Briga de moleques
Numa das dezenas de intermináveis post sobre este interminável caso do confronto Bolsonaro x Bebianno, escrevi que não conseguia afastar do episódio a impressão de que estava diante de um briga de moleques.
Não era impressão.
Começou com a molecagem da divulgação de um áudio onde Bolsonaro queria dar a impressão de que Bebianno não falara com ele.
Neste momento, estamos no degrau igualmente moleque de Bebianno divulgar mensagens privadas do Presidente da República. Outra molecagem.
Nem mesmo sem gravação um auxiliar deve, em nome da ética, revelar conversas privadas com seu chefe, a não ser como ajuda a recuperar memórias biográficas, depois de sua morte e, assim mesmo, cuidando de que não sejam retiradas do contexto em que foram ditas. Nunca fiz isso sobre nada que tenha falado com Leonel Brizola em 20 anos de convívio, nem hoje, 14 anos e meio depois de sua morte.
Nem se diga que o conteúdo da conversa tivesse qualquer interesse público. É, igualmente, briga de moleques: “eu disse, você não disse, foi você, não fui eu”.
Seria interessante saber o que os senhores militares, outrora tão ciosos de disciplina, hierarquia e lealdade pensam a respeito disso. Se é que têm tempo de pensar, tão ocupados estão na tarefa de ocupar o governo de forma moleque, porque se servindo da fraqueza moral e política do Chefe de Estado.
Parece que o governo da República é tocado sem qualquer conexão com a realidade, passando a ser apenas o exercício de vontades pessoais, do “quero” e do “não quero”.
Aliás, parece que não temos mesmo um governo na República, apenas um arranjo para fazer mudar as leis e implantar uma ideologia quase religiosa e fortemente diabólica para a população.
Talvez seja isso mesmo: não temos um governo, temos uma “molecagem de mercado” no poder.
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