Reflexões
sobre eleições.
Depois de visitar o Presidente Lula na prisão, em
Curitiba, o linguista estadunidense Noam Chomsky concedeu uma interessante
entrevista ao “La Jornada”, do México, onde dizia que “encontrar-se novamente
com Lula é uma experiência maravilhosa”. Segundo ele, “é muito emocionante
passar alguns momentos com a pessoa que, por direito, deveria ser o próximo
Presidente do Brasil e é uma das figuras mais significativas do século XXI”.
Na entrevista, Chomsky diz ainda que “Lula organizou o
Sul do mundo de uma forma inédita”, referindo-se ao projeto iniciado por ele no
primeiro mandato e que fez mudar o eixo político na América Latina e no hemisfério
sul do planeta.
Mas o ponto alto da entrevista, em nosso entendimento,
foi quando ele afirmou que “é preciso tomar medidas para contrabalançar a
concentração de poder dos meios de comunicação da direita na América Latina”.
Partindo de quem partiu, é um alerta que não pode ser desprezado e serve de
cenário para essas “reflexões” que faço com os companheiros.
Desde que foi internado com a tal facada, muito
suspeita, o “capetão” candidato não parou de dar entrevistas dizendo que as
eleições vão ser fraudadas e que ele não vai aceitar o resultado se perder. Em
uma das declarações chega a dizer claramente que o PT tem um processo já
montado de fraudar as urnas.
Então, vamos ver algumas manchetes dos jornais nesses
últimos dias. Os jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, na
sexta-feira, estampam a mesma manchete: “Não aceito resultado diferente da
minha eleição”, referindo-se ao chefe do fascismo no país. Mas, no mesmo dia,
os dois jornais não perdem tempo em atacar, de forma disfarçada, a candidatura
de Haddad que vem crescendo. O “Estadão” diz que “Com o fraco desempenho de
Alckmin, o PSDB debate liberar o voto no segundo turno”, mas fala de
“sentimento anti-PT em suas bases” abrindo caminho para um apoio ao “capetão”.
Já a “Folha” estampa uma entrevista com Ciro onde o candidato diz que “Não é
mais possível para mim andar com o PT na política”. Para bom leitor... ele vai
se omitir no segundo turno. Já o Jornal do Brasil traz uma nota dizendo que o
“esfaqueado” está pedindo à “justissa” que recolha a revista Veja das bancas
porque traz a entrevista com sua “ex” sobre um roubo de cofre!
No sábado vemos outras matérias que lançam ainda mais
confusão e propiciam suspeitas de novo golpe. Por exemplo, o jornal O Dia
estampa matéria dizendo que “Corregedor afasta juiz que planejava dar liminar
para recolher as urnas às vésperas da eleição”. A notícia é um pouco confusa,
mas diz que havia um acordo entre Eduardo Bolsonaro e o Comando do Exército,
para não permitir que as urnas chegassem aos locais de votação. Grave acusação
que precisa ser investigada com urgência! Mas o “Estadão” traz um Editorial
ainda mais alarmante dizendo que “o PT quer tomar o poder”, como se
estivéssemos às portas de um golpe petista.
Antes de todas essas matérias, tomamos conhecimento de
que STF tomou a decisão de cancelar os títulos eleitorais de mais de 3 milhões
de brasileiros, a grande maioria do Norte e Nordeste. Mas já sabemos também que
há uma grande movimentação entre juristas para uma ação questionando a decisão
do “supremo chiqueiro”. Ocorre que os cidadãos que agora tiveram seus direitos
políticos caçados pelos “senhores ministros a serviço do golpe” não estão
enquadrados em nenhum dos cinco itens estabelecidos por aquele Artigo da
Constituição que podem impedir um cidadão de votar.
E fica a reflexão final: 1) o “capetão” diz que não vai
reconhecer o resultado das eleições; 2) a nossa “justissa” cria as condições
para que seja legalmente questionada. Será esse o golpe?
• Na ditadura era melhor? Nas redes sociais circula uma piadinha interessante com a afirmação “na
ditadura era melhor”. A resposta vem em seguida: “era melhor ficar calado” e
“era melhor fingir que não viu”!
Com as eleições e os discursos de alguns atores volta à
baila a questão da ditadura e da corrupção. Mas agora temos imensamente mais
documentos e mais comprovações que o regime militar foi o período de maior
corrupção no país e de mais violência contra os cidadãos.
