6/jan/2016, 10h07min
Indígenas protestarão pelo assassinato de menino Kaingang em Imbituba (SC)
Do Cimi
Na quarta-feira (6), quando o assassinato do menino Kaingang Vítor Pinto completa uma semana, indígenas dos povos Guarani Mbyá e Kaingang de Santa Catarina e apoiadores realizarão um ato na rodoviária de Imbituba (SC), local onde ele foi assassinado enquanto era alimentado no colo de sua mãe.
O ato inicia ao meio-dia, horário em que o atentado ocorreu. Os indígenas reivindicam justiça e buscam visibilidade para a situação de preconceito e insegurança que sofrem atualmente.
Os pais de Vítor, como muitos outros indígenas costumam fazer nesta época do ano, haviam saído da Terra Indígena Aldeia Kondá, território Kaingang localizado no município de Chapecó (SC), para comercializar artesanato no litoral catarinense, onde pretendiam permanecer até o fim do carnaval junto com Vítor e seus outros dois filhos, um de seis e outro de doze anos.
As motivações para o crime permanecem incertas e, atualmente, um segundo suspeito está temporariamente preso, depois de uma detenção equivocada feita pela polícia.
Vítor faleceu em um local que a família Kaingang imaginava ser seguro. As rodoviárias são espaços frequentemente escolhidos pelos Kaingang para descansar, quando estes se deslocam das aldeias para buscar locais de comercialização de seus produtos.
Violência contra os povos indígenas
Em nota emitida dia 31 de dezembro, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifestou preocupação com o clima de intolerância que se propaga, na região sul do país, contra os povos indígenas. O racismo – às vezes velado, às vezes explícito – é difundido através de meios de comunicação de massa e em redes sociais. Ocorrem, com certa frequência, manifestações públicas de parlamentares ligados ao latifúndio e ao agronegócio contrários aos direitos dos povos indígenas e que incitam a população contra estes povos.
Em todo o país registram-se casos de violência e de intolerância contra indígenas e quilombolas, manifestadas concretamente nas perseguições, nas práticas de discriminação, na expulsão e no assassinato de indígenas.
Conforme dados levantados pelo Relatório Violência Contra os Povos Indígenas 2014, do Cimi, 138 assassinatos de indígenas foram registrados no Brasil naquele ano. Nos últimos 12 anos, foram 754 assassinatos.
A violência recorrente contra os povos indígenas no Brasil está diretamente ligada à desassistência do poder público e à morosidade na regularização de terras indígenas, o que acirra as situações de conflito, gera insegurança e coloca os indígenas em situação de vulnerabilidade.
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