domingo, 22 de março de 2020

INFORMATIVO SEMANAL DO PROF. ERNESTO GERMANO PARES






Mudanças no Informativo Semanal?
(Ernesto Germano)
Como fazer para continuar mantendo o Informativo Semanal em tempos de pandemia, quando todos se voltam para acompanhar a progressão da doença e de sua possível cura?
Nos últimos dias, pensamos no assunto. Há companheiros que recebem nosso Informativo e continuam precisando das notícias políticas e econômicas, mas há leitores que desejam mais informes sobre o coronavírus e seu avanço. E decidimos atender, dentro do possível, aos dois lados. Faremos uma parte com o mesmo formato de sempre para as notícias e outra parte, em cada módulo, para comentários e notícias sobre esse problema bem atual.
Em 2020, teremos recessão. O Comitê de Política Monetária (Copom), optou por mais um corte de 0,5% na taxa básica de juros, a Selic, levando-a aos 3,75%. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a Selic abaixo da inflação denota juros reais negativos no país. Com isso, o dólar chegou a ser cotado a R$ 5,19. Só neste ano, a Bolsa de Valores teve queda de 42%, acionando, pelo menos, seis circuit breakers (paralisações temporárias) no mês de março. Especialistas do mercado financeiro indicam que mesmo com a tentativa de estímulo através do corte, 2020 é um ano perdido do ponto de vista econômico, o que pode perdurar até 2021, já que o país deve demorar para se recuperar dos impactos causados pela pandemia do novo coronavírus.
Fernando Bergallo, diretor de Câmbio da FB Capital, diz que a medida foi uma tentativa de driblar os impactos desta recessão global, já que o Banco Central pontuou anteriormente que não faria novos cortes. "Não tenho dúvidas que o Brasil deve fechar o ano em recessão e o investidor não está olhando isso, ele está olhando o risco, então o corte não deve impactar o fluxo cambial", finaliza.
Até tu, Guedes? Na entrevista em que mesclava pressão pelas reformas com reconhecimento da incapacidade do governo em reagir à crise econômica mundial que se desenha, o ministro Paulo Guedes admitiu que será difícil a economia do Brasil crescer este ano. O “todo poderoso” ministro do ex-capitão já admite um crescimento abaixo de 0,5%.
O economista José Carlos de Assis contesta. “Sem saber o que fazer, Guedes apela para as ‘reformas’. Não há nenhuma contribuição possível que a reforma tributária e a reforma administrativa venham a dar no sentido de reverter a crise. Tudo é pura empulhação. Mesmo que fosse possível aplicar as reformas para reduzir a crise, isso não seria possível porque não há tempo em termos de tramitação das medidas no Congresso, aonde os projetos sequer chegaram”, analisa.
O fato que temos nas mãos é que os setores financeiros e alguns analistas já estão falando em crescimento negativo da economia, algo em torno de 4%.
E o dinheiro apareceu? Depois de tentar um golpe de Estado e pensar em agredir o Congresso Nacional, pelo menos uma parcela do governo do demente descobriu que a crise é muito mais grave do que o “mito” dizia. E o coronavírus acelerou um pouco esse processo, fazendo o Planalto, finalmente, liberar alguma verba para a saúde pública. E, pressionado pelos parlamentares que precisam de verbas para elegerem seus aliados nas disputas municipais deste ano, o ex-militar não tinha alternativas senão enviar ao Congresso um pedido para declaração de “estado de calamidade pública”, única maneira de vencer a barreira criada pelo “tão amado” teto dos gastos públicos, aprovado pelo “manequim de funerária” que o precedeu.
O dono da Economia nacional, Guedes, confirmou que o governo distribuirá cupons, no valor médio de R$ 191, a pessoas sem assistência social e à população que desistiu de procurar emprego. O pagamento será feito por três meses e totalizará uma despesa de R$ 15 bilhões.