Em junho passado ficamos sabendo de um documento
existente nos arquivos da Comissão da Verdade e a revista Carta Capital obteve
uma cópia. Trata-se de um documento redigido por diplomatas estadunidenses no
Brasil que fazem um relato vergonhoso sobre o que acontecia por aqui. Escrevem
eles, em mensagem enviada para Washington: “Em um nível geral, muitos
brasileiros médios acreditam que o governo federal seja corrupto.
Essa crítica também se estende ao grande número de
militares aposentados ocupando posições de responsabilidade nas empresas
paraestatais, das quais existem mais de 500. O potencial para corrupção é
grande, e o brasileiro comum dirá que a oportunidade está sendo aproveitada. De
fato, o sistema paraestatal é visto como um método para empregar altos oficiais
militares aposentados e seus amigos”. Ou seja, eles sabiam que os brasileiros
tinham noção da corrupção, mas, como dissemos, “era melhor ficar calado”.
O documento vai adiante e afirma que “Embora não tenha
havido um aumento da indignação pública, as percepções e acusações de má
conduta mancharam o governo em todos os níveis, reduziram a fé pública em suas
habilidades e é, sem dúvida, um fator para acelerar o retorno dos militares aos
quartéis”. Ou seja, os diplomatas do país que havia imposto o golpe de 1964
diziam que era melhor voltar à democracia. E fazem uma certeira denúncia: “Em
nível nacional, há vários escândalos que lançam nuvens sobre o governo
Figueiredo”.
Bem, o fato é que, em maio passado, veio a público um
outro documento de Washington que mostrava o general como autor de ordens
diretas para matar adversários do regime. É um memorando de 11 de abril de 1974
mandado por William Colby, então chefe da CIA, o principal órgão da
inteligência estadunidense no exterior, a Henry Kissinger, cabeça da política
externa dos Estados Unidos por anos. E fala que o governo Figueiredo deveria
dar continuidade à “Decisão do presidente brasileiro, Ernesto Geisel, de
continuar com as execuções sumárias de subversivos perigosos, sob certas
condições”.
“O Presidente Geisel disse ao general Figueiredo que a
política deveria continuar, mas que muito cuidado deveria ser tomado para
assegurar que apenas subversivos perigosos fossem executados. O presidente e o
general Figueiredo concordaram que, quando o CIE prender uma pessoa que possa
se enquadrar nessa categoria, o chefe do CIE consultará o general Figueiredo,
cuja aprovação deve ser dada antes que a pessoa seja executada.”
Agora, no dia 21 de setembro, o governo reconheceu que
um diplomata brasileiro foi sequestrado, torturado e morto pela ditadura em
1979. O reconhecimento veio com a mudança na causa da morte do embaixador José
Jobim, cuja certidão de óbito original dizia “causa indefinida”.
Jobim sumiu uma semana depois de ter comparecido à
posse do último presidente golpista, o general João Baptista Figueiredo
(1979-1985). Em sua passagem por Brasília, comentou que preparava um livro de
memórias na qual contaria o que sabia a respeito de fraudes na construção da
hidrelétrica de Itaipu, uma obra do regime militar. É... “era melhor ficar
calado”!
• Era esse o objetivo!
A pressa em dar o golpe contra Dilma Rousseff não era uma questão de “luta contra
a corrupção” e nem de “pedaladas fiscais”. O problema é que a máfia da direita
sabia que não venceria o PT em 2018 e tinha pressa em meter as garras no
petróleo do pré-sal. E levaram quase tudo nessa sexta-feira (28).
A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis
(ANP) realizou, no Rio de Janeiro, a 5ª Rodada de Licitações de Partilha da
Produção em áreas do pré-sal. Os dois blocos com os maiores bônus de assinatura
foram arrematados por dois consórcios formados por petroleiras estrangeiras.
Ambos ficam na Bacia de Santos.
A primeira área a ser ofertada foi o bloco de Saturno,
arrematado por um consórcio formado pelas estrangeiras Shell (50%) e Chevron
(50%). No segundo bloco, o
Titã, o consórcio formado pela ExxonMobil (64%) e a QPI (36%) saiu vitorioso. O
bloco Pau-Brasil foi arrematado pelo consórcio formado por BP Energy (50%),
Ecopetrol (20%) e CNOOC (20%). O bloco Sudoeste de Tartaruga Verde ficou com a
Petrobras, sem ágio.
O volume estimado nos quatro blocos supera os 17
bilhões de barris e o potencial do pré-sal pode ser medido pelo campo de Lula.
