sábado, 16 de novembro de 2019

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






Vai passar (3).
Chico Buarque de Holanda gravou essa música em 1984. O Brasil vivia sob o desgoverno de João Baptista de Figueiredo, o último general da ditadura. Aquele que disse aos jornais da época que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro do povo.
Em março daquele ano foi inaugurado, no Rio de Janeiro, o Sambódromo, talvez uma das razões da criação de Chico. Mas o fato marcante foi em abril daquele ano quando o movimento popular sofreu a sua grande derrota depois de mobilizações históricas em todo o país. No dia 25 de abril a Câmara dos Deputados rejeitou a Emenda Dante de Oliveira e enterrou o sonho de eleições diretas.
De forma oportunista, o então PMDB lançou a candidatura de Tancredo Neves e José Sarney para disputar as eleições com o indicado do sistema. O PT anunciou que não participaria da farsa!
A “nossa pátria mãe tão distraída” dormia, tal como hoje.
Fato 1. A notícia mais estranha dessa semana: o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse na sexta-feira (08) que o PIB do setor privado vai crescer 3% em 2020. “O PIB público, nós desaceleramos. O Brasil era para estar crescendo mais se estivesse solto. (...) O ano que vem é a mesma coisa, o privado vai crescer 3%. O público, você trava um pouquinho (...)”, afirmou, ao participar de seminário na FGV, no Rio. Será que algum economista no mundo entende isso? Eu aprendi que o PIB é a soma de toda a produção de um país durante o ano, mas ele só quer que o setor privado produza? Vai ter lucro às custas do sacrifício do setor público? Estranho, muito estranho. Eu diria que é sinistro!
Fato 2. O saldo comercial brasileiro cai 27%. Certo, todos sabemos que a economia mundial está em crise, mas as políticas do insano, com discursos contra antigos parceiros comerciais, não têm ajudado muito.
Até outubro, as exportações brasileiras somaram US$ 185,437 bilhões, queda de 7,7% em relação a igual período de 2018, com base na média diária. As importações, em um total de US$ 150,614 bilhões, caíram menos: 1,5%. A retração é significativa quando se considera o saldo comercial, de US$ 34,823 bilhões, 27,4% menor.
Para piorar, segundo analistas brasileiros, as declarações sobre uma possível saída do Mercosul ou expulsão da Argentina, entre outras, têm influência nos negócios brasileiros.
Segundo Rafael Cagnin, economista do Instituto para o Desenvolvimento Industrial, é um discurso geopolítico “completamente deslocado” da realidade mundial. “O discurso do governo frente ao meio ambiente e os desastres ambientais jogam contra o Brasil. Você está jogando areia na engrenagem. Esse ruído, esse mal-estar, não é favorável para quem quer se integrar ao comércio internacional e fazer dele uma alavanca”, explica.
Fato 3. As três maiores estatais brasileiras que o governo do insano quer privatizar - Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil – registraram, juntas, lucro líquido recorde de R$ 52 bilhões em apenas nove meses, de janeiro a setembro deste ano, de acordo com dados divulgados pela Economatica na quarta-feira (13). O recorde anterior, registrado no mesmo período de 2018, foi de R$ 51,9 bilhões.
Nos 27 anos do levantamento, as três estatais só registraram prejuízo consolidado em cinco anos, dois da década de 1990, governo do PSDB, e três da década de 2010, governo do PT.
Nos dois primeiros anos do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) os prejuízos foram de 2,87 bilhões, em 1995, e de R$ 4,46 bilhões, em 1996.
Os prejuízos registrados nos governos do PT foram nos anos em que o país parou enquanto a direita preparava e dava o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff.
O levantamento leva em consideração apenas os dados de estatais listadas na Bolsa. Este ano, a Petrobras é a que mais lucrou até o momento, somando R$ 31,9 milhões. De acordo com as projeções da Economatica, a petroleira pode superar seu maior lucro, de R$ 35,1 bilhões alcançado em 2010.
