sábado, 11 de agosto de 2018

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






Bandido bom é bandido morto?
A expressão não é nova em nosso vocabulário e, ao contrário do que muitos pensam, não foi criada pelo farsante nazista que é agora candidato à presidência. Na verdade, a frase é do conhecido torturador e assassino Sérgio Paranhos Fleury, mais conhecido como “delegado Fleury” e responsável por várias mortes de lutadores contra a ditadura militar no país. Fleury é citado em várias ações públicas e é personagem central do livro “Memórias de Uma Guerra Suja”, de Cláudio Guerra, ex-agente do Dops. Mais tarde a frase foi usada por outro delegado, José Guilherme Godinho (delegado Sivuca) em sua campanha para deputado estadual no Rio de Janeiro. Para quem esqueceu, Sivuca foi um dos fundadores da “famosa” Scuderie Detetive Le Cocq, um esquadrão da morte que atuava no Rio.
Mas, por que lembramos esses fatos? Em primeiro lugar porque, como dissemos acima, esse é um dos lemas de certo candidato à presidência. Em segundo lugar, porque os fatos mostram que essa lógica não é real e isso está sendo mostrado pela realidade durante o governo ilegítimo de Temer.
Os números mostram que a letalidade das polícias aumentou 20% em 2017 em relação a 2016: 5.144 pessoas foram mortas em decorrência de intervenções de policiais civis ou militares, uma média de 14 mortos por policial por dia. Mas isso resolveu o problema? Não! O Brasil registrou o maior número de homicídios da história recente. Foram 63.880 mortes violentas em 2017. Os dados do 12° Anuário de Segurança Pública indicam que foram assassinadas 175 pessoas por dia, sete por hora, registrando elevação de 2,9% em comparação a 2016. A taxa é de 30,8 mortes para cada 100 mil habitantes. Pela primeira vez o país ultrapassou a taxa de 30 por 100 mil.
Para aqueles que defendem que o policial precisa matar e que é vítima dos bandidos, os números mostram que a quantidade de policiais mortos em 2017 caiu 4,9% na comparação com o ano anterior. Foram vítimas de homicídio 367 policiais. O Anuário de Segurança Pública compila dados das polícias de todos os estados.
Feminicídios no Brasil. Em 2006, comentando uma nova modalidade de exploração do trabalho entre as mulheres, escrevi um artigo sobre as “maquiladoras” no México e os assassinatos de mulheres em Ciudad Juárez. Na época, o fato foi tão grave que originou (pelo menos) dois livros: “Huesos en el Desierto”, de Sergio Gonzáles Rodrígues, “Las Muertas de Juárez”, de Víctor Ronquillo. Nas últimas duas décadas o fenômeno se espalhou assustadoramente no mundo e já faz o Brasil ter a quinta maior taxa no mundo!
Mas, o que é “feminicídio”? O conceito mais aceito atualmente é que se trata de “assassinato de uma mulher por ser mulher”. Isso mesmo! O feminicídio não tem qualquer outra razão. Não é por roubo, por disputas, etc. É apenas o ápice de um ciclo de violência contra as mulheres. Violência que é antiga, com outras formas e outras características, mas que agora vem tomando uma nova dimensão.
Um levantamento do Conselho Nacional de Justiça mostrou que existem 10.786 casos de feminicídio pendentes nos tribunais do País — casos que entraram no Judiciário, mas ainda não foram julgados. Apenas na primeira semana de agosto foram registrados pelo menos cinco casos de mulheres assassinadas por seus companheiros ou ex-companheiros só em São Paulo. Dado alarmante que reflete a realidade do Brasil.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. O Mapa da Violência de 2015 aponta que, entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas morreram por sua condição de ser mulher. As mulheres negras são ainda mais violentadas. Apenas entre 2003 e 2013, houve aumento de 54% no registro de mortes, passando de 1.864 para 2.875 nesse período. Muitas vezes, são os próprios familiares (50,3%) ou parceiros/ex-parceiros (33,2%) os que cometem os assassinatos.
