Bandido
bom é bandido morto?
A expressão não é nova em nosso vocabulário e, ao
contrário do que muitos pensam, não foi criada pelo farsante nazista que é
agora candidato à presidência. Na verdade, a frase é do conhecido torturador e
assassino Sérgio Paranhos Fleury, mais conhecido como “delegado Fleury” e
responsável por várias mortes de lutadores contra a ditadura militar no país.
Fleury é citado em várias ações públicas e é personagem central do livro
“Memórias de Uma Guerra Suja”, de Cláudio Guerra, ex-agente do Dops. Mais tarde
a frase foi usada por outro delegado, José Guilherme Godinho (delegado Sivuca)
em sua campanha para deputado estadual no Rio de Janeiro. Para quem esqueceu,
Sivuca foi um dos fundadores da “famosa” Scuderie Detetive Le Cocq, um esquadrão
da morte que atuava no Rio.
Mas, por que lembramos esses fatos? Em primeiro lugar
porque, como dissemos acima, esse é um dos lemas de certo candidato à
presidência. Em segundo lugar, porque os fatos mostram que essa lógica não é
real e isso está sendo mostrado pela realidade durante o governo ilegítimo de
Temer.
Os números mostram que a letalidade das polícias
aumentou 20% em 2017 em relação a 2016: 5.144 pessoas foram mortas em
decorrência de intervenções de policiais civis ou militares, uma média de 14
mortos por policial por dia. Mas isso resolveu o problema? Não! O Brasil
registrou o maior número de homicídios da história recente. Foram 63.880 mortes
violentas em 2017. Os dados do 12° Anuário de Segurança Pública indicam que
foram assassinadas 175 pessoas por dia, sete por hora, registrando elevação de
2,9% em comparação a 2016. A taxa é de 30,8 mortes para cada 100 mil
habitantes. Pela primeira vez o país ultrapassou a taxa de 30 por 100 mil.
Para aqueles que defendem que o policial precisa matar
e que é vítima dos bandidos, os números mostram que a quantidade de policiais
mortos em 2017 caiu 4,9% na comparação com o ano anterior. Foram vítimas de
homicídio 367 policiais. O Anuário de Segurança Pública compila dados das
polícias de todos os estados.
• Feminicídios no Brasil. Em 2006, comentando uma nova modalidade de exploração do trabalho entre
as mulheres, escrevi um artigo sobre as “maquiladoras” no México e os
assassinatos de mulheres em Ciudad Juárez. Na época, o fato foi tão grave que
originou (pelo menos) dois livros: “Huesos en el Desierto”, de Sergio Gonzáles
Rodrígues, “Las Muertas de Juárez”, de Víctor Ronquillo. Nas últimas duas
décadas o fenômeno se espalhou assustadoramente no mundo e já faz o Brasil ter
a quinta maior taxa no mundo!
Mas, o que é “feminicídio”? O conceito mais aceito
atualmente é que se trata de “assassinato de uma mulher por ser mulher”. Isso
mesmo! O feminicídio não tem qualquer outra razão. Não é por roubo, por
disputas, etc. É apenas o ápice de um ciclo de violência contra as mulheres.
Violência que é antiga, com outras formas e outras características, mas que
agora vem tomando uma nova dimensão.
Um levantamento do Conselho Nacional de Justiça mostrou
que existem 10.786 casos de feminicídio pendentes nos tribunais do País — casos
que entraram no Judiciário, mas ainda não foram julgados. Apenas na primeira
semana de agosto foram registrados pelo menos cinco casos de mulheres
assassinadas por seus companheiros ou ex-companheiros só em São Paulo. Dado
alarmante que reflete a realidade do Brasil.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número
de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. O Mapa da Violência de
2015 aponta que, entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas morreram por sua condição
de ser mulher. As mulheres negras são ainda mais violentadas. Apenas entre 2003
e 2013, houve aumento de 54% no registro de mortes, passando de 1.864 para
2.875 nesse período. Muitas vezes, são os próprios familiares (50,3%) ou
parceiros/ex-parceiros (33,2%) os que cometem os assassinatos.
