sábado, 29 de setembro de 2018

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






Reflexões sobre eleições.
Depois de visitar o Presidente Lula na prisão, em Curitiba, o linguista estadunidense Noam Chomsky concedeu uma interessante entrevista ao “La Jornada”, do México, onde dizia que “encontrar-se novamente com Lula é uma experiência maravilhosa”. Segundo ele, “é muito emocionante passar alguns momentos com a pessoa que, por direito, deveria ser o próximo Presidente do Brasil e é uma das figuras mais significativas do século XXI”.
Na entrevista, Chomsky diz ainda que “Lula organizou o Sul do mundo de uma forma inédita”, referindo-se ao projeto iniciado por ele no primeiro mandato e que fez mudar o eixo político na América Latina e no hemisfério sul do planeta.
Mas o ponto alto da entrevista, em nosso entendimento, foi quando ele afirmou que “é preciso tomar medidas para contrabalançar a concentração de poder dos meios de comunicação da direita na América Latina”. Partindo de quem partiu, é um alerta que não pode ser desprezado e serve de cenário para essas “reflexões” que faço com os companheiros.
Desde que foi internado com a tal facada, muito suspeita, o “capetão” candidato não parou de dar entrevistas dizendo que as eleições vão ser fraudadas e que ele não vai aceitar o resultado se perder. Em uma das declarações chega a dizer claramente que o PT tem um processo já montado de fraudar as urnas.
Então, vamos ver algumas manchetes dos jornais nesses últimos dias. Os jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, na sexta-feira, estampam a mesma manchete: “Não aceito resultado diferente da minha eleição”, referindo-se ao chefe do fascismo no país. Mas, no mesmo dia, os dois jornais não perdem tempo em atacar, de forma disfarçada, a candidatura de Haddad que vem crescendo. O “Estadão” diz que “Com o fraco desempenho de Alckmin, o PSDB debate liberar o voto no segundo turno”, mas fala de “sentimento anti-PT em suas bases” abrindo caminho para um apoio ao “capetão”. Já a “Folha” estampa uma entrevista com Ciro onde o candidato diz que “Não é mais possível para mim andar com o PT na política”. Para bom leitor... ele vai se omitir no segundo turno. Já o Jornal do Brasil traz uma nota dizendo que o “esfaqueado” está pedindo à “justissa” que recolha a revista Veja das bancas porque traz a entrevista com sua “ex” sobre um roubo de cofre!
No sábado vemos outras matérias que lançam ainda mais confusão e propiciam suspeitas de novo golpe. Por exemplo, o jornal O Dia estampa matéria dizendo que “Corregedor afasta juiz que planejava dar liminar para recolher as urnas às vésperas da eleição”. A notícia é um pouco confusa, mas diz que havia um acordo entre Eduardo Bolsonaro e o Comando do Exército, para não permitir que as urnas chegassem aos locais de votação. Grave acusação que precisa ser investigada com urgência! Mas o “Estadão” traz um Editorial ainda mais alarmante dizendo que “o PT quer tomar o poder”, como se estivéssemos às portas de um golpe petista.
Antes de todas essas matérias, tomamos conhecimento de que STF tomou a decisão de cancelar os títulos eleitorais de mais de 3 milhões de brasileiros, a grande maioria do Norte e Nordeste. Mas já sabemos também que há uma grande movimentação entre juristas para uma ação questionando a decisão do “supremo chiqueiro”. Ocorre que os cidadãos que agora tiveram seus direitos políticos caçados pelos “senhores ministros a serviço do golpe” não estão enquadrados em nenhum dos cinco itens estabelecidos por aquele Artigo da Constituição que podem impedir um cidadão de votar.
E fica a reflexão final: 1) o “capetão” diz que não vai reconhecer o resultado das eleições; 2) a nossa “justissa” cria as condições para que seja legalmente questionada. Será esse o golpe?
Na ditadura era melhor? Nas redes sociais circula uma piadinha interessante com a afirmação “na ditadura era melhor”. A resposta vem em seguida: “era melhor ficar calado” e “era melhor fingir que não viu”!
Com as eleições e os discursos de alguns atores volta à baila a questão da ditadura e da corrupção. Mas agora temos imensamente mais documentos e mais comprovações que o regime militar foi o período de maior corrupção no país e de mais violência contra os cidadãos.