Em 2006 o então Presidente Lula assinou a Lei Maria da Penha (Lei 13.140) e o feminicídio passou a constar no Código Penal como circunstância qualificadora do crime de homicídio. A regra também incluiu os assassinatos motivados pela condição de gênero da vítima no rol dos crimes hediondos, o que aumenta a pena de um terço (1/3) até a metade da imputada ao autor do crime. Para definir a motivação, considera-se que o crime deve envolver violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Em 2016, o número de casos era de 5.173. “É um quadro alarmante e a mudança não virá apenas com a aplicação da lei”, afirma Silvia Chakian, promotora de Justiça de Violência Doméstica do MP-SP (Ministério Público de São Paulo).
Em 2017, segundo os números levantados pelo CNJ, ingressaram nos Tribunais de Justiça do País 452.988 casos de violência doméstica contra a mulher. O número é 12% maior do que o verificado em 2016. Naquele ano, foram registrados 402.695 casos. O Tribunal de Justiça de São Paulo apresentou o maior volume, com 67.541 casos novos, seguidos pelos tribunais do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
De acordo com o estudo, ao longo de 2017, os tribunais estaduais movimentaram 13.825 casos de feminicídio. Desses 3.039 não cabem mais recursos e 10.789 processos ainda estão pendentes. O número de sentenças proferidas foi de 4.829. “A morte dessas mulheres ocorre em função da desigualdade de gênero e do machismo”, afirma Fabiana Dal’Mas, promotora do Ministério Público de São Paulo, Gevid Central. “São provocadas pelos companheiros, irmãos, familiares.”
Quando a energia é vista com seriedade. Enquanto a direita brasileira rasga-se de elogios à Alemanha, citando como exemplo de economia próspera e política “de primeiro mundo”, fecha os olhos para as (pequenas?) coisas que poderia aprender. Um exemplo claro é a preocupação com a energia como estratégico para qualquer país que se pretenda sério.
Enquanto o ilegítimo de Temer quer privatizar a Eletrobras e entregar as empresas de energia para o grande capital internacional a Alemanha alegou razões de “segurança nacional” para investir em parte da maior rede nacional de energia, afastando os investidores estrangeiros que mostravam interesse nesta mesma compra.
O banco de investimento estatal alemão, o KfW, vai adquirir uma parcela do principal operador de rede elétrica no país, alegando razões de “segurança nacional”: não quer que a fatia em questão vá parar às mãos da chinesa State Grid Corporation of China, que se posicionava nesta corrida. E vai desembolsar 770 milhões de euros para ficar com 20% da maior rede elétrica germânica, a 50Hertz. “No âmbito da segurança nacional, o governo federal tem o maior interesse em proteger infraestruturas de energia críticas”, justificou o ministro da economia alemão, citado pela agência internacional Bloomberg.
A Abril vai afundando rapidamente! Aquela editora responsável pela revista Veja e que passou os últimos 20 anos combatendo o PT e inventando coisas contra Lula parece que está com graves problemas financeiros e, se não receber ajuda urgente dos golpistas pátrios, pode não sobreviver para os próximos anos.
Em comunicado aos seus funcionários, o Grupo Abril anunciou na manhã de segunda-feira (6) o fechamento de 10 revistas conhecidas: Cosmopolitan, Elle, Boa Forma, VIP, Viagem e Turismo, Mundo Estranho, Arquitetura, Casa Claudia, Minha Casa e Bebe.com. E a situação é ruim para os trabalhadores, pois foram demitidos imediatamente 70 profissionais. Cortes em outras áreas da empresa podem chegar a 500.
Por enquanto, as revistas Veja, Exame e Claudia foram poupadas, mas outras como Superinteressante e Quatro Rodas podem fechar em breve.
Temer e o trabalho escravo. O combate ao trabalho escravo no país pode estar com os dias contados. O ilegítimo que ocupa a Presidência da República está cortando parte da verba que é destinada aos trabalhos de fiscalização da prática vergonhosa, mas sabemos que há muito para fazer e que os grandes latifundiários não se cansam de usar esse método para aumentar seus lucros.
Em ação conjunta entre o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Polícia Federal e Ministério Público, 15 pessoas foram resgatadas de uma fazenda de café no interior de Minas Gerais. De acordo com informações do MTE, um claro flagrante de “trabalho análogo à escravidão”. A operação foi divulgada dia 3 de agosto.