Em 2006 o então Presidente Lula assinou a Lei Maria da
Penha (Lei 13.140) e o feminicídio passou a constar no Código Penal como
circunstância qualificadora do crime de homicídio. A regra também incluiu os
assassinatos motivados pela condição de gênero da vítima no rol dos crimes
hediondos, o que aumenta a pena de um terço (1/3) até a metade da imputada ao
autor do crime. Para definir a motivação, considera-se que o crime deve
envolver violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à
condição de mulher.
Em 2016, o número de casos era de 5.173. “É um quadro
alarmante e a mudança não virá apenas com a aplicação da lei”, afirma Silvia
Chakian, promotora de Justiça de Violência Doméstica do MP-SP (Ministério Público
de São Paulo).
Em 2017, segundo os números levantados pelo CNJ,
ingressaram nos Tribunais de Justiça do País 452.988 casos de violência
doméstica contra a mulher. O número é 12% maior do que o verificado em 2016.
Naquele ano, foram registrados 402.695 casos. O Tribunal de Justiça de São
Paulo apresentou o maior volume, com 67.541 casos novos, seguidos pelos
tribunais do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
De acordo com o estudo, ao longo de 2017, os tribunais
estaduais movimentaram 13.825 casos de feminicídio. Desses 3.039 não cabem mais
recursos e 10.789 processos ainda estão pendentes. O número de sentenças
proferidas foi de 4.829. “A morte dessas mulheres ocorre em função da
desigualdade de gênero e do machismo”, afirma Fabiana Dal’Mas, promotora do Ministério
Público de São Paulo, Gevid Central. “São provocadas pelos companheiros,
irmãos, familiares.”
• Quando a energia é vista com seriedade. Enquanto a direita brasileira rasga-se de elogios à
Alemanha, citando como exemplo de economia próspera e política “de primeiro
mundo”, fecha os olhos para as (pequenas?) coisas que poderia aprender. Um
exemplo claro é a preocupação com a energia como estratégico para qualquer país
que se pretenda sério.
Enquanto o ilegítimo de Temer quer privatizar a
Eletrobras e entregar as empresas de energia para o grande capital
internacional a Alemanha alegou razões de “segurança nacional” para investir em
parte da maior rede nacional de energia, afastando os investidores estrangeiros
que mostravam interesse nesta mesma compra.
O banco de investimento estatal alemão, o KfW, vai
adquirir uma parcela do principal operador de rede elétrica no país, alegando
razões de “segurança nacional”: não quer que a fatia em questão vá parar às
mãos da chinesa State Grid Corporation of China, que se posicionava nesta
corrida. E vai desembolsar 770 milhões de euros para ficar com 20% da maior
rede elétrica germânica, a 50Hertz. “No âmbito da segurança nacional, o governo
federal tem o maior interesse em proteger infraestruturas de energia críticas”,
justificou o ministro da economia alemão, citado pela agência internacional
Bloomberg.
• A Abril vai afundando rapidamente! Aquela editora responsável pela revista Veja e que
passou os últimos 20 anos combatendo o PT e inventando coisas contra Lula parece
que está com graves problemas financeiros e, se não receber ajuda urgente dos
golpistas pátrios, pode não sobreviver para os próximos anos.
Em comunicado aos seus funcionários, o Grupo Abril
anunciou na manhã de segunda-feira (6) o fechamento de 10 revistas conhecidas:
Cosmopolitan, Elle, Boa Forma, VIP, Viagem e Turismo, Mundo Estranho, Arquitetura,
Casa Claudia, Minha Casa e Bebe.com. E a situação é ruim para os trabalhadores,
pois foram demitidos imediatamente 70 profissionais. Cortes em outras áreas da
empresa podem chegar a 500.
Por enquanto, as revistas Veja, Exame e Claudia foram
poupadas, mas outras como Superinteressante e Quatro Rodas podem fechar em
breve.
• Temer e o trabalho escravo. O combate ao trabalho escravo no país pode estar com os dias contados.
O ilegítimo que ocupa a Presidência da República está cortando parte da verba
que é destinada aos trabalhos de fiscalização da prática vergonhosa, mas
sabemos que há muito para fazer e que os grandes latifundiários não se cansam
de usar esse método para aumentar seus lucros.
Em ação conjunta entre o Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE), a Polícia Federal e Ministério Público, 15 pessoas foram
resgatadas de uma fazenda de café no interior de Minas Gerais. De acordo com
informações do MTE, um claro flagrante de “trabalho análogo à escravidão”. A
operação foi divulgada dia 3 de agosto.