Fato 4. O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, anunciou que o lucro líquido do banco no terceiro trimestre de 2019 foi de R$ 8 bilhões, crescimento de 66,7% se comparado com o mesmo período de 2018. Com relação ao segundo trimestre, o lucro líquido cresceu 90,6%, quando foi registrado lucro de R$ 4,212 bilhões.
Apesar desse lucro, a Caixa lançou um novo programa de desligamento para funcionários visando reduzir ainda mais o seu quadro. Pelo último dado, relativo ao segundo trimestre, o banco estava com 84.378 empregados. No final de 2016, tinha 94.978. Apenas nos 12 últimos meses, são 2.046 a menos, sendo 408 no segundo trimestre. O número de agências e postos de atendimento também se reduziu, passando de 4.249 para 4.141 no período. Ao mesmo tempo, o lucro líquido cresce: só no primeiro semestre, somou R$ 8,132 bilhões, alta de 22,2% em relação a igual período do ano passado.
Fato 5. Quase nove meses depois de ser oficialmente proposta, nesta terça-feira, deputados e senadores, em uma sessão conjunta do Congresso Nacional, promulgaram a reforma da Previdência. O texto altera regras de aposentadorias e pensões para mais de 72 milhões de pessoas, entre trabalhadores do setor privado que estão na ativa e servidores públicos federais.
A PEC 6/2019 passa agora a ser chamada de Emenda Constitucional 103/2019. Diante dos obstáculos criados, em relação a ampliação da idade mínima e do tempo de contribuição, a EC 103, um dos primeiros atos do governo do ex-capitão demente, põe em risco a sustentabilidade da Previdência pública no futuro.
Votada pelo Senado Federal em segundo turno no dia 23 de outubro, a “Nova Previdência” significou corte de mais de R$ 800 bilhões em direitos. O que o governo chama de “economia” representa, na verdade, R$ 800 bilhões retirados da população na forma de redução dos valores de benefícios, ampliação do tempo de contribuição e, para milhões de trabalhadores, a inviabilização do acesso à aposentadoria.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em nota técnica: “A reforma acabou diferindo em grande medida da proposta inicial do governo. Ainda assim, o que foi aprovado contém potencial impacto social preocupante.”
De acordo com a entidade, os valores das aposentadorias e das pensões acima do salário mínimo diminuirão muito, mesmo para os trabalhadores que têm salários pouco acima do mínimo legal. A nova lei passa a incluir todos os salários de contribuição desde 1994 ou do início do período contributivo, sem desprezar os 20% menores valores, como ocorre atualmente. E isso fará com que o valor das novas aposentadorias caia de imediato.
“Página infeliz da nossa história”. Latifundiários brasileiros, que começaram a cultivar soja na Bolívia no começo da década de 90 na região liderada pelo município de Santa Cruz de La Sierra, ajudam a financiar o Comitê Cívico pró-Santa Cruz, um dos epicentros do golpe que derrubou Evo Morales.
O Comitê é liderado por Luis Fernando Camacho, que não tem cargo público, mas almejou comandar o país através de um “comitê de notáveis”, que incluiria ele próprio.
Segundo o observatório De Olho nos Ruralistas, os plantadores de soja participam ativamente das estratégias de entidades que defendem o interesse dos ruralistas na Bolívia, em oposição às políticas de Morales e de seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS).
Os latifundiários, especialmente os estrangeiros, se sentiram ameaçados de perder suas terras com a efetivação de uma reforma agrária que estava sendo discutida na Constituinte. Passaram, então, a apoiar a campanha do Comitê Cívico para que Santa Cruz fosse administrada com regras próprias, por meio de leis departamentais.
Um movimento muito importante! Os membros do Grupo Puebla (GP), reunidos no final de semana passado em Buenos Aires, pediram a convergência de diferentes organizações de integração da América Latina e do Caribe, como Celac, Mercosul, Unasul, Aliança do Pacífico, Caricom, entre outros, para consolidar a unidade regional.