A fazenda em questão - Fazenda Córrego da Prata - é de propriedade de Maria Júlia Pereira e é a terceira vez que a família é autuada por trabalho escravo. Em 2015, foi autuada por manter 60 trabalhadores em regime análogo à escravidão na fazenda Santa Efigênia, em Bom Jesus da Penha, também em Minas. Em 2016 foi novamente autuada, desta vez por manter 14 trabalhadores em trabalho análogo à escravidão nas fazendas Boa Vista e Cafundó, na mesma cidade.
A escravidão moderna atingiu 369 mil trabalhadores no Brasil em 2016. O número é ainda mais estarrecedor em uma perspectiva global: 40,3 milhões de pessoas ao redor do mundo foram submetidas a trabalhos em situações análogas à escravidão no mesmo ano, sendo que apenas o continente asiático concentra 62% desse número. Os dados são do relatório Índice Global de Escravidão 2018, organizado pela fundação Walk Free e apresentado na Organização das Nações Unidas (ONU) no mês de julho.
E o “império” vai retomando o terreno? Bem, não chega a ser uma surpresa porque a Colômbia nunca deixou de ser um dos principais aliados estadunidenses na nossa região, mas, durante um pequeno tempo, pareceu se sensibilizar com o avanço democrático e nacionalista em Nossa América. Mas volta aos braços do “senhor” da região e, mais uma vez, pronta para implodir qualquer tentativa de unidade.
O novo chanceler da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, anunciou na sexta-feira (10) que o país vai se retirar da Unasul (União das Nações Sul-Americanas). A saída foi uma promessa do recém-empossado presidente do país, Iván Duque.
“Nos retiraremos da Unasul. Esta é uma decisão política irreversível”, disse o ministro. “A nota [diplomática] está pronta, não foi enviada porque estamos em processo de consultas com outros países que aparentemente desejaram tomar o mesmo rumo. Caso haja uma decisão similar por parte destes Estados, atuaremos em conjunto, afirmou Holmes Trujillo.
É claro que a intenção é voltar a ser capacho de Washington e isto fica claro na declaração. “Cremos na necessidade de relançar a OEA [Organização dos Estados Americanos]. Vamos colocar em marcha uma nova política de fronteiras, uma nova política migratória, vamos cumprir de maneira ativa”, disse o chanceler em entrevista coletiva à imprensa.
Em abril deste ano, Bogotá, Buenos Aires, Brasília, Santiago, Assunção e Lima haviam enviado uma carta à Bolívia, atual presidente pró-tempore do bloco, suspendendo por tempo indeterminado suas participações na Unasul, com a justificativa de que não havia se resolvido a questão da escolha de um secretário-geral. Ou seja, todos se ajoelhando no milho para o patrão voltar a dominar!
Ato desesperado? Depois de usar métodos já conhecidos para desestabilizar a Venezuela (financiar grupos mercenários para provocar agitações, exigir que países “amigos” façam declarações contra Maduro, realizar “manobras militares” com países da região, etc.) Washington e a CIA partiram para o ato desesperado: tentativa de assassinato de Nicolás Maduro!
Pois é. O atentado contra Maduro aconteceu no sábado passado (04) e não noticiamos no Informativo porque as notícias ainda eram poucas e contraditórias. Mas a verdade é que o atentado teve uma incrível e bem montada organização e foi realizado com dois drones DJI-M600, desenhados para suportar grandes cargas e peso. Os aviões não tripulados continham carga explosiva, com aproximadamente 1kg de explosivo C4 em cada um. “A carga é capaz de causar dano efetivo em um raio de aproximadamente 50 metros”, disse o ministro venezuelano de Interior, Justiça e Paz, Néstor Reverol, no domingo (05).
