NO PAÍS DO GOLPE
Metalúrgicos denunciam prejuízos que Embraer terá no acordo com a Boeing
Procurador determina quebra de sigilo de memorando de entendimentos e, para sindicato, desnuda intenções do acordo entre as empresas: fabricante brasileira corre risco de se tornar mera observadora
por Redação RBA publicado 21/09/2018 18h32
SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE SJC
São Paulo – O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, no interior paulista, afirmou hoje (21), em nota, que recebeu com indignação a informação de que a Embraer não terá qualquer poder de decisão na empresa a ser criada a partir da joint-venture com a Boeing. “Os planos de exclusão da Embraer no controle da nova empresa foram relatados pelo procurador do Trabalho Rafael de Araújo Gomes, em despacho que determina a quebra de sigilo do Memorando de Entendimentos para Parceria Estratégica entre Boeing e Embraer”, informou a entidade.
O despacho é de 11 de setembro e está disponível no site www.prt15.mpt.mp.br – processo nº 000353.2018.15.002/0. Em sua determinação, o procurador revela parte do teor do memorando, destacando os seguintes pontos, de acordo com o sindicato:
1. A Boeing teria o controle total operacional administrativo de NewCo;
2. A NewCo teria um conselho de administração com membros indicados pela Boeing, e seria administrada por uma diretoria indicada por esse conselho; a Embraer indicaria um membro para atuar como observador (sem direito a voto) junto ao conselho de administração;
3. O principal objetivo da Embraer em deter a participação societária em NewCo seria o de receber dividendos declarados pela nova empresa; a Embraer não teria controle da NewCo ou de suas operações ou negócios.
Confidencialidade e má-fé
"A Embraer e Boeing vinham mantendo o memorando em caráter confidencial. O próprio procurador constatou uso de má-fé por parte da Embraer", afirma ainda o Sindicato dos Metalúrgicos.
"Caso a transação de fato seja concretizada, a Embraer passará a ser mera observadora da NewCo e não terá qualquer poder sobre ela. À Boeing caberão todas as decisões, inclusive, o fechamento ou sua total transferência para os Estados Unidos, se assim considerar conveniente."
“É um total desrespeito ao povo brasileiro essa postura adotada pelas empresas e pelo próprio governo, que faltam com a verdade diante de todo um país. A Embraer será entregue de bandeja para a Boeing e nada está sendo feito para que esse crime de lesa-pátria seja evitado”, diz o sindicato.
“Num momento em que a população clama por transparência e ética, a mais importante empresa de tecnologia do país mente para os brasileiros e trava negociações às escuras com uma gigante norte-americana”, afirmam ainda os representantes dos trabalhadores, que reivindica do governo que vete o acordo com a companhia estrangeira.
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