Embora vários ex-presidentes tenham participado da reunião (o colombiano Ernesto Samper, o paraguaio Fernando Lugo, a brasileira Dilma Roussef, o panamenho Martín Torrijos), ele destacou a presença do próximo presidente argentino Alberto Fernández e vários de seus colaboradores e possíveis membros de sua família.
Em seu breve discurso, Fernández baseou a existência do Grupo Puebla na coincidência de ideias e na combinação de relações pessoais e políticas. Ele incorporou o relacionamento com o México em um lugar de destaque, falou sobre a lei ("o que acontece na Justiça brasileira não é muito diferente do que acontece na Argentina ou no Equador, que aprisionou o vice-presidente Jorge Glass", disse ele).
O Grupo de Puebla abordou as novas questões estratégicas da região e apelou às forças progressistas do mundo para se prepararem para responder a uma demanda atual que é a cidadania global. “Devemos considerar o conceito de migração como um direito humano.
Todos os presentes comemoraram a libertação do ex-presidente brasileiro Lula da Silva, vítima de uma assembleia judicial bruta realizada em cumplicidade com alguns meios de comunicação hegemônicos. “Estamos convencidos de que a justiça será imposta e sua inocência será demonstrada”, diz o documento, que destaca a dignidade com que Lula enfrentou esse processo. “Vemos com alegria que um líder de sua estatura retorna à ação política”, acrescentou.
Grave Geral na Colômbia. Os diversos movimentos sociais e populares que emergiram na América do Sul nos últimos meses, servem de exemplo para as organizações sociais da Colômbia. Os movimentos sociais estão fortemente organizados e possuem uma pauta política específica: frear o golpe neoliberal liderado pelo atual presidente Iván Duque. O chamado de greve é para o dia 21 de novembro de 2019. A aposta é de que o fracasso do modelo neoliberal chileno e as novas medidas de austeridade se transformem em um gatilho social.
Tudo indica que, assim como também ocorre em outros países, como o vizinho Equador, o aprofundamento da agenda neoliberal recentemente imposta para a região possa se tornar o combustível para novas formas de mobilização. Há uma grande expectativa em torno dessa reação, todavia ainda não é possível prever se será um levante popular. As principais demandas políticas definidas pelos movimentos sociais que organizam a greve geral são: contra a reforma trabalhista; contra a reforma das pensões; contra a exploração financeira; contra a privatização; contra a corrupção que atinge a estrutura política colombiana; contra a taxa nacional, que irá aumentar o preço da energia; contra a reforma tributária, que visa reduzir impostos sobre grandes corporações e multinacionais; por um salário mínimo que permita uma vida decente e o sustento familiar; pelo o cumprimento dos acordos que o governo nacional firmou com os funcionários do estado e estudantes e dos compromissos com os agricultores e povos indígenas; pela a defesa do protesto social. Atualmente o governo desestimula e restringe atos e protestos sociais, além de criminalizar e estigmatizar lideranças e participante de mobilizações.
Situação grave na Argentina. Um estudo da consultoria Ecolatina mostra que o governo de Mauricio Macri aumentou a dívida pública da Argentina para 86% do Produto Interno Bruto (PIB). O estudo mostra ainda que 50% dos compromissos do país expirarão durante o governo Alberto Fernández, que assume em 10 de dezembro.
A Argentina terá que desembolsar cerca de US$ 38 bilhões (10% do PIB) até junho. Entre os compromissos a serem pagos por esta nação estão os adquiridos por Macri com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
De acordo com o estudo, a situação constitui “um dos maiores e mais urgentes problemas que Fernández enfrentará”, juntamente com seu vice-presidente e gabinete ministerial.
Chile terá nova Constituição. Depois de um mês de mobilizações intensas, com greves de trabalhadores em vários setores, o Congresso chileno chegou a um acordo histórico nas primeiras horas de sexta-feira (15) para convocar para abril de 2020 um plebiscito sobre uma nova Constituição, que substituirá a atual, promulgada durante a ditadura de Augusto Pinochet.