Mas Nicolás Maduro não se feriu no ataque. No momento do atentado, o presidente discursava em um palco na avenida Bolívar, centro de Caracas, durante as comemorações do 81º aniversário da Guarda Nacional Bolivariana. Mas sete funcionários do governo ficaram feridos. Em pronunciamento horas após o atentado ele acusou a Colômbia de estar por trás do ataque e disse que o responsável é presidente do país, Juan Manuel Santos. “Não tenho dúvida que tudo aponta para a ultradireita venezuelana em aliança com a ultradireita colombiana, e que o nome de Juan Manuel Santos está por trás deste atentado”, disse. “Os ‘responsáveis intelectuais financistas’ do ataque residem na Flórida”.
Em nota emitida no sábado, o governo da Colômbia, ainda sob a liderança de Santos – ele entrega o cargo na terça (07) ao presidente eleito Iván Duque – negou qualquer envolvimento com o ato. Em entrevista à emissora Fox News, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, disse que não há participação dos EUA no caso. Ah! Então tá, então...
Em busca dos autores... Na segunda-feira (06), Nicolás Maduro disse que os suspeitos de terem executado o atentado foram treinados na cidade de Chinácota, no Estado de Norte de Santander, na Colômbia, sob supervisão de colombianos. “É clara e há provas suficientes da participação do governo de Juan Manuel Santos, que termina mandato na Colômbia. Temos a localização, os nomes, em Chinácota, em Norte de Santander, [os suspeitos] eram treinados com treinadores colombianos, os assassinos, os terroristas”, disse.
O presidente lembrou que os acusados de serem autores materiais do atentado, que deixou sete funcionários da segurança feridos, estão detidos. No domingo (05) a polícia venezuelana já havia prendido seis pessoas por estarem supostamente envolvidas no caso: uma das pessoas tinha uma ordem de captura vigente por suposta vinculação ao ataque ao Forte Paramacay, em 2017, e outro acusado já esteve preso por participar de guarimbas em 2014.
O ministro venezuelano de Interior, Justiça e Paz, Néstor Reverol, disse na quinta-feira (09) que foram emitidas novas ordens de captura contra sete acusados de envolvimento no atentado contra o presidente Nicolás Maduro. Entre os citados, estão Alcira Marina Carrizo de Colmenarez, Virgina Antonieta Da Silva-Pio Porta (codinome “Genesis”); Henryberth Emmanuel Rivas, Thais del Carmen Valeria Viloria, Darwin Mina Banguera, Elvis Rivas Barrios e David Alexander Beaumont Álvarez.
Mais uma vergonha da imprensa internacional. Atendendo de forma submissa e vergonhosa às ordens vindas de Washington, a imprensa internacional procurou dar o mínimo de informações possíveis sobre o atentado contra Maduro. Os jornais e outros veículos da mídia vendida fingiram que o atentado não tinha acontecido, nada noticiaram e mantiveram o completo silêncio.
Mas outra parte dessa mesma imprensa tratou de reduzir ou negar a tentativa de assassinato do presidente da Venezuela. É hilário ver como alguns órgãos noticiaram o fato dizendo que se trata de “suposto atentado”, “auto atentado” ou “evento confuso”. Muito esforço e imaginação para desviar as atenções. O NTN 24, canal de TV oficial do governo colombiano, não perdeu tempo e desmentiu a informação de que o país havia participado do golpe e chama de “suposto complô”. Outros jornais “amestrados” não perderam tempo para acusar Maduro de criar um fato para perseguir os deputados da oposição no país.
Petróleo... Agora o “bicho vai pegar”? Há algum tempo a queda de braços entre China e EUA ocupa um importante espaço na mídia internacional. Trump sabe que está em desvantagem, mas que manter as aparências porque precisa do apoio dos capachos e aliados. Mas a China pode estar aplicando um novo e mortal golpe na economia estadunidense.
Uma das principais empresas de petróleo chinesas, a Sinopec, acaba de suspender (até o final do ano) toda a compra de petróleo dos EUA. São cerca de 300.000 barris por mês, segundo informou a própria empresa.
Para ampliar a preocupação dos EUA, outras empresas chinesas de petróleo e gás também estão se unindo e anunciam que vão suspender suas compras.
Curiosamente, a Agência Internacional Bloomberg informou que a China não vai suspender as compras de petróleo do Irã, apesar do boicote imposto por Washington. Agora é aguardar o resultado da disputa.
