O
que será do país?
Em matérias recentes do nosso Informativo
comentamos a situação do jovem no Brasil e no mundo. A imensa parcela de jovens
desempregados ou em empregos precários, sem segurança e sem direitos. Mas há
outra face desse problema que raramente os nossos jornais comentam e a
sociedade vira as costas: a situação dos professores no Brasil!
Agora fomos surpreendidos por uma pesquisa
realizada pela organização “Todos Pela Educação” que ouviu 2.160 professores de
educação básica (infantil ao médio) em redes públicas e privadas em todo o
Brasil. Entre os entrevistados, 68% são mulheres, com média de idade de 43 anos
e 17 de carreira no magistério. A imensa maioria (70%) com especialização e
mais da metade (56%) trabalha na rede pública municipal.
Qual o motivo da nossa surpresa? É que
quase metade (49%) dos professores brasileiros não recomendaria a própria
profissão para um jovem por considerá-la desvalorizada. Apenas 21% afirmam
estar totalmente satisfeitos com a atividade docente. Um terço (33%) diz estar
totalmente insatisfeito com a profissão.
É claro que esses entrevistados não se
limitaram a reclamar e mostrar o descontentamento. Também apresentaram
sugestões para a solução do problema. Eles apontam como medidas mais
importantes para a valorização da carreira, a formação continuada (69%) e a
escuta dos docentes para a formulação de políticas educacionais (67%). E um
ponto que considero muito importante: dizem que é urgente a restauração da autoridade
e o respeito à figura do professor (64%) e o aumento salarial (62%).
Os professores ouvidos pela pesquisa
consideram que é papel das secretarias de Educação oferecer oportunidades de
formação continuada (76%), mas não concordam que programas educacionais estejam
alinhados à realidade da escola (66%). Eles apontam, ainda, a falta um “bom
canal de comunicação” entre a gestão e os docentes (64%), e dizem que não há
envolvimento dos professores nas decisões relacionadas às políticas públicas
(72%). Também consideram aspectos ligados a carreira mal atendidos, como o
apoio a questões de saúde e psicológicas (84%) e ao salário (73%).
Curiosamente, na última sexta-feira, o
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) divulgou o estudo “Profissão
Professor na América Latina – Por que a docência perdeu prestígio e como
recuperá-lo?”, onde aparece que, no Brasil, apenas 5% dos jovens de 15 anos
pretendem ser professores da educação básica, enquanto 21% pensam em cursar
engenharia. Na Coreia do Sul, 25% dos jovens têm a intenção de lecionar, e na Espanha,
quase 20%.
• E o país indo para o brejo! (1) Sete em cada 10 brasileiros consideram que
a vida piorou desde o golpe que tirou Dilma Rousseff da presidência, em agosto
de 2016. É o que indica a pesquisa Vox Populi/CUT divulgada na sexta-feira
(27).
Dos entrevistados pelo instituto de
pesquisa, 69% afirmaram que a vida está pior no governo ilegítimo e 6% disseram
que melhorou. Para 23%, a vida não mudou desde que ele assumiu o comando do
país e 2% não responderam.
A região Sul é a que registra as maiores
reclamações sobre as condições de vida: 73% dos entrevistados consideram que
tudo piorou. Em seguida, aparecem o Sudeste, com 70%, Nordeste com 68% e
Centro-Oeste/Norte com 65%.
A avaliação negativa do manequim de
funerária aumentou de 73% para 83%, na comparação com o levantamento anterior,
de maio. Entre os entrevistados, apenas 3% consideram “bom” o desempenho do
presidente (ante 6% na pesquisa de maio) e 13% afirmaram que é regular (eram
20% na pesquisa passada).
O combate ao desemprego e a melhoria da
saúde e da educação foram os temas mais citados pelos entrevistados como
prioridades a serem assumidas pelo próximo presidente.
• E o país indo para o brejo! (2) Não é surpresa para nós, mas é oficial.
