Mudanças
no Informativo Semanal?
(Ernesto Germano)
Como fazer para continuar mantendo o Informativo
Semanal em tempos de pandemia, quando todos se voltam para acompanhar a
progressão da doença e de sua possível cura?
Nos últimos dias, pensamos no assunto. Há companheiros
que recebem nosso Informativo e continuam precisando das notícias políticas e
econômicas, mas há leitores que desejam mais informes sobre o coronavírus e seu
avanço. E decidimos atender, dentro do possível, aos dois lados. Faremos uma
parte com o mesmo formato de sempre para as notícias e outra parte, em cada
módulo, para comentários e notícias sobre esse problema bem atual.
Em
2020, teremos recessão. O Comitê de
Política Monetária (Copom), optou por mais um corte de 0,5% na taxa básica de
juros, a Selic, levando-a aos 3,75%. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), a Selic abaixo da inflação denota juros reais negativos no país. Com
isso, o dólar chegou a ser cotado a R$ 5,19. Só neste ano, a Bolsa de Valores
teve queda de 42%, acionando, pelo menos, seis circuit breakers (paralisações
temporárias) no mês de março. Especialistas do mercado financeiro indicam que
mesmo com a tentativa de estímulo através do corte, 2020 é um ano perdido do
ponto de vista econômico, o que pode perdurar até 2021, já que o país deve
demorar para se recuperar dos impactos causados pela pandemia do novo
coronavírus.
Fernando Bergallo, diretor de Câmbio da FB Capital, diz
que a medida foi uma tentativa de driblar os impactos desta recessão global, já
que o Banco Central pontuou anteriormente que não faria novos cortes. "Não
tenho dúvidas que o Brasil deve fechar o ano em recessão e o investidor não
está olhando isso, ele está olhando o risco, então o corte não deve impactar o
fluxo cambial", finaliza.
Até
tu, Guedes? Na entrevista em que
mesclava pressão pelas reformas com reconhecimento da incapacidade do governo
em reagir à crise econômica mundial que se desenha, o ministro Paulo Guedes
admitiu que será difícil a economia do Brasil crescer este ano. O “todo
poderoso” ministro do ex-capitão já admite um crescimento abaixo de 0,5%.
O economista José Carlos de Assis contesta. “Sem saber
o que fazer, Guedes apela para as ‘reformas’. Não há nenhuma contribuição
possível que a reforma tributária e a reforma administrativa venham a dar no
sentido de reverter a crise. Tudo é pura empulhação. Mesmo que fosse possível
aplicar as reformas para reduzir a crise, isso não seria possível porque não há
tempo em termos de tramitação das medidas no Congresso, aonde os projetos
sequer chegaram”, analisa.
O fato que temos nas mãos é que os setores financeiros
e alguns analistas já estão falando em crescimento negativo da economia, algo
em torno de 4%.
E o
dinheiro apareceu? Depois de tentar um
golpe de Estado e pensar em agredir o Congresso Nacional, pelo menos uma
parcela do governo do demente descobriu que a crise é muito mais grave do que o
“mito” dizia. E o coronavírus acelerou um pouco esse processo, fazendo o
Planalto, finalmente, liberar alguma verba para a saúde pública. E, pressionado
pelos parlamentares que precisam de verbas para elegerem seus aliados nas
disputas municipais deste ano, o ex-militar não tinha alternativas senão enviar
ao Congresso um pedido para declaração de “estado de calamidade pública”, única
maneira de vencer a barreira criada pelo “tão amado” teto dos gastos públicos,
aprovado pelo “manequim de funerária” que o precedeu.
O dono da Economia nacional, Guedes, confirmou que o
governo distribuirá cupons, no valor médio de R$ 191, a pessoas sem assistência
social e à população que desistiu de procurar emprego. O pagamento será feito
por três meses e totalizará uma despesa de R$ 15 bilhões.