“Pau que dá em Chico”... O Ministério do Comércio da China anunciou na quarta-feira (08) que vai impor uma tarifa de 25% a um conjunto de importações dos EUA avaliado em US$16 bilhões. A decisão é uma retaliação à sobretaxa imposta pelo governo estadunidense no dia anterior.
De acordo com o comunicado chinês, a medida entrará em vigor imediatamente depois que Washington resolver aplicar as tarifas a produtos chineses em 23 de agosto. A lista de importações afetada pelo imposto inclui carvão, petróleo, produtos químicos e alguns equipamentos médicos.
Para a China, a Casa Branca tem colocado suas leis domésticas acima das leis internacionais, “uma prática muito insensata”. A declaração ocorre um dia depois que o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) informou que implementará uma taxa de 25% a US$ 16 bilhões de importações chinesas em resposta ao que considera práticas ilegais ligadas à propriedade intelectual e à transferência de tecnologia.
O presidente dos EUA, Donald Trump, começou a anunciar novas tarifas sobre as importações chinesas em janeiro, como parte de uma tentativa de negociar o que ele chamou de “acordos comerciais bilaterais justos que trazem empregos e indústrias de volta ao território dos EUA”.
Oriente Médio: uma guerra pela água? Em 2003, quando os EUA invadiram o Iraque e todos os analistas falavam em uma “guerra pelo petróleo”, escrevemos um artigo que tentava mostrar que esse não era o único (e talvez não fosse o principal) objetivo de Bush ao autorizar aquela guerra. Com um mapa, em vários debates e palestras de que participamos, mostramos que ali estão também os dois maiores e mais conhecidos rios da região: o Tigre e o Eufrates. Ou seja, a guerra era também pela posse da água, um bem talvez mais precioso do que o petróleo nos dias futuros.
Segundo os cientistas, há quinhentos milhões de anos a quantidade de água é praticamente constante no planeta. Se 70% da superfície da Terra está coberta de água, a verdade dura é que 97% dessa água é salgada e imprópria para o consumo humano e apenas 3% é de água doce. Mas o cenário piora ao analisarmos que, desses 3% de água doce, 2,7% estão nas calotas polares e apenas 0,3% está disponível para nós (rios, lagos e lençóis subterrâneos).
O planeta tem 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos de água (10,4 bilhões de litros). Ou seja, há bastante água, mas desigualmente distribuída: 60% se encontra em apenas 9 países, enquanto 80 outros enfrentam escassez. Pouco menos de um bilhão de pessoas consome 86% da água existente enquanto para 1,4 bilhões é insuficiente e para dois bilhões, não é tratada, o que gera 85% das doenças.
Em um excelente artigo publicado no jornal árabe Asharq Al-Awsat, o especialista sírio em recursos hídricos, Nabil Samman, escreve que “quando cessarem os tambores de guerra e calarem os fuzis na região esse som será substituído por conflitos graves na região do Tigre e do Eufrates. A disputa Síria/Turquia/Iraque sobre o domínio das águas dos dois grandes rios tomará uma dimensão internacional e a água se tornará uma arma política de grande poder”.
Só para lembrar: o Brasil é a potência natural das águas, com 13% de toda água doce do Planeta perfazendo 5,4 trilhões de metros cúbicos. O maior aquífero do mundo é o Alter do Chão (Amazonas, Pará e Amapá). Em abril de 2010, pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) afirmaram que a água existente na Amazônia representa um quinto de toda a água doce do mundo. Os rios e lagos presentes na paisagem amazônica são apenas uma pequena parcela de toda água potável que há.
O segundo maior do mundo é o Aquífero Guarani. Localizado sob o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, o aquífero Guarani é conhecido internacionalmente como o maior aquífero do mundo, em relação a sua extensão territorial (mas não em volume de água). Possuindo cerca de 1,2 milhões de km², a maioria de sua extensão está localizada em território brasileiro, cerca de 840.000 Km². 2/3 de sua área total está distribuída entre os estados de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
Dá para entender a preocupação dos EUA com o Brasil? Dá para entender por que defendem a internacionalização da Amazônia? Entenderam porque falam em militarizar a “tríplice fronteira” (Brasil, Uruguai e Paraguai) dizendo que há células terroristas na região? Entendem por que Temer apresentou um Projeto de Lei para privatizar as águas?