Com o golpe de 2016 e a aprovação da Emenda Constitucional 95, Brasil volta a
figurar no mapa da Fome. De acordo com relatório da Organização da Alimentação
e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), população do semiárido brasileiro
volta a sentir a ausência de políticas estruturais para a região e sofre com o
fantasma da fome.
O “mapa” revela que, em 2017, a fome no
Brasil voltou a crescer, reflexo dos cortes dos programas sociais que
excluíram, por exemplo, 1,1 milhão do Programa Bolsa Família, o que representa
4,3 milhões de pessoas, a maioria crianças.
Historicamente o Brasil foi um caso
conhecido de pobreza extrema. Alguns séculos nos colocaram nessa triste
situação que só começou a mudar durante os governos de Lula e Dilma. O país
tornava-se, desde 2003, um exemplo mundial de combate à fome e à miséria, com
programas de segurança alimentar, saúde básica, saneamento, educação, emprego e
renda. E no primeiro governo de Dilma o país saiu definitivamente do mapa da
fome da ONU.
Mas tudo mudou com o ilegítimo no poder e o
Brasil volta a experimentar o sabor amargo da fome, miséria e desesperança.
Corte de gastos em áreas sociais, desemprego em massa, sucateamento da educação
e da saúde, precarização do trabalho e reforma trabalhista e a ameaça da
reforma da previdência apontam para um cenário ainda pior.
• Fugindo da raia!
Quando o medo chega é uma coisa terrível, não é? Que o diga o atual senador do
PSDB de Minas Gerais. Aquele que é conhecido por suas “aventuras alcóolicas e
outras coisas”, amigo do dono do helicóptero com meia tonelada de cocaína pura
que sumiu!
Pois é. Diante do crescimento espantoso da candidatura
de Dilma Rousseff ao Senado Federal, demonstrado em todas as recentes
pesquisas, o pulha ficou muito preocupado com a possibilidade de não se
reeleger e perder o foro privilegiado que o salvou até agora. Consultou seus
comparsas, quero dizer “amigos”, e tomou a decisão mais correta: desistiu de
concorrer ao Senado, mas vai se candidatar à Câmara dos Deputados. Pelo menos
ele pensa que tem mais chances de se eleger e fugir dos processos que vão se
acumulando, apesar de termos um “judiciariozinho” vagabundo que jamais
condenaria um político ou ex-político do PSDB, não é?
• A situação do emprego já é crítica. Durante a semana que passou a nossa “imprensa
amestrada” fez manchetes dizendo que a taxa de desemprego começava a recuar e
registrou, como grande vitória do governo golpista o fato de estar agora em
12,4%. Em números redondos, isso significa 13 milhões de desempregados no país
(quase quatro vezes a população do Uruguai e superior à população da Bolívia e da
Bélgica). Mesmo assim foi motivo de comemoração no Palácio do Planalto e razão
para discursos de ministros.
Mas a realidade brasileira é muito pior do que isso! Os
dados divulgados pelo IBGE na terça-feira (31/07) mostram que temos também mais
de 11 milhões de trabalhadores sem registro (sem carteira assinada e, portanto,
sem direitos) e outros 23 milhões de pessoas que vivem de trabalho “por conta
própria”.
No somatório (13 milhões + 11 milhões + 23 milhões)
teremos 47 milhões de pessoas ou cerca de 46% da população economicamente ativa
do país fora do mercado formal de trabalho! Mas o governo ilegítimo insiste em
dizer que está melhorando e que a reforma trabalhista foi feita para melhorar a
situação dos trabalhadores.
Segundo Adriana Marcolino, técnica da subseção do
Dieese da CUT, praticamente todos os empregos criados no último ano foram em
condições precárias. “Isso significa que 92,2% do total de 1 milhão de empregos
gerados são precários, com remuneração menor e renda estagnada.”
Já o total de pessoas fora da força de trabalho
cresceu, em parte, porque as pessoas estão desistindo de procurar emprego. É o
desalento, explica Adriana.