O anúncio vem depois dos muitos protestos e atos políticos pedindo ao governo profundas reformas sociais. Os atos foram acompanhados de episódios violentos, que deixaram 22 mortos e milhares de feridos e detidos, durante grandes manifestações de rua, saques, incêndios e confrontos com a polícia.
Após horas de intensas negociações, os principais partidos da oposição e da coalizão de direita do presidente Sebastián Piñera assinaram um documento batizado de Acordo pela paz e a nova Constituição, no qual se comprometem a aprovar a convocação do plebiscito.
O acordo prevê o lançamento de uma consulta popular em abril de 2020 a respeito de duas questões: se uma nova Constituição é ou não desejada e que tipo de órgão deve escrever essa nova Constituição: uma “convenção constitucional mista” ou uma “convenção ou assembleia constitucional”.
A convenção constitucional mista, defendida pelos partidos do governo de coalizão de direita, seria integrada em 50% por membros eleitos para esse fim e em 50% pelos parlamentares em exercício. Já a “assembleia constituinte”, defendida pelos partidos da oposição, deve ter todos os seus membros escolhidos especificamente para a ocasião.
O grande problema é que um plebiscito sobre haver ou não uma nova Constituição não atende às lutas e reivindicações atuais do movimento.
Com o apoio do insano brasileiro... A Embaixada da Venezuela no Brasil foi invadida na manhã de quarta-feira (13) por apoiadores de Juan Guaidó, o autoproclamado presidente do país. O encarregado de negócios da Venezuela, Freddy Meregote, divulgou áudio em que pede ajuda dos movimentos sociais e dos partidos políticos. “Companheiros, informo que pessoas estranhas às nossas instalações estão violentando o território venezuelano. Necessitamos ajuda e uma ativação imediata de todos os movimentos sociais e partidos políticos”, disse.
Pelas redes sociais, parlamentares de partidos de esquerda se dirigiram ao local, solicitando a presença de todos
Segundo relatos, ao menos 30 invasores participaram da ação, que ocorreu durante a reunião dos Brics em Brasília. Por conta do evento vários acessos da cidade estão fechados, o que dificulta a chegada de outros funcionários e militantes à embaixada.
Guaidó é reconhecido pelo governo do demente brasileiro como presidente da Venezuela após ele se autoproclamar e tentar um golpe no país vizinho. Mas os invasores foram devidamente expulsos do prédio da embaixada e tiveram que enfrentar alguns militantes de esquerda que participavam da mobilização.
Uma aventura! Evo Morales e o vice Álvaro Liñera chegaram bem ao México e foram levados para local não divulgado por questões de segurança. Mas a viagem se transformou em um périplo. Atendendo à casa branca e à direita em nossa região, o avião da força aérea do México foi impedido de sobrevoar vários países usando a rota que seria mais simples.
Já começou na própria Bolívia que proibiu que o avião sobrevoasse o território; peru e equador cancelaram autorização para o reabastecimento do avião que precisou ir ao Paraguai, sendo reabastecido em assunção!
Evo chegou a sobrevoar o Brasil, mas o avião recebeu ordens para se retirar. Voltou a lima para reabastecimento e foi mantido horas no solo até que a embaixadora mexicana no país conseguisse autorização para abastecer e seguir viagem.
Evo e Liñera ficaram mais de cinco horas dentro do avião, em solo, proibidos de descer. Havia sido concedida uma autorização para aterrar em Quito, para abastecimento, mas o governo local suspendeu a autorização.
Ainda assim, o avião contornou o Peru e seguiu por águas internacionais até chegar ao México.
Golpe na Bolívia (01). O presidente eleito legitimamente na Bolívia, Evo Morales, renunciou ao cargo no domingo (10) após um golpe de Estado iniciado pelos partidos opositores que perderam as eleições, mas continuaram sendo incentivados por Washington. O anúncio oficial veio depois de os militares “sugerirem” que ele renunciasse.
