Desculpem. Fiz o
possível para completar este Informativo, mas nesta manhã de sábado tive uma
triste perda e não consigo me concentrar.
Pelos
caminhos da América.
A data exata já não lembro, mas sei que é da primeira
metade da década de 1980. Zé Vicente, poeta, lavrador, compositor, cantor e
natural de Orós (Ceará) compôs essa música.
Pelos caminhos
da América, / Pelos caminhos da América, / Pelos caminhos da América, / Latino
América. / Pelos caminhos da América há tanta dor, / Tanto pranto, nuvens, mistérios,
/ Encantos que envolvem nosso caminhar. / Há cruzes beirando a estrada, /
Pedras manchadas de sangue, / Apontando como setas, / Que a liberdade é pra lá.
A letra e a música de “Pelos caminhos da América” estão
disponíveis na Internet. Mas, nesta semana, lendo e reorganizando as notícias
que li sobre o que ocorre em Nossa América e, principalmente, lendo o discurso
de Lula da Silva no Congresso do PT, não podia deixar de lembrar daquela
música.
Trechos
do discurso de Lula. “Então minha gratidão aos hermanos portenhos da
Argentina. (...) Também quero parabenizar o povo chileno pela competência do
movimento que estão fazendo, quero parabenizar o povo de El Salvador, ou
melhor, o povo do Equador, e também ser solidário ao companheiro Rafael Correa,
que é vítima de um processo muito semelhante ao meu aqui no Brasil. Quero
também parabenizar o povo da Colômbia, que hoje me parece que foi às ruas se
manifestar. Quero dizer aos meus companheiros cubanos que tive a alegria e o
prazer de conhecer o companheiro Fidel Castro. Poucas vezes um homem foi tão
leal comigo pessoalmente e com o PT na relação política como foi o companheiro
Fidel Castro. Então eu quero que os cubanos transmitam ao presidente de Cuba,
ao Raul [Castro] e aos companheiros familiares de Fidel os meus agradecimentos”.
“Eu quero que vocês saibam que o PT não pode se
acovardar diante das adversidades. Não faz muito tempo nós tivemos problema no
nosso país, no nosso partido, no nosso povo, em relação à crise da Venezuela.
Tentaram condenar o PT e estão me processando, e a Dilma [Rousseff] também,
pelo investimento que fizemos em Cuba pela construção do Porto de Mariel. Estão
tentando me condenar por todos os investimentos que nós fizemos na África. E
quero dizer pra vocês que se o PT voltar um dia ao governo, ou a esquerda
voltar ao governo, nós temos que ter um compromisso de honra, nós temos que
voltar a fazer investimentos na América Latina, e fazer investimentos na
África”.
Mas
a insanidade continua no governo. O
“todo poderoso” ministro Guedes e o filho do insano estão preocupados com o que
ocorre na América Latina e ameaçam qualquer manifestação contra o desgoverno
com a volta do AI-5.
Mas o movimento social também se move. A Comissão Arns
e o Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos (CADHu) denunciaram o insano, na
quarta-feira (27), no Tribunal Penal Internacional (TPI) por “crimes contra a
humanidade” e “incitação ao genocídio de povos indígenas” do Brasil.
Na denúncia feita pelas duas organizações
especializadas em direitos humanos que o TPI vai analisar para decidir se abre
ou não investigação, os advogados que assinam o documento afirmam que ele
incitou a violência contra populações indígenas e tradicionais, enfraqueceu a
fiscalização e foi omisso na resposta a crimes ambientais na Amazônia.
Na ação é citada a disparada dos incêndios na Região
Amazônica este ano, que causou o primeiro constrangimento internacional do
governo, envolvendo atritos com o presidente da França, Emmanuel Macron, e em
menor escala também com a presidente da Alemanha, Angela Merkel.
Mas a insanidade continua...
Fato
1. A ministra da Agricultura, Tereza
Cristina, conhecida como “Musa do Veneno”, em função de seu posicionamento
favorável ao uso de agrotóxicos, afirmou em entrevista que o preço da carne não
deve baixar. Alheia às dificuldades econômicas da maioria do povo brasileiro,
ela argumentou que o produto estava muito barato nos últimos três anos e que
isso foi ruim para os criadores de gado e também para os consumidores.