Até aí, tudo bem. O insano se rende à lógica de que é
preciso diminuir um pouco a pressão do laço da forca no nosso pescoço. Mas a
maior maldade de todas vem logo a seguir, pois ele resolveu aproveitar a “treta”
e dar uma ajudinha aos seus amigos banqueiros e grandes financistas. Liberou 15
bilhões de reais para ajudar a população? Mas liberou também 161 bilhões para
salvar o sistema bancário! Na quarta-feira (18), o Banco Central (BC) anunciou
que passará a comprar títulos soberanos do Brasil denominados em dólar (global
bonds) das instituições financeiras nacionais. A operação é com compromisso de
revenda (repo). O estoque desses títulos é de US$ 31 bilhões (R$ 161 bilhões).
Mas
“ele” não abre mão das maldades contra o trabalhador. Em tempos de pandemia, quando todos temem pela própria
saúde e pelas famílias, o demente não desistiu de uma só de suas medidas contra
a classe trabalhadora, e fez os aliados no Congresso aprovarem com mais rapidez
o projeto de maldades que retira direitos históricos e leva trabalhadores à
miséria.
Vamos recordar tudo o que ele já fez e/ou propôs contra
a classe trabalhadora? 1) Imposto para desempregados – o governo vai cobrar
7,5% sobre o seguro-desemprego; 2) Bolsa Patrão – os trabalhadores serão
taxados no seguro-desemprego e terão redução no FGTS, mas os patrões deixarão
de pagar 34% em impostos. Ficarão isentos de contribuir para o INSS, não
precisarão pagar salário educação, tampouco contribuir para o Sistema S (Sesi,
Senai, Senac, Senar, Senat, Sescoop e Sebrae) e para o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra); 3) Ataque ao FGTS do trabalhador – o
percentual de FGTS destinado ao trabalhador da carteira verde e amarela será de
2% - o dos trabalhadores de carteira azul é de 8%; 4) Final de semana -
Sábados, domingos e feriados serão dias normais de trabalho, sem pagamento de
adicionais, o que também significa reduzir os ganhos do trabalhador. O domingo
deixa de ser o dia semanal de descanso remunerado e as folgas só precisarão
cair em um domingo a cada sete semanas; 5) Negociado sobre o legislado - O
princípio do negociado sobre o legislado vai se sobrepor sobre súmulas
trabalhistas e decisões judiciais, ou seja, vai estar acima até mesmo da
interpretação das leis trabalhistas e da Justiça do Trabalho.
Continuem
a trabalhar! Mesmo que já tenham
perdido todos os direitos, o governo do ex-capitão chama os trabalhadores para
manterem-se submissos e felizes pela situação em que se encontram.
Em meio a uma crise econômica e social, causada pelo
novo coronavírus, o secretário especial de Produtividade, Emprego e
Competitividade, Carlos da Costa, afirmou na segunda-feira (16) que a questão
mais importante para o trabalhador informal é a continuidade de oportunidades
para trabalhar.
Segundo os dados mais recentes, a taxa de informalidade
atinge 40,7% da população ocupada, o que representa um contingente de 38,3
milhões de trabalhadores informais no país.
Mais
um problema para nossa economia. O
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) fez o Brasil entrar em uma crise
diplomática com a China, o principal parceiro comercial do país. O filho 03 do
presidente resolveu seguir a linha de Donaldo Trump e culpou o país asiático
pelo coronavírus.
“Mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave
a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e
liberdade seria a solução”, disse o parlamentar ao compartilhar uma publicação
que falava sobre a “culpa” do partido comunista chinês pela pandemia. Eduardo é
presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
O que o demente júnior desconhece é que a China
responde por 18% do PIB do planeta (dados de 2018) e é o destino de 30% das
nossas exportações. E nos fornece 20% dos insumos industrias de que
necessitamos para manter a economia funcionando.
Embaixada
chinesa protesta! Mais uma vez a
família de milicianos se envolveu em uma briga diplomática por meio das redes
sociais. Desta vez, o filho do ex-militar, candidato desprezado a ser
embaixador do Brasil nos EUA, usou uma teoria da conspiração para atribuir ao
Partido Comunista Chinês a pandemia causada pelo coronavírus, na quarta-feira
(18).