Em junho passado ficamos sabendo de um documento existente nos arquivos da Comissão da Verdade e a revista Carta Capital obteve uma cópia. Trata-se de um documento redigido por diplomatas estadunidenses no Brasil que fazem um relato vergonhoso sobre o que acontecia por aqui. Escrevem eles, em mensagem enviada para Washington: “Em um nível geral, muitos brasileiros médios acreditam que o governo federal seja corrupto.
Essa crítica também se estende ao grande número de militares aposentados ocupando posições de responsabilidade nas empresas paraestatais, das quais existem mais de 500. O potencial para corrupção é grande, e o brasileiro comum dirá que a oportunidade está sendo aproveitada. De fato, o sistema paraestatal é visto como um método para empregar altos oficiais militares aposentados e seus amigos”. Ou seja, eles sabiam que os brasileiros tinham noção da corrupção, mas, como dissemos, “era melhor ficar calado”.
O documento vai adiante e afirma que “Embora não tenha havido um aumento da indignação pública, as percepções e acusações de má conduta mancharam o governo em todos os níveis, reduziram a fé pública em suas habilidades e é, sem dúvida, um fator para acelerar o retorno dos militares aos quartéis”. Ou seja, os diplomatas do país que havia imposto o golpe de 1964 diziam que era melhor voltar à democracia. E fazem uma certeira denúncia: “Em nível nacional, há vários escândalos que lançam nuvens sobre o governo Figueiredo”.
Bem, o fato é que, em maio passado, veio a público um outro documento de Washington que mostrava o general como autor de ordens diretas para matar adversários do regime. É um memorando de 11 de abril de 1974 mandado por William Colby, então chefe da CIA, o principal órgão da inteligência estadunidense no exterior, a Henry Kissinger, cabeça da política externa dos Estados Unidos por anos. E fala que o governo Figueiredo deveria dar continuidade à “Decisão do presidente brasileiro, Ernesto Geisel, de continuar com as execuções sumárias de subversivos perigosos, sob certas condições”.
“O Presidente Geisel disse ao general Figueiredo que a política deveria continuar, mas que muito cuidado deveria ser tomado para assegurar que apenas subversivos perigosos fossem executados. O presidente e o general Figueiredo concordaram que, quando o CIE prender uma pessoa que possa se enquadrar nessa categoria, o chefe do CIE consultará o general Figueiredo, cuja aprovação deve ser dada antes que a pessoa seja executada.”
Agora, no dia 21 de setembro, o governo reconheceu que um diplomata brasileiro foi sequestrado, torturado e morto pela ditadura em 1979. O reconhecimento veio com a mudança na causa da morte do embaixador José Jobim, cuja certidão de óbito original dizia “causa indefinida”.
Jobim sumiu uma semana depois de ter comparecido à posse do último presidente golpista, o general João Baptista Figueiredo (1979-1985). Em sua passagem por Brasília, comentou que preparava um livro de memórias na qual contaria o que sabia a respeito de fraudes na construção da hidrelétrica de Itaipu, uma obra do regime militar. É... “era melhor ficar calado”!
Era esse o objetivo! A pressa em dar o golpe contra Dilma Rousseff não era uma questão de “luta contra a corrupção” e nem de “pedaladas fiscais”. O problema é que a máfia da direita sabia que não venceria o PT em 2018 e tinha pressa em meter as garras no petróleo do pré-sal. E levaram quase tudo nessa sexta-feira (28).
A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) realizou, no Rio de Janeiro, a 5ª Rodada de Licitações de Partilha da Produção em áreas do pré-sal. Os dois blocos com os maiores bônus de assinatura foram arrematados por dois consórcios formados por petroleiras estrangeiras. Ambos ficam na Bacia de Santos.
A primeira área a ser ofertada foi o bloco de Saturno, arrematado por um consórcio formado pelas estrangeiras Shell (50%) e Chevron (50%).            No segundo bloco, o Titã, o consórcio formado pela ExxonMobil (64%) e a QPI (36%) saiu vitorioso. O bloco Pau-Brasil foi arrematado pelo consórcio formado por BP Energy (50%), Ecopetrol (20%) e CNOOC (20%). O bloco Sudoeste de Tartaruga Verde ficou com a Petrobras, sem ágio.
