundial”.
Mais adiante, ele afirma: “Múltiplas análises
demonstraram que esses bancos ocupam posições dominantes sobre vários grandes
mercados (de câmbio, de títulos de dívida e de produtos derivados). É
característico de um oligopólio. Mas desde 2012, as autoridades judiciais dos
Estados Unidos, britânicas e a Comissão Europeia aumentaram investigações e
multas que demostram que muitos desses bancos – sobretudo onze entre eles (Bank
of America, BNP-Paribas, Barclays, Citigroup, Crédit Suisse, Deutsche Bank,
Goldman Sachs, HSBC, JP Morgan Chase, Royal Bank of Scotland, UBS) – montaram
sistematicamente ‘acordos organizado em bandas’. A imposição de multas de
muitos bilhões de dólares, contra a manipulação do mercado de câmbio ou da
Libor [taxa de referência para juros interbancários, estabelecida em Londres],
demonstra que esta prática existe”.
• Finlândia: a maior greve em 24
anos. Mais de
30 mil pessoas protestaram na sexta-feira (18) nas ruas de Helsinque, capital
da Finlândia, contra as medidas de austeridade do governo. As principais
centrais sindicais do país convocaram a greve geral após o anúncio de que
benefícios trabalhistas seriam reduzidos ou cortados.
Os protestos aconteceram em diversas
cidades. Setores como transporte, correios, comércio, escritórios e serviços
públicos estiveram entre os mais afetados pela greve. O governo de
centro-direita do primeiro-ministro, Juha Sipilä, anunciou cortes no pagamento
de horas extras, de feriados e de alguns benefícios em caso de doença. Na
Finlândia, esses assuntos costumam ser negociados entre os sindicatos e
empregadores.
As medidas visam ao corte de gastos
públicos para recuperar a economia finlandesa, que se encontra em recessão. O
PIB (Produto Interno Bruto) atual do país é 4,6% menor do que o registrado em
2008.
Representantes dos sindicatos
declararam que não é justo promover cortes em setores em que os salários já são
baixos. Os trabalhadores mais afetados serão os da saúde pública e do varejo.
A Confederação das Indústrias da
Finlândia estimou que o dia de paralisação custou cerca de 100 milhões de euros
à economia do país.
Do Partido de Centro, Juha Sipilä
venceu as eleições gerais em abril deste ano, anunciando no mês seguinte a
entrada do partido de extrema-direita, Verdadeiros Finlandeses, na coalizão
governista pela primeira vez.
Para formar maioria, o
primeiro-ministro ainda se uniu ao Partido Conservador. Juntas, as três
legendas controlam 123 de 200 cadeiras do Parlamento finlandês. Desde então,
previa-se que um dos principais desafios do mandato seria a recuperação da
economia.
• Novo protesto contra a
monarquia, na Espanha. A Coordenação dos Movimentos Sociais da Espanha, 25S, está
convocando um novo grande protesto para hoje, dia 27. Com o lema “Monarquia não
é democracia. É ditadura e corrupção”, os organizadores do movimento esperam
percorre toda a distância entre a já famosa praça “Porta do Sol” até a “Praça
Oriente”.
Em comunicado oficial, os
organizadores do protesto apresentam dados muito reveladores sobre os índices
de corrupção na realeza espanhola. Diz o comunicado que “O rei anterior, Juan
Carlos Borbón, abdicou do trono com uma fortuna superior a 1 bilhão e 600
milhões de euros, mais uma aposentadoria de 50 milhões por ano.
Essa fortuna, obtida através de
servilismos e ajudas a grandes empresários, será herdada por seu filho, o atual
Rei, e pela filha, a Infanta Cristina que está sendo processada por corrupção,
tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Mas o novo Rei Felipe está
tratando de amealhar a sua própria fortuna, seguindo os passos do pai”.
O documento denuncia ainda que a atual
Rainha, Letizia, gastou 130.000 euros em roupas e joias apenas no primeiro ano
de seu reinado! E demonstra que o Museu da Monarquia, maior investimento
cultural da Espanha no século, custou “apenas” 160 milhões de euros!
• Canadá marcha contra políticas
neoliberais.
Faltando apenas um mês para as eleições federais no Canadá, os movimentos
sociais no Quebec foram para as ruas reivindicar uma mudança de rumo na
política do país.
Organizações comunitárias, sindicais,
ecologistas e estudantis realizaram uma grande conclamação para uma mudança
urgente nos rumos da política canadense. Fizeram um chamado para que os
partidos de oposição, atualmente em campanha eleitoral, rompam com as políticas
neoliberais dos últimos 30 anos.
• Já era de se esperar. Com
apenas os EUA votando de forma contrária, foi aprovada na quarta-feira (23),
uma resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU que determina a formação
de uma comissão internacional para investigar os ataques israelenses à
Palestina. 17 países se abstiveram, entre eles a França, a Alemanha, o Reino
Unido e o Japão (os “capachos” de sempre). Foram 29 votos a favor da resolução,
entre eles o do Brasil.
A votação demonstrou uma clara divisão geopolítica internacional,
já que todos os países da América Latina presentes votaram favoravelmente à
resolução, enquanto todos os europeus optaram pela abstenção. Além disso, todos
os integrantes dos BRICS optaram pela aprovação.
O texto pede ainda que os palestinos sejam
imediatamente colocados sob “proteção internacional”, apela ao “fim imediato
dos ataques militares israelenses” e ao “fim dos ataques contra civis”.
Iniciada em 8 de julho e seguida por uma intervenção terrestre que começou na
última quinta-feira (17), a ação militar já provocou a morte a mais de 670
palestinos, a maioria civil. Do lado israelense foram confirmadas 32 mortes
entre os militares e duas de civis.
Confira abaixo como cada país votou:
Votou contra: Estados Unidos
Votaram a favor: Argélia, Argentina, Brasil, Chile,
China, Congo, Costa Rica, Costa do Marfim, Cuba, Etiópia, Índia, Indonésia,
Cazaquistão, Quênia, Kwait, Maldivas, México, Marrocos, Namíbia, Paquistão,
Peru, Filipinas, Rússia, Arábia Saudita, Serra Leoa, África do Sul, Emirados Árabes,
Venezuela, Vietnam
Se abstiveram (sem surpresas): Áustria, Benin,
Botswana, Burkina Faso, República Checa, Estônia, França, Gabão, Alemanha,
Irlanda, Itália, Japão, Montenegro, Coréia do Sul, Romênia, Reino Unido,
Macedônia.
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