“O tempo de procura por um novo emprego está em mais de
11 meses, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese. Antes da crise,
o tempo médio era de 6 meses.”
“Se a procura pelo emprego dura quase um ano ou mais,
muita gente desiste de procurar, até por falta dinheiro para ir atrás de um
novo trabalho”, diz a técnica.
• A Argentina neoliberal. Mauricio Macri, o “pau mandando” de Washington que assumiu o poder na Argentina
já não esconde a crise social que está levando o país a muitos movimentos de
oposição e de resistência. Segundo ele, a inflação oficial deverá chegar a 30%
no final de 2018. Completando as notícias para o povo argentino, o ministro de
Energia anunciou um novo aumento nas tarifas de energia elétrica! Mas está tudo
bem, segundo eles.
Em seu discurso, Macri assustou ainda mais os que
procuram fazer análises da situação econômica dizendo que “eu desejei fazer
cair a inflação e os gastos públicos muito rapidamente, por isso deu errado.
Temos que reduzir ainda mais o déficit fiscal”.
É a cartilha neoliberal sendo usada em sua forma mais
objetiva: a crise da economia é criada com os gastos sociais!
• Encontrado o “neto 128”! As Avós da Praça de Maio, o agrupamento de avós argentinas que há anos
procuram seus netos e filhos desaparecidos durante a ditadura militar no país,
anunciaram na sexta-feira (03) que encontraram o neto número 128!
Em entrevista coletiva de imprensa, a organização
celebrou a identificação de outro neto. “Marcos viveu durante 42 anos com
identidade trocada e é filho de Rosario Carmen Marcos Ramos. Nasceu em San
Miguel de Tucumán, onde ambos foram sequestrados quando a criança tinha apenas
cinco meses de vida”, afirmou o grupo.
Um dos irmãos de Marcos, Ismael, afirmou que o
“reencontro foi fabuloso”, e aproveitou a ocasião para compartilhar uma
fotografia dele com a mãe. Outro irmão, Camilo, manifestou “agradecimento
infinito” às avós pelo trabalho de reencontrar os familiares vítimas da
ditadura militar.
“Seguiremos lutando por todos os netos que nos faltam
encontrar”, disse a presidente da organização, Estela de Carlotto. Segundo ela,
a identificação de outro neto só foi possível por conta da obtenção de dados novos,
aos quais nunca haviam tido acesso.
“Como veem, somos poucas avós aqui, somos quatro. O
resto já não está, ou está doentinha. Mas, com nossa equipe incansável de
jovens que nos ajuda a seguir caminhando, enquanto tivermos vida, seguiremos
buscando as centenas de netos que ainda faltam”, disse Carlotto.
• Problemas para Trump?
Segundo a agência Reuters, em 2016 a Rússia já havia superado os EUA como maior
fornecedor mundial de trigo. A ameaça chega agora à América Latina quando o
México, principal importador do trigo estadunidense, anuncia que está
recorrendo ao trigo da Rússia, muito mais barato.
Desde 1994, quando foi assinado o NAFTA (Acordo de
Livre Comércio da América do Norte), o México se tornou ou principal comprador
de trigo estadunidense, mas o quadro está mudando muito rapidamente. Os dados
da Reuters mostram que as exportações para o México caíram 38% (cerca de 285
milhões de dólares) nos primeiros cinco meses de 2018. Para piorar o quadro, no
total mundial as exportações de trigo estadunidenses caíram 21%.
Informações de agências mexicanas dizem ainda que o
país pretende importar até 100 mil toneladas de trigo da Argentina.
• É o petróleo (1)! As
disputas comerciais entre Inglaterra e Alemanha começam na primeira década do
século passado. Na época, estrategistas militares viam os navios como as
grandes armas para enfrentamentos e os mares eram o terreno a ser conquistado.
Curiosamente, foi a Alemanha a dar o primeiro passo quando começou a modernizar
seus navios, transformando-os para o uso de petróleo em substituição ao carvão
usado até então.
