sábado, 11 de agosto de 2018

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






O que será do país?
Em matérias recentes do nosso Informativo comentamos a situação do jovem no Brasil e no mundo. A imensa parcela de jovens desempregados ou em empregos precários, sem segurança e sem direitos. Mas há outra face desse problema que raramente os nossos jornais comentam e a sociedade vira as costas: a situação dos professores no Brasil!
Agora fomos surpreendidos por uma pesquisa realizada pela organização “Todos Pela Educação” que ouviu 2.160 professores de educação básica (infantil ao médio) em redes públicas e privadas em todo o Brasil. Entre os entrevistados, 68% são mulheres, com média de idade de 43 anos e 17 de carreira no magistério. A imensa maioria (70%) com especialização e mais da metade (56%) trabalha na rede pública municipal.
Qual o motivo da nossa surpresa? É que quase metade (49%) dos professores brasileiros não recomendaria a própria profissão para um jovem por considerá-la desvalorizada. Apenas 21% afirmam estar totalmente satisfeitos com a atividade docente. Um terço (33%) diz estar totalmente insatisfeito com a profissão.
É claro que esses entrevistados não se limitaram a reclamar e mostrar o descontentamento. Também apresentaram sugestões para a solução do problema. Eles apontam como medidas mais importantes para a valorização da carreira, a formação continuada (69%) e a escuta dos docentes para a formulação de políticas educacionais (67%). E um ponto que considero muito importante: dizem que é urgente a restauração da autoridade e o respeito à figura do professor (64%) e o aumento salarial (62%).
Os professores ouvidos pela pesquisa consideram que é papel das secretarias de Educação oferecer oportunidades de formação continuada (76%), mas não concordam que programas educacionais estejam alinhados à realidade da escola (66%). Eles apontam, ainda, a falta um “bom canal de comunicação” entre a gestão e os docentes (64%), e dizem que não há envolvimento dos professores nas decisões relacionadas às políticas públicas (72%). Também consideram aspectos ligados a carreira mal atendidos, como o apoio a questões de saúde e psicológicas (84%) e ao salário (73%).
Curiosamente, na última sexta-feira, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) divulgou o estudo “Profissão Professor na América Latina – Por que a docência perdeu prestígio e como recuperá-lo?”, onde aparece que, no Brasil, apenas 5% dos jovens de 15 anos pretendem ser professores da educação básica, enquanto 21% pensam em cursar engenharia. Na Coreia do Sul, 25% dos jovens têm a intenção de lecionar, e na Espanha, quase 20%.
E o país indo para o brejo! (1) Sete em cada 10 brasileiros consideram que a vida piorou desde o golpe que tirou Dilma Rousseff da presidência, em agosto de 2016. É o que indica a pesquisa Vox Populi/CUT divulgada na sexta-feira (27).
Dos entrevistados pelo instituto de pesquisa, 69% afirmaram que a vida está pior no governo ilegítimo e 6% disseram que melhorou. Para 23%, a vida não mudou desde que ele assumiu o comando do país e 2% não responderam.
A região Sul é a que registra as maiores reclamações sobre as condições de vida: 73% dos entrevistados consideram que tudo piorou. Em seguida, aparecem o Sudeste, com 70%, Nordeste com 68% e Centro-Oeste/Norte com 65%.
A avaliação negativa do manequim de funerária aumentou de 73% para 83%, na comparação com o levantamento anterior, de maio. Entre os entrevistados, apenas 3% consideram “bom” o desempenho do presidente (ante 6% na pesquisa de maio) e 13% afirmaram que é regular (eram 20% na pesquisa passada).
O combate ao desemprego e a melhoria da saúde e da educação foram os temas mais citados pelos entrevistados como prioridades a serem assumidas pelo próximo presidente.
