O
projeto liberal, o Brasil e a América Latina (III).
(Ernesto
Germano Parés)
Em nosso Informativo passado lembramos a história do
roubo de uma grande parte do México pelo governo estadunidense, através de uma
farsa montada por colonos. Mas, há um ponto muito curioso nessa história que
não podemos deixar de lembrar.
Nesse imenso território “surrupiado” pelos EUA, entre
outras, há duas cidades muito importantes para nossa análise e para nosso
estudo: Los Álamos e Santa Fé!
Se, por um lado, a região de Los Álamos ficou
tristemente famosa por ter sido a área onde foi projetada e desenvolvida a
bomba atômica que arrasou Hiroshima e Nagasaki, no final da Segunda Guerra, a
cidade de Santa Fé viu nascer o projeto mais audacioso e violento dos EUA
contra a América Latina em anos recentes. Porque foi lá a “maternidade” dos
conhecidos Documentos de Santa Fé.
Para quem não conhece ou já esqueceu, os chamados
“documentos de Santa Fé” são estudos e projetos dirigidos pela CIA para
orientar ideologicamente a política estadunidense com relação à nossa região.
Os dois primeiros datam de 1980 e 1986 (Santa Fé I e Santa Fé II) e foram
elaborados porque Washington temia a propagação de ideias de esquerda na
região. Nesses dois documentos estão alinhavados os projetos para o
fortalecimento das políticas estadunidenses na América Latina e a promoção de
reformas que permitissem o avanço do projeto neoliberal para facilitar os
investimentos das suas grandes empresas.
Entre as receitas listadas nos documentos estava a
necessidade de atacar e debilitar as ações dos críticos e intelectuais de
esquerda na região. Foi um período de avanço da ideologia de direita através da
mídia comprometida com o sistema. Por outro lado, construíam um espaço para dar
“palanque” para o populismo de direita em nossos países.
A ideia do documento I era “debilitar as bases
culturais tradicionais na região e os movimentos populares e sociais”. Para
isso, houve todo um investimento e um trabalho para ampliar a influência da
cultura e dos costumes estadunidenses para que os jovens passassem a vê-los
como o “sonho a ser alcançado”.
Poucas pessoas sabem, mas o Documento de Santa Fé I
estabelece projetos para “ampliar a propagação de religiões evangélicas
fundamentalistas” dos EUA em nossos países. O estudioso Joseph Stoll calcula
que, só nessa questão de injetar o fundamentalismo evangélico na região foram
gastos entre 200 e 300 milhões de dólares nos últimos anos da década de 1980.
O documento II, além de aprofundar a tática já
estabelecida no primeiro, aponta para a utilização da luta contra o
narcotráfico como um caminho para fortalecer a presença militar e financiar
grupos paramilitares que serviam ao projeto de impedir o surgimento de
organizações populares. Isso ficou bem claro na Colômbia, no Peru, na Bolívia e
até mesmo no Brasil.
Porém, o que poucos sabem é que esses projetos não
pararam no final dos anos 80. Muitos desconhecem que, já em 2000, foi elaborado
o Documento de Santa Fé IV!
Os primeiros documentos estavam voltados para impedir o
avanço de ideias marxistas na região e para combater o que consideravam o
“perigo do avanço da teologia da libertação”. Havia uma grande preocupação dos
pensadores de Washington no sentido de evitar o surgimento de pensamentos
nacionalistas e populares que pudessem reduzir a influência política que sempre
mantiveram por aqui.
Mas, como dissemos na primeira parte deste documento, o
final dos anos 1990 e os primeiros anos do século XXI trouxeram violentas
derrotas para a influência de Washington. Em particular, como primeira grande
preocupação do Império, a eleição de Hugo Chávez (Venezuela) e sua política de
revitalização da OPEP.
Chávez, como presidente eleito de um país que tem
imensas reservas de petróleo, iniciou um movimento de mudanças nas políticas da
OPEP que assustaram Washington e as grandes empresas privadas de petróleo nos
EUA e na Europa.
