quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Bolsonaro na ONU fez do Brasil um anão diplomático amarrado ao destino de Trump

 

Bolsonaro na ONU fez do Brasil um anão diplomático amarrado ao destino de Trump

"É um Brasil que se apequena no plano externo", diz o professor de relações internacionais da Unesp Alexandre Fuccille. "Uma das mais tristes páginas da história da política externa brasileira"

Presidente da República Jair Bolsonaro, durante gravação de discurso para a 75ª Assembleia Geral da ONU. 22 de setembro de 2020
Presidente da República Jair Bolsonaro, durante gravação de discurso para a 75ª Assembleia Geral da ONU. 22 de setembro de 2020 (Foto: Marcos Corrêa/PR)
Siga o Brasil 247 no Google News Assine a Newsletter 247

Sputnik – O discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na 75ª edição da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) faz o Brasil encolher na arena internacional e amarra o futuro do país ao destino político do presidente dos Estados Unidos, avalia especialista.

PUBLICIDADE

Em pronunciamento gravado, o Brasil voltou a abrir os trabalhos da Assembleia Geral. Com a pandemia de COVID-19, a importante reunião da diplomacia mundial está sendo realizada de maneira remota em 2020. Em sua fala, Bolsonaro defendeu sua gestão da pandemia, alegou a existência de uma suposta campanha de desinformação no campo ambiental, atacou a Venezuela e afagou os Estados Unidos. 

"Olhando retrospectivamente, e não me refiro apenas aos últimos anos, o período de Michel Temer, o período dos governos petistas ou mesmo o governo do presidente FHC, digamos que é um Brasil que se apequena no plano externo", diz à Sputnik Brasil o professor de relações internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Alexandre Fuccille. "Estamos assistindo a uma das mais tristes páginas da história da política externa brasileira e sem, digamos, qualquer perspectiva de alteração ou reversão no curto prazo."

O analista acredita que o discurso de Bolsonaro foi voltado para o público doméstico, de modo que o país perdeu a chance de participar do debate sobre os grandes temas que atravessam a 75ª edição Assembleia Geral. 

A Venezuela foi alvo de críticas do presidente brasileiro. Bolsonaro voltou a acusar Caracas de envolvimento no derramamento de óleo que atingiu o Nordeste em 2019 e disse que o país é uma "ditadura bolivariana". Fuccille destaca que a acusação foi feita sem provas e que o Brasil é "uma espécie de vassalo dos Estados Unidos" na questão. 

Na semana passada, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, esteve em Boa Vista, Roraima, e pontuou que Washington defende que a Venezuela "tenha uma democracia". A visita foi interpretada por especialista como um esforço de campanha do presidente Donald Trump e foi alvo de críticas do presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ). Seis ex-ministros das Relações Exteriores do Brasil também publicaram carta de apoio a Maia e rechaçaram a visita de Pompeo. 

"Uma eventual derrota do presidente Donald Trump em sua tentativa de reeleição pode ser muito negativa para o Brasil", diz Fuccile. "Esse abraço ao presidente Trump e tentar jogar água no moinho do presidente Trump é algo absolutamente ridículo porque, infelizmente, achar que o presidente Bolsonaro possa ter alguma influência para valer sobre o público americano ou com relação à disputa colocada entre republicanos e democratas é absolutamente ridículo."

PUBLICIDADE

Nenhum comentário:

Postar um comentário