E o país indo para o brejo! (2) Não é surpresa para nós, mas é oficial. Com o golpe de 2016 e a aprovação da Emenda Constitucional 95, Brasil volta a figurar no mapa da Fome. De acordo com relatório da Organização da Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), população do semiárido brasileiro volta a sentir a ausência de políticas estruturais para a região e sofre com o fantasma da fome.
O “mapa” revela que, em 2017, a fome no Brasil voltou a crescer, reflexo dos cortes dos programas sociais que excluíram, por exemplo, 1,1 milhão do Programa Bolsa Família, o que representa 4,3 milhões de pessoas, a maioria crianças.
Historicamente o Brasil foi um caso conhecido de pobreza extrema. Alguns séculos nos colocaram nessa triste situação que só começou a mudar durante os governos de Lula e Dilma. O país tornava-se, desde 2003, um exemplo mundial de combate à fome e à miséria, com programas de segurança alimentar, saúde básica, saneamento, educação, emprego e renda. E no primeiro governo de Dilma o país saiu definitivamente do mapa da fome da ONU.
Mas tudo mudou com o ilegítimo no poder e o Brasil volta a experimentar o sabor amargo da fome, miséria e desesperança. Corte de gastos em áreas sociais, desemprego em massa, sucateamento da educação e da saúde, precarização do trabalho e reforma trabalhista e a ameaça da reforma da previdência apontam para um cenário ainda pior.
Fugindo da raia! Quando o medo chega é uma coisa terrível, não é? Que o diga o atual senador do PSDB de Minas Gerais. Aquele que é conhecido por suas “aventuras alcóolicas e outras coisas”, amigo do dono do helicóptero com meia tonelada de cocaína pura que sumiu!
Pois é. Diante do crescimento espantoso da candidatura de Dilma Rousseff ao Senado Federal, demonstrado em todas as recentes pesquisas, o pulha ficou muito preocupado com a possibilidade de não se reeleger e perder o foro privilegiado que o salvou até agora. Consultou seus comparsas, quero dizer “amigos”, e tomou a decisão mais correta: desistiu de concorrer ao Senado, mas vai se candidatar à Câmara dos Deputados. Pelo menos ele pensa que tem mais chances de se eleger e fugir dos processos que vão se acumulando, apesar de termos um “judiciariozinho” vagabundo que jamais condenaria um político ou ex-político do PSDB, não é?
A situação do emprego já é crítica. Durante a semana que passou a nossa “imprensa amestrada” fez manchetes dizendo que a taxa de desemprego começava a recuar e registrou, como grande vitória do governo golpista o fato de estar agora em 12,4%. Em números redondos, isso significa 13 milhões de desempregados no país (quase quatro vezes a população do Uruguai e superior à população da Bolívia e da Bélgica). Mesmo assim foi motivo de comemoração no Palácio do Planalto e razão para discursos de ministros.
Mas a realidade brasileira é muito pior do que isso! Os dados divulgados pelo IBGE na terça-feira (31/07) mostram que temos também mais de 11 milhões de trabalhadores sem registro (sem carteira assinada e, portanto, sem direitos) e outros 23 milhões de pessoas que vivem de trabalho “por conta própria”.
No somatório (13 milhões + 11 milhões + 23 milhões) teremos 47 milhões de pessoas ou cerca de 46% da população economicamente ativa do país fora do mercado formal de trabalho! Mas o governo ilegítimo insiste em dizer que está melhorando e que a reforma trabalhista foi feita para melhorar a situação dos trabalhadores.
Segundo Adriana Marcolino, técnica da subseção do Dieese da CUT, praticamente todos os empregos criados no último ano foram em condições precárias. “Isso significa que 92,2% do total de 1 milhão de empregos gerados são precários, com remuneração menor e renda estagnada.”
Já o total de pessoas fora da força de trabalho cresceu, em parte, porque as pessoas estão desistindo de procurar emprego. É o desalento, explica Adriana.
“O tempo de procura por um novo emprego está em mais de 11 meses, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese. Antes da crise, o tempo médio era de 6 meses.”