Mudanças no cenário mundial. Cremos que 2018 está sendo um ano de grandes mudanças no cenário internacional, em particular nas questões econômicas. É difícil prever como o mundo sairá disso tudo e quanto tempo ainda será necessário para as mudanças se concretizarem (se isso acontecer antes de uma nova grande crise como a de 2008).
O nosso primeiro ponto importante a ser analisado é o início da guerra comercial iniciada por Donald Trump contra a Europa, o Canadá e o Japão, curiosamente, tradicionais aliados. A situação criada foi tão séria que durante a última reunião do G-7, em Quebec (Canadá), o presidente francês Daniel Macron chegou a sugerir que os países industrializados, mais o Japão, deveriam reformular o grupo transformando em G-6. Ou seja, retirando os EUA do grupo. E não podemos esquecer a recente decisão da Grã-Bretanha se retirando da União Europeia e provocando uma série de divisões no grupo.
O século 21 está trazendo muitas surpresas no panorama econômico. E uma das mais importantes, pelo que estamos acompanhando, vem sendo o ressurgimento da Rússia como uma das potências mundiais depois da queda da União Soviética. Houve uma grande mudança no que já estávamos acostumados a chamar de “Guerra Fria” (EUA/URSS/China) e a disputa agora se dá em outro campo.
A Rússia vem se transformando em uma das maiores potências na questão de energia e colocou os estrategistas da OTAN em plantão permanente. A política de Putin, priorizando acordos econômicos e projetos de infraestrutura com parceiros importantes na geopolítica mundial. E damos especial atenção ao que vem fazendo na América Latina e na África.
Em 2015, montando a sua estratégia, Putin criou o chamado “Foro Econômico do Leste”, um encontro que equilibra o poder do “Foro Econômico Mundial” que acontece anualmente na Suíça e é comandado por Washington. Nos encontros de Vladivostok participam Japão, Coreia do Sul, China e outros países da região para traçar linhas de ação que fortalecem a economia da região e fazem frente à política traçada em Davos, na Suíça.
A atual “dor de cabeça” de Washington e seus aliados é a cooperação montada entre China e Rússia em vários setores da economia. Pelo que se pode entender, até aqui, a chamada “civilização ocidental”, ou o mundo sob a hegemonia estadunidense, não está encontrando forças ou caminhos para fazer frente.
Mais polícia nas ruas vai resolver? “Se não há justiça para o povo, que não haja paz para o governo”, assegurou Emiliano Zapata, no México. Uma frase parecida é atribuída a Charles Chaplin: “Enquanto não houver justiça para os pobres não haverá paz para os ricos”! E por que nos lembramos disso?
Segundo as estatísticas e estudos de vários sociólogos, os EUA estão se tornando um país mais desigual a cada ano e com graves problemas de coesão social. Dados do próprio governo estadunidense mostram o baixo crescimento econômico e alta injustiça redistributiva. A verdade é que na “Grande Nação do Norte” vivem os mais ricos do planeta, mas também sobrevive a maior população de rua do mundo!
Agora tomamos conhecimento de que a cidade de Chicago, depois de um violento final de semana com protestos sociais, resolveu aumentar a presença policial nas ruas! São mais 430 policiais “adicionais” que foram deslocados para algumas regiões mais afetadas. O chefe de polícia local, Eddie Johnson, anunciou que essas “forças complementares” estão em cinco distritos “mais violentos”: Ogden, Harrison e Austin, no lado oeste, e Calumet e Gresham, no sul.
Para cumprir a missão e cobrir toda a região, os policiais terão que fazer horários complementares e o cálculo é de que será necessário elevar o número de policiais para 600 neste final de semana!
Vale lembrar que Chicago já foi uma das cidades mais ricas dos EUA, concentrando um grande número de milionários do setor financeiro e do industrial. Mas é atualmente uma das que apresentam maiores taxas de desemprego e de separação social. Quase a metade da população negra da cidade vive na pobreza e os jovens dificilmente encontram empregos. A taxa de desempregados ultrapassa 20% e 45% das famílias vivem na pobreza absoluta!

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