quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Ministério Público denuncia ex-delegado do DOPS por incineração de cadáveres na ditadura

Ministério Público denuncia ex-delegado do DOPS por incineração de cadáveres na ditadura

Ministério Público afirma que Cláudio Antônio Guerra agiu por 'determinação livre e consciente' e utilizou do poder estatal para executar 'opositores ideológicos'

REDAÇÃO OPERA MUNDI
São Paulo (Brasil)
O Ministério Público Federal denunciou nesta quinta-feira (01/08) o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), Cláudio Antônio Guerra, por "ocultação e destruição de 12 cadáveres, nos anos entre 1973 e 1975" na Usina Cambahyba, no município de Campos dos Goytacazes , no Rio de Janeiro. 
O MPF afirma que Guerra agiu por "determinação livre e consciente" e utilizou do poder estatal para executar "opositores ideológicos". As provas usadas pela acusação foram sustentadas por confissão espontânea, em relatos do ex-delegado no livro Uma Guerra Suja
A denúncia também recolheu documentos e falas de testemunhas que atestaram a veracidade dos depoimentos de Guerra sobre os casos. 
"Com o objetivo de assegurar a impunidade de crimes de tortura e homicídio praticados por terceiros, com abuso de poder e violação do dever inerente do cargo de delegado de polícia que exercia no Estado do Espírito Santo, foi o autor intelectual e participante direto na ocultação e destruição de cadáveres de pelo menos 12 pessoas", disse o autor da denúncia, Guilherme Virgílio procurador da República.
Segundo o agente do DOPS, os coronéis Perdigão e Malhães estavam receosos pela descoberta de algumas eliminações feitas pela repressão do Estado. Com isso, Guerra indicou a usina como um lugar para eliminar os corpos. 
Reprodução
Cláudio Antônio Guerra, 79 anos, incinerou 12 pessoas entre 1973 e 1975
Em depoimento, o ex-delegado afirmou que o forno da usina poderia ser utilizado e que a incineração não deixaria rastros. O dono da Cambahyba era amigo de Guerra, que já tinha usado o lugar para sumir com corpos de infratores no Espírito Santo. 
Para que o crime ocorresse, Guerra buscou os corpos em um local em Petrópolis, no Rio de Janeiro, conhecido como "Casa da Morte", e no Destacamento de Operação de Informação e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), na Tijuca. 
Os 12 cadáveres estavam em sacos plásticos e foram transportados por Guerra até a usina. No local, eram retirados do carro e empurrados ao forno e incinerados.
As pessoas que foram citadas pelo acusado, e tiveram os corpos incinerados, estão relacionadas nos 136 nomes de desaparecidos durante a ditadura civil-militar brasileira (1964-1981). Junto com a denúncia, é solicitado que quaisquer rendimentos que Guerra poderia usufruir por ter sido agente público sejam cancelados.

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