Em seu Twitter, ele afirmou que “quem assistiu
Chernobyl vai entender o q ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus
e a ditadura soviética pela chinesa”. E também replicou de um outro perfil a
seguinte mensagem: “A culpa pela pandemia de Coronavírus no mundo tem nome e
sobrenome. É do Partido Comunista Chinês”.
Em resposta, o embaixador da China no Brasil, Yang
Wanming, repudiou “veementemente” a atitude do deputado e exigiu desculpas ao
povo chinês. Ele também afirmou que manifestaria indignação junto ao Ministério
das Relações Exteriores e à Câmara dos Deputados, além de frisar que a atitude
de Eduardo Bolsonaro terá impactos na relação entre os dois países.
Somente em fevereiro de 2020, o Brasil exportou para
4,724 bilhões para a China. O valor representa um aumento 20,9% em comparação
com o mesmo mês em 2019. No ano passado, o Brasil teve um superávit de US$ 27,6
bilhões no comércio com a China, quando exportou US$ 62,7 bilhões ao país, que
é o maior comprador de soja e minério de ferro.
ONU
prevê recessão global! O
secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres,
alertou que uma recessão global é “praticamente certa” em razão da pandemia do
coronavírus. Ele disse que a atual crise global de saúde é “diferente de qualquer
outra num período de 75 anos na história das Nações Unidas”.
E conclamou a realização de uma “resposta global
coordenada” para ajudar os países em desenvolvimento a conterem o alastramento
do vírus".
Guterres acolheu com agrado a decisão tomada pelos líderes
do G20 de realizar uma cúpula de emergência por meio de vídeo, na próxima
semana, para discutir a questão da pandemia.
Ele conclamou os líderes a coordenarem uma resposta em
uma amplitude que deve combinar com a escala da crise.
Coronavírus
pode destruir até 25 milhões de empregos. A pandemia de coronavírus pode desencadear uma crise econômica global,
destruindo até 25 milhões de empregos em todo o mundo se os governos não agirem
rapidamente para proteger os trabalhadores do impacto, informou a Organização
Internacional do Trabalho (OIT) na quarta-feira (18).
“No entanto, se virmos uma resposta coordenada
internacionalmente, como aconteceu na crise financeira global de 2008/9, o
impacto no desemprego global poderá ser significativamente menor”, afirmou a
OIT.
As medidas devem incluir a extensão da proteção social
e apoio à retenção de empregos por meio de jornada reduzida ou licença
remunerada, além de benefícios financeiros e fiscais, inclusive para micro,
pequenas e médias empresas, acrescentou a OIT.
Com base em diferentes cenários para o impacto da
pandemia sobre o crescimento econômico global, o desemprego global estimado
pela OIT aumentaria entre 5,3 milhões (cenário “baixo”) e 24,7 milhões (cenário
“alto”). Em comparação, a crise financeira global de 2008/2009 aumentou o
desemprego global em 22 milhões de pessoas.
Na terça-feira (17), Donald Trump minimizou os avisos
de que a taxa de desemprego no país poderá subir para 20% devido à nova
pandemia de coronavírus, garantindo que isso seria apenas “no pior cenário”.
Segundo relatos da imprensa, o secretário do Tesouro
Steven Mnuchin alertou os senadores republicanos que, sem um programa de
estímulo governamental, a taxa de desemprego poderá chegar a 20%, o dobro do
pico de 10% durante a recessão econômica em 2008. (Reuters)
Estatizar
é uma saída! O governo da Itália
anunciou na terça-feira (17) que prevê, como parte das medidas para enfrentar a
pandemia do novo coronavírus, a nacionalização da companhia aérea Alitalia, que
enfrenta grandes dificuldades financeiras há vários anos.
O conselho de ministros “prevê a constituição de uma
nova empresa totalmente controlada pelo ministério da Economia e das Finanças,
ou controlada por uma empresa com participação pública majoritária.