A Inglaterra vacilava em tomar tal decisão. Contava com
farta reserva de carvão galês e receava ficar refém do petróleo que teria que
ser trazido da Pérsia (antigo nome do Irã – isso mesmo, o Irã de que falaremos
adiante). Mas não podia ficar para trás na disputa e o kaiser Guilherme já havia iniciado a transformação dos seus navios
quando Churchill, então “Primeiro
Lorde do Almirantado”, resolve modernizar os navios ingleses.
E o mundo conheceu duas guerras mundiais que, direta ou
indiretamente, envolviam a questão do petróleo (não esquecer que um dos
objetivos de Hitler ao invadir a União Soviética era chegar ao petróleo do
cáucaso).
Hoje, mais de um século depois das dúvidas de Churchill
e da decisão de Guilherme, vemos que as disputas ainda se dão em torno do “ouro
negro”.
• É o petróleo (2)! Em
maio passado vimos que Donald Trump havia rompido unilateralmente o Plano de
Ação Integral Conjunto, sem avisos prévios. O Plano havia sido firmado pelo
Irã, em 2015, com diversos mediadores internacionais – inclusive o fundamental
papel exercido por Luiz Inácio Lula da Silva e seu ministro de Relações
Exteriores, Celso Amorin – comprometendo-se a limitar o seu programa nuclear em
troca de serem levantadas as sanções internacionais contra o país.
Em seu livro “Memórias da Política Externa Ativa e
Altiva” o chanceler brasileiro conta com detalhes como a embaixada e várias
personalidades estadunidenses trabalharam para “bombardear” o acordo.
Agora, depois de romper o acordo assinado, Trump
anuncia novas sanções contra o Irã e enviou diplomatas e negociadores a vários
países para convencê-los a tomar a mesma medida. Mas já temos a notícia de que
a China, depois de ouvir o emissário de Trump, anunciou oficialmente que não
vai fazer parte da tramoia!
• É o petróleo (3)!
Também durante esta semana vimos a notícia de que o primeiro-ministro de
Israel, Benjamin Netanyahu, teria ameaçado o Irã com o início de um conflito
militar na região. O motivo é o domínio do Golfo Pérsico, mais especificamente
o estreito de Bab al Mandab (veja o mapa).
A questão central é que o estreito é posição
estratégica fundamental para entrada no Mar Vermelho, uma das rotas marítimas
mais usadas no mundo e usada para o transporte de petróleo. Em termos
militares, o estreito é posição importantíssima para se alcançar o porto de
Eilat, ao sul de Israel.
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Mas Israel não está falando
novidades. Pelo que sabemos, militares estadunidenses vigiam há tempos as
atividades do Irã no Golfo Pérsico. Segundo o capitão Bill Urban, porta-voz
oficial do CENTCOM (Comando Central dos EUA, com base na Flórida), “estamos
atentos a todas as atividades do Irã no Golfo Pérsico, o estreito de Ormuz e o
Golfo de Omã, estamos vigiando atentamente e continuaremos trabalhando com
nossos sócios para garantir a liberdade de navegação e o livre fluxo de
mercadorias”. Precisa dizer mais?
• É o petróleo (4)! Há
no mundo quatro pontos chaves, estratégicos, para o comércio internacional de
petróleo e em torno deles temos acompanhado todas as recentes disputas que
surgem na imprensa como “defesa da democracia”, “defesa do comércio
internacional”, “luta pela liberdade de comércio” e outras balelas. Pelo que
sabemos, 63% de todo o comércio internacional de petróleo se move através de
rotas marítimas.
O primeiro (e talvez o mais importante) é o estreito de
Ormuz, controlado pelo Irã. Por ali passa toda a exportação de petróleo do
próprio Irã, do Kuait, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
O segundo (também em importância) é o estreito de
Malaca, entre a Indonésia e a Malásia, por onde passam 16 milhões de barris de
petróleo por dia (dados de 2016). É a única ligação navegável entre o Índico e
o Pacífico e rota fundamental para o petróleo que chega à China, principal
importador de petróleo do mundo. Tem apenas 2,7 Km de largura, formando uma
espécie de gargalo natural que se torna constante disputa internacional.