“Se a procura pelo emprego dura quase um ano ou mais, muita gente desiste de procurar, até por falta dinheiro para ir atrás de um novo trabalho”, diz a técnica.
A Argentina neoliberal. Mauricio Macri, o “pau mandando” de Washington que assumiu o poder na Argentina já não esconde a crise social que está levando o país a muitos movimentos de oposição e de resistência. Segundo ele, a inflação oficial deverá chegar a 30% no final de 2018. Completando as notícias para o povo argentino, o ministro de Energia anunciou um novo aumento nas tarifas de energia elétrica! Mas está tudo bem, segundo eles.
Em seu discurso, Macri assustou ainda mais os que procuram fazer análises da situação econômica dizendo que “eu desejei fazer cair a inflação e os gastos públicos muito rapidamente, por isso deu errado. Temos que reduzir ainda mais o déficit fiscal”.
É a cartilha neoliberal sendo usada em sua forma mais objetiva: a crise da economia é criada com os gastos sociais!
Encontrado o “neto 128”! As Avós da Praça de Maio, o agrupamento de avós argentinas que há anos procuram seus netos e filhos desaparecidos durante a ditadura militar no país, anunciaram na sexta-feira (03) que encontraram o neto número 128!
Em entrevista coletiva de imprensa, a organização celebrou a identificação de outro neto. “Marcos viveu durante 42 anos com identidade trocada e é filho de Rosario Carmen Marcos Ramos. Nasceu em San Miguel de Tucumán, onde ambos foram sequestrados quando a criança tinha apenas cinco meses de vida”, afirmou o grupo.
Um dos irmãos de Marcos, Ismael, afirmou que o “reencontro foi fabuloso”, e aproveitou a ocasião para compartilhar uma fotografia dele com a mãe. Outro irmão, Camilo, manifestou “agradecimento infinito” às avós pelo trabalho de reencontrar os familiares vítimas da ditadura militar.
“Seguiremos lutando por todos os netos que nos faltam encontrar”, disse a presidente da organização, Estela de Carlotto. Segundo ela, a identificação de outro neto só foi possível por conta da obtenção de dados novos, aos quais nunca haviam tido acesso.
“Como veem, somos poucas avós aqui, somos quatro. O resto já não está, ou está doentinha. Mas, com nossa equipe incansável de jovens que nos ajuda a seguir caminhando, enquanto tivermos vida, seguiremos buscando as centenas de netos que ainda faltam”, disse Carlotto.
Problemas para Trump? Segundo a agência Reuters, em 2016 a Rússia já havia superado os EUA como maior fornecedor mundial de trigo. A ameaça chega agora à América Latina quando o México, principal importador do trigo estadunidense, anuncia que está recorrendo ao trigo da Rússia, muito mais barato.
Desde 1994, quando foi assinado o NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), o México se tornou ou principal comprador de trigo estadunidense, mas o quadro está mudando muito rapidamente. Os dados da Reuters mostram que as exportações para o México caíram 38% (cerca de 285 milhões de dólares) nos primeiros cinco meses de 2018. Para piorar o quadro, no total mundial as exportações de trigo estadunidenses caíram 21%.
Informações de agências mexicanas dizem ainda que o país pretende importar até 100 mil toneladas de trigo da Argentina.
É o petróleo (1)! As disputas comerciais entre Inglaterra e Alemanha começam na primeira década do século passado. Na época, estrategistas militares viam os navios como as grandes armas para enfrentamentos e os mares eram o terreno a ser conquistado. Curiosamente, foi a Alemanha a dar o primeiro passo quando começou a modernizar seus navios, transformando-os para o uso de petróleo em substituição ao carvão usado até então.