O volume estimado nos quatro blocos supera os 17 bilhões de barris e o potencial do pré-sal pode ser medido pelo campo de Lula. São 133 poços que produzem 829 mil barris por dia, nível de produção de um país como a Colômbia. “Esperamos chegar a 1 milhão de barris por dia. Temos pelo menos mais duas décadas de uma história de sucesso para contar”, destacou o gerente-geral de gestão de contratos de produção da Petrobras, Daniel Pedroso, em palestra na Rio Oil & Gas.
E lá se vão os empregos e os salários... A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo subiu para 17,4% em agosto, ante os 17% registrados em julho, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da Fundação Seade e do Dieese.
O número de desempregados foi estimado em 1,923 milhão, 54 mil a mais no mês. O aumento se dá pela diferença entre o total de pessoas que entraram no mercado e os postos de trabalho abertos: a população economicamente ativa (PEA) cresceu 10 vezes mais que o número de vagas, 60 mil a 6 mil.
De julho para agosto, a taxa de desemprego aumentou na chamada sub-região leste, que inclui municípios como Guarulhos e Mogi das Cruzes, de 19% para 19,8%. Na capital, subiu de 16,2% para 16,7%. E na sub-região sudeste (Grande ABC), variou de 18,2% para 18%.
O emprego com carteira avançou pouco (0,4%), enquanto o sem carteira aumentou 2,5%. Houve estabilidade no setor público (0,2%) e redução entre autônomos (-0,5%) e empregados domésticos (-2,9%). Ante agosto de 2017, destaque para o trabalho formal, com alta de 1,5% (mais 70 mil vagas).
Estimado em R$ 2.048, o rendimento médio dos ocupados caiu 2,1% de junho para julho. Em 12 meses, despenca: 5,4%. A queda chega a 8,7% no comércio, 7,1% entre empregados com carteira assinada e autônomos e a 6,2% na indústria de transformação, com retração de 5,7% na massa de rendimentos.
É negro? Pode matar! A afirmação do general que é vice do capitão parece ter fundamento e uma boa quantidade de seguidores no país. O número de assassinatos de quilombolas no Brasil saltou de 4 para 18 em um ano, de 2016 a 2017, o que configura um aumento de 350% no período. O dado é um dos destaques do relatório intitulado “Racismo e violência contra quilombos no Brasil”, divulgado oficialmente na noite de terça-feira (25), em Brasília (DF).
Inédito no país, o levantamento foi realizado pela ONG Terra de Direitos e a Confederação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), em parceria com a Associação de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais da Bahia (AATR) e o Coletivo de Assessoria Jurídica Joãozinho de Mangal.
Considerando os dados totais de 2017, o relatório identificou ainda que 68,4% dos assassinatos registrados foram praticados com arma de fogo e 13,2% com armas brancas.
No panorama das agressões contra os povos quilombolas, ressalta-se ainda a questão de gênero. É marcante, entre as estatísticas da pesquisa, a presença de assassinatos de mulheres praticados com requintes de crueldade, com uso de faca, fogo, botijão de gás, entre outros instrumentos.
A pesquisadora destaca que, em geral, as mulheres assassinadas têm perfil de liderança política e que os métodos utilizados pelos assassinos têm forte caráter patriarcal. Matéria de Cristiane Sampaio, Brasil de Fato)
Macri presidente... FMI no poder! Sem qualquer escrúpulo ou vergonha, a própria diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, anunciou oficialmente que o Fundo passa a administrar a Argentina e que o presidente eleito, Mauricio Macri, passa a ser um “enfeite” qualquer no palácio. Em troca está recebendo mais 7,1 bilhões de dólares que vão se somar à parcela do empréstimo anterior que estava bloqueada.
Economistas argentinos dizem que, ao todo, a dívida do país com o Fundo chega agora a 57,1 bilhões de dólares e terá que abrir mão do seu programa orçamentário já aprovado para 2019, porque os técnicos do Fundo farão um novo “plano” para atender à severa política contra a inflação que foi exigida.
Isso pode parecer uma comédia das mais rasteiras, mas o anúncio do novo acordo foi transmitido diretamente de Nova Iorque. Na imagem de TV passada em rede nacional, Christine Lagarde aparece sentada em sua mesa de trabalho tendo atrás de si uma bandeira da Argentina e o ministro da Fazenda sentado à sua esquerda. E, para completar a cena, momentos depois do anúncio o novo Presidente do Banco Central argentino, Guido Sandleris, passou a “explicar” o que é o novo acordo e seu alcance. Só para lembrar, o presidente do Banco Central anterior foi demitido dias antes por exigência do Fundo.
