Inominável
25/03/2020 14:37
Após o pronunciamento do presidente da República nessa última segunda-feira, 24 de março, suas intenções ficaram mais claras. Não se trata apenas de uma pessoa irresponsável, com discursos extremistas e inconsequentes. Não é apenas um atentado contra as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), tampouco é uma simples fala em oposição a carta da Organização das Nações Unidas (ONU), endereçada a ele mesmo e ao G-20, que define a pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) como risco de ser “apocalíptica”.
Seus objetivos, antes subentendidos, agora, estão cada vez mais clarificados, à luz da escuridão de suas palavras. Na verdade, a linguagem, mesmo quando não queremos, em sua estrutura discursiva, denuncia nossos desejos mais sub-reptícios. Ela nos atravessa e quando sai de nossos lábios, por vezes nos entrega.
A Itália, citada por ele como tendo um clima totalmente diferente do nosso, teve uma atitude de pouco caso, quando os primeiros casos surgiram. Hoje, vemos o resultado: centenas de mortos todos os dias. O Brasil é um país continental, o que pode tornar nossa situação em relação ao Covid-19 ainda pior que a da Itália, Espanha e outras economias desenvolvidas. Não temos uma rede de saúde pública sequer comparável à destes países. Temos cidades localizadas em grotões, com pouco ou nenhum aparato tecnológico para enfrentar doenças consideradas triviais, tampouco um vírus da magnitude do Covid-19. Temos regiões com climas diversos: isso significa dizer que certas regiões podem ser mais assoladas pela pandemia. Itália, Espanha e outros países da Europa não têm favelas, onde não há saneamento básico. No Brasil, mais de 35 milhões de pessoas não acessam água tratada, ou seja, não têm como sequer lavar as mãos.
Todavia, voltemos às intenções do presidente. Empossado, tratou de brigar com diversos meios de comunicação e com governadores. Persegue as minorias sociais e conduz seu (des)governo com medidas antipovo. Conclamou manifestações a seu favor, as quais reivindicaram o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Nessa perspectiva, a conclusão lógica sobre os intentos daquele que, apesar de citar Deus em seu pronunciamento, se apresenta como O Adversário de Nossas Almas, é incentivar a população a voltar às ruas. Com isso, as mortes aumentariam exponencialmente e ele poderia, ante o pânico generalizado, decretar Estado de Sítio. E nessa atmosfera, um autogolpe seria apenas um pequeno passo.
São inomináveis suas intenções. Mas, a partir do seu discurso, as palavras escorreram pela sua boca, decretando seus desejos secretos. Ele anseia por uma nova ditadura. Só não esperava encontrar o STF e o Congresso Nacional que aí estão, os quais longe de serem os melhores, impedem algumas das suas irracionais medidas.
Ele é Inominável, título da bela canção de Alvaro Gribel. Sugiro que ouçam. Nesse momento de loucuras e imbecilidades, liberta a alma. Fortalece nossos espíritos e nos dá esperança em ver o dia da sua derrocada, que virá. E não demora!
Armando Januário dos Santos: Mestrando em Psicologia. Psicólogo. Especialista em Psicanálise. Sexólogo. Graduado em Letras com Inglês. Instagram: @januario.1982 | Facebook: https://www.facebook.com/armando.januario
Seus objetivos, antes subentendidos, agora, estão cada vez mais clarificados, à luz da escuridão de suas palavras. Na verdade, a linguagem, mesmo quando não queremos, em sua estrutura discursiva, denuncia nossos desejos mais sub-reptícios. Ela nos atravessa e quando sai de nossos lábios, por vezes nos entrega.
A Itália, citada por ele como tendo um clima totalmente diferente do nosso, teve uma atitude de pouco caso, quando os primeiros casos surgiram. Hoje, vemos o resultado: centenas de mortos todos os dias. O Brasil é um país continental, o que pode tornar nossa situação em relação ao Covid-19 ainda pior que a da Itália, Espanha e outras economias desenvolvidas. Não temos uma rede de saúde pública sequer comparável à destes países. Temos cidades localizadas em grotões, com pouco ou nenhum aparato tecnológico para enfrentar doenças consideradas triviais, tampouco um vírus da magnitude do Covid-19. Temos regiões com climas diversos: isso significa dizer que certas regiões podem ser mais assoladas pela pandemia. Itália, Espanha e outros países da Europa não têm favelas, onde não há saneamento básico. No Brasil, mais de 35 milhões de pessoas não acessam água tratada, ou seja, não têm como sequer lavar as mãos.
Todavia, voltemos às intenções do presidente. Empossado, tratou de brigar com diversos meios de comunicação e com governadores. Persegue as minorias sociais e conduz seu (des)governo com medidas antipovo. Conclamou manifestações a seu favor, as quais reivindicaram o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Nessa perspectiva, a conclusão lógica sobre os intentos daquele que, apesar de citar Deus em seu pronunciamento, se apresenta como O Adversário de Nossas Almas, é incentivar a população a voltar às ruas. Com isso, as mortes aumentariam exponencialmente e ele poderia, ante o pânico generalizado, decretar Estado de Sítio. E nessa atmosfera, um autogolpe seria apenas um pequeno passo.
São inomináveis suas intenções. Mas, a partir do seu discurso, as palavras escorreram pela sua boca, decretando seus desejos secretos. Ele anseia por uma nova ditadura. Só não esperava encontrar o STF e o Congresso Nacional que aí estão, os quais longe de serem os melhores, impedem algumas das suas irracionais medidas.
Ele é Inominável, título da bela canção de Alvaro Gribel. Sugiro que ouçam. Nesse momento de loucuras e imbecilidades, liberta a alma. Fortalece nossos espíritos e nos dá esperança em ver o dia da sua derrocada, que virá. E não demora!
Armando Januário dos Santos: Mestrando em Psicologia. Psicólogo. Especialista em Psicanálise. Sexólogo. Graduado em Letras com Inglês. Instagram: @januario.1982 | Facebook: https://www.facebook.com/armando.januario
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