A Inglaterra vacilava em tomar tal decisão. Contava com farta reserva de carvão galês e receava ficar refém do petróleo que teria que ser trazido da Pérsia (antigo nome do Irã – isso mesmo, o Irã de que falaremos adiante). Mas não podia ficar para trás na disputa e o kaiser Guilherme já havia iniciado a transformação dos seus navios quando Churchill, entãoPrimeiro Lorde do Almirantado”, resolve modernizar os navios ingleses.
E o mundo conheceu duas guerras mundiais que, direta ou indiretamente, envolviam a questão do petróleo (não esquecer que um dos objetivos de Hitler ao invadir a União Soviética era chegar ao petróleo do cáucaso).
Hoje, mais de um século depois das dúvidas de Churchill e da decisão de Guilherme, vemos que as disputas ainda se dão em torno do “ouro negro”.
É o petróleo (2)! Em maio passado vimos que Donald Trump havia rompido unilateralmente o Plano de Ação Integral Conjunto, sem avisos prévios. O Plano havia sido firmado pelo Irã, em 2015, com diversos mediadores internacionais – inclusive o fundamental papel exercido por Luiz Inácio Lula da Silva e seu ministro de Relações Exteriores, Celso Amorin – comprometendo-se a limitar o seu programa nuclear em troca de serem levantadas as sanções internacionais contra o país.
Em seu livro “Memórias da Política Externa Ativa e Altiva” o chanceler brasileiro conta com detalhes como a embaixada e várias personalidades estadunidenses trabalharam para “bombardear” o acordo.
Agora, depois de romper o acordo assinado, Trump anuncia novas sanções contra o Irã e enviou diplomatas e negociadores a vários países para convencê-los a tomar a mesma medida. Mas já temos a notícia de que a China, depois de ouvir o emissário de Trump, anunciou oficialmente que não vai fazer parte da tramoia!
É o petróleo (3)! Também durante esta semana vimos a notícia de que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, teria ameaçado o Irã com o início de um conflito militar na região. O motivo é o domínio do Golfo Pérsico, mais especificamente o estreito de Bab al Mandab (veja o mapa).
A questão central é que o estreito é posição estratégica fundamental para entrada no Mar Vermelho, uma das rotas marítimas mais usadas no mundo e usada para o transporte de petróleo. Em termos militares, o estreito é posição importantíssima para se alcançar o porto de Eilat, ao sul de Israel.
El estrecho de Ormuz y las vías de transporte marítimo
 
Netanyahu ameaça o Irã falando de uma “coalizão” internacional que estaria disposta a “ir à guerra”, e cita Arábia Saudita e outros países do Golfo, além de EUA e Inglaterra.
Mas Israel não está falando novidades. Pelo que sabemos, militares estadunidenses vigiam há tempos as atividades do Irã no Golfo Pérsico. Segundo o capitão Bill Urban, porta-voz oficial do CENTCOM (Comando Central dos EUA, com base na Flórida), “estamos atentos a todas as atividades do Irã no Golfo Pérsico, o estreito de Ormuz e o Golfo de Omã, estamos vigiando atentamente e continuaremos trabalhando com nossos sócios para garantir a liberdade de navegação e o livre fluxo de mercadorias”. Precisa dizer mais?
É o petróleo (4)! Há no mundo quatro pontos chaves, estratégicos, para o comércio internacional de petróleo e em torno deles temos acompanhado todas as recentes disputas que surgem na imprensa como “defesa da democracia”, “defesa do comércio internacional”, “luta pela liberdade de comércio” e outras balelas. Pelo que sabemos, 63% de todo o comércio internacional de petróleo se move através de rotas marítimas.
O primeiro (e talvez o mais importante) é o estreito de Ormuz, controlado pelo Irã. Por ali passa toda a exportação de petróleo do próprio Irã, do Kuait, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
O segundo (também em importância) é o estreito de Malaca, entre a Indonésia e a Malásia, por onde passam 16 milhões de barris de petróleo por dia (dados de 2016). É a única ligação navegável entre o Índico e o Pacífico e rota fundamental para o petróleo que chega à China, principal importador de petróleo do mundo. Tem apenas 2,7 Km de largura, formando uma espécie de gargalo natural que se torna constante disputa internacional.
