Postado em 21/06/2016 5:19
Temer paga à mídia a conta do golpe
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Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
É tudo tão previsível.
O Brasil, de fato, se tornou a maior república de bananas do planeta.
Os poucos meios de comunicação que fazem crítica, de maneira organizada, profissional, jornalística, ao golpe, ao governo Temer, aos grandes conglomerados de mídia, são perseguidos à luz do dia.
Não é de hoje. Os executivos da Globo, há alguns anos, começaram a processar judicialmente blogueiros. No Paraná, o governo do Estado mandou e o TRE aplicou multa de 200 mil reais num blogueiro – o Tarso, para o qual fazemos campanha de arrecadação até hoje.
Após o golpe, uma das primeiras iniciativas do governo tem sido, como acontece em qualquer golpe, em qualquer ditadura, a tentativa de silenciar a crítica.
Há duas ou três semanas a grande mídia vem repetindo e requentando matérias sobre a verba que os blogs ditos políticos “iriam” ganhar – e ganhar de maneira honesta, normal, como centenas ou milhares de sites brasileiros ou hospedados no Brasil.
Neste final de semana foi a vez da Globo dar matéria, como chamada na capa, página inteira no miolo, sobre o “corte da verba aos blogs”.
O governo Temer, atendendo às ordens da Globo, mandou suspender contratos já feitos com blogs e sites para o ano de 2016, mas seu foco específico era alguns blogs progressistas, sem ocultar que se trata de perseguição política e ideológica.
O “representante” do governo ainda teve o desplante de confessar que a obsessão para prejudicar os blogs era tão grande que, sem conseguir “diferenciar” totalmente os blogs que deveriam ser perseguidos, decidiu-se suspender os contratos de publicidade com todos os sites e blogs. Inclusive aqueles que essa nova entidade misteriosa que se tornou subitamente, sob o beneplácito da mídia corporativa, o juiz moral e político da liberdade de expressão no país, não queria censurar, como o site do El Pais, o Observatório da Imprensa. Todos esses recebem vultosos anúncios estatais, mas não entraram na lista negra do Globo/Temer.
É sinal de insegurança, do governo e da mídia, esse ataque a um punhado de blogs. O exército de zumbis da mídia, boa parte deles vítimas inconscientes da manipulação que sofrem diuturnamente, ajuda a fazer o serviço sujo, disseminando desinformação contra a imprensa antigolpe.
Entretanto, não são os blogueiros os principais prejudicados.
Na verdade, quanto mais a mídia, governo e zumbis perseguem blogs, mas a gente ganha notoriedade. Os blogs são fenômenos darwinistas. Eles ganham força na adversidade. São como pequenos mamíferos ágeis que se adaptam facilmente num mundo que já não consegue alimentar os dinossauros.
O problema é a ascensão do fascismo, que floresce de forma muito rápida nessa atmosfera de opressão, perseguição e censura.
O Cafezinho pede desculpas a estes sites que, por culpa da obsessão do governo contra blogs como o nosso, acabaram pagando o pato. Eu tenho admiração por qualquer site de informação ou de debate político, inclusive os de direita, desde que seja bem escrito e conduzido com responsabilidade. Acho que um governo democrático deveria ter iniciativas para que produtores de conteúdo de diversas orientações ideológicas tivessem acesso a publicidade institucional, de maneira a oferecer, à sociedade brasileira, um painel rico de opiniões, debates e informações. Tenho escrito isso há anos. Uma solução simples e democrática, por exemplo, seria a criação de um sistema randômico público.
Em 2016, dar ao governo – e ainda mais um governo golpista, corrupto e reacionário como este -, a prerrogativa de escolher que sites e blogs poderão receber publicidade estatal, é uma temeridade!
Eu considero o universo da opinião e do debate tão importantes quanto o universo da informação pura (que nem acho que existe). Espero, portanto, que todos estes sites voltem a celebrar contratos com o governo, que tenham publicidade institucional, que existam e sejam fortes, porque a pior coisa que pode acontecer ao Brasil é continuar refém de meia dúzia de barões da mídia.
Quanto ao Cafezinho, entramos na lista negra do governo e da Globo (a da Globo é a pior, porque ela é quem manda hoje no país). Ainda temos um bannerzinhos institucionais aqui e ali no blog, mas suponho que estão com os dias contados, nem estou seguro sobre seu pagamento.