“Lamento muito este golpe. A luta não termina aqui”, disse o presidente, durante discurso após a renúncia. “Até aqui, chegamos pela pátria, não pelo dinheiro. Se alguém diz que estamos roubando, que apresente uma prova sequer. [...] Não estou escapando. Nunca roubei, que demonstrem se roubei. Foi um golpe cívico-policial”, disse o presidente.
Morales ainda destacou que sua renúncia se dava na intenção de pacificar o país, ao mesmo tempo em que condenou as atitudes dos líderes opositores Carlos Mesa, candidato derrotado no último pleito, e Luis Fernando Camacho.
O vice-presidente boliviano, Álvaro Garcia Linera, também renunciou ao cargo e afirmou que “o golpe de Estado se consumou”.
Golpe na Bolívia (02). Evo Morales, através do Twitter no fim da noite de domingo (10) denunciou que existe uma ordem de prisão – ilegal – contra ele após o golpe de Estado no país.
“Denuncio ante o mundo e o povo boliviano que um oficial de polícia anunciou publicamente que tem instruções de executar um mandado de apreensão ilegal contra minha pessoa; da mesma maneira, grupos violentos assaltaram meu domicílio. Os golpistas destroem o Estado de Direito”, escreveu.
Golpe na Bolívia (03). Enquanto a grande mídia a serviço da Casa Branca tenta passar uma imagem de “normalidade” na Bolívia e insistir que a autoproclamada presidenta Jeanine Añez está governando “dentro da normalidade”, a verdade é que o golpe está encontrando muita reação popular.
Jeanine Áñez faz parte da Unidade Democrática da oposição e é conhecida na Bolívia por ter criticado o governo e o próprio Evo Morales. É formada em Direito e, entre 2006 e 2008, participou da redação da nova Constituição da Bolívia, como membro da Assembleia Constituinte.
Desde 2010, ela representa o Departamento de Beni na Assembleia Nacional. É casada com o político colombiano Héctor Hernando Hincapié Carvajal.
Golpe na Bolívia (04). Fato concreto é que o povo boliviano não aceitou o golpe e o movimento popular foi para as ruas em várias cidades do país. Mas a violência da polícia golpista não tem limites.
Pelo menos sete produtores de coca morreram em confrontos com policiais no departamento boliviano de Cochabamba (centro), segundo a rádio sindicalista da coca, no dia mais violento de protestos contra o governo de Jeanine Áñez instalado em 12 de novembro.
“Eles acabaram de confirmar a morte de dois companheiros no hospital de Viedma, o que aumenta as cinco mortes que foram levadas ao hospital de Sacaba”, informou a rádio do sindicato Kausachun Coca, citando relatórios médicos.
O Provedor de Justiça da Bolívia, por sua vez, expressou seu “alarme e preocupação” com o que aconteceu e solicitou a investigar para saber “se as ações de ambas as forças (a Polícia e as Forças Armadas) foram enquadradas dentro do estabelecido na Constituição Política do Protocolos estaduais e internacionais de respeito aos direitos humanos”.
Ele também exigiu "uma investigação imediata para esclarecer as circunstâncias nas quais as mortes e ferimentos ocorreram".
Golpe na Bolívia (05). A seguir, publicamos na íntegra o excelente texto de Alfredo Serrano Mancilla, Diretor CELAG, intitulado “Quem é o responsável pelo golpe na Bolívia?”
Um golpe de estado nunca é constituído por um evento isolado. Não existe um momento específico que possa ser definido como o gerador definitivo de uma ruptura democrática. Qualquer golpe é um processo cumulativo em que a "estrutura" é essencial para criar as condições necessárias e suficientes que garantam sua eficácia. A erosão da legitimidade do objetivo a ser derrubado é feita de várias maneiras que pagam por um campo no qual as ações desestimulantes procuram ser apresentadas como democráticas.
Devido à natureza multidimensional do processo de golpe, nunca poderíamos dizer que existe apenas um responsável. Sempre existem muitos atores que participam dessa tarefa, de quem acaba assumindo a Presidência pós-hit até aquele que inicia uma campanha de roupas com notícias falsas.