São 133 poços que produzem 829 mil barris por dia, nível de produção de um país
como a Colômbia. “Esperamos chegar a 1 milhão de barris por dia. Temos pelo
menos mais duas décadas de uma história de sucesso para contar”, destacou o
gerente-geral de gestão de contratos de produção da Petrobras, Daniel Pedroso,
em palestra na Rio Oil & Gas.
• E lá se vão os empregos e os salários... A taxa de desemprego na região metropolitana de São
Paulo subiu para 17,4% em agosto, ante os 17% registrados em julho, segundo a
Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da Fundação Seade e do Dieese.
O número de desempregados foi estimado em 1,923 milhão,
54 mil a mais no mês. O aumento se dá pela diferença entre o total de pessoas
que entraram no mercado e os postos de trabalho abertos: a população economicamente
ativa (PEA) cresceu 10 vezes mais que o número de vagas, 60 mil a 6 mil.
De julho para agosto, a taxa de desemprego aumentou na
chamada sub-região leste, que inclui municípios como Guarulhos e Mogi das Cruzes,
de 19% para 19,8%. Na capital, subiu de 16,2% para 16,7%. E na sub-região
sudeste (Grande ABC), variou de 18,2% para 18%.
O emprego com carteira avançou pouco (0,4%), enquanto o
sem carteira aumentou 2,5%. Houve estabilidade no setor público (0,2%) e redução
entre autônomos (-0,5%) e empregados domésticos (-2,9%). Ante agosto de 2017,
destaque para o trabalho formal, com alta de 1,5% (mais 70 mil vagas).
Estimado em R$ 2.048, o rendimento médio dos ocupados
caiu 2,1% de junho para julho. Em 12 meses, despenca: 5,4%. A queda chega a
8,7% no comércio, 7,1% entre empregados com carteira assinada e autônomos e a
6,2% na indústria de transformação, com retração de 5,7% na massa de
rendimentos.
• É negro? Pode matar!
A afirmação do general que é vice do capitão parece ter fundamento e uma boa
quantidade de seguidores no país. O número de assassinatos de quilombolas no
Brasil saltou de 4 para 18 em um ano, de 2016 a 2017, o que configura um
aumento de 350% no período. O dado é um dos destaques do relatório intitulado
“Racismo e violência contra quilombos no Brasil”, divulgado oficialmente na
noite de terça-feira (25), em Brasília (DF).
Inédito no país, o levantamento foi realizado pela ONG
Terra de Direitos e a Confederação Nacional de Articulação das Comunidades
Negras Rurais Quilombolas (Conaq), em parceria com a Associação de Trabalhadoras
e Trabalhadores Rurais da Bahia (AATR) e o Coletivo de Assessoria Jurídica
Joãozinho de Mangal.
Considerando os dados totais de 2017, o relatório
identificou ainda que 68,4% dos assassinatos registrados foram praticados com
arma de fogo e 13,2% com armas brancas.
No panorama das agressões contra os povos quilombolas,
ressalta-se ainda a questão de gênero. É marcante, entre as estatísticas da
pesquisa, a presença de assassinatos de mulheres praticados com requintes de
crueldade, com uso de faca, fogo, botijão de gás, entre outros instrumentos.
A pesquisadora destaca que, em geral, as mulheres
assassinadas têm perfil de liderança política e que os métodos utilizados pelos
assassinos têm forte caráter patriarcal. Matéria
de Cristiane Sampaio, Brasil de Fato)
• Macri presidente... FMI no poder! Sem qualquer escrúpulo ou vergonha, a própria
diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, anunciou oficialmente que o Fundo
passa a administrar a Argentina e que o presidente eleito, Mauricio Macri,
passa a ser um “enfeite” qualquer no palácio. Em troca está recebendo mais 7,1
bilhões de dólares que vão se somar à parcela do empréstimo anterior que estava
bloqueada.
Economistas argentinos dizem que, ao todo, a dívida do
país com o Fundo chega agora a 57,1 bilhões de dólares e terá que abrir mão do
seu programa orçamentário já aprovado para 2019, porque os técnicos do Fundo
farão um novo “plano” para atender à severa política contra a inflação que foi
exigida.
Isso pode parecer uma comédia das mais rasteiras, mas o
anúncio do novo acordo foi transmitido diretamente de Nova Iorque. Na imagem de
TV passada em rede nacional, Christine Lagarde aparece sentada em sua mesa de
trabalho tendo atrás de si uma bandeira da Argentina e o ministro da Fazenda
sentado à sua esquerda. E, para completar a cena, momentos depois do anúncio o
novo Presidente do Banco Central argentino, Guido Sandleris, passou a
“explicar” o que é o novo acordo e seu alcance. Só para lembrar, o presidente
do Banco Central anterior foi demitido dias antes por exigência do Fundo.