Não se preocupe o leitor, contudo. Não com o Cafezinho, pelo menos. Sempre vivemos sem anúncios do governo, e quando eles finalmente apareceram, aos 44 minutos do segundo tempo, vem o golpe, o governo cai e o seu substituto manda não pagar.
Continuamos vivendo de assinaturas, na luta para que a ditadura Temer/Globo e seu clima horrível de ameaça a quem ousa criticá-la, se afunde em sua própria lama autoritária.
Conhecemos muito bem, além disso, a história das lutas sociais, e sabemos que os que resistem hoje serão os grandes vencedores de amanhã.
Os vencedores do golpe, por sua vez, já tem lugar garantido no lixo da história.
A Globo publicou um gráfico para não deixar dúvidas sobre a “lista negra”. Somos “mídia política” e não podemos receber nenhum tipo de publicidade institucional. Eu fico imaginando, por exemplo, o Pasquim: não seria também “mídia política”?
A censura voltou, mais disfarçada, porém igualmente brutal – vide o caso dos jornalistas paranaenses, perseguidos por juízes, ou de Marcelo Auler, agredido judicialmente por meganhas da Lava Jato.
A lista negra da Globo, naturalmente, serve também para assustar possíveis anunciantes privados.
Eu considero que o empresariado brasileiro, em seu conjunto (não falo de meia dúzia de golpistas da Fiesp), também é vítima do monopólio da mídia e do clima de golpe, porque a situação que vivemos trouxe insegurança jurídica e política para todos.
Qualquer empresa ou cidadão pode ser destruído pela mídia, se esta entender que ele ou ela estão em seu caminho. O Judiciário não defende o cidadão, porque para isso teria de enfrentar os grandes meios de comunicação, o que não acontece, até porque os juízes também estão sob constante ameaça.
O juiz que não obedece às tácitas diretrizes da grande mídia é imediatamente linchado em jornais, portais e tv.
Como resultado, o Judiciário entrou no jogo da mídia e tem embarcado alegremente em qualquer conspiração, desde que ao final dela seus salários e benefícios aumentem ainda mais.
Uma das primeiras medidas do governo Temer foi – em meio a uma grave recessão – dar aumento ao judiciário.
Sobre o conceito de “mídia política”, o governo Temer está na contramão das democracias modernas. A tendência de democracias contemporâneas é um ambiente de debate plural, rico, diverso. Na comunicação, há uma tendência à opinião, ao debate, até porque a informação pura está migrando para as fontes primárias.
A perseguição aos blogs, por parte do governo e da mídia (que faz matérias hostis, sem ouvir o outro lado, sem informar ao leitor que os blogs ampliaram de maneira espetacular sua audiência, aumentaram a produção de conteúdo próprio, e que há um setor influente da sociedade que se sente representado pelos blogs) é parte da conta paga pelo apoio ao golpe.
Os blogs criticam a mídia, então a mídia, num lampejo incrível de magnanimidade e espírito democrático, usa sua influência junto a um governo fraco, quase natimorto, desesperado por agradar aos barões midiáticos e, com isso, se salvar da derrocada política ou mesmo da prisão, para asfixiá-los financeiramente!
Delenda blogs!
A outra parte da conta, o governo está tentando pagar através de medidas provisórias para isentar os empresários bilionários da mídia de pagamentos de impostos, como a MP 713, onde o governo adicionou vários penduricalhos neste sentido.
Então é assim: a grande mídia brasileira acumulou capital, poder e ganhou mercado durante a ditadura militar. De lá para cá, abocanhou a maior parte dos recursos do Estado. Leis foram feitas, durante a ditadura e ao longo dos últimos governos, para agradar e enriquecer os bilionários donos da mídia brasileira. E aí, quando o governo Dilma começa a distribuir migalhas para a internet, a mídia patrocina um golpe, após o qual o governo corta o incipiente processo de democratização da publicidade estatal e, em plena recessão, tenta subsidiar um punhado de bilionários da comunicação.
Detalhe: a grande mídia é sonegadora de impostos e faz campanha para a sonegação de impostos.
O Estado, ao invés de cobrar os impostos que elas devem, quer lhes conceder mais privilégios fiscais.
Enquanto isso os pequenos são perseguidos, porque os poderosos sabem que o debate não pode ser livre. Apenas uma narrativa pode prevalecer.
A narrativa do golpe.
Evidentemente vão perder, porque, ao nosso lado, temos Zé Keti: podem me bater, podem me prender, podem até me deixar sem comer, que eu não mudo de opinião, daqui do blog eu não saio não.
