NOTA DA PRESIDÊNCIA NACIONAL DO PCdoB
O dia 12 de maio de 2016 entra para a
história como palco de um acontecimento vergonhoso e ultrajante. A maioria do
Senado Federal, rasgando a Constituição, aprovou a admissibilidade de um
impeachment sem fundamento jurídico. Em consequência disso, a presidenta Dilma
Rousseff, eleita com mais de 54 milhões de votos, será afastada do cargo e, sem
ter cometido crime algum, será julgada pelo Senado. Arbitrariamente, a
presidenta é arrancada do posto e com ela sai um projeto de país, um ciclo de
desenvolvimento que reduziu substancialmente as desigualdades sociais e
regionais.
O vice-presidente Michel Temer, que
aderiu à conspiração e passou a ser um de seus chefes, adentrará ao Palácio do
Planalto pela porta dos fundos, pela imposição de uma verdadeira “eleição
indireta”. Usurpará a cadeira presidencial e chefiará um governo ilegítimo.
Diante dessa realidade, inicia-se uma
nova etapa da resistência democrática e popular, tão desafiadora quanto
imperativa: revigorar a jornada de mobilização para derrotar o golpe no
julgamento do Senado e se opor tenazmente ao governo ilegítimo de Temer que
chega armado com um selvagem programa neoliberal, representando retrocesso
político, regressão de direitos e aviltamento da soberania nacional.
A partir deste dia 12, com a democracia
ferida, o país viverá um período de grandes incertezas e vivenciará uma
situação tensa e inédita: o confronto entre dois blocos políticos e sociais
tendo, de um lado, a presidenta Dilma Rousseff, detentora de um mandato
legítimo, mas ilegalmente afastada e, de outro, o vice-presidente Michel Temer,
entronizado por meio de um golpe.
Ao longo dessa jornada reacionária,
quanto ódio, quanta intolerância e preconceito foram e são desferidos contra a
primeira mulher presidenta do Brasil. Face a essas agressões e diante da
democracia em risco, a presidenta Dilma tem lutado com fibra e coragem política
e é assim que ela se colocará à frente da mobilização do povo, para preservar a
democracia, derrotar o golpe, defender as conquistas do período dos governos
Lula e Dilma.
Apesar da vitória que alcançaram, os
golpistas deixam cair as máscaras e acumulam desgastes, dentro e fora do país.
Desde a infame sessão da Câmara dos Deputados, em 17 de abril, passando pelos
debates e votações que acabam de acontecer no Senado, este processo de
impeachment vai se revelando exatamente o que é: a face contemporânea dos
velhos golpes que vitimaram a democracia em nosso país.
As contradições que envolvem o conluio
que sustenta Temer, a ilegitimidade e fragilidade de seu governo, as medidas
antipopulares e antinacionais que terá que adotar, o combate decidido que
sofrerá das forças democráticas e populares poderão produzir um impasse de
graves consequências que poderá levar um conjunto de senadores a concluir que
não há solução para a crise fora da democracia.
O PCdoB reitera, por isso, a proposta da
realização de um plebiscito por eleições diretas para presidente. Temos a
convicção de que cabe ao povo, do alto de sua soberania, decidir sobre qual
melhor caminho para o país superar a crise e restaurar a democracia.
Essa batalha por um plebiscito aumenta a
possibilidade de conquistarmos os votos necessários à absolvição da presidenta
Dilma, pois dialoga com um grupo de senadores que advogam a proposta da
antecipação das eleições presidenciais e vai ao encontro de forte aspiração do
povo. Ademais, a bandeira do plebiscito dá perspectiva, realimenta de novas
energias a resistência democrática e popular para confrontarmos o governo
ilegítimo de Temer.
As forças democráticas e populares,
instituições que prezam a democracia, como as universidades, juristas,
advogados, intelectuais, artistas, somos todos desafiados a partir de agora a
reforçar a mobilização do nosso povo e de amplos setores da sociedade para
derrotar o golpe no Senado Federal.
Enfrentemos com garra os desafios desta
nova etapa da luta contra o golpe, ampliemos nossas forças, abracemos com
entusiasmo a agenda de mobilização da Frente Brasil Popular, da Frente Povo Sem
Medo e de múltiplas articulações democráticas para que cresça a resistência do
povo, dos trabalhadores e de amplos setores progressistas para que, ao final,
vença a democracia!
Brasília, 12 de maio de 2016
Deputada federal Luciana Santos
Presidenta Nacional do Partido Comunista do Brasil –
PCdoB
Nenhum comentário:
Postar um comentário