Mas está tudo bem. Por enquanto, no palácio
presidencial argentino, ainda aparece a fotografia de Macri e não de Lagarde!
• Como são as novas medidas? Logo após a confirmação do acordo, Guido Sandleris anunciou com toda a
pompa “o fim da meta de inflação - estimada em 15% para 2018”. E disse ainda
que a Argentina vai parar de emitir moeda. O pacote argentino prevê ainda a
possibilidade de intervenção no câmbio. Sandleris, agora Presidente do Banco
Central, chamou o conjunto de decisões de Novo Plano Monetário. Ele afirmou que
a intervenção no câmbio só ocorrerá se a cotação do dólar alcançar menos de 34
pesos ou mais de 44 pesos. E definiu esta faixa como “zona de não intervenção
cambial”. Se necessário, serão injetados pelo governo US$ 150 milhões por dia.
Esse é o segundo acordo fechado pela Argentina com o
FMI em três meses. Segundo o ministro Dujovne, o valor do empréstimo é
suficiente para cobrir as obrigações do país em dois anos. O dinheiro será
desembolsado automaticamente, na medida em que o governo argentino cumprir as
metas estabelecidas, como zerar o déficit no ano que vem.
Em junho, a Argentina recorreu ao FMI, pela primeira
vez em 13 anos, sob o argumento que precisava de dinheiro para frear a
disparada do dólar. O Fundo emprestou US$ 50 bilhões. Os recursos, conforme
negociação, seriam liberados em etapas até 2022.
Em contrapartida, o governo argentino se
responsabilizaria por equilibrar suas contas e não gastar mais do que arrecada.
Um mês depois, a Argentina sofreu outra crise cambial e teve de pedir ao FMI
para rever o acordo e antecipar os desembolsos. Em troca, prometeu fazer um
ajuste interno ainda maior e zerar o déficit fiscal em 2019 – ano eleitoral.
Na terça (25), em meio às negociações, o então
presidente do Banco Central, Luis Caputo, renunciou, após três meses no cargo.
• Enquanto isso... A pobreza entre a população urbana da
Argentina chegou a 27,3% no primeiro semestre deste ano, uma alta de 1,6 ponto
percentual em relação à segunda metade de 2017, segundo dados divulgados pelo
Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
No relatório, o órgão argentino também divulgou que o
índice de indigência no período foi de 4,9% – um aumento de 0,1 ponto
percentual.
O aumento das taxas está relacionado à crise econômica
enfrentada pelo país, agravada pela abrupta desvalorização do peso argentino em
relação ao dólar e pela alta inflação.
No relatório, o Indec apontou que 7,58 milhões de
argentinos viviam abaixo da linha da pobreza e outros 1,35 milhão abaixo da
linha de indigência nos 31 centros urbanos mais populosos do país.
O documento foi publicado na quinta-feira (27) e mostra
que o crescimento da pobreza na primeira metade do ano coincide com uma
aceleração da alta da inflação, que incide diretamente sobre o custo da cesta
básica de alimentos e serviços, o parâmetro para calcular os índices de pobreza
e indigência.
E parece que não tem previsão de melhorias. Macri
reconheceu que o aumento das taxas de pobreza não é uma “notícia fácil” e disse
que a “tempestade econômica” que o país atravessa fará com que as melhorias no
indicador sejam adiadas, pois ainda existem “meses difíceis pela frente”.
• Greve contra Macri e o FMI. As centrais sindicais e as organizações sociais da Argentina
promoveram, no início da semana, uma greve de 36 horas em repúdio às medidas de
arrocho fiscal adotadas pelo presidente Mauricio Macri.
O protesto paralisou transportes e serviços no país
(bancos, comércio, escolas e universidades). Voos também foram cancelados. Pelo
menos 15 milhões de pessoas foram afetadas pela paralisação, que incluiu o funcionamento
de ônibus, metrô e trens.
A greve, convocada pela Central de Trabalhadores da
Argentina (CTA), CTA-Autônoma e Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT),
teve adesão de diversas entidades como a Associação dos Trabalhadores do Estado
(ATE) e importantes categorias, entre elas metalúrgicos, bancários, docentes e
transportes.