Boa noite, sacripantas!
O Brasil, de fato, se tornou a maior república de bananas do planeta.
Os poucos meios de comunicação que fazem crítica, de maneira organizada, profissional, jornalística, ao golpe, ao governo Temer, aos grandes conglomerados de mídia, são perseguidos à luz do dia.
Não é de hoje. Os executivos da Globo, há alguns anos, começaram a processar judicialmente blogueiros. No Paraná, o governo do Estado mandou e o TRE aplicou multa de 200 mil reais num blogueiro – o Tarso, para o qual fazemos campanha de arrecadação até hoje.
Após o golpe, uma das primeiras iniciativas do governo tem sido, como acontece em qualquer golpe, em qualquer ditadura, a tentativa de silenciar a crítica.
Há duas ou três semanas a grande mídia vem repetindo e requentando matérias sobre a verba que os blogs ditos políticos “iriam” ganhar – e ganhar de maneira honesta, normal, como centenas ou milhares de sites brasileiros ou hospedados no Brasil.
Neste final de semana foi a vez da Globo dar matéria, como chamada na capa, página inteira no miolo, sobre o “corte da verba aos blogs”.
O governo Temer, atendendo às ordens da Globo, mandou suspender contratos já feitos com blogs e sites para o ano de 2016, mas seu foco específico era alguns blogs progressistas, sem ocultar que se trata de perseguição política e ideológica.
O “representante” do governo ainda teve o desplante de confessar que a obsessão para prejudicar os blogs era tão grande que, sem conseguir “diferenciar” totalmente os blogs que deveriam ser perseguidos, decidiu-se suspender os contratos de publicidade com todos os sites e blogs. Inclusive aqueles que essa nova entidade misteriosa que se tornou subitamente, sob o beneplácito da mídia corporativa, o juiz moral e político da liberdade de expressão no país, não queria censurar, como o site do El Pais, o Observatório da Imprensa. Todos esses recebem vultosos anúncios estatais, mas não entraram na lista negra do Globo/Temer.
É sinal de insegurança, do governo e da mídia, esse ataque a um punhado de blogs. O exército de zumbis da mídia, boa parte deles vítimas inconscientes da manipulação que sofrem diuturnamente, ajuda a fazer o serviço sujo, disseminando desinformação contra a imprensa antigolpe.
Entretanto, não são os blogueiros os principais prejudicados.
Na verdade, quanto mais a mídia, governo e zumbis perseguem blogs, mas a gente ganha notoriedade. Os blogs são fenômenos darwinistas. Eles ganham força na adversidade. São como pequenos mamíferos ágeis que se adaptam facilmente num mundo que já não consegue alimentar os dinossauros.
O problema é a ascensão do fascismo, que floresce de forma muito rápida nessa atmosfera de opressão, perseguição e censura.
O Cafezinho pede desculpas a estes sites que, por culpa da obsessão do governo contra blogs como o nosso, acabaram pagando o pato. Eu tenho admiração por qualquer site de informação ou de debate político, inclusive os de direita, desde que seja bem escrito e conduzido com responsabilidade. Acho que um governo democrático deveria ter iniciativas para que produtores de conteúdo de diversas orientações ideológicas tivessem acesso a publicidade institucional, de maneira a oferecer, à sociedade brasileira, um painel rico de opiniões, debates e informações. Tenho escrito isso há anos. Uma solução simples e democrática, por exemplo, seria a criação de um sistema randômico público.
Em 2016, dar ao governo – e ainda mais um governo golpista, corrupto e reacionário como este -, a prerrogativa de escolher que sites e blogs poderão receber publicidade estatal, é uma temeridade!
Eu considero o universo da opinião e do debate tão importantes quanto o universo da informação pura (que nem acho que existe). Espero, portanto, que todos estes sites voltem a celebrar contratos com o governo, que tenham publicidade institucional, que existam e sejam fortes, porque a pior coisa que pode acontecer ao Brasil é continuar refém de meia dúzia de barões da mídia.
Quanto ao Cafezinho, entramos na lista negra do governo e da Globo (a da Globo é a pior, porque ela é quem manda hoje no país). Ainda temos um bannerzinhos institucionais aqui e ali no blog, mas suponho que estão com os dias contados, nem estou seguro sobre seu pagamento.
Não se preocupe o leitor, contudo. Não com o Cafezinho, pelo menos. Sempre vivemos sem anúncios do governo, e quando eles finalmente apareceram, aos 44 minutos do segundo tempo, vem o golpe, o governo cai e o seu substituto manda não pagar.