Em segundo lugar, outros grandes movimentos levaram
preocupação aos poderosos de Wall Street e da Casa Branca: a chamada Guerra da
Água, em Cochabamba (Bolívia); o surgimento do movimento indígena no Equador; o
avanço do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, no Brasil; o avanço da
guerrilha na Colômbia, e; os movimentos dos piqueteiros, na Argentina.
Não vamos nos alongar na análise do Documento de Santa
Fé IV porque ele está disponível na Internet e qualquer um pode ler, na
íntegra, e tirar suas conclusões. Mas gostaríamos de fazer alguns destaques que
consideramos importante: a) na introdução do documento, os seus autores fazem
uma crítica aos governos estadunidenses que abandonaram um pouco a América
Latina e permitiram o surgimento desses avanços nacionalistas e de governos
populares; b) o documento também critica que os governos estadunidenses tenham
permitido a aproximação e a realização de acordos econômicos da China e da
Rússia na região; c) muito importante é que, também na introdução, os autores
chamem a atenção para a importância que tem a América Central e a América do
Sul para a economia estadunidense, citando, inclusive, a Doutrina Monroe; d)
por fim, mas não menos importante, o documento termina com um longo estudo do
que chamam “Temas Para um Novo Milênio”, em uma clara demonstração de que
pretendem continuar dominando a região.
Para esses “Temas” o documento destaca o que chama de
“Nove Ds”, ou seja, nove políticas para a região que principiam com a letra D.
Entre elas: Defesa (é claro que a defesa dos EUA); Drogas (a volta do velho discurso
de lutar contra as drogas, mas sem lembrar que os EUA são os maiores
consumidores de drogas do planeta); Demografia (uma clara demonstração de que
estão preocupados com o crescimento populacional na América Latina e o problema
dos imigrantes) e; Democracia Populista (o nome que eles criaram para definir
os governos progressistas e populares na região). Isso para citar apenas alguns
“Ds” do documento.
Mas, continuando a nossa análise sobre o que vem
acontecendo na região e os golpes que estão em andamento contra esses governos
populares e nacionalistas, vamos citar um importante documento recém divulgado
pelo Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (CELAG).
Uma série de análises sobre um “novo” neoliberalismo
que estaria em andamento em nossa região destaca alguns dos principais
objetivos a serem alcançados e o que significam para o projeto.
Chamado de “decálogo” do novo neoliberalismo, o
documento destaca:
1) Gestão eficiente – o novo projeto neoliberal diz que
“já não há tempo para ideologias e nem para políticas”. O que importa, agora, é
que “as coisas funcionem como em uma empresa bem administrada”. Só os resultados
interessam;
2) Lideranças não carismáticas – para reforçar o
princípio anterior, o que desejam é de lideranças sem carisma pessoal, mas com
uma imagem de “bons gestores públicos”. É preferível um bom “administrador” do
que um líder de massas;
3) A banalização do político – assim como há cerca de
duas décadas o neoliberalismo promoveu a banalização da injustiça social, agora
a proposta é banalizar o político. Diante das discussões que envolvem os interesses
do Estado e da sociedade, é importante reduzir a política, cada vez mais, a um
espetáculo circense para promover o descrédito entre a população. Programas de
variedades e de entretenimento passam a ser o cenário preferido dos políticos,
deixando de lado os debates institucionais;
4) Meritocracia – as vitórias são produto de esforço
pessoal e nunca de condições sociais! A ideia é ter um sistema educativo mais
abstrato possível, sem ideologias, e que (supostamente) todos possam ter
acesso, mas onde o aproveitamento ou não é uma questão da capacidade do indivíduo
e o Estado não tem responsabilidade alguma disso;
5) Desenvolvimento e consumo – a proposta é apresentar
a ideia de “progresso” como um desenvolvimento sem limites da capacidade de
consumir. Ou seja, o consumo passa a ser um “direito” mais sagrado do que