Até aí, tudo bem. O insano se rende à lógica de que é preciso diminuir um pouco a pressão do laço da forca no nosso pescoço. Mas a maior maldade de todas vem logo a seguir, pois ele resolveu aproveitar a “treta” e dar uma ajudinha aos seus amigos banqueiros e grandes financistas. Liberou 15 bilhões de reais para ajudar a população? Mas liberou também 161 bilhões para salvar o sistema bancário! Na quarta-feira (18), o Banco Central (BC) anunciou que passará a comprar títulos soberanos do Brasil denominados em dólar (global bonds) das instituições financeiras nacionais. A operação é com compromisso de revenda (repo). O estoque desses títulos é de US$ 31 bilhões (R$ 161 bilhões).
Mas “ele” não abre mão das maldades contra o trabalhador. Em tempos de pandemia, quando todos temem pela própria saúde e pelas famílias, o demente não desistiu de uma só de suas medidas contra a classe trabalhadora, e fez os aliados no Congresso aprovarem com mais rapidez o projeto de maldades que retira direitos históricos e leva trabalhadores à miséria.
Vamos recordar tudo o que ele já fez e/ou propôs contra a classe trabalhadora? 1) Imposto para desempregados – o governo vai cobrar 7,5% sobre o seguro-desemprego; 2) Bolsa Patrão – os trabalhadores serão taxados no seguro-desemprego e terão redução no FGTS, mas os patrões deixarão de pagar 34% em impostos. Ficarão isentos de contribuir para o INSS, não precisarão pagar salário educação, tampouco contribuir para o Sistema S (Sesi, Senai, Senac, Senar, Senat, Sescoop e Sebrae) e para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra); 3) Ataque ao FGTS do trabalhador – o percentual de FGTS destinado ao trabalhador da carteira verde e amarela será de 2% - o dos trabalhadores de carteira azul é de 8%; 4) Final de semana - Sábados, domingos e feriados serão dias normais de trabalho, sem pagamento de adicionais, o que também significa reduzir os ganhos do trabalhador. O domingo deixa de ser o dia semanal de descanso remunerado e as folgas só precisarão cair em um domingo a cada sete semanas; 5) Negociado sobre o legislado - O princípio do negociado sobre o legislado vai se sobrepor sobre súmulas trabalhistas e decisões judiciais, ou seja, vai estar acima até mesmo da interpretação das leis trabalhistas e da Justiça do Trabalho.
Continuem a trabalhar! Mesmo que já tenham perdido todos os direitos, o governo do ex-capitão chama os trabalhadores para manterem-se submissos e felizes pela situação em que se encontram.
Em meio a uma crise econômica e social, causada pelo novo coronavírus, o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos da Costa, afirmou na segunda-feira (16) que a questão mais importante para o trabalhador informal é a continuidade de oportunidades para trabalhar.
Segundo os dados mais recentes, a taxa de informalidade atinge 40,7% da população ocupada, o que representa um contingente de 38,3 milhões de trabalhadores informais no país.
Mais um problema para nossa economia. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) fez o Brasil entrar em uma crise diplomática com a China, o principal parceiro comercial do país. O filho 03 do presidente resolveu seguir a linha de Donaldo Trump e culpou o país asiático pelo coronavírus.
“Mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução”, disse o parlamentar ao compartilhar uma publicação que falava sobre a “culpa” do partido comunista chinês pela pandemia. Eduardo é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
O que o demente júnior desconhece é que a China responde por 18% do PIB do planeta (dados de 2018) e é o destino de 30% das nossas exportações. E nos fornece 20% dos insumos industrias de que necessitamos para manter a economia funcionando.
Embaixada chinesa protesta! Mais uma vez a família de milicianos se envolveu em uma briga diplomática por meio das redes sociais. Desta vez, o filho do ex-militar, candidato desprezado a ser embaixador do Brasil nos EUA, usou uma teoria da conspiração para atribuir ao Partido Comunista Chinês a pandemia causada pelo coronavírus, na quarta-feira (18).