Em terceiro lugar temos o Canal do Suez que liga o Mar
Vermelho ao Mediterrâneo, principal via para a chegada do petróleo à Europa.
Segundo a Agência Internacional de Energia, por ali passam 5,5 milhões de barris
diários (9% de todo o petróleo diário mundial). E próximo ao Canal existe o
grande oleoduto SUMED, qua atravessa o Egito também ligando os dois mares.
Em quarto lugar temos o estreito de Bab al Mandeb de
que já tratamos acima.
Para encontrar os mapas dos quatro pontos chaves, basta
consultar o Google Mapas.
• Ahed Tamimi está livre e promete continuar lutando. A adolescente Ahed Tamimi, de 17 anos, ícone da
resistência palestina contra a ocupação israelense, foi libertada na manhã de
domingo (29), depois de passar quase oito meses presa em Israel. A garota foi
detida em dezembro de 2017, depois de enfrentar soldados israelenses no pátio
de sua casa, na Cisjordânia.
A mãe de Ahed, também detida ao se envolver no
confronto, deixou a prisão Sharon, em Israel, neste domingo. Elas encontraram
familiares na cidade de Nabi Saleh, Cisjordânia, onde vivem.
Emocionada, ao chegar ao local, Ahed abraçou membros de
sua família e foi seguida no caminho até sua casa por uma multidão. “Queremos
viver livres!”, gritavam manifestantes.
A garota agradeceu o apoio e, diante de um mar de
câmeras, conversou com jornalistas. “A resistência continua até que a ocupação
termine”, declarou.
Ahed Tamimi ficou conhecida mundialmente depois de que
um vídeo em que ela e a prima, Nour, enfrentam dois soldados israelenses. As
imagens fizeram a volta do planeta e a Ahed, com apenas 16 anos na época, foi
presa dias depois. Nour foi libertada em março.
Para os defensores dos direitos humanos, o caso de Ahed
Tamimi ajudou a destacar irregularidades dos tribunais militares israelenses,
que praticamente só condena palestinos. “Prendendo uma criança durante oito
meses - por convocar protestos e dar tapas em um soldado - reflete uma
discriminação endêmica, a ausência de um procedimento oficial e um tratamento
doentio às crianças. Ahed Tamimi está livre, mas centenas de crianças
palestinas continuam presas com pouca atenção a seus casos”, tuitou Omar
Shakir, diretor da Ong Human Rigts Watch em Israel.
Segundo levantamentos de várias instituições
internacionais, 291 crianças ainda estão presas em cárceres de Israel, com seus
direitos desrespeitados e submetidos a tratamento desumano.
• É hora de ouvir este alerta! Em 2013 os países da ONU, em Assembleia Geral,
declararam o dia 30 de julho como o Dia Mundial Contra o Tráfico de Pessoas. A
proposta visava conscientizar o mundo para a situação de sofrimento das vítimas
de tráfico humano e buscar uma solução para o problema que alguns já chamam de
“a escravidão moderna”. São milhões de seres humanos através do planeta que
parecem “desaparecer” sem explicações.
Algumas agências internacionais que estudam o problema
calculam que são mais de 40 milhões de pessoas nessa condição e o número vem
aumentando muito rapidamente a ponto de transformar o tráfico de pessoas como o
“segundo negócio ilícito mais rentável do mundo”, perdendo apenas para o
tráfico de drogas. Não são conhecidos os números exatos, mas os estudiosos
acreditam que o negócio movimenta mais de 150 bilhões de dólares por ano, sem
contar a escravidão sexual decorrente do tráfico!
E muita coisa continua sendo escondida nessa triste
situação. Segundo
informações da ONU, 71% das pessoas traficadas são mulheres e meninas que
acabam virando escravas sexuais em prostíbulos ou são submetidas a trabalhos
forçados. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima a existência de
mais de 21 milhões de pessoas submetidas a trabalhos forçados no planeta.