Esta é a quarta greve geral contra a política econômica
do governo de Mauricio Macri. A paralisação visa protestar contra os ajustes do
governo em meio à crise que afeta o país pela desvalorização da moeda, aumento
da taxa de juros e da inflação, alta do desemprego, demissões em massa, aumento
do custo de vida e da pobreza.
A Federação Sindical Mundial (FSM) divulgou nota em
apoio à paralisação e denunciou a repressão violenta aos protestos sociais. “O
panorama de futuro com estas políticas anti-trabalhadores é sombrio para o povo
argentino”, destaca o comunicado.
• Greve Geral também na Costa Rica. Centenas de costarriquenhos saíram às principais ruas
de San José, capital do país, para rejeitar a nova reforma tributária promovida
pelo presidente Carlos Alvarado e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), na
segunda-feira (24).
Cerca de 14 representantes dos principais sindicatos do
país, entre eles a Undeca, exigem que o Estado elimine a nova política,
rejeitada por 86% da população. A medida prevê o aumento da cesta básica e do
imposto sobre o valor agregado para 13%.
“Esta luta é classista, patriótica e revolucionária
contra o grande capital e as transnacionais que estão isentas do pagamento de
impostos deste pacote fiscal e além disso foram favorecidas”, denuncia o
secretário-geral da Undeca e coordenador da Federação Sindical Mundial (FSM) na
América Central, Luis Chavarría Vega, por meio de comunicado (leia aqui a
íntegra).
Segundo os participantes, a greve, que começou no dia
10 de setembro, é por tempo indeterminado e os manifestantes permanecerão nas
ruas até chegarem a um acordo com o governo. Até o momento do fechamento desse
Informativo não tínhamos notícias sobre a continuidade da greve.
• Defende direitos humanos? Manda bala! A ativista de origem maia Juana Ramirez Santiago, 57,
foi morta a tiros no oeste da Guatemala no domingo (23), de acordo com um
comunicado emitido pela Unidade de Proteção a Defensores dos Direitos do país.
Os autores ainda não foram identificados.
Segundo a declaração, a representante de causas sociais
da “Rede de Mulheres Ixil” relatou que recebeu ameaças de morte por conta de
seu trabalho de apoio a vítimas femininas de violência na região onde foi alvejada.
O local é conhecido por ter sido uma das áreas mais
atingidas por assassinatos e conflitos durante a guerra civil de 1960-1996, que
incluiu casos de limpeza étnica contra os nativos maias e guerrilheiros locais
que se opuseram ao governo guatemalteco.
O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas
para os Direitos Humanos na Guatemala condenou o assassinato, prestando
solidariedade aos amigos e parentes de Ramirez e afirmando que "confia nas
investigações" dos promotores locais.
Desde maio de 2018, ao menos oito ativistas de direitos
humanos e indígenas foram assassinados no país centro-americano. A Unidade de
Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Guatemala (Udefegua) registrou
135 agressões, 13 assassinatos e duas tentativas de assassinato contra
ativistas entre 1º de janeiro e 08 de junho deste ano.
• Oui... nós temos cracolândia! A matéria é da Radio France Internationale e foi
publicada pela revista Carta Capital e começa descrevendo uma cena que, para
muitos, parece mentira: “Nordeste de Paris, metrô Jaurès, meio-dia: os
restaurantes estão cheios, as ruas movimentadas e o sol ilumina as águas da Bacia
da Villette, sublinhando o charme da capital francesa”. E “No meio de tudo,
existe um mercado que transforma a paisagem urbana e chama a atenção. Diversos
usuários de crack se reúnem num dos principais pontos de venda da substância na
cidade, a despeito das tentativas do Estado de controlar a situação”.
Não é Rio de Janeiro ou São Paulo, mas Paris – a Cidade
Luz! “Recolho entre sete e dez seringas cada vez que rego as plantas. A
prefeitura deveria dar um jeito nessa situação, mas o problema é tão grande que
eles nem devem saber mais o que fazer”, diz um jardineiro do La Rotonde,
restaurante que fica bem em frente ao local de consumo.
E a cena descrita na matéria é bem conhecida por nós.
Peças de roupa misturam-se aos lixos espalhados pelo chão, às fezes humanas e a
um odor forte. Perto da “Cracolândia” há dois cinemas, vários bares e o parque
Buttes-Chaumont, “point” da juventude parisiense nos fins-de-semana, se
encontra a algumas quadras de distância, deixando a impressão de uma
esquizofrenia geográfica.