qualquer outro (saúde, moradia, transporte, salário, etc.). O importante é
consumir. Se o indivíduo está consumindo é um cidadão, ainda que tenha que
abrir mão de necessidades pessoais;
6) Ineficiência dos modelos socialistas – toda a
propaganda é agora voltada para mostrar que os modelos socialistas são
ineficientes e que suas conquistas, no princípio do século, foram apenas
consequência de modelos liberais anteriores e das condições propícias dos
mercados. Estamos a caminho de reviver a teoria do “Fim da História”;
7) Voltar aos valores ocidentais – há todo um trabalho
na grande mídia para retomar a imagem de que apenas os EUA e a Europa Ocidental
são modelos de eficiência. É preciso fazer a América Latina esquecer a ideia de
criar uma independência (derrotar o ideal bolivariano) e voltar a idolatrar os
valores estadunidenses e europeus. Impor novamente o complexo de inferioridade
entre nós;
8) Discurso da unidade – através da imprensa amestrada,
divulgar a ideia de que os governo progressistas na região “jogaram irmãos
contra irmãos” e promoveram divisões sociais nos países. A propaganda, agora, é
que “não importa ser rico ou pobre”, mas sim “pertencer a uma mesma nação”;
9) Formalismos democráticos – passa ao primeiro plano
os protocolos eleitorais, de origem liberal, apresentando o fato de “ir às
urnas” como a experiência máxima da democracia e a possibilidade do exercício
político por parte dos indivíduos. A ideia é desmotivar a participação política
através de organismos, associações ou entidades representativas da sociedade
civil. Vende-se a ilusão de que, indo votar, o cidadão já cumpriu a sua parte e
pode “deixar que os políticos saberão cuidar de tudo”;
10) A política social transforma-se em política
assistencial – na prática, são eliminadas as políticas sociais como direitos
dos cidadãos. O discurso é de que as políticas sociais impedem o
desenvolvimento do país e privam os destinatários (o povo) dos estímulos
necessários para trabalhar. Sim, a imagem de que criar políticas sociais é
criar um “bando de vagabundos que vive às custas do Estado”. As políticas
sociais serão substituídas por políticas assistenciais para os setores mais
vulneráveis, tornando-os ainda mais dependentes das políticas assistencialistas
que sustem o poder dos grandes.
A matéria está em http://www.celag.org/el-decalogo-neo-neoliberal/
• Dostoievski faz falta! Sim, cremos que apenas um
espírito arguto como o de Dostoievski seria capaz de traduzir toda a soberba e
prepotência desse “juizinho” de terceira instância chamado Sérgio Moro.
Nem
vamos falar das perseguições contra Lula e Dilma, sua doentia perseguição ao PT
e sua benevolência quando se trata de seus “amiguinhos” golpistas. Nem vamos
perguntar o motivo de ele manter em liberdade Eduardo cunha, sua esposa e
outros delatados no mesmo processo. Nem vamos ficar surpresos por ele ter devolvido
o passaporte de Claudia Cruz!
Mas o
recente episódio da prisão do ex-ministro
Guido Mantega quando visitava sua esposa no hospital é de uma insanidade tal
que faz ressuscitar a imagem do Grande Inquisidor, criado por Dostoievski em
seu conto “Os irmãos Karamazov”.
Na história vemos Jesus Cristo voltar à terra
exatamente na Espanha, onde o Tribunal do Santo Ofício estava no auge de sua
insanidade. Jesus resolve passear pela cidade e é reconhecido pelo povo que
passa a segui-lo e pedir curas e bênçãos.
No meio do passeio aparece o Grande Inquisidor que, com
todo o seu poder jamais questionado por alguém, aponta o dedo para Jesus
mandando “prender aquele homem”. E, “tão grande é o seu poder e tão habituado
está o povo a submeter-se” que levam o filho de Deus para a prisão onde ele é
interpelado duramente.
E diz o Grande Inquisidor a Jesus: “Então, és Tu, és
Tu? (....) Por que vieste incomodar-nos? Bem sabes que nos incomodas. Mas,
sabes o que acontecerá amanhã? (...) Mas amanhã hei de condenar-Te e serás queimado
como o pior dos heréticos e o mesmo povo que hoje Te beijava os pés se
precipitará amanhã, a um sinal meu, para deitar lenha na fogueira”.