Seguindo a mesma linha, o ministro francês das
Finanças, Bruno Le Maire, afirmou, também na terça-feira, que o governo está
disposto a recorrer a todos os meios, inclusive nacionalizações, para
“proteger” as empresas ameaçadas pela pandemia de coronavírus. “Não hesitarei
em utilizar todos os meios a meu alcance para proteger as grandes empresas
francesas”, afirmou Le Maire em uma entrevista coletiva por telefone. “Isto
pode ser feito por meio da capitalização ou compra de participações. Inclusive
posso usar o termo nacionalização se for necessário”, completou. (AFP)
Espanha
estatiza hospitais privados. O governo
da Espanha deu permissão para que as autoridades de saúde estatais do país
assumam o controle de hospitais privados para atender e hospitalizar casos de
coronavírus. A decisão, divulgada na tarde de segunda-feira (16), vem após a
Espanha se tornar o segundo país europeu mais afetado pela pandemia do Covid-19,
atrás apenas da Itália.
Segundo disposição do Ministério da Saúde espanhol
comunicada no Diário Oficial, “as autoridades sanitárias competentes [...]
poderão habilitar espaços para uso sanitário em locais públicos ou privados,
que reúnam as condições necessárias para prestar atendimento”.
O ministro da Saúde da Espanha, Salvador Illa,
justificou a medida afirmando que o país precisa ter “todos os meios para
proteger a saúde e o interesse público”.
O governo do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez
ainda determinou que estudantes do quarto ano de medicina e residentes nas
áreas de tratamento intensivo e geriatria tenham seus contratos prorrogados
para serem colocados à disposição do Estado no combate ao coronavírus.
Ainda segundo o Ministério da Saúde espanhol, as
empresas e laboratórios particulares que façam diagnósticos ou produzam
máscaras e outros produtos que possam ser empregados no combate ao coronavírus
têm 48 horas para informar o governo da sua existência e da sua capacidade
produtiva.
Madri ainda determinou que todos os aposentados do
sistema de saúde com menos de 70 anos “deverão estar disponíveis” caso sejam
requisitados a prestar serviços no combate à pandemia.
A
China criou o coronavírus? Não é
apenas o filho do demente brasileiro que fica espalhando essa bobagem e já
ouvimos coisa semelhante até de pessoas comuns no mercado ou no jornaleiro. Mas
é preciso esclarecer, de uma vez por todas, que espalhar essa mentira não ajuda
a resolver o problema.
O novo coronavírus não foi desenvolvido artificialmente
em laboratório, mas surgiu a partir de processos naturais em seres vivos. A
constatação foi feita por pesquisadores da Austrália, Escócia e EUA em um
estudo conjunto publicado pela revista Nature Medicine na última terça-feira
(17).
Os pesquisadores utilizaram o genoma já sequenciado do
novo coronavírus e o compararam com os genomas de outros vírus da mesma família.
Logo após o início da epidemia, pesquisadores chineses conseguiram sequenciar o
genoma do covid-19 e disponibilizaram os dados para cientistas de todo o mundo.
O estudo refuta diversas notícias falsas que circularam
nos últimos dias e acusações feitas por personalidades políticas de que o
governo da China teria criado o novo coronavírus em laboratório.
Os coronavírus são uma grande família de vírus que
podem causar doenças de menor ou maior gravidade, tendo a primeira doença grave
conhecida causada por um coronavírus provocado a epidemia de Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SARS) de 2003 na China.
O segundo surto de uma doença grave começou em 2012 na
Arábia Saudita e a infecção foi denominada de Síndrome Respiratória do Oriente
Médio (MERS). (Matéria em Sputnik)
Soldados
levaram a cólera ao Haiti! Apenas para
lembrar, em um momento de crise como o atual, é bom recontar uma história pouco
conhecida e muito escondida. Em 2010, uma epidemia de cólera no Haiti deixou
oficialmente 10 mil pessoas mortas e contaminou mais de 700 mil. O surto
colérico foi causado por uma disseminação do vibrião no rio Artibonite após a
chegada de uma tropa de soldados da ONU ao país.