Mas está tudo bem. Por enquanto, no palácio presidencial argentino, ainda aparece a fotografia de Macri e não de Lagarde!
Como são as novas medidas? Logo após a confirmação do acordo, Guido Sandleris anunciou com toda a pompa “o fim da meta de inflação - estimada em 15% para 2018”. E disse ainda que a Argentina vai parar de emitir moeda. O pacote argentino prevê ainda a possibilidade de intervenção no câmbio. Sandleris, agora Presidente do Banco Central, chamou o conjunto de decisões de Novo Plano Monetário. Ele afirmou que a intervenção no câmbio só ocorrerá se a cotação do dólar alcançar menos de 34 pesos ou mais de 44 pesos. E definiu esta faixa como “zona de não intervenção cambial”. Se necessário, serão injetados pelo governo US$ 150 milhões por dia.
Esse é o segundo acordo fechado pela Argentina com o FMI em três meses. Segundo o ministro Dujovne, o valor do empréstimo é suficiente para cobrir as obrigações do país em dois anos. O dinheiro será desembolsado automaticamente, na medida em que o governo argentino cumprir as metas estabelecidas, como zerar o déficit no ano que vem.
Em junho, a Argentina recorreu ao FMI, pela primeira vez em 13 anos, sob o argumento que precisava de dinheiro para frear a disparada do dólar. O Fundo emprestou US$ 50 bilhões. Os recursos, conforme negociação, seriam liberados em etapas até 2022.
Em contrapartida, o governo argentino se responsabilizaria por equilibrar suas contas e não gastar mais do que arrecada. Um mês depois, a Argentina sofreu outra crise cambial e teve de pedir ao FMI para rever o acordo e antecipar os desembolsos. Em troca, prometeu fazer um ajuste interno ainda maior e zerar o déficit fiscal em 2019 – ano eleitoral.
Na terça (25), em meio às negociações, o então presidente do Banco Central, Luis Caputo, renunciou, após três meses no cargo.
Enquanto isso...  A pobreza entre a população urbana da Argentina chegou a 27,3% no primeiro semestre deste ano, uma alta de 1,6 ponto percentual em relação à segunda metade de 2017, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
No relatório, o órgão argentino também divulgou que o índice de indigência no período foi de 4,9% – um aumento de 0,1 ponto percentual.
O aumento das taxas está relacionado à crise econômica enfrentada pelo país, agravada pela abrupta desvalorização do peso argentino em relação ao dólar e pela alta inflação.
No relatório, o Indec apontou que 7,58 milhões de argentinos viviam abaixo da linha da pobreza e outros 1,35 milhão abaixo da linha de indigência nos 31 centros urbanos mais populosos do país.
O documento foi publicado na quinta-feira (27) e mostra que o crescimento da pobreza na primeira metade do ano coincide com uma aceleração da alta da inflação, que incide diretamente sobre o custo da cesta básica de alimentos e serviços, o parâmetro para calcular os índices de pobreza e indigência.
E parece que não tem previsão de melhorias. Macri reconheceu que o aumento das taxas de pobreza não é uma “notícia fácil” e disse que a “tempestade econômica” que o país atravessa fará com que as melhorias no indicador sejam adiadas, pois ainda existem “meses difíceis pela frente”.
Greve contra Macri e o FMI. As centrais sindicais e as organizações sociais da Argentina promoveram, no início da semana, uma greve de 36 horas em repúdio às medidas de arrocho fiscal adotadas pelo presidente Mauricio Macri.
O protesto paralisou transportes e serviços no país (bancos, comércio, escolas e universidades). Voos também foram cancelados. Pelo menos 15 milhões de pessoas foram afetadas pela paralisação, que incluiu o funcionamento de ônibus, metrô e trens.
A greve, convocada pela Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), CTA-Autônoma e Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), teve adesão de diversas entidades como a Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE) e importantes categorias, entre elas metalúrgicos, bancários, docentes e transportes.
Esta é a quarta greve geral contra a política econômica do governo de Mauricio Macri. A paralisação visa protestar contra os ajustes do governo em meio à crise que afeta o país pela desvalorização da moeda, aumento da taxa de juros e da inflação, alta do desemprego, demissões em massa, aumento do custo de vida e da pobreza.