Dostoievsky faz falta, mas eu não estava nem um pouco
saudoso do Grande Inquisidor que agora retorna.
PS. Escrevi
esta nota sob a inspiração de um grande amigo e companheiro, o Padre Normando,
de Volta Redonda.
• Declaração final do MNOAL. No domingo (18) aconteceu o encerramento da Cúpula do Movimento dos
Países Não Alinhados (MNOAL), como noticiamos no Informativo passado.
Na cerimônia de encerramento, o presidente Nicolás
Maduro anunciou a assinatura da declaração final do encontro e assumiu os
compromissos de levar adiante o que foi aprovado, uma vez que a Venezuela agora
assume a presidência temporária do grupo.
Entre os 11 pontos da Declaração lida por Maduro,
destacamos: 1) a decisão de “acelerar os processos de mudanças no sistema das
Nações Unidas para que seja alcançada a verdadeira democratização daquela entidade;
2) retomar as bandeiras de uma nova ordem econômica mundial baseada nas
experiências e avanços trazidos pelo BRICS como força econômica emergente; 3)
retomar a luta pela democratização da comunicação e da informação; 4)
impulsionar uma agenda de cultura da paz e do diálogo de civilizações e; 5)
buscar solução urgente para o povo palestino.
• FARC-EP aprovam transformação de grupo guerrilheiro em força
política. As FARC-EP (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo) aprovaram na quinta-feira (22),
durante sua 10ª Conferência Nacional Guerrilheira, a transformação do grupo em
partido ou movimento político.
“Está aprovado que vamos passar à transformação em uma
força política”, disse à emissora multiestatal Telesur o comandante das FARC
Félix Antonio Muñoz Lascarro, conhecido como Pastor Alape.
Segundo ele, são esperadas reformas institucionais para
decidir como se dará este novo passo, mas já há comissões trabalhando nesse
sentido.
“Informamos que os guerrilheiros-delegados deram apoio
unânime ao acordo de paz”, declarou um dos líderes das FARC, Luciano Marín
Arango, conhecido como “Ivan Márquez”, no encerramento da 10ª Conferência
Nacional Guerrilheira em Llanos del Yarí, no departamento de Meta (sul da
Colômbia).
O acordo entre o governo e a guerrilha, firmado em
Havana (Cuba) em 24 de agosto, após quatro anos de diálogo, será submetido a um
plebiscito em 2 de outubro para ser validado pela população colombiana.
Na sexta, o Alto Comissário para a Paz da Colômbia
disse à emissora multiestatal Telesur que integrantes das FARC começaram a se
deslocar para as áreas onde entregarão suas armas a delegados do governo
Santos.
• México: professores voltam às aulas, mas continuarão
denunciando a Reforma. Por decisão da
Assembleia Geral Representativa da Coordenação Nacional dos Trabalhadores em
Educação (CNTE), depois de mais de 125 dias de Greve Geral, os professores
iniciaram a volta às escolas para retomar as aulas. Mas a grande preocupação do
movimento, agora, é saber se todos os professores já retornaram e manter a
organização e a troca de informações.
Durante a semana que passou a CNTE reuniu dados sobre
as condições dos professores e das escolas e vai manter uma vigília constante
porque, segundo o acordo alcançado, não deve haver qualquer medida repressiva
ou prisão de professores e não haverá descontos nos salários. O único ponto
ainda pendente é a paralisação da Reforma Educativa Privatizadora que estava sendo
imposta pelo governo.
Nos dias 26 de setembro (amanhã) e 02 de outubro devem
ser realizadas, na Cidade do México e em outros estados, duas grandes
manifestações para recordar o desaparecimento dos 43 estudantes normalistas de
origem camponesa que eram militantes da Federação de Estudantes Camponeses
Socialistas.
• O que todos já sabiam!
O governo dos EUA entregou, na sexta-feira (23), o último lote de documentos
desclassificados sobre o assassinato do ex-chanceler chileno Orlando Letelier,
em Washington (1976). Pelos documentos agora divulgados pudemos ter certeza do
que todos já sabiam: o ataque foi orquestrado pelo ditador Augusto Pinochet!