Em seu Twitter, ele afirmou que “quem assistiu Chernobyl vai entender o q ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa”. E também replicou de um outro perfil a seguinte mensagem: “A culpa pela pandemia de Coronavírus no mundo tem nome e sobrenome. É do Partido Comunista Chinês”.
Em resposta, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, repudiou “veementemente” a atitude do deputado e exigiu desculpas ao povo chinês. Ele também afirmou que manifestaria indignação junto ao Ministério das Relações Exteriores e à Câmara dos Deputados, além de frisar que a atitude de Eduardo Bolsonaro terá impactos na relação entre os dois países.
Somente em fevereiro de 2020, o Brasil exportou para 4,724 bilhões para a China. O valor representa um aumento 20,9% em comparação com o mesmo mês em 2019. No ano passado, o Brasil teve um superávit de US$ 27,6 bilhões no comércio com a China, quando exportou US$ 62,7 bilhões ao país, que é o maior comprador de soja e minério de ferro.
ONU prevê recessão global! O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou que uma recessão global é “praticamente certa” em razão da pandemia do coronavírus. Ele disse que a atual crise global de saúde é “diferente de qualquer outra num período de 75 anos na história das Nações Unidas”.
E conclamou a realização de uma “resposta global coordenada” para ajudar os países em desenvolvimento a conterem o alastramento do vírus".
Guterres acolheu com agrado a decisão tomada pelos líderes do G20 de realizar uma cúpula de emergência por meio de vídeo, na próxima semana, para discutir a questão da pandemia.
Ele conclamou os líderes a coordenarem uma resposta em uma amplitude que deve combinar com a escala da crise.
Coronavírus pode destruir até 25 milhões de empregos. A pandemia de coronavírus pode desencadear uma crise econômica global, destruindo até 25 milhões de empregos em todo o mundo se os governos não agirem rapidamente para proteger os trabalhadores do impacto, informou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) na quarta-feira (18).
“No entanto, se virmos uma resposta coordenada internacionalmente, como aconteceu na crise financeira global de 2008/9, o impacto no desemprego global poderá ser significativamente menor”, afirmou a OIT.
As medidas devem incluir a extensão da proteção social e apoio à retenção de empregos por meio de jornada reduzida ou licença remunerada, além de benefícios financeiros e fiscais, inclusive para micro, pequenas e médias empresas, acrescentou a OIT.
Com base em diferentes cenários para o impacto da pandemia sobre o crescimento econômico global, o desemprego global estimado pela OIT aumentaria entre 5,3 milhões (cenário “baixo”) e 24,7 milhões (cenário “alto”). Em comparação, a crise financeira global de 2008/2009 aumentou o desemprego global em 22 milhões de pessoas.
Na terça-feira (17), Donald Trump minimizou os avisos de que a taxa de desemprego no país poderá subir para 20% devido à nova pandemia de coronavírus, garantindo que isso seria apenas “no pior cenário”.
Segundo relatos da imprensa, o secretário do Tesouro Steven Mnuchin alertou os senadores republicanos que, sem um programa de estímulo governamental, a taxa de desemprego poderá chegar a 20%, o dobro do pico de 10% durante a recessão econômica em 2008. (Reuters)
Estatizar é uma saída! O governo da Itália anunciou na terça-feira (17) que prevê, como parte das medidas para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, a nacionalização da companhia aérea Alitalia, que enfrenta grandes dificuldades financeiras há vários anos.
O conselho de ministros “prevê a constituição de uma nova empresa totalmente controlada pelo ministério da Economia e das Finanças, ou controlada por uma empresa com participação pública majoritária.