A fazenda em questão - Fazenda Córrego da Prata - é de
propriedade de Maria Júlia Pereira e é a terceira vez que a família é autuada
por trabalho escravo. Em 2015, foi autuada por manter 60 trabalhadores em regime
análogo à escravidão na fazenda Santa Efigênia, em Bom Jesus da Penha, também
em Minas. Em 2016 foi novamente autuada, desta vez por manter 14 trabalhadores
em trabalho análogo à escravidão nas fazendas Boa Vista e Cafundó, na mesma
cidade.
A escravidão moderna atingiu 369 mil trabalhadores no
Brasil em 2016. O número é ainda mais estarrecedor em uma perspectiva global:
40,3 milhões de pessoas ao redor do mundo foram submetidas a trabalhos em
situações análogas à escravidão no mesmo ano, sendo que apenas o continente
asiático concentra 62% desse número. Os dados são do relatório Índice Global de
Escravidão 2018, organizado pela fundação Walk Free e apresentado na
Organização das Nações Unidas (ONU) no mês de julho.
• E o “império” vai retomando o terreno? Bem, não chega a ser uma surpresa porque a Colômbia nunca
deixou de ser um dos principais aliados estadunidenses na nossa região, mas,
durante um pequeno tempo, pareceu se sensibilizar com o avanço democrático e
nacionalista em Nossa América. Mas volta aos braços do “senhor” da região e,
mais uma vez, pronta para implodir qualquer tentativa de unidade.
O novo chanceler da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo,
anunciou na sexta-feira (10) que o país vai se retirar da Unasul (União das
Nações Sul-Americanas). A saída foi uma promessa do recém-empossado presidente
do país, Iván Duque.
“Nos retiraremos da Unasul. Esta é uma decisão política
irreversível”, disse o ministro. “A nota [diplomática] está pronta, não foi
enviada porque estamos em processo de consultas com outros países que aparentemente
desejaram tomar o mesmo rumo. Caso haja uma decisão similar por parte destes
Estados, atuaremos em conjunto, afirmou Holmes Trujillo.
É claro que a intenção é voltar a ser capacho de
Washington e isto fica claro na declaração. “Cremos na necessidade de relançar
a OEA [Organização dos Estados Americanos]. Vamos colocar em marcha uma nova
política de fronteiras, uma nova política migratória, vamos cumprir de maneira
ativa”, disse o chanceler em entrevista coletiva à imprensa.
Em abril deste ano, Bogotá, Buenos Aires, Brasília,
Santiago, Assunção e Lima haviam enviado uma carta à Bolívia, atual presidente
pró-tempore do bloco, suspendendo por tempo indeterminado suas participações na
Unasul, com a justificativa de que não havia se resolvido a questão da escolha
de um secretário-geral. Ou seja, todos se ajoelhando no milho para o patrão
voltar a dominar!
• Ato desesperado?
Depois de usar métodos já conhecidos para desestabilizar a Venezuela (financiar
grupos mercenários para provocar agitações, exigir que países “amigos” façam
declarações contra Maduro, realizar “manobras militares” com países da região,
etc.) Washington e a CIA partiram para o ato desesperado: tentativa de assassinato
de Nicolás Maduro!
Pois é. O atentado contra Maduro aconteceu no sábado
passado (04) e não noticiamos no Informativo porque as notícias ainda eram
poucas e contraditórias. Mas a verdade é que o atentado teve uma incrível e bem
montada organização e foi realizado com dois drones DJI-M600, desenhados para
suportar grandes cargas e peso. Os aviões não tripulados continham carga
explosiva, com aproximadamente 1kg de explosivo C4 em cada um. “A carga é capaz
de causar dano efetivo em um raio de aproximadamente 50 metros”, disse o
ministro venezuelano de Interior, Justiça e Paz, Néstor Reverol, no domingo
(05).
Mas Nicolás Maduro não se feriu no ataque. No momento
do atentado, o presidente discursava em um palco na avenida Bolívar, centro de
Caracas, durante as comemorações do 81º aniversário da Guarda Nacional
Bolivariana. Mas sete funcionários do governo ficaram feridos. Em
pronunciamento horas após o atentado ele acusou a Colômbia de estar por trás do
ataque e disse que o responsável é presidente do país, Juan Manuel Santos. “Não
tenho dúvida que tudo aponta para a ultradireita venezuelana em aliança com a
ultradireita colombiana, e que o nome de Juan Manuel Santos está por trás deste
atentado”, disse. “Os ‘responsáveis intelectuais financistas’ do ataque residem
na Flórida”.