A contaminação aconteceu quando os soldados da Missão
das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah), que vinham de um
acampamento em Annapurna, no Nepal, para o Haiti, realizavam uma limpeza em
alguns equipamentos e também em fossas sépticas. No entanto, um vazamento nas
latrinas do acampamento da tropa disseminou o vibrião nas águas haitianas.
Ricardo Seitenfus, ex-representante especial do
secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti, afirmou
que a ação dos soldados da tropa mostra uma “relação de causa e efeito”, entre
a lavagem das fossas, o vazamento das latrinas e contaminação no Haiti.
“Essa é uma história muito triste e que ninguém conta,
ou poucos contam. É uma história que mancha a reputação das Nações Unidas, que
mancha as operações de paz”, disse. Ele afirma que se a ONU tivesse assumido a
responsabilidade, muitas vidas poderiam ter sido salvas. As medidas preventivas
das Nações Unidas deveriam ter sido de emissão de comunicados aos moradores e
controle no manejo das águas que estavam contaminadas. (Matéria em Opera Mundi)
A
história se repete? Ao menos,
aparentemente, aqueles soldados da ONU estavam em uma missão de paz e a
propagação da doença foi um acidente inesperado. Mas, e agora? E os milhares de
soldados estadunidenses que continuam se espalhando pelo mundo podem causar
sabendo que aquele país tem mais de 4 mil pessoas infectadas?
Mais uma vez Washington está “se lixando” para o resto
do mundo. Apesar da situação de crise pela qual a Europa está passando após a
expansão do coronavírus, os EUA mobilizaram 20.000 militares para sua participação,
juntamente com outros 13.000 soldados estadunidenses residentes na Europa e
outros 7.000 militares europeus, no exercício militar transnacional chamado
“Defender Europe 20”. No total, cerca de 40.000 militares - junto com numerosos
civis - eles pretendem fazer manobras entre abril e maio no ponto mais contagioso
do mundo hoje.
Vejamos o absurdo da situação: os 7.000 militares
europeus que participarão dos exercícios são da Itália, da Espanha e da
Alemanha, os três países mais afetados pelo coronavírus na Europa. De fato, foi
o próprio ministro da Defesa alemão, Joachim Herrmann, que, um a um, recebeu os
primeiros militares dos EUA no dia 3 de março, em Nuremberg.
Destaque-se que Europa, diferentemente da China, se
mostrou incapaz de controlar a pandemia!
Nem
Trump nega o perigo interno! Parece
que o nosso ex-militar aposentado por problemas mentais é o único dirigente
mundial que continua negando a gravidade da situação e dizendo que o
coronavírus não passa de uma “gripezinha”.
Donald Trump, presidente estadunidense, afirmou na
segunda-feira (16) que a pandemia do coronavírus pode durar meses e que o país
pode caminhar para uma recessão. “[A pandemia do coronavírus] pode durar até
julho, agosto ou talvez até mais tarde”, disse em coletiva de imprensa na Casa
Branca.
Ele afirmou ainda que a economia dos EUA Unidos pode
estar caminhando para uma recessão devido à pandemia do coronavírus. Durante a
coletiva, ele descartou, por enquanto, medidas como uma quarentena nacional
para restringir a circulação das pessoas em todas as cidades do país. O
republicano, no entanto, pediu para todos os cidadãos evitarem sair de casa e
se reunir com mais de 10 pessoas.
“Meu governo recomenda que todos os estadunidenses,
incluindo os mais jovens e os mais saudáveis, evitem se reunir em grupos de
mais de 10 pessoas", explicou.
O mais recente balanço dos EUA sobre o número de casos
aponta que 4 mil pessoas estão infectadas e 70 mortes. (Agência Ansa).
Perversidade
sem limites! Atílio Boron é um
sociólogo argentino muito atual e que acompanha atentamente o desenvolvimento e
as ações do neoliberalismo contra as populações mundiais. Em matéria recente,
publicada no site “Rebelión”, ele fala da política estadunidense diante da
crise no planeta causada pelo vírus que se espalha. Escreve ele, em no início
do artigo:
“A situação dos últimos dias nos oferece um exemplo de
perversidade raramente vista: em meio a uma pandemia global, a maior
superpotência do planeta persiste na aplicação de uma política de bloqueio e sanções
econômicas contra países e impede ou dificulta muito, acessar os medicamentos
necessários para se defender da ameaça mortal do coronavírus”.