Na Bolívia, o golpe de estado contra a democracia, com o objetivo de depor Evo Morales como presidente, também teve muitos participantes, cada um por direito próprio; alguns como colaboradores e outros como cúmplices; havia mais passivos ou mais ativos; alguns planejados desde o início e outros foram adicionados à medida que os eventos se desenvolviam.
Aqui está um relato breve, mas preciso, de quem eram todos os co-líderes do golpe na Bolívia, com nomes e sobrenomes:
1. O fascismo dos comitês cívicos, especialmente o de Santa Cruz. Esse movimento político, por mais violento que seja racista, não é novo, mas vem desde o início da gestão de Evo Morales, porque eles nunca aceitaram que um representante indígena e camponês era quem tinha o mandato popular de governar o país. Eles tentaram muitas vezes, com muitos representantes diferentes e, dessa vez, Luis Fernando Camacho, que não concorreu às eleições, que não tem voto, mas decidiu que violência e terror eram as armas para atingir a meta: derrubar Evo e acabar com o estado de direito e a ordem constitucional do país.
2. A oposição do partido que apareceu nas eleições. Fundamentalmente, Carlos Mesa, o principal oponente de Evo Morales, derrotado nas últimas eleições, foi fundamental nesse processo de golpe, ignorando os resultados com antecedência e declarando fraude muito antes das eleições. No mesmo dia das eleições, ele anunciou que havia um segundo turno sem concluir a contagem de votos. Após as eleições, ele constantemente mantinha uma posição silenciosa e cúmplice, dada a violência desencadeada pelos comitês cívicos, reorganizando-se no novo eixo político do golpe sem exigir que ele fosse interrompido.
4. A atual Secretária-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA). Sempre presente sempre que houver um processo de desestabilização antidemocrática. Desta vez, ele fez isso diretamente, participando do processo eleitoral. Primeiro, foi com o relatório preliminar da missão eleitoral, que, sem qualquer fundamento, anunciou a recomendação de um segundo turno. Segundo, com um relatório de auditoria preliminar cheio de pontos fracos, tendenciosos e parciais, sem rigor, e principalmente focado na crítica ao sistema provisório de transmissão de dados (não vinculativo). E no momento da análise dos registros oficiais, os reais, apenas conseguiram demonstrar irregularidades em 78 registros, num total de 34.555, o que representa 0,22%. De fato, a amostra selecionada, em suas próprias palavras escritas no relatório, não obedece a critérios estatísticos, mas escolhe casos em que o partido no poder obteve muitos votos. O relatório é atormentado por adjetivos e advérbios com um tom avaliativo e discricionário ("comportamento incomum", "presumivelmente") demonstrando sua incompetência em termos de rigor e imparcialidade.
5. O governo dos Estados Unidos. Outro inevitável: como sempre, após cada golpe, ele reaparece apressadamente reconhecendo o novo presidente autoproclamado. Embora desta vez, desde o início deste ano, diferentes autoridades do Departamento de Estado - por exemplo, Kimberly Breier - já tivessem declarado que o processo eleitoral boliviano estava cheio de irregularidades, mesmo usando o termo "fraude potencial"; Além disso, eles levantaram mais de uma vez que deveriam estudar a ignorância dos resultados que a data da eleição havia chegado.
6. A polícia É a segunda vez que ele faz isso. Em 2008, o Presidente Evo se amotinou e ignorou, causando insegurança cidadã e desestabilização política e social. Ele não prosperou na época, mas agora repetiu em um momento de grande caos e terror causado pelo movimento fascista nas ruas. Ele foi um ator-chave na última fase do golpe de estado.
