Bolsonaro no país onde doações de campanha não são responsabilidade de quem as recebe. Por Donato
A advogada de Jair Bolsonaro, Karina Kufa, declarou que seu cliente não pode ser considerado responsável pelas doações que recebeu para sua campanha à presidência.
Ela se manifestou após o ministro – e relator – Luís Roberto Barroso,conceder três dias pra que Bolsonaro e sua trupe explicassem as irregularidades encontradas pela Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias do TSE.
O montante sob suspeita é uma paulada de R$ 1,6 milhão (nas receitas) e R$ 296 mil (nas despesas). Do total de despesas, esse valor significa 38%.
Para efeito de comparação, em 2014 a área técnica também fez ressalvas às contas de Dilma Rousseff. As irregularidades correspondiam a 4 % das receitas.
O balaio de sacanagens é gigante. Compõe-se de divergências entre dados de doadores e o que consta no cadastro da Receita Federal (teve gente – muita gente – com um nome cujo CPF era de outra pessoa), notas fiscais emitidas por prestadores de serviço que depois não foram declaradas pela campanha de Bolsonaro, além de doações vindas de fontes vedadas pela legislação (é proibido que candidatos recebam doação de pessoa física que exerça atividade comercial decorrente de permissão pública, por exemplo, e ele as recebeu).
Segundo a advogada Karina Kufa, Bolsonaro não sabia de nada e “o volume de doadores a serem investigados” era muito grande, “doações por meio de financiamento coletivo, o que torna esse tipo de pesquisa cadastral muito difícil de ser realizada”.
A intenção da campanha sempre foi confundir mesmo. E no campo das pessoas jurídicas a malandragem é ainda mais gritante.
A AM4, por exemplo, impulsionadora nas redes sociais. Essa empresa foi a maior fornecedora da campanha, mas não tinha autorização para fazer arrecadação de doações pela internet (o meio de maior arrecadação da campanha de Bolsonaro).
A explicação é um clássico no pantanal dos CNPJs – nem por isso menos bizarra: na verdade quem efetuou os créditos na conta bancária da campanha não foi a AM4 e sim uma ‘parceira’, a Aixmobil, sendo que ambas têm um contrato com uma tal Ingresso Total. Em suma, é daquelas jogadas em que um é dono do outro e não foi ninguém.
A Folha de S.Paulo já havia apontado, ainda antes do segundo turno, que Bolsonaro tinha sonegado informações na prestação de contas parcial que todos os candidatos precisam fazer até a primeira quinzena de setembro.
O ódio dele pela mídia decorre de não querer que as verdades sejam colocadas na mesa.
Se esse argumento apresentado como defesa for aceito (o de que doações não são responsabilidade de quem as recebe), Lula precisaria ter seus processo extintos, mesmo que se prove que seja proprietário do sítio em Atibaia.
Jurisprudência, certo?
Mas sabemos que a lei não é para todos. No que se refere a Lula, tudo ganha uma repercussão calcada na imagem negativa construída ao longo de décadas.
Então vai aqui mais um dado comparativo: Lula também teve suas contas reprovadas em 2006 pelo TSE. O valor ‘suspeito’, correspondia a 0,01% das contas.
Entretanto, para a turma de Bolsonaro e Onyx Lorenzoni basta pedir desculpas, ou alegar que não sabia, ou afirmar que é muito ‘complicado’ investigar.
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