Seguindo a mesma linha, o ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, afirmou, também na terça-feira, que o governo está disposto a recorrer a todos os meios, inclusive nacionalizações, para “proteger” as empresas ameaçadas pela pandemia de coronavírus. “Não hesitarei em utilizar todos os meios a meu alcance para proteger as grandes empresas francesas”, afirmou Le Maire em uma entrevista coletiva por telefone. “Isto pode ser feito por meio da capitalização ou compra de participações. Inclusive posso usar o termo nacionalização se for necessário”, completou. (AFP)
Espanha estatiza hospitais privados. O governo da Espanha deu permissão para que as autoridades de saúde estatais do país assumam o controle de hospitais privados para atender e hospitalizar casos de coronavírus. A decisão, divulgada na tarde de segunda-feira (16), vem após a Espanha se tornar o segundo país europeu mais afetado pela pandemia do Covid-19, atrás apenas da Itália.
Segundo disposição do Ministério da Saúde espanhol comunicada no Diário Oficial, “as autoridades sanitárias competentes [...] poderão habilitar espaços para uso sanitário em locais públicos ou privados, que reúnam as condições necessárias para prestar atendimento”.
O ministro da Saúde da Espanha, Salvador Illa, justificou a medida afirmando que o país precisa ter “todos os meios para proteger a saúde e o interesse público”.
O governo do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez ainda determinou que estudantes do quarto ano de medicina e residentes nas áreas de tratamento intensivo e geriatria tenham seus contratos prorrogados para serem colocados à disposição do Estado no combate ao coronavírus.
Ainda segundo o Ministério da Saúde espanhol, as empresas e laboratórios particulares que façam diagnósticos ou produzam máscaras e outros produtos que possam ser empregados no combate ao coronavírus têm 48 horas para informar o governo da sua existência e da sua capacidade produtiva.
Madri ainda determinou que todos os aposentados do sistema de saúde com menos de 70 anos “deverão estar disponíveis” caso sejam requisitados a prestar serviços no combate à pandemia.
A China criou o coronavírus? Não é apenas o filho do demente brasileiro que fica espalhando essa bobagem e já ouvimos coisa semelhante até de pessoas comuns no mercado ou no jornaleiro. Mas é preciso esclarecer, de uma vez por todas, que espalhar essa mentira não ajuda a resolver o problema.
O novo coronavírus não foi desenvolvido artificialmente em laboratório, mas surgiu a partir de processos naturais em seres vivos. A constatação foi feita por pesquisadores da Austrália, Escócia e EUA em um estudo conjunto publicado pela revista Nature Medicine na última terça-feira (17).
Os pesquisadores utilizaram o genoma já sequenciado do novo coronavírus e o compararam com os genomas de outros vírus da mesma família. Logo após o início da epidemia, pesquisadores chineses conseguiram sequenciar o genoma do covid-19 e disponibilizaram os dados para cientistas de todo o mundo.
O estudo refuta diversas notícias falsas que circularam nos últimos dias e acusações feitas por personalidades políticas de que o governo da China teria criado o novo coronavírus em laboratório.
Os coronavírus são uma grande família de vírus que podem causar doenças de menor ou maior gravidade, tendo a primeira doença grave conhecida causada por um coronavírus provocado a epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) de 2003 na China.
O segundo surto de uma doença grave começou em 2012 na Arábia Saudita e a infecção foi denominada de Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS). (Matéria em Sputnik)
Soldados levaram a cólera ao Haiti! Apenas para lembrar, em um momento de crise como o atual, é bom recontar uma história pouco conhecida e muito escondida. Em 2010, uma epidemia de cólera no Haiti deixou oficialmente 10 mil pessoas mortas e contaminou mais de 700 mil. O surto colérico foi causado por uma disseminação do vibrião no rio Artibonite após a chegada de uma tropa de soldados da ONU ao país.
A contaminação aconteceu quando os soldados da Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah), que vinham de um acampamento em Annapurna, no Nepal, para o Haiti, realizavam uma limpeza em alguns equipamentos e também em fossas sépticas. No entanto, um vazamento nas latrinas do acampamento da tropa disseminou o vibrião nas águas haitianas.