Continuamos vivendo de assinaturas, na luta para que a ditadura Temer/Globo e seu clima horrível de ameaça a quem ousa criticá-la, se afunde em sua própria lama autoritária.
Conhecemos muito bem, além disso, a história das lutas sociais, e sabemos que os que resistem hoje serão os grandes vencedores de amanhã.
Os vencedores do golpe, por sua vez, já tem lugar garantido no lixo da história.
A Globo publicou um gráfico para não deixar dúvidas sobre a “lista negra”. Somos “mídia política” e não podemos receber nenhum tipo de publicidade institucional. Eu fico imaginando, por exemplo, o Pasquim: não seria também “mídia política”?
A censura voltou, mais disfarçada, porém igualmente brutal – vide o caso dos jornalistas paranaenses, perseguidos por juízes, ou de Marcelo Auler, agredido judicialmente por meganhas da Lava Jato.
A lista negra da Globo, naturalmente, serve também para assustar possíveis anunciantes privados.
Eu considero que o empresariado brasileiro, em seu conjunto (não falo de meia dúzia de golpistas da Fiesp), também é vítima do monopólio da mídia e do clima de golpe, porque a situação que vivemos trouxe insegurança jurídica e política para todos.
Qualquer empresa ou cidadão pode ser destruído pela mídia, se esta entender que ele ou ela estão em seu caminho. O Judiciário não defende o cidadão, porque para isso teria de enfrentar os grandes meios de comunicação, o que não acontece, até porque os juízes também estão sob constante ameaça.
O juiz que não obedece às tácitas diretrizes da grande mídia é imediatamente linchado em jornais, portais e tv.
Como resultado, o Judiciário entrou no jogo da mídia e tem embarcado alegremente em qualquer conspiração, desde que ao final dela seus salários e benefícios aumentem ainda mais.
Uma das primeiras medidas do governo Temer foi – em meio a uma grave recessão – dar aumento ao judiciário.
Sobre o conceito de “mídia política”, o governo Temer está na contramão das democracias modernas. A tendência de democracias contemporâneas é um ambiente de debate plural, rico, diverso. Na comunicação, há uma tendência à opinião, ao debate, até porque a informação pura está migrando para as fontes primárias.
A perseguição aos blogs, por parte do governo e da mídia (que faz matérias hostis, sem ouvir o outro lado, sem informar ao leitor que os blogs ampliaram de maneira espetacular sua audiência, aumentaram a produção de conteúdo próprio, e que há um setor influente da sociedade que se sente representado pelos blogs) é parte da conta paga pelo apoio ao golpe.
Os blogs criticam a mídia, então a mídia, num lampejo incrível de magnanimidade e espírito democrático, usa sua influência junto a um governo fraco, quase natimorto, desesperado por agradar aos barões midiáticos e, com isso, se salvar da derrocada política ou mesmo da prisão, para asfixiá-los financeiramente!
Delenda blogs!
A outra parte da conta, o governo está tentando pagar através de medidas provisórias para isentar os empresários bilionários da mídia de pagamentos de impostos, como a MP 713, onde o governo adicionou vários penduricalhos neste sentido.
Então é assim: a grande mídia brasileira acumulou capital, poder e ganhou mercado durante a ditadura militar. De lá para cá, abocanhou a maior parte dos recursos do Estado. Leis foram feitas, durante a ditadura e ao longo dos últimos governos, para agradar e enriquecer os bilionários donos da mídia brasileira. E aí, quando o governo Dilma começa a distribuir migalhas para a internet, a mídia patrocina um golpe, após o qual o governo corta o incipiente processo de democratização da publicidade estatal e, em plena recessão, tenta subsidiar um punhado de bilionários da comunicação.
Detalhe: a grande mídia é sonegadora de impostos e faz campanha para a sonegação de impostos.
O Estado, ao invés de cobrar os impostos que elas devem, quer lhes conceder mais privilégios fiscais.
Enquanto isso os pequenos são perseguidos, porque os poderosos sabem que o debate não pode ser livre. Apenas uma narrativa pode prevalecer.
A narrativa do golpe.
Evidentemente vão perder, porque, ao nosso lado, temos Zé Keti: podem me bater, podem me prender, podem até me deixar sem comer, que eu não mudo de opinião, daqui do blog eu não saio não.
Boa noite, sacripantas!
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