sábado, 6 de janeiro de 2018

Condenado por exploração sexual de meninas pode assumir vaga na Câmara dos Deputados

CONGRESSO

Condenado por exploração sexual de meninas pode assumir vaga na Câmara dos Deputados

Nelson Nahim, irmão do ex-governador Anthony Garotinho foi condenado por estupro e é primeiro na fila de suplência

The Intercept Brasil
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Nahim já presidiu a Câmara de Campos (RJ) e chegou a assumir como prefeito interino do município no lugar de Rosinha Garotinho / Divulgação/Blog Nelson Nahim
Enquanto certos movimentos levantam uma cortina de fumaça tentando associar produções artísticas à pedofilia, a Câmara dos Deputados está prestes a dar posse, novamente, a um suplente condenado por estupro de vulnerável no caso que ficou conhecido como as “Meninas de Guarus“. Irmão do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho, Nelson Nahim (PSD/RJ) já foi vereador, presidiu a Câmara de Campos (RJ), e chegou a assumir como prefeito interino do município, quando a então prefeita Rosinha Garotinho, sua cunhada, esteve afastada do cargo pela Justiça Eleitoral. Hoje, aguarda alguma baixa para assumir uma vaga de deputado federal em Brasília.
O caso conhecido como “Meninas de Guarus” faz referência ao bairro de Campos onde garotas pobres eram mantidas presas e vigiadas em uma casa onde eram submetidas à exploração sexual. De acordo com o Ministério Público do Rio, crianças e adolescentes entre 8 e 17 anos foram mantidas em cárcere privado, entre 2008 e 2009, e só deixavam o local para fazer programas sexuais. Em troca, recebiam parte do valor pago pelo cliente, comida e drogas.
Condenado em primeira instância a 12 anos de prisão por estupro de vulnerável, coação no curso do processo e exploração sexual de adolescentes, Nahim foi preso em junho de 2016. Além dele, outras 13 pessoas, entre ex-vereadores e empresários, foram condenadas por participação no esquema criminoso. O caso está em segredo de justiça por envolver vítimas menores de idade.
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Nelson Nahim faz campanha eleitoral com o Governador Luiz Fernando Pezão em Campos dos Goytacazes. Foto: Divulgação/Facebook
Nahim deixou a prisão em outubro de 2016, com habeas corpus do Supremo Tribunal Federal. Ele apelou ao STF depois que o desembargador Antonio José de Carvalho negou o seu pedido de soltura, por considerar que a prisão do político e de outros acusados era primordial à segurança das vítimas.

O retorno de Celso Nahim

Na eleição de 2014, Nelson Nahim teve 25.872 votos e não foi eleito. Mesmo condenado por exploração sexual, ele ocupa a sétima posição de suplente da coligação PMDB, PP, PSC, PSD e PTB. Todos os outros seis já assumiram o mandato ou estão em exercício, de acordo com informações da Secretaria Geral da Mesa da Câmara dos Deputados. Segundo a área técnica da Casa, caso ocorra o afastamento de um dos deputados da coligação, Nahim poderá assumir novamente a vaga de deputado.
Em janeiro, o suplente já havia exercido o cargo de deputado na vaga aberta por Índio da Costa (PSD-RJ), que saiu para exercer a função de secretário municipal de Urbanismo do Rio, na gestão de Marcelo Crivella. No dia 18 de janeiro, outro titular da coligação, Marco Antônio Cabral (PMDB-RJ) voltou à Câmara depois de um período como secretário estadual de Esportes, na gestão de Luiz Fernando Pezão. Com isso, Nahim perdeu a vaga, tendo em vista que fora o último suplente a assumir o mandato.
É comum que deputados deixem seus cargos antes do fim do mandato para assumir outras funções. Como a vaga é da coligação, toda vez que um parlamentar se afasta, cabe a ela decidir a ordem da lista de suplência de acordo com critérios como número de votos, idade, entre outros.

Dívida de mais de R$ 11 mil

Nos 15 dias em que ficou como deputado federal no início de 2017, Nahim acumulou mais uma pendência: a Diretoria-Geral da Câmara determinou, no dia 15 de setembro, que ele devolva aos cofres públicos R$ 11.588,33, referentes a recebimento indevido subsídio (pagamento mensal) relativo ao mês de janeiro de 2017 e também pela utilização indevida da Cota de Exercício da Atividade Parlamentar.
De acordo com área técnica da Câmara, caso Nahim não devolva os valores listados, o suplente terá o nome acrescentado no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal – CADIN, além do encaminhamento do débito à Procuradoria da Fazenda Nacional, para inscrição na Dívida Ativa da União e demais medidas cabíveis, inclusive de âmbito judicial.
Nelson Nahim não foi encontrado para comentar o processo em que é réu e a dívida que possui com a Câmara.
Edição: Intercept

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