Ricardo Seitenfus, ex-representante especial do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti, afirmou que a ação dos soldados da tropa mostra uma “relação de causa e efeito”, entre a lavagem das fossas, o vazamento das latrinas e contaminação no Haiti.
“Essa é uma história muito triste e que ninguém conta, ou poucos contam. É uma história que mancha a reputação das Nações Unidas, que mancha as operações de paz”, disse. Ele afirma que se a ONU tivesse assumido a responsabilidade, muitas vidas poderiam ter sido salvas. As medidas preventivas das Nações Unidas deveriam ter sido de emissão de comunicados aos moradores e controle no manejo das águas que estavam contaminadas. (Matéria em Opera Mundi)
A história se repete? Ao menos, aparentemente, aqueles soldados da ONU estavam em uma missão de paz e a propagação da doença foi um acidente inesperado. Mas, e agora? E os milhares de soldados estadunidenses que continuam se espalhando pelo mundo podem causar sabendo que aquele país tem mais de 4 mil pessoas infectadas?
Mais uma vez Washington está “se lixando” para o resto do mundo. Apesar da situação de crise pela qual a Europa está passando após a expansão do coronavírus, os EUA mobilizaram 20.000 militares para sua participação, juntamente com outros 13.000 soldados estadunidenses residentes na Europa e outros 7.000 militares europeus, no exercício militar transnacional chamado “Defender Europe 20”. No total, cerca de 40.000 militares - junto com numerosos civis - eles pretendem fazer manobras entre abril e maio no ponto mais contagioso do mundo hoje.
Vejamos o absurdo da situação: os 7.000 militares europeus que participarão dos exercícios são da Itália, da Espanha e da Alemanha, os três países mais afetados pelo coronavírus na Europa. De fato, foi o próprio ministro da Defesa alemão, Joachim Herrmann, que, um a um, recebeu os primeiros militares dos EUA no dia 3 de março, em Nuremberg.
Destaque-se que Europa, diferentemente da China, se mostrou incapaz de controlar a pandemia!
Nem Trump nega o perigo interno! Parece que o nosso ex-militar aposentado por problemas mentais é o único dirigente mundial que continua negando a gravidade da situação e dizendo que o coronavírus não passa de uma “gripezinha”.
Donald Trump, presidente estadunidense, afirmou na segunda-feira (16) que a pandemia do coronavírus pode durar meses e que o país pode caminhar para uma recessão. “[A pandemia do coronavírus] pode durar até julho, agosto ou talvez até mais tarde”, disse em coletiva de imprensa na Casa Branca.
Ele afirmou ainda que a economia dos EUA Unidos pode estar caminhando para uma recessão devido à pandemia do coronavírus. Durante a coletiva, ele descartou, por enquanto, medidas como uma quarentena nacional para restringir a circulação das pessoas em todas as cidades do país. O republicano, no entanto, pediu para todos os cidadãos evitarem sair de casa e se reunir com mais de 10 pessoas.
“Meu governo recomenda que todos os estadunidenses, incluindo os mais jovens e os mais saudáveis, evitem se reunir em grupos de mais de 10 pessoas", explicou.
O mais recente balanço dos EUA sobre o número de casos aponta que 4 mil pessoas estão infectadas e 70 mortes. (Agência Ansa).
Perversidade sem limites! Atílio Boron é um sociólogo argentino muito atual e que acompanha atentamente o desenvolvimento e as ações do neoliberalismo contra as populações mundiais. Em matéria recente, publicada no site “Rebelión”, ele fala da política estadunidense diante da crise no planeta causada pelo vírus que se espalha. Escreve ele, em no início do artigo:
“A situação dos últimos dias nos oferece um exemplo de perversidade raramente vista: em meio a uma pandemia global, a maior superpotência do planeta persiste na aplicação de uma política de bloqueio e sanções econômicas contra países e impede ou dificulta muito, acessar os medicamentos necessários para se defender da ameaça mortal do coronavírus”.
