sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Newsletter dos Aliados

Aqui quem fala é a Giulia, a nova Editora de Audiências da Pública!

Assumo este cargo tendo a enorme responsabilidade de substituir o Caio Costa, que construiu o Programa de Aliados ao longo do ano passado. Mas estou muito empolgada para, junto com vocês, começar a escrever os novos capítulos dessa parceria da Pública com seus leitores.

Comecei na Pública como estagiária em 2013 e trabalhei aqui como repórter por dois anos. Nos últimos cinco anos, eu fiz mestrado nos Estados Unidos, trabalhei como repórter no jornal Texas Tribune e como checadora de fatos no documentário "Democracia em Vertigem". Enquanto isso, vi a Pública crescer e ganhar ainda mais relevância no Brasil e no mundo.

Agora, estou muito feliz de voltar à Pública para colocar em prática minha paixão pelo jornalismo investigativo em outra função: trabalhando para criar uma ponte entre a nossa redação e o nosso público.

Aproveito essa primeira edição da Newsletter dos Aliados para falar um pouco sobre o meu trabalho nos últimos anos e contar para vocês porque acredito em um jornalismo feito em conjunto com o público.

E é justamente por isso que convido vocês a nos escreverem – nós queremos te ouvir. Meu email está aberto para sugestões, comentários, feedbacks e novas ideias para a Pública e para o Programa de Aliados. Mal posso esperar para conhecê-los e criar novas formas de fortalecer o diálogo da Pública com vocês.

Um abraço,

Giulia Afiune
      
O poder do jornalismo feito em parceria com o público
por Giulia Afiune
 
Ao longo da minha carreira como repórter, percebi que a empatia era um ingrediente essencial para uma boa reportagem. Fosse uma matéria sobre remoções no Rio, sobre saneamento básico em São Paulo, sobre imigrantes em Boston, ou sobre um furacão em Houston, quando minhas reportagens se baseavam nas contribuições das comunidades retratadas, elas eram sempre mais profundas, mais significativas para o público, e mais propensas a gerar um impacto positivo.

Em 2016, a Pública me convidou para participar do Projeto 100 e investigar as remoções relacionadas às Olimpíadas no Rio. Como a prefeitura carioca não admitia que isso estava acontecendo em toda a cidade, a Pública decidiu construir uma base de dados “viva”, com reportagens multimídia contando as histórias de cem famílias expulsas de suas casas para abrir espaço para os Jogos Olímpicos daquele ano.

Mas como os dados sobre as remoções eram escassos, ninguém sabia ao certo onde os moradores de certas comunidades tinham sido realocados. Foi perguntando aqui e ali que encontrei pistas de onde eles poderiam estar – fui até a Pedra do Sal procurar ex-moradores que trabalhavam como vendedores ambulantes e visitei diversos conjuntos habitacionais na Zona Oeste, batendo de porta em porta para encontrar aquelas famílias. Sem esse esforço, teria sido impossível ouvir as histórias dessas pessoas, entender como as Olimpíadas tinham afetado a vida delas e provar por A+B que a prefeitura do Rio estava sim colocando em prática um projeto de remoções em massa por toda a cidade.

A milhares de quilômetros do Rio, no estado americano do Texas, mais uma vez experimentei como estabelecer uma conexão com a comunidade que você está cobrindo, seja online ou offline, pode ajudar repórteres a descobrirem as mais perversas violações de direitos humanos.

Era 2017 e o furacão Harvey havia causado uma destruição sem precedentes ao longo da Costa do Golfo. Houston, a quarta maior cidade americana, ficou debaixo d'água e milhares de famílias perderam suas casas. Como repórter do Texas Tribune, eu queria entender se as comunidades afetadas estavam recebendo a ajuda que precisavam, por isso, passei a frequentar reuniões comunitárias e monitorar os grupos de Facebook que reuniam essas pessoas.