Em terceiro lugar temos o Canal do Suez que liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, principal via para a chegada do petróleo à Europa. Segundo a Agência Internacional de Energia, por ali passam 5,5 milhões de barris diários (9% de todo o petróleo diário mundial). E próximo ao Canal existe o grande oleoduto SUMED, qua atravessa o Egito também ligando os dois mares.
Em quarto lugar temos o estreito de Bab al Mandeb de que já tratamos acima.
Para encontrar os mapas dos quatro pontos chaves, basta consultar o Google Mapas.
Ahed Tamimi está livre e promete continuar lutando. A adolescente Ahed Tamimi, de 17 anos, ícone da resistência palestina contra a ocupação israelense, foi libertada na manhã de domingo (29), depois de passar quase oito meses presa em Israel. A garota foi detida em dezembro de 2017, depois de enfrentar soldados israelenses no pátio de sua casa, na Cisjordânia. 
A mãe de Ahed, também detida ao se envolver no confronto, deixou a prisão Sharon, em Israel, neste domingo. Elas encontraram familiares na cidade de Nabi Saleh, Cisjordânia, onde vivem. 
Emocionada, ao chegar ao local, Ahed abraçou membros de sua família e foi seguida no caminho até sua casa por uma multidão. “Queremos viver livres!”, gritavam manifestantes.
A garota agradeceu o apoio e, diante de um mar de câmeras, conversou com jornalistas. “A resistência continua até que a ocupação termine”, declarou.  
Ahed Tamimi ficou conhecida mundialmente depois de que um vídeo em que ela e a prima, Nour, enfrentam dois soldados israelenses. As imagens fizeram a volta do planeta e a Ahed, com apenas 16 anos na época, foi presa dias depois. Nour foi libertada em março. 
Para os defensores dos direitos humanos, o caso de Ahed Tamimi ajudou a destacar irregularidades dos tribunais militares israelenses, que praticamente só condena palestinos. “Prendendo uma criança durante oito meses - por convocar protestos e dar tapas em um soldado - reflete uma discriminação endêmica, a ausência de um procedimento oficial e um tratamento doentio às crianças. Ahed Tamimi está livre, mas centenas de crianças palestinas continuam presas com pouca atenção a seus casos”, tuitou Omar Shakir, diretor da Ong Human Rigts Watch em Israel.
Segundo levantamentos de várias instituições internacionais, 291 crianças ainda estão presas em cárceres de Israel, com seus direitos desrespeitados e submetidos a tratamento desumano.
É hora de ouvir este alerta! Em 2013 os países da ONU, em Assembleia Geral, declararam o dia 30 de julho como o Dia Mundial Contra o Tráfico de Pessoas. A proposta visava conscientizar o mundo para a situação de sofrimento das vítimas de tráfico humano e buscar uma solução para o problema que alguns já chamam de “a escravidão moderna”. São milhões de seres humanos através do planeta que parecem “desaparecer” sem explicações.
Algumas agências internacionais que estudam o problema calculam que são mais de 40 milhões de pessoas nessa condição e o número vem aumentando muito rapidamente a ponto de transformar o tráfico de pessoas como o “segundo negócio ilícito mais rentável do mundo”, perdendo apenas para o tráfico de drogas. Não são conhecidos os números exatos, mas os estudiosos acreditam que o negócio movimenta mais de 150 bilhões de dólares por ano, sem contar a escravidão sexual decorrente do tráfico!
E muita coisa continua sendo escondida nessa triste situação. Segundo informações da ONU, 71% das pessoas traficadas são mulheres e meninas que acabam virando escravas sexuais em prostíbulos ou são submetidas a trabalhos forçados. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima a existência de mais de 21 milhões de pessoas submetidas a trabalhos forçados no planeta.