Em uma brilhante reflexão ele lembra que “Ao longo dos
séculos e milênios, abundam exemplos em todas as latitudes. Nenhuma sociedade
foi poupada do mal e do sofrimento que causa”.
Ao fim do artigo, uma verdade crua e dolorosa:
“Ninguém, absolutamente ninguém, jogou bombas atômicas em duas cidades
indefesas do Japão. Ninguém submeteu outro povo a um bloqueio de sessenta anos
ou a sanções econômicas destinadas a infligir o mal a uma comunidade. No
contexto de uma pandemia como a atual, um mínimo de sentimento humanitário
deveria ter levado a liderança dos EUA - e não apenas Trump - a declarar a
suspensão temporária do bloqueio e das sanções contra Cuba e Venezuela”. E
conclui: “Oscar Wilde estava certo quando, há pouco mais de um século, disse
que ‘os Estados Unidos são o único país que passou da barbárie à decadência sem
passar pela civilização’”.
Quando
os problemas vão se somando... Para os
que gostam de fazer previsões sobre o fim dos tempos, o prato está quase
completo. Conheço algumas pessoas que se dizem de esquerda e que passaram os a
vida prevendo a crise final do capitalismo “para a semana que vem”. Bem, para
esses, creio as parcelas da operação matemática estão quase completas e já
podem ser somadas. Mas sempre procuramos, aqui no Informativo, ser um pouco
mais ponderados, ou, como gostamos de dizer, um pouco mais dialéticos!
Mas os fatos estão aí, diante de nós. O fenômeno do
coronavírus + a guerra comercial entre os EUA e a China + o aumento da produção
de petróleo dos EUA (revolução do xisto) pode ter como resultado algo de
inesperado.
Só para lembrar, porque já tratamos disso no
Informativo anterior, na semana passada houve uma reunião entre países membros
da OPEP e aliados não membros, liderados pela Rússia, para reduzir a produção e
manter os preços. O encontro terminou sem acordo e o resultado foi uma queda no
preço do petróleo.
Para piorar, tentando fazer frente à Rússia, Arábia
Saudita e os Emirados Árabes Unidos propõem aumentar a produção de petróleo em
3,5%, o que diminui ainda mais o preço e agrava a crise no setor. Por outro
lado, a revolução do xisto com altos níveis de endividamento, como no caso dos
EUA, coloca esse país em desvantagem em comparação à estratégia da Arábia
Saudita.
O prato está na mesa e os ingredientes estão à
disposição. Mas, e a crise final do capitalismo?
Uma
avaliação pessoal. “Há pessoas que
teimam em não levar em consideração a realidade. Mas, em compensação, a
realidade também não as leva em consideração” escreveu o grande filósofo
alemão, Karl Marx, durante um dos seus muitos debates.
No presente número do Informativo tentamos mostrar a
situação e a crise em nosso país, o confronto entre o Executivo e o
Legislativo, o caos econômico provocado não só pelo coronavírus, mas,
principalmente, pelas trágicas políticas impostas pelo insano e seu “guru”
econômico. Sim, beiramos o risco de um “golpe de Estado” comandado por um
ex-capitão.
Por outro lado, vemos a América Latina e a Europa
afundando em uma crise político-econômica sem saberem o que fazer com o vírus
que se espalha e a chamada “bolha econômica” que se amplia. Mesmo o todo
poderoso Trump se assustou e mandou o seu Banco Central fazer uma ajuda urgente
ao setor financeiro. E o petróleo, que sempre tirou o sono de muita gente,
volta a assustar o planeta.
Durante a semana li um interessante artigo em um site
espanhol perguntando se o coronavírus tinha chegado para “enterrar” o
capitalismo ou se apenas “abria as portas”. Acredito que nem uma coisa e nem
outra. Mas que devemos refletir sobre isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário