terça-feira, 10 de abril de 2018

Direitos Humanos da Câmara cobra apuração sobre violência policial em Curitiba

LULA LIVRE

Direitos Humanos da Câmara cobra apuração sobre violência policial em Curitiba

Repressão em frente à Polícia Federal deixou 24 feridos, aponta coletivo de advogados

Brasil de Fato | Curitiba (PR)
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A PF lançou bombas de gás lacrimogênio e a PM disparou bala de borracha contra cerca de duas mil pessoas que faziam vigília / Gibran Mendes
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados encaminhou, nessa segunda-feira (9), ofícios para órgãos do governo federal e autoridades do Paraná cobrando apuração dos atos de violência praticados pelas forças policiais na noite de sábado (7), em Curitiba.
Em âmbito estadual, o pedindo de esclarecimentos e investigação sobre o fato foi remetido ao governo estadual, à Secretaria de Segurança e ao Ministério Público. Já na esfera federal, a cobrança chegou aos ministérios da Justiça e da Defesa, e à Procuradoria-Geral da República.
A repressão da Polícia Federal e da Polícia Militar começou por volta das 22h30, momento em que o ex-presidente Lula chegava de helicóptero à Superintendência da PF, após ter se apresentado em São Paulo. A PF lançou bombas de gás lacrimogênio e a PM disparou bala de borracha contra cerca de duas mil pessoas que faziam vigília em frente à Superintendência.
Pelo menos 24 pessoas ficaram feridas, conforme apuração do Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia (CAAD). Deste total, há 17 mulheres e um adolescente.
Boletim de Ocorrência
Giuliana Rocio Alboneti, advogada integrante do CAAD, relata que houve resistência do 4º Distrito Policial de Curitiba em registrar o Boletim de Ocorrência no domingo (8). “Quando nós ligamos procurando pelo plantão, a pessoa que atendeu disse que fariam o boletim somente na manhã de segunda. Nós avaliamos que isso é absolutamente incompatível com o que é o nosso trabalho, e imediatamente acionamos as prerrogativas da OAB”.
A pedido do Coletivo de Advogados, o Procurador-Geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Andrey Salmazo Poubel, e o presidente da Comissão de Direitos Humanos, Alexandre Salomão, acompanharam a ida ao Distrito Policial ainda na tarde de domingo, quando o boletim foi feito. O registro reuniu a denúncia de 12 atingidos, com a classificação da ocorrência como “Lesão Corporal” e “Crimes contra a pessoa”.
Feridas
Durante a ação da PF e da PM, bombas de efeito moral foram lançadas contra o ato, que ocorria desde a manhã e reunia representantes de quatro denominações religiosas diferentes, artistas, famílias, professores e estudantes, além de militantes dos movimentos populares que integram as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular.
Vanda de Assis, a assistente social servidora pública da prefeitura de Colombo, foi atingida por estilhaços de uma bomba. "Tinha mulheres, crianças e idosos no local, todos em paz. […] Não dava nem para acreditar que alguém teria coragem para jogar uma bomba tão potente no meio das pessoas", disse Vanda à Rádio Brasil de Fato. Vanda foi socorrida por amigos e levada para o Hospital Universitário Cajuru, onde chegou por volta das 23h, mas só foi atendida depois das 5h.
A professora Marlei Carvalho Fernandes, vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e integrante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP Sindicato), ficou ferida no joelho por tiro de bala de borracha.
Ferida e atingida também pelo gás lacrimogêneo, a professora precisou de ajuda para sair do local.  Ela chegou a ir ao hospital e a levar pontos no local o ferimento. "É tudo muito violento, muito rápido, impactante, mas cada vez mais nós vamos juntando e seguiremos a vigília até que Lula esteja livre", garante a professora.
Edição: Diangela Menegazzi

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