O problema central e que
os líderes mundiais não querem olhar de frente é que uma das principais – senão
a principal – razão do crescimento desse negócio está nas guerras promovidas
pelo sistema, nas disputas territoriais por riquezas minerais, etc.
Essas guerras e disputas
provocam o surgimento de milhões e milhões de refugiados no planeta, que andam
de um lado a outro em busca de novo lar e de um local onde possam trabalhar e
sustentar a família. E, por incrível que possa parecer, encontram cada vez mais
portas fechadas, barreiras e muita indiferença das pessoas que se sentem
seguras em suas casas e que aceitam caladas a exploração sobre outros povos,
desde que mantenham sua tranquilidade e suas posses.
Somente em 2016 haviam
65,6 milhões de refugiados no mundo, segundo relatório divulgado pelo Alto
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). São pessoas que fogem
das guerras, das perseguições, da fome e precisam de um lugar para viver com
dignidade. Mas acontece que o chamado “Estado moderno”, criado para sustentar a
expansão capitalista em novas formas, cria um clima político contrário à imigração e trata essas
pessoas como ameaça, quando elas podem contribuir para a prosperidade dos
países onde vivem e trabalham.
• Não brinco mais?
Parece coisa de menino rico e birrento, mas é apenas o presidente daquela que
chamam “a maior nação do planeta”!
Cena de domingo (29): o presidente Donald Trump afirmou
através de uma rede social que vai “fechar o Governo Federal caso os
congressistas democratas não aprovem os fundos para a construção do muro na fronteira
com o México”, uma das suas promessas de campanha.
Não é a primeira vez que ele usa essa ameaça. Em
fevereiro passado, exigindo que o Congresso atendesse à sua sanha contra os
imigrantes, ele garantiu que “se não mudarmos a legislação, se não acabarmos
com os resquícios do que permite que assassinos entrem em nosso país (...) se
não mudarmos, então teremos que fechar o Governo”.
• A derrota dos EUA será obra dos EUA? Em
abril de 2003 escrevi um artigo intitulado “Assim pensam os falcões” onde
analisei e descrevi o pensamento dominante entre os principais assessores de
Washington e as ideias de vencer o restante do mundo, seja lá como for.
Naquele artigo procurei mostrar a influência de um
ex-trotskista que havia renegado seu passado e, em 1944, já como um expoente do
pensamento conservador e profundamente anticomunista, foi contratado pelo
‘Office of Strategic Service’ – OSS – do governo para “fazer estudos e análises
sobre os objetivos dos soviéticos no pós-guerra”. E os resultados desse
trabalho foram publicados em 1947, no livro “The Struggler for the World” (O
Defensor do Mundo), assegurando que o comunismo soviético era a grande ameaça
para o mundo e que os EUA deveriam usar “a estratégia necessária” para
dominá-lo.
Seu pensamento
continuou influenciando a comunidade de “inteligência” dos EUA. Ele defendia
uma política agressiva para os EUA e
critica as vacilações de Washington, na época, acusando de falta de vontade em
usar o poder contra o inimigo. Defende que os EUA já detinham o poder
econômico, o militar e o político, faltando apenas “vontade” de usá-los para
combater o mal do mundo.
Acontece que o custo total das guerras só neste século,
para os EUA, é de US$4.575.610.429.593. Dividido pelos 138.313.155 americanos
que preenchem declarações fiscais, isso equivale a pouco mais de US$33 mil por
contribuinte.
As 16 agências de inteligência dos EUA têm um orçamento
combinado de US$66,8 mil milhões e isso parece muito até que se perceba quão
supremamente eficientes são elas: seus “erros” custaram ao país cerca de 70
vezes seu orçamento. Com um nível de pessoal de mais de 200 mil empregados,
cada um deles custou ao contribuinte dos EUA perto de US$23 milhões, em média.
Em outras palavras, a comunidade de inteligência dos EUA, de longe, é o melhor
e mais eficiente condutor imaginável rumo ao colapso.
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