A Federação Sindical Mundial (FSM) divulgou nota em apoio à paralisação e denunciou a repressão violenta aos protestos sociais. “O panorama de futuro com estas políticas anti-trabalhadores é sombrio para o povo argentino”, destaca o comunicado.
Greve Geral também na Costa Rica. Centenas de costarriquenhos saíram às principais ruas de San José, capital do país, para rejeitar a nova reforma tributária promovida pelo presidente Carlos Alvarado e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), na segunda-feira (24).
Cerca de 14 representantes dos principais sindicatos do país, entre eles a Undeca, exigem que o Estado elimine a nova política, rejeitada por 86% da população. A medida prevê o aumento da cesta básica e do imposto sobre o valor agregado para 13%.
“Esta luta é classista, patriótica e revolucionária contra o grande capital e as transnacionais que estão isentas do pagamento de impostos deste pacote fiscal e além disso foram favorecidas”, denuncia o secretário-geral da Undeca e coordenador da Federação Sindical Mundial (FSM) na América Central, Luis Chavarría Vega, por meio de comunicado (leia aqui a íntegra).
Segundo os participantes, a greve, que começou no dia 10 de setembro, é por tempo indeterminado e os manifestantes permanecerão nas ruas até chegarem a um acordo com o governo. Até o momento do fechamento desse Informativo não tínhamos notícias sobre a continuidade da greve.
Defende direitos humanos? Manda bala! A ativista de origem maia Juana Ramirez Santiago, 57, foi morta a tiros no oeste da Guatemala no domingo (23), de acordo com um comunicado emitido pela Unidade de Proteção a Defensores dos Direitos do país. Os autores ainda não foram identificados.
Segundo a declaração, a representante de causas sociais da “Rede de Mulheres Ixil” relatou que recebeu ameaças de morte por conta de seu trabalho de apoio a vítimas femininas de violência na região onde foi alvejada.
O local é conhecido por ter sido uma das áreas mais atingidas por assassinatos e conflitos durante a guerra civil de 1960-1996, que incluiu casos de limpeza étnica contra os nativos maias e guerrilheiros locais que se opuseram ao governo guatemalteco.
O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Guatemala condenou o assassinato, prestando solidariedade aos amigos e parentes de Ramirez e afirmando que "confia nas investigações" dos promotores locais.
Desde maio de 2018, ao menos oito ativistas de direitos humanos e indígenas foram assassinados no país centro-americano. A Unidade de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Guatemala (Udefegua) registrou 135 agressões, 13 assassinatos e duas tentativas de assassinato contra ativistas entre 1º de janeiro e 08 de junho deste ano.
Oui... nós temos cracolândia! A matéria é da Radio France Internationale e foi publicada pela revista Carta Capital e começa descrevendo uma cena que, para muitos, parece mentira: “Nordeste de Paris, metrô Jaurès, meio-dia: os restaurantes estão cheios, as ruas movimentadas e o sol ilumina as águas da Bacia da Villette, sublinhando o charme da capital francesa”. E “No meio de tudo, existe um mercado que transforma a paisagem urbana e chama a atenção. Diversos usuários de crack se reúnem num dos principais pontos de venda da substância na cidade, a despeito das tentativas do Estado de controlar a situação”.
Não é Rio de Janeiro ou São Paulo, mas Paris – a Cidade Luz! “Recolho entre sete e dez seringas cada vez que rego as plantas. A prefeitura deveria dar um jeito nessa situação, mas o problema é tão grande que eles nem devem saber mais o que fazer”, diz um jardineiro do La Rotonde, restaurante que fica bem em frente ao local de consumo.
E a cena descrita na matéria é bem conhecida por nós. Peças de roupa misturam-se aos lixos espalhados pelo chão, às fezes humanas e a um odor forte. Perto da “Cracolândia” há dois cinemas, vários bares e o parque Buttes-Chaumont, “point” da juventude parisiense nos fins-de-semana, se encontra a algumas quadras de distância, deixando a impressão de uma esquizofrenia geográfica.
