GISELE BÜNDCHEN, BRASILEIRA MAIS CONHECIDA NO PLANETA, PRESSIONA BOLSONARO E RURALISTAS
Depois de responder nas redes sociais aos ataques que sofreu da ministra da Agricultura, Gisele Bündchen, a brasileira mais conhecida e prestigiada no mundo ao lado de Lula mandou carta a Tereza Cristina respondendo às críticas; na segunda, a ministra atacara Gisele, acusando-a criticar o Brasil "sem conhecimento" e dizendo que ela integra o grupo que o bolsonarismo considera "maus brasileiros"; embaixadora da ONU para o Meio Ambiente, Gisele indicou na carta que a ministra não tem ideia de seu conhecimento e importância no cenário global; o texto é desmoralizante para Tereza Cristina e o bolsonarismo e revela que o governo está alheio ao que acontece no mundo
17 DE JANEIRO DE 2019 ÀS 09:44 // INSCREVA-SE NA TV 247
247 - Depois de responder indiretamente nas redes sociais aos ataques que sofreu da ministra da Agricultura, Gisele Bündchen, a brasileira mais conhecida e prestigiada no mundo (ao lado de Lula) mandou uma carta nesta quarta-feira (16) para Tereza Cristina (DEM) na qual responde às críticas. Na segunda-feira, a ministra atacara Gisele, acusando-a criticar o Brasil "sem conhecimento de causa" e dizendo que ela integra o grupo de "maus brasileiros" que se insurgem contra a política ambiental que prevalece no país desde o golpe. Embaixadora da Boa Vontade da ONU para o Meio Ambiente, indicou na carta que a ministra não tem a menor ideia de seu conhecimento e importância no cenário global. O texto é desmoralizante para Tereza Cristina e o bolsonarismo, pois revela que o atual governo está completamente alheio ao que acontece no mundo.
Escreveu Gisele: "Desde 2006 venho apoiando projetos e me envolvendo com causas socioambientais no Brasil (através da doação de parte da renda da venda de produtos licenciados com meu nome a diversos projetos relacionados à água e florestas até o apoio e realização de projeto de reflorestamento de mata ciliar na minha cidade natal). Já visitei a Amazônia algumas vezes e conheci de perto a realidade da região norte de nosso país. Em decorrência do meu trabalho relacionado ao meio ambiente fui convidada para ser Embaixadora da Boa Vontade da ONU para o Meio Ambiente e também pelo presidente da França para participar do lançamento do Pacto Global para o Meio Ambiente na Assembleia Geral da ONU nos Estados Unidos, além de ter participado de inúmeros encontros com presidentes de empresas, universidades, cientistas, pesquisadores, agricultores e organizações do meio ambiente, onde pude trocar informações e aprender cada vez mais sobre como cuidar do nosso planeta."
No texto, Gisele demarca distância com os interesses representados pela ministra, os dos ruralistas, grande proprietários de terras, e sua trajetória pessoal e familiar: "Sou uma apaixonada pela natureza e tenho uma conexão muito forte com a terra. Nasci no interior do Brasil, onde a agricultura sempre foi fundamental para a economia e desenvolvimento de todos os municípios do entorno. Meus avós também praticavam agricultura familiar".
Leia a íntegra da carta de Gisele Bündchen
Excelentíssima Senhora Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina
Escrevo respeitosamente à senhora para me manifestar em relação a alguns comentários que foram feitos e que dizem respeito à minha pessoa em sua entrevista no dia 14 de janeiro ao veículo Jovem Pan. Causaram-me surpresa as referências negativas ao meu nome, pois tenho orgulho de ser brasileira e sempre representei meu país da melhor forma que pude.
Primeiramente, gostaria de dividir com a senhora um pouquinho da minha trajetória. Sou uma apaixonada pela natureza e tenho uma conexão muito forte com a terra. Nasci no interior do Brasil, onde a agricultura sempre foi fundamental para a economia e desenvolvimento de todos os municípios do entorno. Meus avós também praticavam agricultura familiar.
Valorizo e prezo muito o papel tão importante que a agricultura e os agricultores têm para o nosso país e nosso povo, mas ao mesmo tempo acredito que a produção agropecuária e a conservação ambiental precisam andar juntas, para que nosso desenvolvimento possa ser sustentável e longevo.
Desde 2006 venho apoiando projetos e me envolvendo com causas socioambientais no Brasil (através da doação de parte da renda da venda de produtos licenciados com meu nome a diversos projetos relacionados à água e florestas até o apoio e realização de projeto de reflorestamento de mata ciliar na minha cidade natal). Já visitei a Amazônia algumas vezes e conheci de perto a realidade da região norte de nosso país. Em decorrência do meu trabalho relacionado ao meio ambiente fui convidada para ser Embaixadora da Boa Vontade da ONU para o Meio Ambiente e também pelo presidente da França para participar do lançamento do Pacto Global para o Meio Ambiente na Assembleia Geral da ONU nos Estados Unidos, além de ter participado de inúmeros encontros com presidentes de empresas, universidades, cientistas, pesquisadores, agricultores e organizações do meio ambiente, onde pude trocar informações e aprender cada vez mais sobre como cuidar do nosso planeta.
Tendo ciência, através de diferentes fontes de informação, do alto grau de comprometimento e irreversibilidade que algumas ações governamentais poderiam trazer ao meio ambiente, como cidadã brasileira preocupada com os rumos da minha nação resolvi, em algumas oportunidades que entendi críticas e merecedoras de atenção, me manifestar.
A Senhora mencionou a grande quantidade de áreas protegidas no Brasil. Lamento, no entanto, ver notícias, como a do final do ano de 2018, com dados do Governo Federal divulgados amplamente na imprensa, que o desmatamento na Amazônia havia crescido mais de 13%, o que representava a pior marca em 10 anos. Um patrimônio inestimável ameaçado pelo desmatamento ilegal e a grilagem de terras públicas. Estes sim são os “maus brasileiros”.
Precisamos usar a tecnologia e todo conhecimento científico a favor da agricultura e da produtividade para que evitemos que novos desmatamentos possam ultrapassar o ponto de não retorno em que a degradação em curso do clima ameno se tornará irreversível.
Vejo a preservação da natureza não somente como um dever ambiental legal, mas também como uma forma de assegurar água, biodiversidade e condições climáticas essenciais para a produção agrícola.
Cara Ministra Teresa Cristina, seu papel como ministra da Agricultura – em um país onde clima, agricultura e floresta têm papel chave para nossa economia – é fundamental. Sei do desafio que tem pela frente e torço para que em seu mandato possam ser celebradas ações concretas que resultem em um Brasil mais sustentável, justo e próspero.
Ficarei muito feliz em poder divulgar ações positivas que forem tomadas neste sentido.
Com respeito,
Gisele Bündchen
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