7. As forças armadas. Certamente este é o ator mais difícil de decifrar nesse golpe. Ele agiu de maneira muito particular: até o último momento, não se pronunciou diante da situação séria. Em primeiro lugar, quando tudo começou a chegar ao limite, eles emitiram uma breve declaração, mas com um último parágrafo muito ambíguo. Então, em um dos momentos de maior tensão, eles permaneceram em silêncio até que, no final, saíram para pedir a renúncia do Presidente Evo. É muito provável que houvesse divisão lá dentro, e ainda existia. As Forças Armadas tiveram várias horas de perplexidade, não querendo aproveitar o vácuo institucional do poder existente, e em nenhum momento assumiram o controle das rédeas do país. No entanto, isso não os isenta de responsabilidade porque eles estavam se juntando ao tsunami do golpe. A partir de agora, veremos o que acontece porque o jogo ainda não está fechado em termos de seu papel nos próximos dias e semanas. Até agora, a autoproclamada presidente mudou o comandante das Forças Armadas, o que significa que ela não confia na antiga ou em seus ancestrais em relação a outros gerentes de nível médio.
8. Certas mídias. Você nunca pode perder cada golpe. Eles são essenciais para criar o quadro de referência antes, durante e depois. Um dos principais responsáveis ​​por essa tarefa na Bolívia é a página sete. Um exemplo é suficiente para demonstrar qual era sua maneira de gerar o nível máximo de ansiedade: desde a noite das eleições até 48 horas depois, ele manteve em seu portal como entrada principal o resultado de um pesquisador particular, Viaciencia, que deu apenas 4 pontos em favor da Evo instalar a ideia de fraude, mesmo que o cálculo preliminar e definitivo já tenha sido publicado oficialmente. Esse meio sempre foi o maior expoente da estrutura de fraudes, antes e depois, defendendo a ignorância dos resultados desde o início e emergindo rapidamente para endossar a transição antidemocrática. Além disso, há outros atores envolvidos. Não podemos ignorar o papel do “jornalista” Carlos Valverde, que no referendo anterior de 2016 foi responsável pela campanha suja baseada no “caso Zapata”, com o objetivo de corroer a imagem de Evo Morales.
9. Os atores econômicos. Os grandes empresários do país ficaram muito ricos no longo ciclo de bonança econômica. É por isso que desta vez não é tão claro que esse golpe de Estado tenha sua raiz em sua posição contra o modelo econômico boliviano. O eixo explicativo central desse golpe reside definitivamente no racismo que uma classe boliviana possui e que não aceita os indígenas, a essência de um Estado Plurinacional. No entanto, os grandes grupos econômicos do país não estão alheios a essa cota de desprezo por tudo o que tem a ver com os indígenas. É por isso que, certamente, grande parte dos grandes empreendedores do país tem hesitado em aceitar a liderança indígena que garante um projeto econômico estável e altamente lucrativo para eles, ou participar desse golpe em favor de líderes que sabem apenas ser violentos nas ruas.
10. Os oportunistas de sempre. Não há falta do boneco de plantão que sempre quer a foto como presidente, mesmo que ela esteja em condição autoproclamada. Desta vez, esse papel de Guaidó é desempenhado pela oposição Jeanine Añez, que obteve pouco menos de 50.000 votos para obter seu assento como senadora. De qualquer forma, o que é certo é que ela, apesar da autopromoção e de alguns outros que a repetem, nunca será a presidente do país.
Prossegue o processo contra Trump. O processo de “impeachment” contra de Trump surgiu após a suposta tentativa de subornar seu colega ucraniano, Volodimir Zelenski, em troca de um favor político.
Em continuidade das investigações para um possível julgamento político contra Donald Trump, na sexta-feira (15) aconteceu a segunda audiência pública que contará com a presença da ex-embaixadora na Ucrânia, Marie Yovanovitch.
Ela testemunhou perante o comitê da Câmara dos Deputados que dirige a investigação. Anteriormente, ela havia afirmado que sua saída iminente do cargo em maio passado se deveu a seu desacordo com a corrupção na Ucrânia. E alertou sobre uma campanha de difamação e intimidação que Trump promoveu, além de alguns de seus funcionários na rede social do Twitter, para desqualificar seu testemunho.
Por seu lado, a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, disse na quinta-feira que esta sessão permitiu verificar “evidências de suborno” por Trump, usando ajuda militar para alcançar seu objetivo.

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