Paulo Nogueira
Mesmo alguns adeptos de Temer, como o
jornalista da Globo Jorge Bastos Moreno, estão cansados do número de pessoas
encrencadas na justiça que vão fazendo parte do governo.
O assunto só não é manchete diariamente,
porque a imprensa protege Temer, e joga para debaixo do tapete notícias
desagradáveis para ele.
Mas qual é a surpresa com os ficha-suja
de Temer?
Nenhuma.
Temer recruta sua equipe essencialmente
em seu partido, o PMDB, símbolo do que existe de mais arcaico e mais corrupto
da política brasileira.
É como aquele sujeito que pede a um
amigo que vá reunir virgens num lupanar. É uma tarefa impossível, simplesmente.
Não existem virgens no PMDB. Pessoas com
qualquer tipo de idealismo jamais entrariam na política pelas portas imundas do
PMDB.
Num esforço, você pode admitir que haja
uma ou outra virgem no PSDB. Não falo dos caciques, é claro. O habitat deles,
como Aécio e FHC, é também o lupanar. Penso em jovens iludidos, talvez. Um ou
outro.
Mas, se entre os tucanos as virgens são
raras, ou raríssimas, no PMDB elas são zero. “Vou ficar rico” é o que ocorre a
um jovem que opte pelo PMDB para entrar na política.
É o partido dos oligarcas, dos homens
que se perpetuam no poder à base de práticas indecentes, dos dinossauros que só
deixam a política num esquife.
É o partido de Eduardo Cunha, enfim.
Ninguém simboliza tanto o PMDB quanto
Cunha. Os integrantes do baixo clero do partido sonham ser Cunha. É o triunfo
do interesse particular, e oblíquo, sobre o interesse público e transparente.
Temer, ele mesmo, é um típico
peemedebista. Quem compraria um carro usado dele?
Como presidente do PMDB, se tivesse
qualquer intolerância em relação à corrupção, Temer já teria se livrado de
Eduardo Cunha há muito tempo.
Mas, nas palavras de um delator, Temer é Cunha.
Veja as equipes que Cunha montou na
presidência da Câmara para defender seus interesses. Seus aliados na Comissão
de Constituição e Justiça, por exemplo. Salva algum? Você tem o impulso de
segurar a carteira no bolso ao vê-los.
É de um tipo de material parecido que se
abastece Temer.
Um governo do PMDB será sempre um
governo corrupto. E velho. E anacrônico.
É uma ironia dura que depois de tantas
marchas de tolos de verde-amarelo, tantas etapas da Lava-Jato e tantas
manchetes da mídia em torno da corrupção tenhamos no governo o que há de mais
sujo na política.
Ou não é ironia. Pode ser apenas uma
prova de que a plutocracia, em sua campanha contra Dilma, não estava
remotamente interessada em acabar com a corrupção.
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