Em nota emitida no sábado, o governo da Colômbia, ainda
sob a liderança de Santos – ele entrega o cargo na terça (07) ao presidente
eleito Iván Duque – negou qualquer envolvimento com o ato. Em entrevista à emissora
Fox News, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, disse
que não há participação dos EUA no caso. Ah! Então tá, então...
• Em busca dos autores... Na segunda-feira (06), Nicolás Maduro disse que os suspeitos de terem
executado o atentado foram treinados na cidade de Chinácota, no Estado de Norte
de Santander, na Colômbia, sob supervisão de colombianos. “É clara e há provas
suficientes da participação do governo de Juan Manuel Santos, que termina
mandato na Colômbia. Temos a localização, os nomes, em Chinácota, em Norte de
Santander, [os suspeitos] eram treinados com treinadores colombianos, os
assassinos, os terroristas”, disse.
O presidente lembrou que os acusados de serem autores
materiais do atentado, que deixou sete funcionários da segurança feridos, estão
detidos. No domingo (05) a polícia venezuelana já havia prendido seis pessoas
por estarem supostamente envolvidas no caso: uma das pessoas tinha uma ordem de
captura vigente por suposta vinculação ao ataque ao Forte Paramacay, em 2017, e
outro acusado já esteve preso por participar de guarimbas em 2014.
O ministro venezuelano de Interior, Justiça e Paz,
Néstor Reverol, disse na quinta-feira (09) que foram emitidas novas ordens de
captura contra sete acusados de envolvimento no atentado contra o presidente
Nicolás Maduro. Entre os citados, estão Alcira Marina Carrizo de Colmenarez,
Virgina Antonieta Da Silva-Pio Porta (codinome “Genesis”); Henryberth Emmanuel
Rivas, Thais del Carmen Valeria Viloria, Darwin Mina Banguera, Elvis Rivas
Barrios e David Alexander Beaumont Álvarez.
• Mais uma vergonha da imprensa internacional. Atendendo de forma submissa e vergonhosa às ordens
vindas de Washington, a imprensa internacional procurou dar o mínimo de
informações possíveis sobre o atentado contra Maduro. Os jornais e outros
veículos da mídia vendida fingiram que o atentado não tinha acontecido, nada
noticiaram e mantiveram o completo silêncio.
Mas outra parte dessa mesma imprensa tratou de reduzir
ou negar a tentativa de assassinato do presidente da Venezuela. É hilário ver
como alguns órgãos noticiaram o fato dizendo que se trata de “suposto atentado”,
“auto atentado” ou “evento confuso”. Muito esforço e imaginação para desviar as
atenções. O NTN 24, canal de TV oficial do governo colombiano, não perdeu tempo
e desmentiu a informação de que o país havia participado do golpe e chama de
“suposto complô”. Outros jornais “amestrados” não perderam tempo para acusar
Maduro de criar um fato para perseguir os deputados da oposição no país.
• Petróleo... Agora o “bicho vai pegar”? Há algum tempo a queda de braços entre China e EUA
ocupa um importante espaço na mídia internacional. Trump sabe que está em
desvantagem, mas que manter as aparências porque precisa do apoio dos capachos
e aliados. Mas a China pode estar aplicando um novo e mortal golpe na economia
estadunidense.
Uma das principais empresas de petróleo chinesas, a
Sinopec, acaba de suspender (até o final do ano) toda a compra de petróleo dos
EUA. São cerca de 300.000 barris por mês, segundo informou a própria empresa.
Para ampliar a preocupação dos EUA, outras empresas
chinesas de petróleo e gás também estão se unindo e anunciam que vão suspender
suas compras.
Curiosamente, a Agência Internacional Bloomberg
informou que a China não vai suspender as compras de petróleo do Irã, apesar do
boicote imposto por Washington. Agora é aguardar o resultado da disputa.
• “Pau que dá em Chico”... O
Ministério do Comércio da China anunciou na quarta-feira (08) que vai impor uma
tarifa de 25% a um conjunto de importações dos EUA avaliado em US$16 bilhões. A
decisão é uma retaliação à sobretaxa imposta pelo governo estadunidense no dia
anterior.