Lendo a matéria vamos saber que o problema só vem se
agravando e parece que não terá solução por um longo tempo. Toda a região é
palco da venda do crack desde o fim dos anos 1980, com a chegada de traficantes
– chamados de “modous” pelos toxicômanos franceses – em sua maioria vindos do
oeste da África, como mostra o relatório de 2018 do Observatório Francês das
Drogas e das Toxicomanias. A partir de 2004, de acordo com o documento agora
divulgado, um novo tipo de comércio se estabeleceu: os traficantes passaram a
ser mais jovens, da periferia, e eram especializados na venda de maconha até
serem atraídos pelo lucro evidente da poderosa droga do crack. O “business”
passou até a ser mais bem organizado. Os usuários esperavam numa fila, em
horários específicos, para poderem entrar num prédio onde adquiriam a droga.
O comércio da droga no transporte público chegou a
todas regiões de Paris, passando pelas linhas 4, 9, 12 e 14 do metrô. Entre
2013 e 2015, por exemplo, havia pontos de venda nas estações Concorde,
conhecida dos turistas por causa do obelisco e da proximidade com a avenida
Champs-Elysées, Madeleine, onde acontece anualmente a versão parisiense da
celebração religiosa Lavagem da Madalena, ou Notre-Dame-de-Lorette. E, segundo
a matéria, a questão do crack em Paris parece longe de ser solucionada.
• Até onde vai a loucura? Na quarta-feira (26), durante a Assembleia Geral da ONU, o presidente
dos EUA voltou a fazer ameaças contra o Irã e falar na possibilidade de uma
guerra, nos mesmos moldes ou ainda pior do que a feita contra o Iraque.
Nosso Informativo já comentou que na guerra contra o
Iraque havia toda uma propaganda dizendo que Saddam Hussein estava escondendo
“armas de destruição em massa”. E o mundo ficou convencido de que a guerra era
justa. Anos depois sabemos que não havia arma alguma e que era tudo fruto de
uma propaganda para justificar a guerra e se apossar dos poços de petróleo.
E agora Donald Trump fala que o Irã está desenvolvendo
armas atômicas e ameaça uma guerra contra o país que é um dos maiores
produtores de petróleo e gás no mundo! Petróleo e gás. Mas uma vez, petróleo e
gás!
Acontece que, no Brasil, as informações são pouco
confiáveis porque, em geral, temos apenas um lado da informação. Nossos jornais
trazem os discursos e os argumentos dos que defendem e desejam uma nova guerra
no planeta, agora contra o Irã. E não interessa que os maiores “vencedores” de
mais essa violência sejam as grandes empresas da indústria armamentistas que
faturam bilhões de dólares cada vez que o mundo se lança em um novo conflito
bélico.
O fato concreto a ser analisado é que os nossos jornais
falam do discurso de Donald Trump e sobre a “ameaça do Irã” para o mundo livre,
mas poucos – ou nenhum deles – cita os pareceres e as análises de organismos
internacionais que acompanham a crise iraniana e desmentem o pânico que está
sendo espalhado.
Acontece que, em 1968, o Irã foi um dos primeiros
países a assinar o Tratado Internacional sobre a Não Proliferação de Armas
Nucleares, acordo patrocinado pela ONU e até hoje não assinado pelos EUA.
Além disso, desde 2015, o Irã assinou o acordo
conhecido como Plano de Ação Integral Conjunto, sob a liderança da União
Europeia. Por esse acordo o país se comprometia a manter a fiscalização
internacional sobre o seu programa nuclear e abria todas as portas para que a
Agência Internacional de Energia Atômica fiscalizasse permanentemente suas
instalações.
Desde aquela data, a Agência Internacional tem
fiscalizado todos os avanços iranianos em questões nucleares e, em 12 relatórios
seguidos, afirma que “o Irã cumpre fielmente os compromissos assumidos no
acordo”.
Onde nos leva essa análise? Ora, todos sambemos que a
economia dos EUA está em crise e o dólar vem sendo ameaçado por moedas mais
fortes. A União Europeia está assinando um novo acordo de comércio com o Irã
para preservar o fornecimento de gás, petróleos e outros produtos.
Além disso, a UE tem tratados com o Irã e empresas de
lá assinaram recentemente contratos milionários para modernização do reator
nuclear iraniano que é usado apenas para fornecimento de energia elétrica e pesquisas.
Todos os países signatários do Plano de Ação Integral
Conjunto renovaram o compromisso de seguir acompanhando o pacto para a não
proliferação de armas nucleares. Então, por que Donald Trump mantém esse
discurso e ameaça o mundo com uma nova guerra, agora contra o Irã?
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