Lendo a matéria vamos saber que o problema só vem se agravando e parece que não terá solução por um longo tempo. Toda a região é palco da venda do crack desde o fim dos anos 1980, com a chegada de traficantes – chamados de “modous” pelos toxicômanos franceses – em sua maioria vindos do oeste da África, como mostra o relatório de 2018 do Observatório Francês das Drogas e das Toxicomanias. A partir de 2004, de acordo com o documento agora divulgado, um novo tipo de comércio se estabeleceu: os traficantes passaram a ser mais jovens, da periferia, e eram especializados na venda de maconha até serem atraídos pelo lucro evidente da poderosa droga do crack. O “business” passou até a ser mais bem organizado. Os usuários esperavam numa fila, em horários específicos, para poderem entrar num prédio onde adquiriam a droga.
O comércio da droga no transporte público chegou a todas regiões de Paris, passando pelas linhas 4, 9, 12 e 14 do metrô. Entre 2013 e 2015, por exemplo, havia pontos de venda nas estações Concorde, conhecida dos turistas por causa do obelisco e da proximidade com a avenida Champs-Elysées, Madeleine, onde acontece anualmente a versão parisiense da celebração religiosa Lavagem da Madalena, ou Notre-Dame-de-Lorette. E, segundo a matéria, a questão do crack em Paris parece longe de ser solucionada.
Até onde vai a loucura? Na quarta-feira (26), durante a Assembleia Geral da ONU, o presidente dos EUA voltou a fazer ameaças contra o Irã e falar na possibilidade de uma guerra, nos mesmos moldes ou ainda pior do que a feita contra o Iraque.
Nosso Informativo já comentou que na guerra contra o Iraque havia toda uma propaganda dizendo que Saddam Hussein estava escondendo “armas de destruição em massa”. E o mundo ficou convencido de que a guerra era justa. Anos depois sabemos que não havia arma alguma e que era tudo fruto de uma propaganda para justificar a guerra e se apossar dos poços de petróleo.
E agora Donald Trump fala que o Irã está desenvolvendo armas atômicas e ameaça uma guerra contra o país que é um dos maiores produtores de petróleo e gás no mundo! Petróleo e gás. Mas uma vez, petróleo e gás!
Acontece que, no Brasil, as informações são pouco confiáveis porque, em geral, temos apenas um lado da informação. Nossos jornais trazem os discursos e os argumentos dos que defendem e desejam uma nova guerra no planeta, agora contra o Irã. E não interessa que os maiores “vencedores” de mais essa violência sejam as grandes empresas da indústria armamentistas que faturam bilhões de dólares cada vez que o mundo se lança em um novo conflito bélico.
O fato concreto a ser analisado é que os nossos jornais falam do discurso de Donald Trump e sobre a “ameaça do Irã” para o mundo livre, mas poucos – ou nenhum deles – cita os pareceres e as análises de organismos internacionais que acompanham a crise iraniana e desmentem o pânico que está sendo espalhado.
Acontece que, em 1968, o Irã foi um dos primeiros países a assinar o Tratado Internacional sobre a Não Proliferação de Armas Nucleares, acordo patrocinado pela ONU e até hoje não assinado pelos EUA.
Além disso, desde 2015, o Irã assinou o acordo conhecido como Plano de Ação Integral Conjunto, sob a liderança da União Europeia. Por esse acordo o país se comprometia a manter a fiscalização internacional sobre o seu programa nuclear e abria todas as portas para que a Agência Internacional de Energia Atômica fiscalizasse permanentemente suas instalações.
Desde aquela data, a Agência Internacional tem fiscalizado todos os avanços iranianos em questões nucleares e, em 12 relatórios seguidos, afirma que “o Irã cumpre fielmente os compromissos assumidos no acordo”.
Onde nos leva essa análise? Ora, todos sambemos que a economia dos EUA está em crise e o dólar vem sendo ameaçado por moedas mais fortes. A União Europeia está assinando um novo acordo de comércio com o Irã para preservar o fornecimento de gás, petróleos e outros produtos. 
Além disso, a UE tem tratados com o Irã e empresas de lá assinaram recentemente contratos milionários para modernização do reator nuclear iraniano que é usado apenas para fornecimento de energia elétrica e pesquisas.
Todos os países signatários do Plano de Ação Integral Conjunto renovaram o compromisso de seguir acompanhando o pacto para a não proliferação de armas nucleares. Então, por que Donald Trump mantém esse discurso e ameaça o mundo com uma nova guerra, agora contra o Irã?

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