Beto Barata
De acordo com a economista
Laura Carvalho, a permanência de Michel Temer na Presidência não é só
“vergonhosa”, como também está “custando caro demais para a população”. Isso
porque, denuncia a professora da USP, a compra de apoio parlamentar tem
consumido boa parte do Orçamento.
Enquanto isso, o Bolsa
Família fica sem reajuste e tira-se verba de um setor para cobrir outro.
“Em vez de livrar-nos de um
governo corrupto e ilegítimo, cada novo escândalo acaba fazendo com que se
gaste mais para manter coesa a base aliada e, consequentemente, com que sobre
menos recursos ainda para as áreas prioritárias”, escreve Laura, em artigo na
Folha de S. Paulo.
Ela destaca que, na ânsia de
evitar o prosseguimento da denúncia de corrupção passiva que é analisada na
Câmara, Temer abriu seu gabinete e passou 13 horas recebendo políticos.
No centro das conversas,
articulações para tentar barrar o avanço da denúncia oferecida pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente. As negociações
incluíram liberação de emendas e oferta de cargos.
Na última terça (4), matéria
da Reuters noticiou que, em junho, o governo federal ampliou - e muito - a
liberação de recursos para emendas parlamentares. A iniciativa ocorreu após a
delação dos executivos da JBS envolvendo o presidente.
De acordo com dados do SIAFI,
nos cinco primeiro meses de 2017, o governo transferiu R$ 959 milhões em
emendas parlamentares e restos a pagar. Só em junho, esse valor foi de R$ 529
milhões, o que fez com que o montante acumulado no ano chegasse a cerca de R$
1,48 bilhão.
“A título de comparação, no
dia 9 de maio — poucos dias antes da divulgação da delação que implicou Temer
feita por executivos da JBS - a
liberação acumulada no ano era de R$ 531,5 milhões”, diz o texto da Reuters.
No seu artigo, Laura Carvalho
lembra que o governo aprovou uma Emenda Constitucional que impõe limite aos
gastos públicos, alegando que haveria maior eficiência na alocação de verbas.
Para os defensores da regra, com o teto de despesas, o governo teria que gastar
com o que seria mais importante.
“Mas qual a escala de
prioridades do governo? Na feira do apoio parlamentar, garante-se primeiro o
Orçamento para a rejeição à denúncia e depois para a aprovação das reformas”,
escreve.
Para ela, tentar passar a
ideia de que o PMDB poderia ser o “bastião da reponsabilidade fiscal” seria uma
contradição, mas pensar que impor a regra do teto de gastos seria suficiente
para “livrar-nos do fisiologismo é muita ingenuidade”.
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