segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Capitão e delegado contrariam comando da PM e pedem que Rota mate mais AONDE VAMOS CHEGAR?!!!!

Capitão e delegado contrariam comando da PM e pedem que Rota mate mais









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Capitão Rafael Telhada atuou no batalhão mais letal da PM de SP | Foto: Reprodução/Instagram
Por Kaique Dalapola
Dois dias depois da divulgação do relatório da Ouvidoria da Polícia de São Paulo que apontou um aumento de 98% no número de pessoas mortas por policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) no ano passado na comparação com 2018, o capitão Rafael Henrique Cano Telhada usou as redes sociais para comemorar e estimular nova meta: “200% em 2020”.
Conhecido como Telhadinha, por ser filho do ex-comandante da Rota e atual deputado estadual Paulo Telhada (PP), atualmente Rafael é comandante da Força Tática do 4° Batalhão, na zona oeste de São Paulo.

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A publicação do capitão aconteceu como resposta a uma postagem na qual ele foi marcado, na ferramenta de story do Instagram (que fica pelo período máximo de 24 horas). O compartilhamento original mostra uma reportagem do Portal G1 sobre a alta da letalidade do batalhão acompanhada de elogios aos PMs.
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Rafael Telhada comentou alta de letalidade da Rota | Foto: Reprodução/Instagram
Além de Rafael Telhada, o delegado da Polícia Civil de São Paulo Rafael Vallejo Fagundes foi para as redes sociais comentar o aumento no número de mortos por policiais militares da Rota. “Bora dobrar a meta, meus irmão da Rota. Porque enquanto a criminalidade estiver abaixando e o cidadão de bem estiver mais seguro, eu quero mais é que vagabundo se exploda”, escreveu em um comentário de compartilhamento da notícia.
O pai do capitão, deputado Paulo Telhada, também comentou os números do relatório da ouvidoria durante sessão na Assembleia Legislativa. “Parabéns à Rota por ter aumentado o número de mortos”, disse o político. “Porque não são cidadãos mortos, não são inocentes mortos, são criminosos, bandidos”, continuou. 
Antes de comandar a Força Tática do 4º Batalhão, Rafael Telhada passou, dentre outros batalhões, pela própria Rota e pelo COE (Comandos e Operações Especiais).
Ponte pediu explicação sobre a publicação ao capitão Rafael Telhada, no entanto, até a publicação desta reportagem, ele não retornou. A Polícia Militar também foi questionada e, por meio de nota, disse que “as opiniões pessoais do oficial são de sua inteira responsabilidade, pois como cidadão, o policial militar tem direito à liberdade de expressão, sendo ele inteiramente responsável por suas declarações”.
A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) também disse que “as opiniões pessoais do oficial são de sua inteira responsabilidade”. A pasta afirmou ainda que as declarações dos policiais “não vêm ao encontro do posicionamento institucional que sempre será a defesa da vida”.
A nota da secretaria diz que “as polícias paulistas contam com um rigoroso sistema corregedor, que não compactua com eventuais desvios de conduta de seus agentes”. “Todas as denúncias são investigadas e as apurações têm início na área dos fatos e sempre são encaminhadas às respectivas Corregedorias antes do envio ao Judiciário”, continuou.
A SSP-SP informou que o trabalho das corregedorias resultou, em 2019, em 510 policiais presos, demitidos ou expulsos das instituições.

Alta na letalidade

A Ouvidoria de Polícia divulgou, na última quinta-feira (6/7), o relatório anual de prestação de contas contendo os números de mortos pelos batalhões mais letais de São Paulo. A Rota continua sendo o que mais mata no Estado.
De acordo com os dados da ouvidoria, das 845 mortes cometidas por PMs no primeiro ano do governo João Doria (PSDB), 104 foram por policiais militares da Rota, sendo que no ano anterior houve 58 mortes. O número supera em mais de três vezes o segundo batalhão mais letal da PM paulista, que é o 2º Baep (Batalhão de Ações Especiais da Polícia), de Santos, com 30 mortes em supostos confrontos.
O posicionamento de Telhada também vai contra a postura adotada pelo comandante da Polícia Militar de São Paulo, coronel Marcelo Vieira Salles, que disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, publicada no último dia 2 de fevereiro, que “o desejável é que não morra ninguém” nas ocorrências policiais. 
Na entrevista, o número 1 da PM paulista também disse que “há todo um cuidado do comando da Polícia Militar, da instituição, para combater esse tipo de incentivo [à violência policial]”, e disse que não gosta desse tipo de discurso.

Histórico

O capitão Rafael Telhada tem histórico de participar de ações policiais com morte de suspeitos. Em março do ano passado, enquanto atuava pelo COE, ele participou de uma ocorrência, com outros quatro PMs, que vitimou o jovem Djaedson Roque da Silva Júnior, de 23 anos, em Osasco, região metropolitana de São Paulo. 
Na ocasião, os PMs envolvidos na ação disseram que foram atrás de suspeitos de roubarem uma motocicleta e, durante uma tentativa de abordagem, os suspeitos atiraram. No suposto revide, acertaram o rapaz negro. Os próprios policiais levaram o homem para o hospital, onde constatou a morte, fugindo do procedimento regulamentar.
Após essa ocorrência, o capitão também usou o Instagram para exaltar a morte. “O facínora tombou baleado e, socorrido, evoluiu a óbito. Graças ao bom Deus, todos os guerreiros do COE estão bem. A caveira sorriu mais uma vez”, escreveu na ocasião. 
Quatro meses depois, a Ouvidoria da Polícia de São Paulo apontou excessos na ação que Telhada participou. O documento enviado à Corregedoria da Polícia Militar paulista, apontou que os PMs se excederam na legítima defesa, pois eram maioria em relação ao homem, baleado quatro vezes, e interferiram na perícia do local do crime, procedimento padrão que não foi feito.

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