domingo, 17 de fevereiro de 2019

“O feminismo é uma ameaça à ordem ocidental”, diz deputada que queria censurar professores

17 DE FEVEREIRO DE 2019, 12H23

“O feminismo é uma ameaça à ordem ocidental”, diz deputada que queria censurar professores

Ana Caroline Campagnolo relativiza o estupro: “O movimento feminista diz que tudo é estupro. Um assovio é um estupro, uma passada de mão é estupro. Tudo é um absurdo, tudo é machismo”
Foto: Reprodução/Facebook
A deputada estadual por Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo (PSL), 28 anos, não se cansa das polêmicas que ela mesma produz, em função de suas ideias profundamente retrógradas e conservadoras.
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Antes do segundo turno da eleição presidencial, ela fez um chamado público para que alunos gravassem e denunciassem posicionamentos de seus professores, em uma clara demonstração de censura.
O Ministério Púbico de Santa Catarina (MP-SC) solicitou que ela retirasse o pedido feito a alunos de suas páginas nas redes sociais. Não satisfeita, Ana recorreu e obteve liminar autorizando a divulgação do chamado. No entanto, em seguida, Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou a decisão.
Em entrevista a Vinicius Konchinski, do UOL, ela defendeu o combate ao feminismo pelo bem da humanidade e disse que Jair Bolsonaro não tem responsabilidade pelas crises que seu governo já deflagrou.
Em relação à proposta de gravar professores, ela disse: “Existem ideias. Tramitou aqui na Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina) um projeto baseado no Escola Sem Partido. Ele está arquivado, mas provavelmente será desarquivado. Há também a sugestão da desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta, que fala que não haveria problema em instalar de câmeras em sala de aula”.
E cita exemplos para corroborar a ideia: “Existe uma escola pública do município de Itajaí (SC), que tem câmeras instaladas em todas as salas de aula e corredores. Eu lecionei lá por seis meses. Aliás, não só existem escolas monitoradas como crescem o número de videoaulas”.
“Família natural”
Questionada sobre seis projetos como deputada estadual, Ana declarou: “Não gosto de falar de propostas. Gosto de falar de compromissos. Primeiro, com a família natural, aquela que naturalmente é capaz de procriar. Segundo, com a comunidade evangélica e católica. Nisso, perpassam questões sobre contracepção e aborto. Compromisso também com os valores da liberdade econômica. Sou contra o aborto em todos os sentidos. E sou contra qualquer método contraceptivo disfarçado, que esconde um método abortivo”.
Feminismo
Em outro trecho abordou o feminismo: “O problema é que o feminismo se tornou tão hegemônico na mídia e universidades que você não pode não ser. Você é obrigado a ser. Só porque eu sou mulher eu sou obrigada a ser feminista? Eu me voltei contra o movimento feminista quando descobri que essas bandeiras de reconhecimento de direitos são falsas. São uma maquiagem de algo muito mais obscuro que recebe o nome de revolução sexual, que é a transformação dos comportamentos, da relação e da diferenciação entre homem e mulher”.
E vai mais além: “A nossa civilização ocidental foi construída sobre três pilares: direito romano, filosofia grega e moral judaico-cristã. O feminismo é uma afronta clara a um desses pilares: a moral judaico-cristã. Quando eu destruo um dos fundamentos da civilização ocidental, eu estou destruindo essa civilização. O feminismo é uma ameaça à ordem ocidental”.
Estupro
A deputada ainda relativizou a questão do estupro. “O movimento feminista diz que tudo é estupro. Um assovio é um estupro, uma passada de mão é estupro. Tudo é um absurdo, tudo é machismo. Se muitas mulheres começarem a fazer falsas acusações de estupro, quando a Mariazinha for verdadeiramente estuprada, ela não vai receber auxílio. Na minha opinião, o movimento feminista não ajuda como diz ajudar, e prejudica ao criar um pânico sobre casos que inexistem”.
Bolsonaro
Ana terminou a entrevista elogiando Jair Bolsonaro: “Flávio e Jair Bolsonaro não são a mesma pessoa. Jair continua sendo um símbolo de honestidade e caráter”.
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