De acordo com o comunicado chinês, a medida entrará em
vigor imediatamente depois que Washington resolver aplicar as tarifas a
produtos chineses em 23 de agosto. A lista de importações afetada pelo imposto
inclui carvão, petróleo, produtos químicos e alguns equipamentos médicos.
Para a China, a Casa Branca tem colocado suas leis
domésticas acima das leis internacionais, “uma prática muito insensata”. A
declaração ocorre um dia depois que o Escritório do Representante de Comércio
dos Estados Unidos (USTR) informou que implementará uma taxa de 25% a US$ 16
bilhões de importações chinesas em resposta ao que considera práticas ilegais
ligadas à propriedade intelectual e à transferência de tecnologia.
O presidente dos EUA, Donald Trump, começou a anunciar
novas tarifas sobre as importações chinesas em janeiro, como parte de uma
tentativa de negociar o que ele chamou de “acordos comerciais bilaterais justos
que trazem empregos e indústrias de volta ao território dos EUA”.
• Oriente Médio: uma guerra pela água? Em 2003, quando os EUA invadiram o Iraque e todos os
analistas falavam em uma “guerra pelo petróleo”, escrevemos um artigo que
tentava mostrar que esse não era o único (e talvez não fosse o principal)
objetivo de Bush ao autorizar aquela guerra. Com um mapa, em vários debates e
palestras de que participamos, mostramos que ali estão também os dois maiores e
mais conhecidos rios da região: o Tigre e o Eufrates. Ou seja, a guerra era
também pela posse da água, um bem talvez mais precioso do que o petróleo nos
dias futuros.
Segundo os cientistas, há quinhentos milhões de anos a
quantidade de água é praticamente constante no planeta. Se 70% da superfície da
Terra está coberta de água, a verdade dura é que 97% dessa água é salgada e
imprópria para o consumo humano e apenas 3% é de água doce. Mas o cenário piora
ao analisarmos que, desses 3% de água doce, 2,7% estão nas calotas polares e
apenas 0,3% está disponível para nós (rios, lagos e lençóis subterrâneos).
O planeta tem 1,4 bilhão de
quilômetros cúbicos de água (10,4 bilhões de litros). Ou seja, há bastante água,
mas desigualmente distribuída: 60% se encontra em apenas 9 países, enquanto 80
outros enfrentam escassez. Pouco menos de um bilhão de pessoas consome 86% da
água existente enquanto para 1,4 bilhões é insuficiente e para dois bilhões,
não é tratada, o que gera 85% das doenças.
Em um excelente artigo
publicado no jornal árabe Asharq Al-Awsat,
o especialista sírio em recursos hídricos, Nabil Samman, escreve que “quando
cessarem os tambores de guerra e calarem os fuzis na região esse som será
substituído por conflitos graves na região do Tigre e do Eufrates. A disputa
Síria/Turquia/Iraque sobre o domínio das águas dos dois grandes rios tomará uma
dimensão internacional e a água se tornará uma arma política de grande poder”.
Só para lembrar: o Brasil é a
potência natural das águas, com 13% de toda água doce do Planeta perfazendo 5,4
trilhões de metros cúbicos. O maior aquífero do mundo é o Alter do Chão (Amazonas, Pará e Amapá). Em abril de
2010, pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) afirmaram que a água
existente na Amazônia representa um quinto de toda a água doce do mundo. Os rios
e lagos presentes na paisagem amazônica são apenas uma pequena parcela de toda
água potável que há.
O segundo maior do mundo é o Aquífero Guarani.
Localizado sob o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, o aquífero Guarani é
conhecido internacionalmente como o maior aquífero do mundo, em relação a sua
extensão territorial (mas não em volume de água). Possuindo cerca de 1,2
milhões de km², a maioria de sua extensão está localizada em território
brasileiro, cerca de 840.000 Km². 2/3 de sua área total está distribuída entre
os estados de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Rio
Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
Dá para entender a preocupação dos EUA com o Brasil? Dá
para entender por que defendem a internacionalização da Amazônia? Entenderam
porque falam em militarizar a “tríplice fronteira” (Brasil, Uruguai e Paraguai)
dizendo que há células terroristas na região? Entendem por que Temer apresentou
um Projeto de Lei para privatizar as águas?
