quinta-feira, 23 de agosto de 2018

SELETIVIDADE Mídia silencia sobre grevistas de fome. 'São vistos como adversários', diz professor


SELETIVIDADE

Mídia silencia sobre grevistas de fome. 'São vistos como adversários', diz professor

Para jornalista Lalo Leal, veículos de comunicação brasileiros "atuam como partidos políticos". Manifestantes chegam a 23 dias de greve
por Redação RBA publicado 23/08/2018 12h53, última modificação 23/08/2018 13h47
CÉSAR RAMOS/CONTAG
Greve de Fome Por Justiça
'As pessoas se colocam no limite da morte e, em qualquer parte do mundo, é notícia', lembra Lalo
São Paulo – Há 23 dias em greve de fome e em estado de debilidade física, os ativistas que jejuam por justiça no país e pela liberdade para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aparecem na mídia tradicional. Uma pesquisa simples no Google mostra que só os veículos independentes repercutem o fato.
Para o jornalista e professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) Laurindo Lalo Leal Filho, a mídia comercial brasileira mostra que trabalha como um partido político, desinformando a população sobre assuntos que não atendem a seus interesses comerciais. "As pessoas se colocam no limite da morte e, em qualquer parte do mundo, é notícia. Quando chegamos a 23 dias, com a possibilidade de um desfecho fatal, isso é informação, mas não é noticiado porque se choca com os interesses da mídia e os ativistas são vistos como adversários", critica o professor, em entrevista ao jornalista Rafael Garcia, na Rádio Brasil Atual.
O especialista lembra que essa exclusão é seletiva. Em 2007, o bispo de Barra (BA), Dom Luiz Flávio Cappio fez greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco por 24 dias. "No governo Lula, a mídia dava grande espaço para isso. Hoje, são sete militantes fazendo a greve e são esquecidos pela grande imprensa", diz Lalo.
Os grevistas, que fazem parte de movimentos sociais, querem que a presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, coloque em pauta as duas ações declaratórias de constitucionalidade(ADCs) sobre a legalidade da prisão após decisão de segunda instância, situação do ex-presidente Lula. "Enquanto não enfrentarmos esse partido político da mídia, com a força da democrática, a nossa democracia fica prejudicada. É lamentável o que acontece com a informação no Brasil", lamenta o professor sobre o monopólio do grupo Globo.
O apresentador do Jornal Nacional, Willian Bonner, anunciou na última segunda-feira (20) que o veículo não realizará cobertura eleitoral do candidato do PT

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