Segundo a ministra, o aumento no preço da carne se deve
à maior procura dos chineses pelo produto. A peste suína africana levou à perda
de 40% do rebanho do país asiático. Isso fez com que a China passasse a
adquirir mais carne bovina de outros países. Os chineses tinham comprado 20 mil
toneladas em junho e passaram para 65 mil em outubro.
Fato
2. O ministro da Educação, Abraham
Weintraub, afirmou que as universidades federais do Brasil possuem plantações
extensivas de maconha a ponto de precisar de borrifador de agrotóxico.
“Você tem plantações de maconha, mas não são três pés
de maconha, são plantações extensivas de algumas universidades, a ponto de ter
borrifador de agrotóxico. Porque orgânico é bom contra a soja para não ter
agroindústria no Brasil, mas na maconha deles eles querem toda tecnologia à
disposição”, disse.
Weintraub ainda acusou laboratórios de química de
produzirem metanfetamina. O ministro, no entanto, também não apresentou provas
e nem disse suspeitar em quais universidades isso aconteceria.
O ministro justificava o que ele chama de “falácia de
liberdade” das universidades. “Foi criada uma falácia que as universidades
federais precisam ter autonomia. Justo, autonomia de pesquisa, ensino… Só que
essa autonomia acabou se transfigurando em soberania”, disse.
Recorde
de informalidade. Com mais um recorde no avanço da informalidade, a taxa
de desemprego registrou leve queda no trimestre móvel encerrado em outubro, mas
ainda atinge 12,4 milhões de trabalhadores e trabalhadoras.
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad/Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), divulgados na sexta-feira (29), a taxa de desemprego caiu
0,2% ponto percentual entre agosto e outubro e ficou em 11,6%. No trimestre
encerrado em junho a taxa foi de 11,8%.
O trabalho sem carteira assinada e por conta própria
bateram novo recorde entre agosto e outubro, segundo o IBGE. O número de
trabalhadores sem carteira de trabalho assinada contratado pelo setor privado
subiu, em 2019, para 11,9 milhões, ou 2,4% (mais 280 mil pessoas) sem direitos.
Outros 4.565 domésticos também não têm carteira assinada.
O número de desalentados (aqueles que desistiram de
procurar emprego) também recuou, para 4,6 milhões, com queda de 4,5% (menos 217
mil pessoas) em relação ao trimestre móvel anterior, mas estatisticamente
estável frente ao mesmo trimestre de 2018.
Confira alguns números do trimestre encerrado em
outubro da Pnad: 1) Taxa de desemprego - 11,6%; 2) Total de desempregados -
12,4 milhões de pessoas; 3) Taxa de subutilização - 23,8%; 4) Total de
subutilizados - 27,1 milhões; 5) Desalentados - 4,6 milhões; 6) Sem carteira -
11,9 milhões e; 7) Por conta própria - 24,4 milhões.
SUS
não tem recursos para idosos. A faixa
etária da população brasileira que mais cresce é a que está acima dos 60 anos.
Esse fenômeno, que levou um século para ocorrer na Europa, aconteceu aqui em 50
anos. Doenças cardiovasculares e câncer tornaram-se as principais causas de
morte, padrão idêntico ao dos países industrializados. Nas fases mais avançadas,
o tratamento dessas doenças exige internações hospitalares, medicamentos caros,
exames de imagem, cirurgias agressivas e acompanhamento ambulatorial com
equipes multidisciplinares.
Além de elevados, os custos da assistência médica são
crescentes. É uma das únicas áreas da economia em que a incorporação de
tecnologia aumenta o preço do produto final. É preciso encarar a realidade: o
SUS e a Saúde Suplementar não dispõem de recursos para absorver esses custos.
Para o SUS, é mais simples: quando as verbas se esgotam, o atendimento é
interrompido. Como a legislação não permite que os planos de saúde façam o
mesmo, só lhes resta a alternativa de aumentar as mensalidades, expediente de
eficácia limitada num país com 13 milhões de desempregados.
Os brasileiros envelhecem mal. Metade da população
chega aos 60 anos com hipertensão arterial, 15 milhões ou mais sofrem de
diabetes, o excesso de peso e a obesidade afligem 54% da população adulta, e o
sedentarismo é praticamente universal. Ainda fumam de 17 milhões a 18 milhões
de brasileiros. Das parturientes atendidas pelo SUS, 20% são adolescentes com
menos de 20 anos. O desafio para tratar tanta gente é enorme. Se não houver
prevenção através da atenção primária, milhões ficarão sem atendimento.
Rombo
das contas externas aumentou. As contas
externas registraram saldo negativo de US$ 7,874 bilhões, em outubro, o maior
déficit para o mês desde 2014, em plenas eleições, quando ficou em US$ 9,305
bilhões. Os dados foram divulgados pelo Banco Central (BC). Em outubro do ano
passado o déficit foi de US$ 1,964 bilhão.
De janeiro a outubro, o déficit em transações
correntes, compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda
do Brasil com outros países, chegou a US$ 45,657 bilhões, contra US$ 32,372 bilhões
em igual período de 2018.
No
campo, 700 famílias são despejadas. A
Justiça Federal, através da sentença de reintegração de posse, determinou a
retirada de 700 famílias acampadas há mais de sete anos nos acampamentos,
produzindo alimentos saudáveis e de qualidade. As famílias foram obrigadas a
deixar para trás toda história construída e sonhos semeados ao longo desses
anos de luta e resistência, que balizam e fortalecem a economia local.
A irresponsabilidade e a brutalidade do governo insano
fazem com que se tema ainda mais resultados como o massacre em El Dourado dos
Carajás, Corumbiara e Felisburgo. As famílias foram surpreendidas durante a
madrugada com os despejos simultâneos dos três acampamentos no Norte da Bahia.
O ataque preparado pelo Estado atingiu famílias que
produziam por ano mais de 7.200 toneladas de alimentos, gerando trabalho e renda
para mais de 5.000 pessoas.
Não
vai mais ter políticas de combate ao desmatamento na Amazônia. As políticas de combate ao desmatamento e grilagem de
terras na Amazônia podem ser extintas se a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) 187/2019, a PEC dos Fundos, for aprovada no Congresso Nacional. A medida
idealizada pelo ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, pretende
transferir recursos de mais de 200 fundos destinados a áreas específicas,
inclusive saúde e educação, para pagamento de juros da dívida pública.
O secretário de Meio Ambiente da CUT, Daniel Gaio,
afirma que a proposta vai na linha deste governo que quer desmontar as
políticas públicas e transferir recursos de áreas importantes para o mercado
financeiro. “O governo não tem projetos e quer acabar com os que já estão
criados e que funcionam. E o Fundo Amazônia é um deles”.
Pobreza
aumenta na América Latina, diz CEPAL.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) alertou na
quinta-feira que a pobreza na região chegará a 30,8% em 2019, um aumento de
0,7% em relação ao ano anterior, registrado em 30 1 por cento.
No relatório “Panorama social da América Latina 2019”,
a organização internacional também alertou que a pobreza extrema passará de
10,7% em 2018 para 11,5% neste ano.
“Se essas estimativas forem confirmadas, em 2019
haveria 27 milhões a mais de pessoas pobres do que em 2014; pior ainda, 26
milhões deles estariam em situação de extrema pobreza”, afirmou o documento.
Isso significa que, na América Latina e no Caribe,
haverá cerca de 191 milhões de pessoas na pobreza e 72 milhões na extrema
pobreza até o final do ano.
Da mesma forma, a CEPAL afirmou que nas áreas rurais as
pessoas são 18,9% mais pobres do que nas cidades e observou que 48,8% dos
aborígines compartilham essa condição.
O documento explica que, para erradicar a pobreza e
reduzir a desigualdade, “são necessárias políticas de inclusão social e
trabalhista”, bem como a necessidade de “o mercado de trabalho garantir emprego
de qualidade e salários decentes”.
Chile
1. Sebastián Piñera quer mais
repressão no Chile e pede ao Congresso para aprovar urgentemente projetos que
apoiam as forças de segurança.
“A Polícia e a Polícia de Investigação precisam de
nosso apoio e apoio para cumprir seu mandato constitucional e proteger a ordem
pública. Mas essa missão deve sempre ser cumprida dentro da estrutura da lei,
protocolos e respeito aos direitos humanos. Se houver desvios eles devem ser
investigados pela Promotoria e julgados pelos tribunais de justiça”, afirmou o
presidente em entrevista coletiva.
Piñera afirmou na segunda-feira (25) que o projeto de
lei elaborado pelo seu governo que pretende colocar tropas das Forças Armadas
nas ruas do país servirá para resguardar “infraestrutura crítica” e chegará no
Congresso entre hoje e amanhã com discussão imediata.
Segundo o presidente, a medida não tenta colocar os
militares contra os manifestantes, “mas sim permitir que [os militares] possam
colaborar na proteção da infraestrutura crítica e poder fazê-lo sem ter que restringir
as liberdades ou os direitos de todos os chilenos”.
Chile
2. Crescimento econômico
permanente e uma das piores distribuições de renda do planeta. É assim que o
deputado chileno Tomás Hirsch descreve seu país. A causa da gigantesca
mobilização social no Chile “são 30 anos de abuso”, e agora é hora de ouvir a
voz dos cidadãos e não a liderança política desacreditada.
O líder do Partido Humanista do Chile, deputado pela Frente
Amplio e candidato à presidência da República em 1999 e 2005, Tomás Hirsch,
analisou a situação complicada que o país está enfrentando. Segundo o político,
o modelo neoliberal “fracassou completamente” no Chile e todos os setores da
população exigem melhores condições de vida e mudanças nos aspectos sociais,
econômicos e político-institucionais.
Chile
3. A recente pesquisa publicada pela
empresa Critérios revelou quinta-feira (28) que o presidente do Chile,
Sebastián Piñera, tem uma desaprovação de 84%, depois de mais de um mês de
protestos sociais em massa contra ele.
De acordo com a avaliação mensal da Agenda do Cidadão
realizada pela empresa, a aprovação para sua gestão caiu quatro pontos
percentuais em relação ao mês anterior, o que representa 12%.
Outra das medidas avaliadas por esta pesquisa Foi o
apoio ou a insatisfação da população com o governo chileno, que obteve 87% de
desaprovação.
Da mesma forma, apenas 3% dos participantes da pesquisa
consideram eficaz a ação do Executivo para restaurar a ordem pública no país
sul-americano, após o surto social registrado desde 18 de outubro.
Violência
institucional no Equador. O Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos da ONU afirmou na
sexta-feira (29) que as autoridades do Equador fizeram um uso desnecessário e
desproporcional da força durante a jornada de protestos que ocorreu no país entre
os dias 3 e 13 de outubro.
Em comunicado oficial, o órgão aponta que “a atividade
repressiva dos agentes da ordem não se ajustou às normas e aos critérios
internacionais, entre outros aspectos pelo emprego desnecessário e
desproporcional da força”.
Além disso, a alta comissária para os direitos humanos,
Michele Bachelet, afirmou que “os distúrbios do mês passado tiveram um alto
custo humano”. “As pessoas deveriam poder se expressar sem medo de serem
feridas ou presas”, disse Bachelet.
De acordo com as denúncias apuradas pela ONU, durante
as manifestações populares do Equador nove pessoas foram mortas, mais de 1,5
mil feridas e mais de 1,3 mil foram presas.
No último dia 2 de outubro, o Equador foi tomado por
uma jornada de protestos desencadeada por um decreto de austeridade
implementado pelo presidente Lenín Moreno que acabava com os subsídios públicos
ao preço dos combustíveis, como parte de um pacote para garantir um empréstimo
de US$ 4,2 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI).
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