• Mudanças no cenário mundial. Cremos que 2018 está sendo um ano de grandes mudanças
no cenário internacional, em particular nas questões econômicas. É difícil
prever como o mundo sairá disso tudo e quanto tempo ainda será necessário para
as mudanças se concretizarem (se isso acontecer antes de uma nova grande crise
como a de 2008).
O nosso primeiro ponto importante a ser analisado é o
início da guerra comercial iniciada por Donald Trump contra a Europa, o Canadá
e o Japão, curiosamente, tradicionais aliados. A situação criada foi tão séria
que durante a última reunião do G-7, em Quebec (Canadá), o presidente francês
Daniel Macron chegou a sugerir que os países industrializados, mais o Japão,
deveriam reformular o grupo transformando em G-6. Ou seja, retirando os EUA do
grupo. E não podemos esquecer a recente decisão da Grã-Bretanha se retirando da
União Europeia e provocando uma série de divisões no grupo.
O século 21 está trazendo muitas surpresas no panorama
econômico. E uma das mais importantes, pelo que estamos acompanhando, vem sendo
o ressurgimento da Rússia como uma das potências mundiais depois da queda da
União Soviética. Houve uma grande mudança no que já estávamos acostumados a
chamar de “Guerra Fria” (EUA/URSS/China) e a disputa agora se dá em outro
campo.
A Rússia vem se transformando em uma das maiores
potências na questão de energia e colocou os estrategistas da OTAN em plantão
permanente. A política de Putin, priorizando acordos econômicos e projetos de
infraestrutura com parceiros importantes na geopolítica mundial. E damos
especial atenção ao que vem fazendo na América Latina e na África.
Em 2015, montando a sua estratégia, Putin criou o
chamado “Foro Econômico do Leste”, um encontro que equilibra o poder do “Foro
Econômico Mundial” que acontece anualmente na Suíça e é comandado por Washington.
Nos encontros de Vladivostok participam Japão, Coreia do Sul, China e outros
países da região para traçar linhas de ação que fortalecem a economia da região
e fazem frente à política traçada em Davos, na Suíça.
A atual “dor de cabeça” de Washington e seus aliados é
a cooperação montada entre China e Rússia em vários setores da economia. Pelo
que se pode entender, até aqui, a chamada “civilização ocidental”, ou o mundo
sob a hegemonia estadunidense, não está encontrando forças ou caminhos para
fazer frente.
• Mais polícia nas ruas vai resolver? “Se não há justiça para o povo, que não haja paz para
o governo”, assegurou Emiliano Zapata, no México. Uma frase parecida é
atribuída a Charles Chaplin: “Enquanto não houver justiça para os pobres não
haverá paz para os ricos”! E por que nos lembramos disso?
Segundo as estatísticas e estudos de vários sociólogos,
os EUA estão se tornando um país mais desigual a cada ano e com graves
problemas de coesão social. Dados do próprio governo estadunidense mostram o
baixo crescimento econômico e alta injustiça redistributiva. A verdade é que na
“Grande Nação do Norte” vivem os mais ricos do planeta, mas também sobrevive a
maior população de rua do mundo!
Agora tomamos conhecimento de que a cidade de Chicago,
depois de um violento final de semana com protestos sociais, resolveu aumentar
a presença policial nas ruas! São mais 430 policiais “adicionais” que foram
deslocados para algumas regiões mais afetadas. O chefe de polícia local, Eddie
Johnson, anunciou que essas “forças complementares” estão em cinco distritos
“mais violentos”: Ogden, Harrison e Austin, no lado oeste, e Calumet e Gresham,
no sul.
Para cumprir a missão e cobrir toda a região, os
policiais terão que fazer horários complementares e o cálculo é de que será necessário
elevar o número de policiais para 600 neste final de semana!
Vale lembrar que Chicago já foi uma das cidades mais
ricas dos EUA, concentrando um grande número de milionários do setor financeiro
e do industrial. Mas é atualmente uma das que apresentam maiores taxas de
desemprego e de separação social. Quase a metade da população negra da cidade
vive na pobreza e os jovens dificilmente encontram empregos. A taxa de
desempregados ultrapassa 20% e 45% das famílias vivem na pobreza absoluta!
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