Foi num desses grupos que li um post de uma jovem dizendo que a FEMA, a defesa civil americana, tinha suspendido o programa de hospedagem temporária em hotéis, forçando ela e muitos outros a voltar para suas casas destruídas. Continuei investigando a partir daí, e descobri que a agência não tinha critérios claros para suspender as pessoas do programa e que a confusão e a falta de transparência tinham deixado dezenas de pessoas de baixa renda ao Deus-dará. Aquele post poderia ser visto só como um "textão" no Facebook, mas ao prestar atenção e investigar a história por trás dele, eu pude informar o público sobre um problema que nenhum outro veículo havia coberto até então.

Um jornalismo sério, significativo, sensível e correto. Um jornalismo que emerge de diferentes comunidades e experiências. Um jornalismo que revela injustiças, sensibiliza o público e reverbera para além das nossas "bolhas". É esse o resultado que temos quando nós, repórteres, nos dedicamos a ouvir atentamente o público, quando abrimos nossa cabeça para perspectivas diferentes das nossas e quando mergulhamos na realidade em que estamos cobrindo.

Todo mundo sabe que a confiança do público na mídia está abalada. Por isso, repensar a maneira como fazemos reportagem é uma questão de sobrevivência. Acredito que as pessoas que desconfiam do jornalismo hoje só vão voltar a confiar no nosso trabalho quando se se sentirem ouvidas, compreendidas e representadas pela cobertura midiática. Assim, uma das iniciativas fundamentais para restaurar a relação entre os repórteres e o público é estimular uma cultura de participação, colaboração e transparência.

É com essas ideias em mente que assumo o desafio de comandar o Programa de Aliados e fortalecer a relação da Pública com o seu público. Para isso, eu conto com a sua ajuda. Vamos juntos? 

Giulia Afiune é Editora de Audiências da Agência Pública.
Rolou na Pública
Mentiras na CPMI. Na última sexta-feira, publicamos uma entrevista exclusiva com Angelo Coronel, presidente da CPMI das Fake News. À repórter Ethel Rudnitzki, o senador falou sobre o depoimento de Hans River à CPMI na terça-feira da semana passada. Ex-funcionário de uma empresa que distribuía mensagens em massa pelo Whatsapp nas eleições, Hans difamou em seu depoimento a repórter Patrícia Campos Mello, de quem foi fonte em 2018, quando ela escreveu uma matéria sobre distribuição de notícias falsas nas eleições. Na entrevista, republicada por Exame, Ig, Opera Mundi, entre outros, Angelo Coronel diz que vai pedir o indiciamento de Hans River para o Ministério Público.

Investigando a Lava Jato. Nesta semana, publicamos reportagens que são resultado das Microbolsas Lava Jato. A primeira revela que as sentenças dadas por Sérgio Moro na Operação Lava Jato foram mais rápidas antes do impeachment de Dilma Rousseff. A segunda, publicada ontem, mostra como um músico gospel apareceu como contratante do mesmo outdoor pelo qual o procurador Diogo Castor de Mattos é investigado. Também conversamos com os grupos responsáveis pelos outdoors em apoio à Lava Jato em Curitiba.

Reportagem de dados finalista em prêmio. No ano passado, um levantamento do Por trás do Alimento – parceria da Pública com a Repórter Brasil para investigar agrotóxicos – e da Public Eye revelou que um quarto das cidades brasileiras tem um coquetel de 27 agrotóxicos na água. O Mapa da Água fez barulho: foram mais de 300 matérias em jornais locais, cada um repercutindo os dados de sua cidade, pedidos de investigação por Ministérios Públicos Estaduais e até uma audiência pública na Câmara dos Deputados para debater o assunto. Agora, o levantamento é finalista do Sigma Data Awards, um prêmio global de jornalismo de dados! Viva!
Novas dos Aliados
 
Entrevista do mês. Após uma votação apertada, Gilberto Gil foi escolhido para esta edição da Entrevista do Mês. Já estamos entrando em contato com a equipe dele para agendar a entrevista. Muito obrigada a todos e a todas que participaram da votação!
 
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