O problema central e que os líderes mundiais não querem olhar de frente é que uma das principais – senão a principal – razão do crescimento desse negócio está nas guerras promovidas pelo sistema, nas disputas territoriais por riquezas minerais, etc.
Essas guerras e disputas provocam o surgimento de milhões e milhões de refugiados no planeta, que andam de um lado a outro em busca de novo lar e de um local onde possam trabalhar e sustentar a família. E, por incrível que possa parecer, encontram cada vez mais portas fechadas, barreiras e muita indiferença das pessoas que se sentem seguras em suas casas e que aceitam caladas a exploração sobre outros povos, desde que mantenham sua tranquilidade e suas posses.
Somente em 2016 haviam 65,6 milhões de refugiados no mundo, segundo relatório divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). São pessoas que fogem das guerras, das perseguições, da fome e precisam de um lugar para viver com dignidade. Mas acontece que o chamado “Estado moderno”, criado para sustentar a expansão capitalista em novas formas, cria um clima político contrário à imigração e trata essas pessoas como ameaça, quando elas podem contribuir para a prosperidade dos países onde vivem e trabalham.
Não brinco mais? Parece coisa de menino rico e birrento, mas é apenas o presidente daquela que chamam “a maior nação do planeta”!
Cena de domingo (29): o presidente Donald Trump afirmou através de uma rede social que vai “fechar o Governo Federal caso os congressistas democratas não aprovem os fundos para a construção do muro na fronteira com o México”, uma das suas promessas de campanha.
Não é a primeira vez que ele usa essa ameaça. Em fevereiro passado, exigindo que o Congresso atendesse à sua sanha contra os imigrantes, ele garantiu que “se não mudarmos a legislação, se não acabarmos com os resquícios do que permite que assassinos entrem em nosso país (...) se não mudarmos, então teremos que fechar o Governo”.
A derrota dos EUA será obra dos EUA? Em abril de 2003 escrevi um artigo intitulado “Assim pensam os falcões” onde analisei e descrevi o pensamento dominante entre os principais assessores de Washington e as ideias de vencer o restante do mundo, seja lá como for.
Naquele artigo procurei mostrar a influência de um ex-trotskista que havia renegado seu passado e, em 1944, já como um expoente do pensamento conservador e profundamente anticomunista, foi contratado pelo ‘Office of Strategic Service’ – OSS – do governo para “fazer estudos e análises sobre os objetivos dos soviéticos no pós-guerra”. E os resultados desse trabalho foram publicados em 1947, no livro “The Struggler for the World” (O Defensor do Mundo), assegurando que o comunismo soviético era a grande ameaça para o mundo e que os EUA deveriam usar “a estratégia necessária” para dominá-lo.
Seu pensamento continuou influenciando a comunidade de “inteligência” dos EUA. Ele defendia uma política agressiva para os EUA e critica as vacilações de Washington, na época, acusando de falta de vontade em usar o poder contra o inimigo. Defende que os EUA já detinham o poder econômico, o militar e o político, faltando apenas “vontade” de usá-los para combater o mal do mundo.
Acontece que o custo total das guerras só neste século, para os EUA, é de US$4.575.610.429.593. Dividido pelos 138.313.155 americanos que preenchem declarações fiscais, isso equivale a pouco mais de US$33 mil por contribuinte.
As 16 agências de inteligência dos EUA têm um orçamento combinado de US$66,8 mil milhões e isso parece muito até que se perceba quão supremamente eficientes são elas: seus “erros” custaram ao país cerca de 70 vezes seu orçamento. Com um nível de pessoal de mais de 200 mil empregados, cada um deles custou ao contribuinte dos EUA perto de US$23 milhões, em média. Em outras palavras, a comunidade de inteligência dos EUA, de longe, é o melhor e mais eficiente condutor imaginável rumo ao colapso.


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