Em um dos documentos agora conhecidos vamos encontrar
que “uma revisão de nossos arquivos sobre o assassinato de Letelier demonstrou
o que reconhecemos como uma evidência convincente de que o presidente Pinochet
ordenou pessoalmente a seu chefe de inteligência levar a cabo o assassinato”.
Só para lembrar, Letelier era ex-chanceler do governo
de Salvador Allende e estava refugiado nos EUA. Ele morreu em companhia de uma
cidadã estadunidense, Ronni Moffitt, quando uma bomba explodiu o se carro em
uma área de embaixadas, em Washington.
• Cuba não abre mão de seus princípios revolucionários. Discursando durante a 71ª Assembleia Geral das Nações
Unidas, o ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, assegurou
que seu país não renunciará a qualquer dos seus princípios revolucionários,
apesar do terrorismo de Estado a que está sendo submetido.
“Não renunciaremos a um só dos nossos princípios
revolucionários e anti-imperialistas, a defesa da Independência, a justiça
social e os direitos do nosso povo, nem a nossos compromissos de cooperação com
os mais necessitados”, disse ele.
Ele anunciou que Cuba vai continuar defendendo a
necessidade de reconhecer o direito da Palestina de construir suas fronteiras e
a necessidade de encontrar uma solução “justa e duradoura” para os conflitos no
Oriente Médio. Apontou como vitoriosa a participação de Cuba no acordo de paz
firmado entre as FARC-EP e o governo da Colômbia e concluiu seu discurso
dizendo que seu país repudia o golpe parlamentar no Brasil contra a presidenta
democraticamente eleita, Dilma Rousseff, além de expressar solidariedade ao
ex-presidente Lula.
• OPEP acredita em uma estabilidade no mercado. O secretário geral da Organização de Países Exportadores
de Petróleo (OPEP), Mohammed Barkindo, reconheceu que os estados membros estão
fazendo todo o possível para recuperar os preços do produto.
Em entrevista exclusiva para o canal TeleSur, Barkindo
destacou que utilizando as informações mais atuais em suas mãos, não tem
dúvidas de que todos os países produtores estão seriamente preocupados com os
atuais preços do barril e envolvidos em uma solução.
“O que acontece com os preços do petróleo incide sobre
toda a economia mundial”, disse ele ao destacar que toda a OPEP está envolvida
na busca de uma estabilidade nos preços.
Um dado importante em sua entrevista é a informação de
que, atualmente, são consumidos mais de 94 milhões de barris diários, mas
apenas 7 milhões de barris diários são fornecidos pela OPEP. E ele elogiou o trabalho
do ministro de petróleo da Venezuela, Eulogio del Pino, que tem buscado acordos
e pactos com os países membros e não membros da Organização para estabilizar o
mercado.
• Alerta máximo na França. A líder do partido de ultradireita francesa Frente Nacional, Marine Le
Pen, apresentou oficialmente, no último domingo, o programa de sua campanha
presidencial intitulada “França não se vende”, usando um discurso chauvinista e
xenofóbico.
“As eleições de 2017 são uma difícil escolha entre, por
um lado, a França, sua soberania, sua identidade, seus valores, sua
prosperidade (...) e, por outro lado, um país que não reconheceríamos, que
seria como um país estrangeiro”, gritava ela diante de 65.000 seguidores que
estiveram no lançamento e gritavam “Vamos ganhar”!
Como sempre faz, Le Pen criticou os imigrantes e os
“hábitos políticos-religiosos que chegam de fora”, referindo-se aos muçulmanos
que entram no país.
Oficialmente, o processo eleitoral francês só tem
início em fevereiro próximo, mas já conhecemos, pelo menos, dois candidatos:
Marine Le Pen e o ex-presidente Nicolás Sarkozy! Pobre França...
• Manda quem pode ou “ditadura pouca é bobagem”! As autoridades de Israel acabam de anunciar que o
Facebook “seguirá colaborando estreitamente para censurar todos os conteúdos
contrários à sua política de ocupação de territórios palestinos”.
