Não importa a votação do Senado, Dilma já foi absolvida pela
história e os golpistas condenados
Paulo Nogueira
Não importa a votação final do Senado,
Dilma já foi absolvida pela História e os golpistas condenados.
Ficou cabalmente provado que ela não cometeu
o crime que lhe foi imputado na peça infame do impeachment.
Dilma não pedalou.
Ficou cabalmente provado, igualmente,
que seu afastamento foi um golpe cínico, canalha, despudorado da plutocracia
corrupta e predadora.
O objetivo em nenhum momento foi
combater a corrupção. Isso serviu apenas de pretexto, como em 54 com Getúlio e
64 com Jango.
Se quisessem erradicar a corrupção,
jamais o maestro do golpe teria sido Eduardo Capone Cunha e nem o beneficiário
principal Michel 6% Temer.
A finalidade era conquistar o Estado por
outro meio que não os votos e, uma vez feito isso, estabelecer um governo
destinado a favorecer os plutocratas. Para tanto, programas sociais foram sendo
postos no lixo mesmo sem Temer ser efetivado.
Temer. FHC. Aécio. Serra. Famílias
Marinho, Frias, Civita e Mesquita, ao lado de seus comentaristas e editores de
alto poder de famulagem. Sérgio Moro. Gilmar Mendes. O STF no conjunto.
Todos os nomes listados acima, apenas
alguns entre tantos, são a escória destes tempos dramáticos para a democracia
brasileira. E assim a posteridade os reconhecerá: seus filhos e netos haverão
de se envergonhar de seu papel no golpe plutocrata.
Com Dilma é o oposto.
Ela foi claramente vítima de homens
corruptos, ricos e inescrupulosos.
Não teve chance de governar desde que
iniciou o segundo mandato que garantiu graças a 54 milhões de votos.
Foi imediatamente perseguida. Caçada.
Aécio e FHC contestaram os votos das formas mais sujas possíveis. Em seu
jornalismo de guerra, a mídia crucificou Dilma. A Lava-Jato e Sérgio compuseram
um circo infernal. No Congresso, Eduardo Cunha, com seus métodos de gangster,
inviabilizou qualquer possibilidade de Dilma passar medidas que pudessem fazer
frente à crise econômica.
Não bastasse isso, a esquerda acusou Dilma
injustamente de colocar em prática um programa conservador.
Ora, ora, ora.
Estes dois meses de Temer mostraram o
que é, efetivamente, uma plataforma conservadora. Mesmo nas cordas, Dilma não
mexeu nas ações sociais que tiraram milhões de brasileiros da miséria nos
últimos anos.
Temer está fazendo o que Aécio teria
feito caso fosse vitorioso.
A posteridade reparará mais esta
injustiça contra Dilma: a da esquerda míope, que tradicionalmente, na história,
facilita os golpes da direita.
É uma desgraça nacional, do ponto de
vista das coisas concretas, ver um projeto thatcherista ser imposto aos
brasileiros quando o mundo avançado já renegou o legado de Margaret Thatcher.
O thatcherismo foi responsável pelo
crescimento vertiginoso da desigualdade social nos últimos 30 anos, com seus
pilares francamente a favor dos ricos.
Nem os herdeiros de Thatcher, os
conservadores britânicos, ousam falar em seu nome para a sociedade. Não existe
uma única estátua de Thatcher na Inglaterra. É sabido
que, se erguida hoje, será derrubada amanhã.
E mesmo assim Thatcher inspira os
responsáveis pela economia brasileira. Um país já tão desigual se tornará ainda
mais injusto.
Dilma, repito, já foi absolvida e os
golpistas condenados.
Caso o golpe seja efetivado em agosto, Dilma
cairá de pé, maior do que jamais foi. E os golpistas ganharão de joelhos,
condenados ao desprezo eterno dos brasileiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário