sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

NADA MUDOU Mídia esconde caso envolvendo irmão de Bolsonaro, aponta cientista política


NADA MUDOU

Mídia esconde caso envolvendo irmão de Bolsonaro, aponta cientista política

Renato Bolsonaro, sem cargo público, atua como lobista e faz intermediação de verbas do governo federal e prefeituras. "O combate à corrupção é seletivo por parte da imprensa", diz professora da PUC-SP Rosemary Segurado
  12:51
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FACEBOOK/REPRODUÇÃO
De acordo com a Folha de S.Paulo, foram mais de R$ 110 milhões repassados pelo governo federal aos municípios, após a atuação de Renato Bolsonaro
São Paulo – O governo Jair Bolsonaro não cumpre o que prometeu durante a sua campanha, em 2018, e manteve o tal “toma lá dá cá”. Na análise de Rosemary Segurado, cientista política e professora da PUC-SP e da Fespsp, a denúncia de que Renato Bolsonaro, irmão do presidente, tem atuado como lobista para intermediar verbas do governo federal e atender demandas de prefeitos mostra a falta de transparência da atual gestão.
Apesar de a matéria ter sido publicada pela Folha de S.Paulo, a especialista critica a falta de repercussão do caso pelo restante da mídia tradicional. “Ele se dizia a nova política, mas vemos que não é bem assim. E a cobertura jornalística colaborou com o golpe de 2016, dizia defender a transparência e atacava a corrupção, mas se silencia sobre esses fatos envolvendo a família Bolsonaro. O combate à corrupção é seletivo por parte da imprensa”, disse em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Nahama Nunes, da Rádio Brasil Atual.
Sem cargo público, o irmão de Bolsonaro participa de solenidades de anúncio de obras, assina como testemunha contratos de liberação de verbas, discursa e recebe agradecimentos públicos de prefeitos pela ajuda no contato com a gestão federal. De acordo com a Folha, foram mais de R$ 110 milhões repassados aos municípios, após a atuação de Renato.

Conselho da Amazônia

O presidente Jair Bolsonaro informou, na última terça-feira (21), que determinou a criação do Conselho da Amazônia e de uma Força Nacional Ambiental, que atuará na “proteção do meio ambiente da Amazônia”. O anúncio foi feito um dia após o ministro da Economia, Paulo Guedes, responsabilizar as populações mais pobres pelo impacto ambiental, com repercussão negativa no mercado.
Bolsonaro informou ainda na publicação que o vice-presidente Hamilton Mourão será o coordenador do conselho. “Colocar o ministro Mourão é mostrar que os militares irão supervisionar o meio ambiente e o conselho, onde nem sabemos se os verdadeiros defensores da proteção ambiental participarão. Os militares, que já predominavam no governo Bolsonaro, ficam mais fortalecidos”, acrescenta Rosemary.
A política ambiental se tornou foco de atritos para Bolsonaro ao longo de seu primeiro ano de governo. O presidente brasileiro protagonizou embates com ONGs, demitiu pesquisadores e foi alvo de críticas por parte de políticos estrangeiros, como o presidente francês Emmanuel Macron e a chanceler alemã Angela Merkel, pela falta de ação contra os incêndios na Amazônia.

Reverenda Jane Silva

Rosemary Segurado comentou também a indicação feita pela atriz Regina Duarte, cotada como nova secretária de Cultura, para o o cargo de secretária-adjunta da pasta: a atual secretária de Diversidade Cultural da Secretaria Especial da Cultura, Janicia Silva, conhecida como reverenda Jane por ser pastora evangélica.
Jane Silva é ainda presidente de uma empresa batizada como Associação Cristã de Homens e Mulheres de Negócios, fundada em 1996. O nome da secretária também aparece na sociedade da agência de viagens JS Publicidade Turismo e Viagens LTDA que não está mais em atividade.
Para a cientista política, o posicionamento de Regina Duarte mostra que, ao contrário do que parte da classe artística imaginava, a atriz não abrirá dialogo. “A Regina Duarte, para a geração mais antiga, é carismática, com imagem de boa moça. Alguns setores da cultura vão achar menos pior, mas ao indicar a reverenda, ela mostra que não vai mexer em coisa alguma ou abrir diálogo com a classe artística. Colocar a Regina Duarte é estratégico para o governo, mas nada positivo para o setor artístico”, critica.

Ouça a entrevista na íntegra

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