Para dar um exemplo do que está acontecendo na “rede”,
um jovem palestino chamado Fadi Zabet tinha seguidores espalhados pelo mundo
que acompanhavam sua página no Facebook, mas teve sua conta encerrada por
publicar fotos das agressões de soldados israelenses contra crianças
palestinas. Os proprietários da rede Facebook concordaram em colaborar com
autoridades israelenses para evitar conteúdos que denunciem os seus crimes.
Coisa parecida aconteceu com o ativista Said Shoaib.
Sua conta foi encerrada depois que postou imagens de um menino palestino sendo
brutalizado por soldados israelenses.
Várias entidades de direitos humanos já se pronunciaram
contra essa censura aberta e denunciam que o Facebook está se tornando uma
ferramenta a mais para apoiar a ocupação israelense.
• Ministro de Israel defende pena de morte para prisioneiros
palestinos. O ministro da Agricultura
de Israel, Uri Ariel, fez um violento discurso na terça-feira (20) exigindo
pressa na aprovação de uma Lei para legalizar a execução de palestinos presos
em cárceres israelenses.
Ele se dirigiu diretamente a Avigdor Lieberman, atual
ministro de Defesa do país que, em 2015, havia prometido que seriam aceleradas
as discussões para a aprovação de tal Lei, mesmo sabendo que vai contra a
legislação internacional, a Carta das Nações Unidas e o Quarto Acordo de
Genebra.
Atualmente, mais de 7.000 palestinos vivem em condições
desumanas nas prisões israelenses, sem direitos elementares como água,
alimentos, atenção médica, educação, visitas regulares ou defesa jurídica. Praticamente
todos estão presos sob o argumento de “detenção administrativa”, um eufemismo
usado por Tel Aviv para manter na prisão pessoas que não foram acusadas ou
julgadas formalmente.
• EUA: mais um cidadão negro é morto por policiais. O assassinato de um mais um homem negro pela polícia
gerou protestos desde terça-feira (20) na cidade de Charlotte, no estado da
Carolina do Norte. Segundo notas da imprensa local, já são quatro dias e quatro
noites de protestos nas ruas pelas ruas da cidade.
A tensão em Charlotte começou quando policiais mataram
Keith Lamont Scott, um negro de 43 anos, no estacionamento de um edifício. De
acordo com os agentes, o homem estava armado e “representava uma ameaça de
morte iminente” para os policiais.
“O sujeito saiu do veículo com uma arma de fogo que
representava uma ameaça de morte iminente para os agentes, que seguidamente
dispararam suas armas”, informou a polícia de Charlotte por meio de um comunicado.
O mesmo comunicado diz que os agentes tinham ido ao edifício para executar um
mandado de prisão contra outro homem, que não foi encontrado.
Familiares de Scott, no entanto, negaram que ele
estivesse armado e disseram que a vítima levava um livro que estava lendo
enquanto esperava seu filho que retornava da escola.
A prefeita de Charlotte, a maior cidade da Carolina do
Norte com mais de 825 mil habitantes e 35% da população negra, Jennifer
Roberts, disse que a comunidade “merece respostas” e prometeu uma “investigação
completa”.
• O vídeo conta uma história diferente. Um vídeo gravado pela viúva de Keith Lamont Scott foi
enviado para vários veículos de comunicação e as imagens mostram o momento em
que ele foi abordado pela Polícia.
A viúva resolveu tornar público o vídeo com as cenas
que antecedem a morte de Scott e algumas cenas posteriores, depois de se ouvir
os disparos dos policiais.
Ainda que não seja clara a cena do seu assassinato,
ouve-se claramente quando a mulher grita “não disparem, ele não está armado e
não fará nada”! Ela esclareceu que seu marido tomava medicação para uma lesão
traumática cerebral.
O vídeo, com duração de dois minutos e doze segundos,
mostra quando os policiais abordam Scott e mandam ele largar a arma. Logo em
seguida se ouve quatro tiros.
Kerr Putney, chefe da Polícia, diz que não vai divulgar
os vídeos gravados por câmeras pessoais instaladas nos uniformes dos policiais
“para não comprometer as investigações”!
Nenhum comentário:
Postar um comentário