Em uma brilhante reflexão ele lembra que “Ao longo dos séculos e milênios, abundam exemplos em todas as latitudes. Nenhuma sociedade foi poupada do mal e do sofrimento que causa”.
Ao fim do artigo, uma verdade crua e dolorosa: “Ninguém, absolutamente ninguém, jogou bombas atômicas em duas cidades indefesas do Japão. Ninguém submeteu outro povo a um bloqueio de sessenta anos ou a sanções econômicas destinadas a infligir o mal a uma comunidade. No contexto de uma pandemia como a atual, um mínimo de sentimento humanitário deveria ter levado a liderança dos EUA - e não apenas Trump - a declarar a suspensão temporária do bloqueio e das sanções contra Cuba e Venezuela”. E conclui: “Oscar Wilde estava certo quando, há pouco mais de um século, disse que ‘os Estados Unidos são o único país que passou da barbárie à decadência sem passar pela civilização’”.
Quando os problemas vão se somando... Para os que gostam de fazer previsões sobre o fim dos tempos, o prato está quase completo. Conheço algumas pessoas que se dizem de esquerda e que passaram os a vida prevendo a crise final do capitalismo “para a semana que vem”. Bem, para esses, creio as parcelas da operação matemática estão quase completas e já podem ser somadas. Mas sempre procuramos, aqui no Informativo, ser um pouco mais ponderados, ou, como gostamos de dizer, um pouco mais dialéticos!
Mas os fatos estão aí, diante de nós. O fenômeno do coronavírus + a guerra comercial entre os EUA e a China + o aumento da produção de petróleo dos EUA (revolução do xisto) pode ter como resultado algo de inesperado.
Só para lembrar, porque já tratamos disso no Informativo anterior, na semana passada houve uma reunião entre países membros da OPEP e aliados não membros, liderados pela Rússia, para reduzir a produção e manter os preços. O encontro terminou sem acordo e o resultado foi uma queda no preço do petróleo.
Para piorar, tentando fazer frente à Rússia, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos propõem aumentar a produção de petróleo em 3,5%, o que diminui ainda mais o preço e agrava a crise no setor. Por outro lado, a revolução do xisto com altos níveis de endividamento, como no caso dos EUA, coloca esse país em desvantagem em comparação à estratégia da Arábia Saudita.
O prato está na mesa e os ingredientes estão à disposição. Mas, e a crise final do capitalismo?
Uma avaliação pessoal. “Há pessoas que teimam em não levar em consideração a realidade. Mas, em compensação, a realidade também não as leva em consideração” escreveu o grande filósofo alemão, Karl Marx, durante um dos seus muitos debates. 
No presente número do Informativo tentamos mostrar a situação e a crise em nosso país, o confronto entre o Executivo e o Legislativo, o caos econômico provocado não só pelo coronavírus, mas, principalmente, pelas trágicas políticas impostas pelo insano e seu “guru” econômico. Sim, beiramos o risco de um “golpe de Estado” comandado por um ex-capitão.
Por outro lado, vemos a América Latina e a Europa afundando em uma crise político-econômica sem saberem o que fazer com o vírus que se espalha e a chamada “bolha econômica” que se amplia. Mesmo o todo poderoso Trump se assustou e mandou o seu Banco Central fazer uma ajuda urgente ao setor financeiro. E o petróleo, que sempre tirou o sono de muita gente, volta a assustar o planeta.
Durante a semana li um interessante artigo em um site espanhol perguntando se o coronavírus tinha chegado para “enterrar” o capitalismo ou se apenas “abria as portas”. Acredito que nem uma coisa e nem outra. Mas que devemos refletir sobre isso.

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